A humildade é a única base sólida de todas as virtudes.

Confúcio

– Capítulo Cinco –

Família é Família

Já haviam se passado uma semana desde que os alunos voltaram a Hogwarts e Rose tinha algo em sua mente desde o seu segundo ano, a felicidade tomava conta dela de uma forma tão incrível que ela pensou que a partir daquele dia nada seria como antes.

Rose caminhava alegremente até o campo de quadribol, onde as líderes de torcida estavam fazendo os testes para participar da equipe, ela tomara essa decisão e desse ano não iria passar, ela entraria no time. Algumas garotas que Rose nem ao menos conhecia estavam posicionadas, para fazer o teste, talvez ela estivesse prestando muita atenção nos livros e esquecendo-se de prestar atenção nas pessoas.

- Ola. – disse Rose sorridente para a chefe das líderes que era alta e esguia, seus cabelos e olhos eram escuros – Sou Rose Weasl...

- Eu sei quem você é. – disse Camily impaciente – O que quer?

- Eu vim fazer o teste para a equipe. – disse Rose desfazendo o sorriso.

- Como é que é? – perguntou Camily sarcástica, ela e as outras garotas da equipe começaram a gargalhar, Rose esperou pacientemente que elas terminassem.

- Alguma coisa de errado? – perguntou Rose assim que terminaram.

- Desculpe, mas como você acha que vai dançar com os seus vinte e poucos livros nas mãos? – perguntou Camily se segurando para não cair na gargalhada outra vez.

- Você quer dizer vinte e “muitos” livros Camily. – disse uma outra garota da equipe segurando a barriga de tanto rir.

- Sinto muito Rose. – disse Camily ainda com um sorrisinho – Mas você não se encaixa na equipe.

- Mas você nem me avaliou. – disse Rose chateada.

- Acredite. – disse Camily medindo Rose de cima a baixo – Eu já te avaliei.

A única coisa que Rose soube fazer no momento, foi sair correndo antes que aquelas garotas presenciassem as lágrimas que estavam prestes a cair em sua face. Ela foi para os jardins da escola, se sentou em um dos bancos, abaixou a cabeça e ali chorou, chorou pela humilhação, chorou por que nunca seria como uma delas, mas, se for para ser como elas, então ela prefere não entrar na equipe.

Kendra passava por ali, pois, combinara de estudar com Alan e Alvo, e viu Rose sozinha aos prantos. “O que fazer nesse momento deprimente?” – pensou Kendra entediada – “Ir ver o que ela tem ou passar reto e fingir que nada aconteceu?”. – Kendra olhou novamente para Rose, então respirou fundo. “Claro Kendra, infelizmente você tem um coração”. E foi até ela.

- Já pode parar de chorar. – disse Kendra cinicamente – Eu já estou aqui.

Rose levantou a cabeça e encarou Kendra.

- Não estou chorando por que senti sua falta. – disse Rose com a voz embargada – Se bem que eu preferia, quando você era má, ao menos você me dava atenção, agora simplesmente você me ignora, tudo isso depois que você começou a namorar o Gonzales.

- Por que você não deixa o assunto do meu namorado em paz, e diz logo por que está chorando? – disse Kendra impaciente.

- Por que se interessa?

- Ok. – disse Kendra dando meia volta – Vou embora.

- Não! – exclamou Rose – Fica.

Kendra se sentou ao seu lado, esperando que Rose se explicasse, depois da garota dar um longo suspiro começou a falar.

- Você sabe que eu sempre admirei a minha madrinha. – começou Rose.

- Começou com o papo da mamãe. – disse Kendra irritadiça – Continue.

- Eu queria fazer parte da equipe de líderes de torcida. – explicou Rose – E fui fazer o teste.

A expressão de Kendra mudou, e ela até parecia gentil nessa hora.

- Sinto muito. – disse Kendra mais amena – Você não passou no teste?

- Não é isso...

- Você passou! – exclamou Kendra surpresa.

- Não. – disse Rose e voltara a chorar – A chefe nem ao menos me avaliou e já disse que eu não tenho o perfil da equipe.

- Qual critério ela usou? – perguntou Kendra séria.

- Nenhum. – respondeu Rose aborrecida – Acho que ela só não me quer na equipe. Disse que eu não podia dançar com os meus livros e depois todas deram risadas, foi humilhante.

- Conte ao diretor Longbottom. – sugeriu Kendra.

- Não. – disse Rose imediatamente – Se eu fizer isso, ai sim eu serei tachada de chata, ninguém me suporta Kendra, nem você.

- Não é que eu não te suporte. – explicou Kendra – É que você tem sempre que ser tão certinha, às vezes acaba com a nossa graça.

- Não consigo evitar. – disse Rose deprimida.

Kendra girou os olhos entendiada e se levantou.

- Aonde você vai? – perguntou Rose com os olhos lacrimejantes.

- Já que você não quer contar ao diretor. – disse Kendra decidida – Eu vou lá agora mesmo dizer umas poucas e boas para aquela garota.

- Você ficou louca! – exclamou Rose rapidamente – Você não pode fazer isso, ela é bem maior que você.

- Acha mesmo que eu tenho medo? – perguntou Kendra cínica – Presta bem atenção no que eu vou te dizer. Ninguém além de mim pode destruir os seus planos e sonhos, quem aquela garota pensa que é?

Então Kendra saiu decidida em direção ao campo de quadribol, onde as líderes ainda faziam os testes, e o time de quadribol da Grifinória também já começara a treinar, Rose a acompanhava temerosa.

