Last Night On Earth escrita por Josephinne Walker


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Bem, espero que gostem (:



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A vida tem um modo estranho de te ensinar as coisas. Como um jogo. Um quebra – cabeça. A gente tem as peças, mas nem sempre sabemos como utiliza – lás e na maior parte das vezes temos uma infinidade tão grande de peças que por vezes, escolhemos as erradas. Posso dizer com todas as palavras que, por boa parte da minha vida até agora, sempre tive tendência a escolher as peças erradas. E isso quase sempre gerou conseqüências tão extremas pelas quais, finalmente estou arcando com elas.


XX3



Olhei impacientemente mais uma vez para Jimmy e Jenny ao meu lado. Eu odiava ser vela, ainda mais em um shopping onde toda a decoração era em motivos natalinos, com as crianças correndo de um lado para o outro, escolhendo o que deveriam ou queriam ganhar de natal. O casal perfeito ao meu lado, as crianças perfeitas, tudo ali parecia combinar com a perfeita decoração de natal. Menos eu é claro.

Eu tinha aversão a essa época do ano. Quando você é criança você acaba achando o natal a época mais mágica do ano, onde tudo parece ganhar uma nova atmosfera. Fora o fato que todo mundo quer te dar presentes e você acaba achando isso maravilhoso. Na adolescência você descobre que o papai Noel por fim é coisa da Coca Cola, que ninguém ama ninguém e você gasta horrores tentando agradar seus amigos.

Ainda sim, só eu parecia a peça deslocada do quebra cabeça. Apenas eu parecia um ET em meio a toda aquela atmosfera natalina.

– Hey casal do ano! – chamei a atenção dos pombinhos ao meu lado que observavam as crianças sorrindo e comentando como queriam que Emily Carolinah e Nichollas nascessem.

– Fala Meg! – Jenny estava com os olhos brilhando e aquilo me irritava. Irritava porque tudo aquilo estava me irritando.

O natal me irritava.

– Vou na loja de artigos esportivos e já volto. Vão sair daqui? – claro que não iam. Eu os conhecia e sabia perfeitamente que ficariam ali observando a arvore de natal do shopping.

– Vai sossegada Megs! Se nos não estivermos aqui, é só da uma olhadinha na praça de alimentação. – sorri para ambos, desejando internamente que eles não notassem meu mal humor.

– Ok então.

Me virei e segui pelo corredor central. A loja de artigos esportivos não era muito longe de onde estávamos, porém o shopping cheio e eu andando contra a multidão não facilitavam em nada minha vida.

A loja de artigos esportivos raramente ficava cheia, e sempre tinha de tudo – pelo menos tudo ligado a área de esportes. Precisava comprar o presente do amigo secreto, que por conhecidencia do destino, batia junto com o aniversario de Jimmy. Tudo por fim, facilitava a idéia de dar algo de presente para ele. Dois presentes em um. Jimmy era um torcedor quase que fanático pelo Manchester United, algo curioso já que sua namorada era fanática pelo Chelsea, um dos principais rivais do United. Eu sempre vivia falando que eles se combinavam em tudo, porém aquela era a exceção. Ele Red Devils, ela Blues.

Bem, pelo menos eles não se odiavam.

Estava mexendo distraidamente na arara de camisas cantarolando baixinho Paradise do Coldplay. Achei a camisa vermelha mais bela do mundo, mas estava seriamente pensando se ela também era uma das camisas mais caras do mundo. Os incríveis 70 dólares que estavam para ser gastos não pesavam apenas no meu bolso, mas na consciência também. Até que por fim, concordei que Jimmy merecia. Ele era sempre muito legal e atencioso e tudo mais comigo, fato que me levou a pensar que ele merecia a tão sonhada camisa original do Manchester United.

– Meggie? – ouvi uma voz familiar me chamar. Olhei dando de cara com o sorriso maternal de Denise, mãe de Mike.

– Oi senhora Dallas. – tentei dar um dos meus melhores sorrisos. Eu até que tentava gostar dela. Aparentemente a mulher me amava. Aparentemente eu a odiava, mas ocultava perfeitamente isso.

– Ah Meg, como é bom te ver! – seus olhos azuis brilharam. – Sua mãe esta por ai? – sim, ela conhecia minha mãe, e ainda por cima eram melhores amigas. Por isso, virava e mexia ela aparecia em casa acompanhada ou não de seus três filhos. Incluindo Mike.

– Infelizmente não Denise, vim com uns amigos sabe? Sexta feira no shopping, todo lotado é o que há! – rimos juntas. Por mais que eu dissesse que a odiava, Denise me passava uma espécie de calor maternal especial.

– Pronto mãe, acho que ela vai... – olhei para trás, já sabendo que o encontraria. Como Mike tinha dois irmãos mais velhos deduzi rapidamente que não seria nem Logan, que não era de sair muito com a mãe, muito menos Sarah. – Ah, oi Meggie!

Eu não era muito fã de que falassem meu nome inteiro, porque provavelmente estariam bravos comigo. Mike deixara de olhar na minha cara desde o dia do ocorrido na biblioteca, quando tiramos o amigo secreto. Eu, inicialmente, me senti forte por ter machucado ele, porém as vezes uma sensação estranha me sufocava lentamente me fazendo pensar se, eu realmente estava fazendo algo certo.

E obviamente ele ainda estava com raiva de mim e demonstrava claramente toda vez que eu olhava para ele.

– Querido se quiser ficar com ela enquanto eu compro algumas coisas, daqui a pouco eu te ligo. – Denise disse maternalmente.

– Não mãe! Eu não ligo em te acompanhar. – ele disse me ignorando totalmente.

