- Pare, por favor! – berrava Thomy.

Greg não sabia o que fazer, estava em pânico. Ele poderia atear fogo no homem que estava esmurrando Thomas, ou podia tentar detê-lo, ou podia simplesmente chamar a policia. Os três se entreolharam.

- Oba, lanchinho! – falou o homem que agredia Thomas, notando Greggory, Dylan e Sabrina. – o que querem aqui, crianças? – ele perguntou, dando um chute no rosto de Thomas, com toda sua força. O nariz dele começou a sangrar imediatamente.

- Solte-o. – Greg falou, tentando demonstrar confiança na voz.

- Ou o que? Você vai me bater com a sua chupeta, eh? E se eu fizer... isso? – disse o homem, pegando um isqueiro, e ameaçando por fogo em Thomas. Ai Greggory percebeu: Seria esse cara o Homem do Fogo? Afinal, ele não teria motivos para tacar fogo num recém-chegado a cidade... Ou teria? Se os pais dele já moraram em Niceville, quem garante que Thomy nunca visitou a cidade?

- Não faça isso! – disse Dylan. Ele fitava Greg nervosamente, como se pedisse permissão para usar seu poder de água no homem.

O cara deu um tranco na cabeça de Thomas, que bateu no chão e ficou apagado.

- Vem, pirralho. – o cara chamou Dylan. – cai dentro. – e acendeu o isqueiro. Dylan não pensou duas vezes, imaginou uma grande onda, que não demorou muito para se materializar.

- O QUE...? – o homem não teve tempo de terminar a frase. A onda o atingira com tanta densidade, e era tão extensa que molhou Sabrina e Greggory quase que por inteiros. O poder de Greg era o fogo. Água seria seu ponto fraco... Ou não? Ele não estava se sentindo nem um pouco fraco, ou tonto, como fora naquele dia no refeitório.

- Ah, por favor, você pode fazer melhor do que isso! – disse o cara, depois que a onda passou, dentro de uma espécie de bolha protetora. O HOMEM TAMBÉM TINHA PODERES. E a cada minuto que Greg passava com aquele cara, Greggory tinha mais certeza que ele era o Homem do Fogo. Thomas levantou um pouco a cabeça e tossiu um pouco de água. O cara deu um solavanco na cabeça de Thomy, para mantê-lo desacordado. Mas se ele queria tacar fogo em Thomas, porque não o deixou morrer afogado em vez de abrangê-lo na bolha? – Eu vou tacar fogo nesse garoto aqui! – ameaçou novamente, reacendendo o isqueiro. Quando o objeto projetou a chama, Greg desejou que ela se espalhasse pelo cara, e foi o que aconteceu. Ele ficou rolando no fundo de sua bolha, que depois de um tempo, estourou-se, e o homem ficou inundado pela onda para apagar o fogo, e uns cinco minutos depois, ele o fez.

- Acho que vocês não entenderam que eu posso matar o... – e o olhar do homem ficou vidrado, como se tivesse sido atingido por algo. Era um galho de uma arvore, cravado em suas costas. Ele caiu, feito uma tora, de cara no chão.

Greggory instintivamente fitou Sabrina, que deu um meio sorriso orgulhoso, mas meio culpado.

- Anda, alguém carrega Thomas, não sei por quanto tempo esse galho vai manter esse maluco ai, caído no chão! – ela disse, por fim.

- Ajuda... Vai buscar ajuda... – sussurrou uma voz rouca e baixa, quase inaudível. Era Thomas. Ele não estava completamente inconsciente.

Dylan saiu correndo, procurando a civilização. Sabrina foi encarregada de confortar Thomy. Ela ajoelhou-se diante dele e ficou murmurando coisas boas, do tipo “vamos sair daqui, Dylan foi pedir ajuda, vai ficar tudo bem...”. Greg ficou de mãos atadas, então resolveu ver de perto o rosto do homem. O que quase matou suas irmãs (mesmo que Greggory não goste delas, fazem parte da família afinal); Queimou sua nova casa; E em partes, é culpa dele a A.A.H ter de mudar de lugar, e todos teriam de ir para a Sede.

Ele estava deitado de bruços no chão, e Greg achou que ele não merecia ser levantando com a mão. Um assassino é um dos seres mais impuros e nojentos de toda a face da Terra, por tanto, virou-o com o pé. O rosto do cara estava ensanguentado e marcado pelos paralelepípedos da rua sinuosa e irregular. Greggory teve de segurar uma baita vontade de chutá-lo, de cuspir nele, de mostrar desprezo... Mas ainda não era certo de que o cara era realmente o Homem do Fogo. Quando Greg estava prestes a fazer uma besteira com o cara, Dylan apareceu e chamou-o, no momento mais oportuno:

- Greggory, cadê o assaltante? – perguntou Dylan, com um policial alto e moreno ao seu lado. Greg o sinalizou com a cabeça, pois sua voz estava entalada em sua garganta.

