Greggory Field: Desvendando O Passado escrita por L Chandler


Capítulo 2
Capítulo 2 - O primeiro dia de aula


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo ficou bem grande, mas garanto que está bem legal e divertido (:
Aproveitem, e te vejo lá em baixo!



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- Levante, bela adormecida! – disse Kimberly, chacoalhando o menino. – Primeiro dia de aula, vamos, deixe de preguiça! – berrou a irmã, fazendo-o cair da cama de tanto perturbá-lo.  Greg estava virado do outro lado, por isso, ela não viu que ele estava com os olhos abertos, e, aliás, muito vermelhos por não terem se fechado durante a noite.


Logo em seguida, Greggory deu um pulo e se levantou do chão. Ele correu para o armário de mogno escuro, muito menor que ele. O guarda-roupa estava praticamente todo corroído pela idade avançada. A casa já fora comprada com a mobília, caso contrário, o garoto tão teria móvel algum.


- Vou me trocar, pode sair? – falou Greg, enquanto abria o pequeno móvel e pegava uma calça Jeans e uma blusa preta de manga comprida, que, como ele dizia, era sua “blusa da sorte”.


- Não se esqueça que eu pago por tudo que você tem, come, ou bebe. Então seja um bom menino, afinal você deveria me agradecer, e não falar assim comigo. Ah, desça para tomar café em 10 minutos.


O menino ia reclamar do pouco tempo, porém, estava tão feliz, tão esperançoso com as aulas, que achou melhor nem se dar ao trabalho de falar nada. Ele terminou de se arrumar e desceu pontualmente em 10 minutos.


- Ah, bom dia garoto-berrante! Seus olhos estão vermelhos... – falou Kimberly, encarando os olhos negros do irmão.


- Do que vocês estão falando? – perguntou Tiffany, confusa, enquanto preparava dois pãezinhos e uma tigela de mingau, que Greggory nem sabia do que era feito.


- De ontem. Ele estava berrando a noite inteira, ai eu fui ver o que era. Teve um pesadelo, foi, bebê? Queria que eu chamasse mamãe pra fazer você nanar, é? – falou Kimberly, que se calou, percebendo a grande bobagem que acabara de falar.


- Mesmo que eu quisesse, você não teria como chamá-la... - disse Greg inexpressivo, olhando para a gororoba que Tiffany fazia.


Houve um silêncio interminável. Tiffany tinha finalmente terminado a “coisa” que preparava para o irmão. Ela botou a tigela em frente ao lugar do garoto, pegou um prato e botou uma torrada para Kimberly e outra para si mesma. Todos se sentaram, ainda sem dizer uma palavra.


- E ai, animado para o seu primeiro dia? – perguntou Tiffany, quebrando o silencio ensurdecedor.


- Sim... Espero que eu faça mais amigos nessa escola... – ele respondeu, mesmo não tendo entendido o motivo da pergunta. Se elas não se importavam, porque ainda perguntavam? Em seguida, botou uma grande colherada de mingau na boca. Tinha um gosto horroroso, mas era melhor comer aquilo do que nada.


- Oh céus! Olhe a hora! Melhor nos apressarmos... - falou Kimberly, enquanto pegava sua bolsa. – Vai lá em cima pegar sua mochila, pirralho.


O garoto não retrucou. Qualquer coisa que ele dissesse, poderia ser usada contra ele, depois. E além do mais, era Kimberly que iria levá-lo à escola, e se ele fizesse qualquer gracinha, ela o deixava a três quarteirões de lá, então, era melhor ele ficar calado mesmo.


- Tchau, vê se não faz bobagens, hein?! Ah, e se você for suspenso, vai ficar em casa SOZINHO, ouviu? – disse Kimberly ao menino, que estava abrindo a porta do carro depois de ter chegado ao seu destino. Ele assentiu e saiu do veículo. Lógico que ela poderia ter o deixado mais perto do colégio, só que ele não estava disposto a reclamar.


Caminhou, empolgado, pela rua da escola. Havia muitas árvores, e a rua estava apinhada de crianças barulhentas e animadas. Finalmente, depois de andar uns quinze minutos, ele chegara numa construção alta; Possuía três largos prédios, dois deles com cinco andares, - o outro, tinha dois -. No edifício do centro, bem ao alto, como um outdoor, lia-se: “Colégio St. Burguins”. Greggory achou o nome meio estranho para um colégio, mas, mesmo assim, não desfez o sorriso do rosto. Era inicio de fevereiro, e Greg estava começando as aulas junto de todos.


Ele entrou na escola e seguiu para a sala do diretor, para pegar os horários de todas as suas aulas. Ele bateu na porta e o diretor perguntou:


- Quem é?