- Posso saber quem é a chefe disso aqui? – perguntou Kendra encarando cada garota presente.

- Por acaso sou eu. – disse Camily irritada – E não é “isso aqui” isso é uma equipe de torcida.

- Sério? – perguntou Kendra sarcástica – Pois a sua equipe é tão desfalcada de garotas realmente boas que eu nem percebi que era um time de verdade.

- Escuta aqui Malfoy, você não tem o direito de vir aqui e insultar a minha equipe dessa forma! – explodiu Camily.

- Oh me desculpe. – disse Kendra fazendo cara de inocente – Tem uma forma correta de insultar?

- O que você veio fazer aqui?

- Vim dizer que você é uma péssima líder. – disse Kendra friamente – Como sabe da capacidade das pessoas sem ao menos avaliá-las?

- Entendi. – disse Camily – Você veio defender a Sabe-Tudo-Weasley. Ora por favor, Malfoy, você acredita mesmo que ela seria boa para a equipe?

Kendra pensou consigo. “Não. Rose era muito desengonçada”.

- Não importa se eu sei. – disse Kendra gélida – Você devia ter dado uma chance de ela mostrar o que sabe.

- E quem você é? – disse Camily sarcástica – Do que você entende? Nem ao menos herdou o dom de dançar das suas avós e da sua mãe, aliás, você viu quantos troféus a Grifinória já ganhou por causa da sua mãe na época dela? Dá uma passadinha na sala de troféus.

- Não seja ridícula. – disse Kendra com asco – Se eu quisesse já teria entrado na equipe faz muito tempo. Agora você eu não sei o que faz em uma, ainda mais sendo líder, quero dizer, as outras são tão ruins assim, que te escolheram justamente para liderá-las?

- Você é bem atrevida para o meu gosto. – disse Camily entre os dentes, ela se aproximou mais de Kendra.

Mesmo Kendra sendo menor elas se encararam, as outras garotas ficaram em volta, Rose mirava uma e depois outra completamente apreensiva. “Isso não vai ser bom. Será que dá tempo de eu sair correndo e gritando por ajuda?”. Antes que Rose pensasse em algo, uma voz interrompe além de seus pensamentos, também a briga que estava prestes a começar.

- Camily. – disse Scorpius irritado – Se você se atrever a encostar em um fio de cabelo da minha irmã, eu esqueço o cavalheiro que eu sou, e te quebro em três.

Elas olharam para Scorpius, além dele, Fred e Tiago também encaravam o grupo. Scorpius era artilheiro do time de quadribol da Grifinória, Tiago era o apanhador e Fred além de batedor era o capitão. Eles haviam parado o treino para ver o que estava acontecendo.

- Scorp! – disse Camily indignada – Sua irmã me ofendeu.

- A Kendra não ofende ninguém a toa. – disse Fred levantando uma sombracelha – Ok. Ela ofende sim, mas, não foi de propósito.

- Cala a boca Fred! – disse Tiago com um sorriso cínico – É óbvio que ela ofende de propósito.

“Quando eu preciso ninguém aparece, eu sou tão invisível assim?” – pensou Rose com os braços cruzados.

- Eu não preciso que nenhum dos três me defenda! – disse Kendra irritada.

- Que isso Kendra. – disse Tiago se colocando entre Kendra e Camily – Nós somos uma família – Ele agora colocara o braço em torno do ombro de Kendra e a apertou forte – Irmanzinha linda. – disse ele zombeteiro.

- Me solta seu sem noção. – disse Kendra se desvencilhando de Tiago – O assunto é entre a mal vestida aqui e eu.

- O que aconteceu? – perguntou Scorpius entre os dentes.

- Rose quis entrar na equipe e essa “coisa estranha” não quis avaliá-la. – explicou Kendra irritada.

- Mas você não tinha por que se intrometer. – disse Camily desafiadora. – Se fizer isso outra vez...

- Você o que? – perguntou Scorpius se aproximando de Camily – Eu volto a dizer, se mexer com a minha irmã ou com a ruiva ai...

- Vai ter problemas com a gente também. – continuou Fred – Nunca mexa com a família Potter- Weasley-Malfoy...

- Ou vai se dar muito mal. – terminou Tiago.

- Você não falou assim comigo ontem à noite Tiago. – disse Camily manhosa.

- Oh! Era você? – perguntou Tiago sarcástico.

- Não seja grosseiro! – exclamou Camily alterada.

- Então pense duas vezes antes de agir feito uma louca. – disse Tiago segurando o queixo de Camily – Mas é sério, era você?

Camily encarou Tiago como se ele fosse uma coisa muito desagradável, enquanto ele a encarava de volta com um sorrisinho de canto.

- Por que nós não paramos por aqui? – sugeriu Rose receosa – Obrigada Kendra, mas, não vale a pena.

- Não vale a pena o que? – perguntou Kendra irritada – Brigar com elas ou brigar por você? Se dê mais valor Rose Weasley, eu fiz por você.

Em seguida Kendra virou para sair de perto deles, Rose a acompanhou.

- Aonde você vai? – perguntou Rose, ela já conhecia Kendra o suficiente pra saber que isso não foi o bastante.

- Vou mostrar pra ela quem é Kendra Malfoy. – disse Kendra firme.

- Oh! – exclamou Rose preocupada – Você vai voltar a se vingar das pessoas?

- Não. – respondeu ela simplesmente – Eu vou entrar para as líderes da Sonserina.