- Dylan, chame uma ambulância também, acho que Thomas vai precisar de assistência medica. – disse Sabrina, levantando.

- Já chamei. – tranquilizou Dylan. – escuta, Greggory, você precisa ligar para suas irmãs para avisar que...

- Esquece, cara. Não tenho celular. – Greg respondeu, sem encarar Dylan nos olhos.

- Então vamos levar a mala dele para sua casa, Greggory. Aproveitamos e avisamos suas irmãs do ocorrido. – disse Sabrina. – eu e Greg vamos e você fica aqui com eles. – ela disse, referindo-se a Dylan.

- Não, não. Eu vou com Greggory. Você fica. – ele disse, pegando a mala, que apesar de ser uma, estava bem pesada. – vamos, Greg, me ajude com isso.

- Vocês vão querer abrir um B.O... Ah, eu estou falando com crianças... – disse o policial, dando um tapa na própria testa.

- Sim, sim, queremos denunciar esse assaltante idiota. Se eu não me engano esse delito é o numero 17 parágrafo b clausula quatro na legislação de Niceville, estou certa? – disse Sabrina, calmamente.

O policial arregalou os olhos e pegou um livro de bolso e checou. Ainda surpreso balançou a cabeça positivamente. Todos ficaram com caras confusas.

- Uma das garotas que meu pai “namorou” era policial. Ele ficou bastante tempo com essazinha. Resolvi xeretar as coisas dela e achei esse livrinho. Eu o li umas três vezes. – explicou Sabrina, notando as expressões de todos. – anda, vão! Vocês estão perdendo tempo!

E Greggory e Dylan acordaram de uma espécie de transe hipnótico. Foram arrastando a mala pela rua fria e úmida.

- Você sabe que nós três perdemos pontos na A.A.H por usar nossos poderes, não sabe? – disse Greg.

- Mas e daí, de que adianta treinar se nós nunca vamos usar? Precisamos usar isso na vida real, alguma hora! – Dylan respondeu. – e alem disso, foi por uma boa causa. E por falar nisso, cara estranho, não acha? Porque ele veio nos atacar? Você é novo na cidade, bem, relativamente, e seu primo é totalmente recém-chegado...

- Eu sei, também andei pensando nisso. Acho que esse cara é o Homem do Fogo. Eu deveria ter falado isso para o policial?

- Não sei, ele parece meio incompetente. Sabrina até sabia mais que ele sobre a lei! – disse Dylan, corando levemente. – bem, mas pelo menos eu achei alguma ajuda, podia ser pior.

- É verdade. Acho que se você não tivesse buscado ajuda poderia ter acontecido algo muito ruim. – Greggory disse.

- O cara estava com um isqueiro, a sorte é que nós conseguimos detê-lo. – falou Dylan, ajeitando a mala. – acho que ele pode ser de fato o Homem do Fogo.

- Bem, se for, ele com certeza irá parar atrás das grades, e se não for, nós só botamos mais um assaltante na cadeia. Não perdemos nada. – disse Greg. – vamos alternar com a mala. Agora eu carrego. – ele complementou, percebendo a dificuldade de Dylan com a mesma. Depois disso, eles não falaram mais nada.

Greggory bateu na porta, esperando as irmãs atenderem.

- O que? – perguntou Tiffany, abrindo a porta.

- Thomas está na cidade. Fui buscá-lo, mas fomos assaltados. A mala dele está aqui. Ele provavelmente está indo para o hospital agora, ele foi agredido. – Greg falou, ofegante por carregar a mala.

- Poe a mala lá em cima, pirralho. É pra hoje. Qual hospital ele está? Preciso vê-lo! – disse Tiffany, expressão uma ligeira preocupação. Ela chamou Kimberly e Dylan lhes disse onde era o tal hospital. Então, as duas foram para o lugar. Greggory subiu e botou a mala no quarto de hóspedes, muito mais luxuoso que o dele, mas as irmãs não o permitem dormir lá.

- Sabrina também foi para o hospital? – perguntou Dylan a Greg. – ou foi para a delegacia?

- Provavelmente foi ao hospital. Ela deve achar que a saúde de Thomas é mais importante do que o Homem do Fogo, que a policia pode muito bem dar conta. – disse Greggory.

Eles se entreolharam e foram para o hospital. Parece que a noite iria ser longa.