- É o Greggory Field... É meu primeiro ano no Burguins, vim pegar os meus horários.


- Ah, sim, entre Sr. Field, eu estava a sua espera!


E Greg entrou. Era uma sala cujo as paredes estavam pintadas de bege, que iam suavemente descascando. O diretor era um senhor com os cabelos pintados de preto, porém Greggory percebera a calvície e a tinta, que estava saindo, dando lugar a pequenos fios grisalhos. O garoto notara também, que em cima da mesa havia muitos papeis, e um pequeno espaço sendo disputado entre uma pasta e uma plaquinha, onde se lia “Sr. Burguins.” Então era isso. O nome do diretor era o nome do colégio.


- Você foi o último a pegar os horários, meu caro. Aqui está. – disse Burguins, entregando-lhe um papel amarelo. – Espero que seus colegas sejam receptivos com você.


- Obrigado. É... Sr. Burguins? A primeira aula é agora... Biologia, não é?


- Sim. Se apresse, você está atrasado 30 minutos... Corra!


- Senhor? É que... Sem querer incomodá-lo... Não sei onde é minha sala...


- Ah, sim, não tem problema meu jovem, não será incomodo algum...  – dizia o diretor, quando ele mesmo se interrompeu, olhando para a porta. Greg seguiu se olhar, porém, viu apenas uma silhueta na parte de vidro da porta. - Ora, ora, ora... outra atrasada! Srta. Thompson venha até aqui, por favor... – ele fez um sinal com as mãos, para a garota entrar, e ela o fez.


- Me chamou, diretor? – perguntou a menina, olhando curiosamente para Greggory. A garota era morena, porém, tinha olhos muito azuis. Seus cabelos eram negros, bem mais escuros que os de Greg. Ela era muito bonita.


- Sim, sim. Leve este jovem até a sala dele, por favor? Apressem-se, os dois! Vou dar a vocês um passe, justificando o atraso, explicando que vocês estavam comigo. - falou o Sr. Burguins, escrevendo num pequeno espaço disponível, em sua mesa abarrotada de papéis.


Assim que Burguins terminou de escrever, cada um dos dois pegou um papel, e ambos partiram em direção as salas.


- Qual a sua sala? – perguntou a garota, olhando para o papel amarelo na mão de Greggory.


Greg simplesmente não conseguiu falar. Ele abriu a boca, porém, apenas saíram silvos e sibilados, então, ele deu o papel na mão da garota.


- Hum... Então seu nome é Greggory Field? O meu é Sabrina Thompson, prazer. – falou a menina, sorrindo de um lado ao outro do rosto. - 400b? Que diretor biruta... Ele me põe para lhe levar a uma sala diferente da minha... Ahn, essa conversa fica entre nós, ouviu?  - ela disse, parando em frente a uma porta, e devolveu o papel para o garoto. - Sua sala é aqui. Boa sorte! – e Sabrina foi saindo. Greg entrou tão rápido, quem nem viu em que sala ela entrara.


- E as plantas tem o pigmento verde devido à clorofila... Ah, veja! O novo aluno! –exclamou a professora, olhando, fascinada, para o garoto. – Entre, entre, criança! – disse, com entusiasmo.


O garoto permaneceu estupefato no corredor, pois vira que só havia apenas um lugar disponível na sala: Bem na frente de um garoto enorme, com os cabelos loiros e os olhos escuros, porém brilhando, e um sorriso maligno de dar calafrios.


- Sente-se na frente do Kevin... - falou a professora, mostrando o lugar.


Foi ai que ele voltou a si. Kevin não poderia fazer nada a ele enquanto a professora estivesse em sala... Ou poderia? De qualquer jeito, ele teria de se sentar, então...


- Turma, esse é Greggory Field, um dos nossos novos alunos. Sejam atenciosos e receptivos... Eu me chamo Anne Tilford, e serei sua professora de Biologia deste ano. – explicou.


Greg entregou o papel do atraso, depois tomou sua carteira. A professora pegou, leu, e deu continuidade a aula.


- Sim, sim, eu vou ser BEM ATENCIOSO quanto a esse moleque aqui professora, deixa comigo! – falou Kevin, estalando todos os dedos da mão, de modo que só Greggory ouvira.


Greg ignorara o comentário assustador de Kevin, e tentou concentrar-se ao máximo na aula, mas estava ficando difícil com o “brutamonte” dando petelecos cada vez mais fortes em sua orelha esquerda.


- Para com isso, está enchendo a paciência! – virou-se Greggory, com raiva, repentinamente.


A classe fez “UUh!” mas a professora não havia ouvido nada; Apenas continuava a dar sua aula.


