A Profecia Do Fim escrita por Alberto Tavares


Capítulo 2
Jéssica aprende a depenar galinhas mutantes


Notas iniciais do capítulo

Se o último capítulo estava grande, esse então... espero que tenham paciência pare lê-lo.



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O que aquele Otávio é afinal? Algum tipo de vidente ou coisa do tipo? Será que foi ele quem atiçou aquela bola contra mim? Deus, eu tenho mais o que fazer do que passar o dia tentando decifrar o que Otávio estava fazendo naquele momento. Como minha lição de história, por exemplo.

Ficar em casa não é muito interessante. Ou estou lendo algum livro interessante ou estou na frente do computador estudando para testes da escola ou algo parecido. Mas naquele momento, aproveitando que me irmão estava assistindo televisão na sala, minha mãe estava trabalhando na padaria Queen of Peace, e meu padrasto trabalhando em um prédio no centro da cidade. Decidi pesquisar na internet alguma coisa parecida como: bolas de futebol que se transformam em clavas medievais espinhentas e assassinas. Mas não obtive resultado. Exceto um garoto que estava perguntando em um site de perguntas e respostas se era, ou não, proibido ter uma clava em casa para se defender. Estranho… mas foi um resultado.

Depois de um tempo, decidi fazer minha lição de história.

Minha professora de história é a pessoa mais horrível deste mundo. Sua cor favorita é o azul, esta sempre de azul. Vestidos azuis com rendas azuis, unhas azuis, sapatos azuis. Mas ela não é horrível por causa disso, quem dera se fosse. Ela tinha uma maneira diferente de ensinar. Fazia os alunos lerem um capítulo do livro de história inteiro e elaborar quarenta, cinqüenta, sessenta perguntas. E fazia, também, os alunos se virarem para terminar em um dia todos os exercícios de tal capítulo do livro de história. E quando esquecíamos o seu livro, ela nos obrigava a fazer uma redação de cem linhas sobre o assunto que ela escolhesse.

Estava tentando elaborar a pergunta de numero trinta e oito das cinqüenta, li um trecho no livro sobre criaturas mitológicas. Eu já tinha feito perguntas sobre Sátiros, Ninfas, Náiades, Ciclopes e Centauros. Mas as harpias eu ainda não tinha feito. Minha pergunta era a seguinte:

38 – Quais são as características e os nomes das três principais harpias da mitologia grega?

Minha resposta foi:

R: São representadas como aves de rapina e com rosto e sei-os de mulher. As principais harpias são: Aelo, a borrasca. Ocípede, a rápida no vôo. E Celeno, a obscura.

Espero que minha professora me de uma nota altíssima por esse trabalho.

Tinha-se uma coisa que eu mais odiava em minha professora de história, era a sua maneira de agir. Ela quase nunca corrigia as nossas lições, e quando fazia, ela quase nunca dava uma nota. Apenas olhava, via se estava feito. Se estiver feito estava feito, se não estava feito não estava feito e pronto. Acabou por aí.

Mas fora isso, ela era uma pessoa legal, e estava passando a minha parte favorita em historia. A mitologia grega. E estava ensinando também um pouco do idioma grego e latim. Isso era bem legal.

Quando finalmente terminei minha lição, fechei o livro de historia e uma das páginas roçou em meu dedo, minha pele queimou e sangue brotou do corte feito pela folha. Levei o dedo na boca de imediato, suguei o sangue estanquei a ferida o máximo que pude, mas por algum motivo, o sangue continuava a sair pelo corte fundo que a página do livro de história me deixou. Quis tacar o livro nos infernos e amaldiçoar minha professora em grego e em latim. Mas a única coisa que pude fazer foi lamber a ferida e me deitar atordoado e com muita raiva.