– Eu ínsito Mike! Fique com Meg e se distraia um pouco. Tenho certeza que ela será uma boa companhia e Mary não gostaria de saber que seu bebê esta andando desacompanhado em um shopping desse tamanho. – Denise sorriu e eu sabia que por trás daquelas palavras, haviam segundas intenções.

– Mas mãe...

– Sem mais Mike! Vá e não desaponte sua mãezinha aqui. E cuidem – se crianças.

Denise saiu da loja carregando a sacola que Mike segurava, sem dar tempo para que eu ou ele reagisse de alguma maneira.

– Bem, quer fazer o que? – Mike disse sem demonstrar interesse algum no que eu poderia vir a responder.

– Esta falando comigo por quê? – foi a única coisa que consegui dizer.

– Será porque eu sou educado e estou sendo obrigado a te acompanhar?

– Você não me parece do tipo que obedece ordens. – olhei com raiva para ele. Depois eu era a bipolar e criança da vez.

– E você não me parece do tipo que odeia todo mundo sem motivos. – Mike sorriu irônico.

Peguei a camisa do Manchester e levei para pagar, deixando ele falando sozinho. Voltei uns 5 minutos depois e ele estava distraído ouvindo musica. Sai da loja o deixando ali. Não estava nos meus planos ter que agüentar Mike do meu lado ignorando quase que totalmente minha existência.

– Hey Meg espera! – ele veio atrás me acompanhando enquanto eu tentava andar rapidamente.

– Pensei que não gostasse de mim Dallas!

Ficamos parados se encarando por alguns instantes. Ele era totalmente ao contrario do que eu queria do que ele fosse comigo. Ele me dava atenção quando eu menos precisava.

– Porque você me odeia tanto McQueen? O que foi que eu fiz para ganhar tanta ignorância sua de presente? – ele me pareceu confuso.

– Eu não sei. – desviei meu olhar para as bolas de natal penduradas no teto.

– Vamos! Responda-me! O Jimmy sempre me falava que você era uma pessoa incrível, com um coração doce, que apesar de dizer odiar crianças tem jeito para elas. Disseram-me que você era uma louca por coisas legais como Star Wars e Rock Band. Fora simpática e legal, mas porque desde que eu te conheço a única coisa que eu vi foi ignorância e ódio! – Mike tinha um tom de voz levantado, mas não era como se estivesse brigando comigo. Ele só queria me entender.

E ele tinha razão. Senti uma lagrima queimar minha face.

– Eu te odeio simplesmente Mike! Será que isso não basta! – fiquei com mais raiva quando senti algumas lagrimas caindo violentamente pelo meu rosto.

– Eu sempre quis conhecer a garota por trás da mascara que você usa na minha frente – Mike se aproximou de mim colocando uma das mãos da minha bochecha, na tentativa inútil de secar uma das minhas lagrimas.

– Você acha, não diga isso, por favor. – Empurrei a mão dele desviando meu olhar dos profundos olhos esverdeados dele.

– Meg eu nunca te odiei.

– É Mike, mas eu sim e te odiarei até o fim da minha vida! E pare de tentar de me concertar! Não vê que isso me machuca? Não vê que você me faz mal? Desculpe-me se tem que ser assim ok! – me virei e sai correndo em meio a multidão, chorando de preferência. Eu havia me cansado de machucar, mas era tão difícil voltar atrás e acreditar em tudo o que um dia, eu achei ser realidade.

Por mais que tentasse ver ele como meu amigo, não dava, pois uma vez que eu o odiava, aquele jogo de gato e rato parecia ser vicioso. E eu só piorava as coisas, uma vez que fazia menos de um mês que o pai de Mike falecera em um acidente de carro. Com certeza eu estava ajudando muito ele.

Olhei as luzes de natal que piscavam incansavelmente no teto do shopping. Minhas lagrimas escorreram mais violentamente e sai correndo pela multidão para o lado de fora do shopping. Tudo estava embaçado e as pessoas rodavam e pareciam apenas vultos em meio a todas aquelas cores.

Sai do shopping parando em um lugar qualquer, com os olhos fechados. Ouvi então, alguém gritar pedindo para que eu saísse do meio do caminho mas tudo parecia congelado.

Então ouvi um buzina.

Um grito.

A dor.

E por fim, uma luz.

A vida tem um modo estranho de te ensinar as coisas. Como um jogo. Um quebra – cabeça. A gente tem as peças, mas nem sempre sabemos como utiliza – lás e na maior parte das vezes temos uma infinidade tão grande de peças que por vezes, escolhemos as erradas. Posso dizer com todas as palavras que, por boa parte da minha vida até agora, sempre tive tendência a escolher as peças erradas. E isso quase sempre gerou conseqüências tão extremas pelas quais, finalmente estou arcando com elas.

Dizem que quando você se aproxima da morte, tudo passa por você. Seus momentos felizes com seus pais, sua família. Seu primeiro dente de leite caindo. Seu primeiro beijo. Seu primeiro show de rock.

Vi meus pais, meus avôs e meus irmãos. Vi as ultimas horas ali no shopping e senti uma estranha dor no peito. Vi Mike e eu rindo jogando beisebol. Parecia então, que eu não o odiava mais. Aquilo parecia uma lembrança, mas uma espécie de lembrança que poderia ter acontecido. Dizem que na morte você começa a delirar e eu devia estar delirando já.

De repente tudo ficou escuro, silencioso e frio.






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Notas finais do capítulo

Bem,vou ser sincera. Esta historia tem muito de realidade nela rs, mas dizem que tudo que a gente escreve no fundo tem um pouco de realidade. Ela tem uma outra parte, que estou pensando se posto ou não. Afinal o que acontece com Meg depois do acidente? Fica a critério cada um pensa no que aconteceu... me contem seria sei lá,interessante saber a opinião de vocês. Por fim digam o que acharam e é isso! Até uma próxima ♥



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