- E se eu não parar, o que é que você vai fazer? – desafiou Kevin, cruzando os braços, mas, antes, dando mais um peteleco.


- Eu... Vou ter que fazer você parar... A FORÇA. – disse Greg, meio sem coragem. Ele não queria dizer “à força”, mas as palavras saíram de sua boca livremente.


- Tudo bem, cara-de-iguana. Eu e você, amanhã, às 16h00min na quadra daqui da escola. – rosnou Kevin.


- E-eu estarei lá! Só não vá amarelar, entendeu? – falou Greggory, vermelho de tanta raiva.


Kevin fez uma cara de monstro carrancudo, que ele apostara que até Kimberly, a sua irmã mais valente, teria ficado com medo. Dessa vez ele exagerou.


A turma prestava mais atenção ao atentado do que na aula. A professora ignorara completamente. Ela prosseguia a aula, focada, mesmo que ninguém estivesse ouvindo. E finalmente o sinal tocara, mostrando que seu tempo havia acabado.


O almoço de Greg fora totalmente solitário. Algumas pessoas que passavam por sua mesa, praticamente fazia, conversavam, aos cochichos, sobre a briga que teria. Ele tentava ignorar, mas ficava cada vez mais complexo. Greggory procurou Sabrina, e tinha achado-a, todavia, ela estava comendo com um monte de amigas, em uma mesa enorme, que, parecia ser a dos populares. Ele já era tímido, portanto, não esperava fazer amigos logo no primeiro dia. Por isso, foi para casa logo quando estava começando anoitecer.


Estava feliz por ter sobrevivido ao primeiro dia, e a montanha que era Kevin. Apesar de já ter arrumado briga, logo de cara.


- Ele não está machucado, Tif! – falou Kimberly, num tom triste ao ver o irmão chegando em casa ileso.


- Fez muitos amiguinhos, foi? Acho que não... Essa sua cara feia espanta todo mundo, não é?


E ambas riram. Greg permaneceu calado e inexpressivo. Se ele falasse algo, reclamasse, ou retrucasse, elas iriam fazê-lo pagar em dobro pelo que disse. Então, ficou quieto e subiu para seu quarto.


Ele ficou encarando o papel amarelo com os horários de cada aula. Na parte de baixo lia-se:


Venha fazer atividades extracurriculares! Temos de tudo: Xadrez, Natação, Teatro e muito mais! Desfrute você também dos benefícios do St. Burguins!...”.

E foi só até onde ele conseguiu ler. Foi interrompido pelo seu estomago, que provocava barulhos e se contraía de fome. Foi até a sala, onde viu suas irmãs assistindo a um programa sem graça de piadas. Elas riam de se acabar, e afundavam as mãos feito um trator no balde de pipoca.


- O que tem para comer? – perguntou, baixinho.


- Milho. Sai da frente, seu chato! Eu quero ver! – disse Kimberly.


- Na verdade, era pipoca, mas o fogão não funciona mais... – completou Tiffany.


Greggory não ia insistir. Foi até a Cozinha Americana e pegou um pacote de milho.


Tornou a voltar para o seu quarto, se sentindo uma galinha que ia ciscar. Ele fitou o pacote, e ficou pensando se deveria comer aquilo ou não.


- Tenho que comer... Antes isso do que morrer de fome!


E abriu o pacote. Quando abriu havia... Pipoca?! Como isso aconteceu? Suas irmãs NUNCA deixariam pipoca para ele.


A situação ficava cada vez mais estranha. Primeiro ele tem seus pensamentos invadidos por vozes femininas incontroláveis; ele grita sem nem mesmo se ouvir, e sem ter consciência disso; e agora, ele abre um saco de milho e tem pipoca? Como isso seria possível? Greg precisava de explicações, mas não iria conseguir pensar em nada de barriga vazia. Ele encheu sua mão de pipoca, e meteu todas na boca. Enquanto detonava as misteriosas pipocas, ficou sentado, na cama, olhando para a parede, pensando se iria, de fato, escapar da briga de amanhã. No que ele foi se meter? Sem amigos, sem apoio, sem ninguém para fazer suas confissões...


Assim que terminou a pipoca foi se deitar, porém ainda estava sem sono... Não tinha dormido nada na noite anterior, como ainda permanecia com insônia? Qual seria a justificativa, dessa vez? Ele estaria nervoso com a briga? Ou ansioso para ver Sabrina? Ou esperançoso para fazer algum amigo? Greggory pegou uma bolinha de borracha que se encontrava na cabeceira de sua cama, e ficou jogando-a para o teto por um bom tempo. Ela batia e voltava. As pálpebras foram pesando de ver esse movimento, até que, sem perceber, adormecera.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Te vejo no próximo capitulo (:
*aguardando seu Review*



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