Em meu sonho, eu estava na sala de aula sozinho com minha professora de história, Patrícia Selena, ela corrigia minha lição com uma caneta de tinta vermelha. Minha pele estava mais pálida do que o normal. Minha professora estava vestida com um vestido azul que iam até os pés, que estavam cobertos por uma sandália gladiadora azul, e suas asas eram vermelhas. Ela dizia, Kaló, Polý Kaló. Que eu entendia ser, Bom, muito bom, a cada vez que ela via uma das perguntas elaboradas. Foi quando eu vi um tubo saindo de dentro do meu dedo furado pela página do livro, era como os tubos de soro de hospital, que eles usam para colocar soro em nosso sangue, mas aquele tubo estava sugando meu sangue, que ia para a caneta vermelha dela. Minha professora sorriu belamente e eu acordei molhado de suor.

Quando cheguei na escola, Islly, Fernanda, Santos e Marinho, Islly, Jéssica e Thallita estavam me esperando, Bia, Marcos e Luciano estavam lá também, mas eles não estavam perto, apenas acenaram para nos e foram embora. Eu olhava para todos os lados, mas nenhum sinal do salva-vidas.

Não contei nada para Islly ou Jéssica sobre o incidente com a bola de espinhos ou Otávio me vigiando ao longe em quanto eu era desintegrado. Tive receio que elas rissem da minha cara. E isso era a ultima coisa que eu queria. Que alguém risse de mim.

- Pensamos que você não vinha – disse Thallita.

- Pensaram errados – digo eu.

O sinal tocou ao longe e fomos caminhando até a entrada da escola. Quando chegamos na frente da porta da sala de aula de ciências, não demorou muito até que a professora Deuseni viesse nos escoltar até o ginásio da escola.

Fomos caminhando. Hoje não seria como ontem, que os jogos foram feitos na quadra. Hoje seria no ginásio da escola, o lugar é completamente fechado, igual a uma quadra de basquete. Arquibancadas ficam em volta do campo de piso de madeira. A única iluminação que temos é a das varias lâmpadas no teto, protegidas por cúpulas de vidro, e duas grandes janelas no fundo do ginásio, onde a luz do sol irradiava e fazia o chão brilhar.

Sentamo-nos em na arquibancada do lado esquerdo, oposto ao da porta da entrada, alguns outros alunos das outras séries estavam juntos com agente. Quando finalmente nos preparamos para assistir o jogo de futebol, olhei para o resto das arquibancadas. Do nosso lado estavam vários, mais vários alunos mesmo, alguns professores também. Do lado direito, bem na nossa frente, nos separando só por alguns metros, estava mais uma aglomeração de alunos, vi Bia, Marcos e Luciano daquele lado, minha professora Patrícia também estava lá do lado direito, seus cabelos bicolores, louros e negros, estavam amarrados em um coque com uma flor de cemitério enorme e azul presa com um véu de redinha preto, uma blusinha branca com o decote azul coberta de botões também azuis, calça caqui bege de boca de sino.  Alguns metros de distancia da minha professora, bem ao lado da porta, estava ele, de camisa vermelha e tudo. Otávio. Ele conversava alguma coisa com o professor João, mas não conseguia ouvi-los por causa do barulho ensurdecedor que todos estavam fazendo.

Os chiados pararam quando o professor Dori, meu professor de geografia, assoprou seu apito de juiz para todos ficarem quietos, era o sinal de que os jogos iam começar.

Foi um jogo bem rápido, o primeiro. Tudo terminou com um a dois. Minha sala seria a terceira a jogar. A próxima seria as oitavas A e C.

Tenho que admitir, essa oitavas são duras na queda. Elas têm os melhores jogadores da escola, são fortes e rápidos. Estava no meio do jogo quando aconteceu uma coisa horrível. Bruno Yuri, um dos jogadores da oitava C, acabou tropeçando feio no chão de madeira. Juro que eu poderia ouvir o estalo do osso do braço dele a quilômetros de distância, minha visão embaraçou e pude ver alguma coisa vermelha romper de dentro da fratura exposta que estava no braço de Bruno Yuri, o osso dele tinha aberto uma ferida e podia ser visto um calombo no peito do braço que emanava sangue. De repente não vi mais ele, apenas uma aglomeração de alunos e professores e a diretora Ana Laura em volta do garoto, seus amigos gritavam por ele e ele respondia em gemidos leves de quem esta cerrando os dentes para não gritar e chorar. Ele foi levado por Otávio, que não ficou nada feliz.

Depois que Bruno Yuri fora embora, a tensão sobre a quadra aumentou, teve uma pequena briga entre um amigo de Bruno Yuri e o garoto que o tinha empurrado, eles foram separados por outros alunos e o jogo deles foi anulado. Varias garotas choravam, algumas rezavam. Fernanda Marinho e Bia estava com os olhos marejados de lágrimas e Islly, Jéssica, Fernanda Santos e Thallita estavam tão assustadas quanto eu. Pude ver Marcos e Luciano tentar impedir mais uma briga de dois alunos.

Achei que o jogo da minha sala seria cancelado, mas não foi. A diretora avisou para nos que Bruno já estava no hospital e não era uma lesão muito grave. Traduzindo. Ele estava ferido, mas não morreria. Logo depois disso o nosso jogo começou. A tensão ainda estava no ar, muitos nem prestavam atenção no jogo. Inclusive eu, que estava conversando com Fernanda Marinho sobre o incidente.

- Ele não pode morrer, não pode – rezava ela.

- Ele não vai morrer – eu disse – você ouviu o que a Ana Laura disse, ele está bem.

- Preciso sair daqui – ela disse.

Não entendi o que ela queria dizer.

- Não consigo respirar – era verdade, ela estava com muita falta de ar – Vamos sair daqui. Anda. Vem comigo.

Olhei pra trás, vi Islly e Jéssica conversando com Fernanda Santos e Thallita, Bia estava entretida no jogo, Luciano e Marcos estavam no jogo. Olhei para Fernanda Marinho e a segui.

Passamos por de trás do gol para irmos até a porta da saída. A professora Patrícia e o misterioso novo professor João olhavam para nos de cara feia enquanto saíamos.

Íamos descer de elevador, mas ele estava quebrado, então fomos andando devagar pela a escada, ela falava comigo.

- Estou me sentindo melhor. Mas preciso tomar ar puro.

- Só faltam três andares. – Digo eu.

Passamos pelo andar dos ateliers, onde alguns alunos do período integral trabalhavam pinturas rupestres, depois passamos no andar dos instrumentos musicais, alguém tocava uma ocarina ao longe. Quando finalmente chegamos ao térreo, Fernanda foi direto para fora e respirou profundamente.

- Quer andar? – Perguntei.

- Seria bom. – Ela disse.

Caminhamos. Sua falta de ar pareceu melhorar, estávamos perdendo o jogo mais mesmo assim eu não ligava. Era melhor assim, não queria ver alguém se machucar de novo. Fomos andando pela a escola, eu me lembrei do meu sonho, lembrei de como o fogo afetara aquela área onde estávamos também, passamos pelo teatro em passos de vagares, quase se rastejando. As plantas do outro lado, onde ficam os bancos onde os alunos se sentam quando acaba a aula e não têm mais o que fazer, estavam balançando. Olhei para frente e juro que vi alguma coisa azul, lá na frente, correr para trás do local do teatro.

- O que foi aquilo? – Fernanda perguntou.

- Você viu também? Achei que só eu tinha visto.

Ficamos quietos e parados, por um momento tive vontade de comer uma maçã verde e ir embora dali antes que mais alguma bola de ferro assassina me perseguisse ou algum mete-oro explodisse tudo.

- Vamos ver o que é – Fernanda propôs.

Andamos lentamente encostados na parede que do outro lado se encontrava o teatro da escola. Fernanda voltou a ofegar, ela pegou minha mão alguns centímetros antes de depararmos com a coisa que corria bem em nossa frente.

A professora Patrícia estava de pé, olhando para nos dois, na rampa serpentina que ia para as piscinas e o lago. Seu vestido branco com decote azul era cintilante na luz do sol, o vestido estava desabotoado, mostrando a pele branca da barriga, e pelos vermelhos alaranjados que saiam de dentro da calça caqui. Alguma cosia vermelha tremeluzia atrás da professora, depois de olhar com atenção a coisa vermelha em suas costas, descobri que havia penas, e que aquilo era um par de asas. Rapidamente me lembrei do meu sonho em que a professora corrigia minha lição com meu sangue. Fernanda estava apertando minha mão com força. Não sei como ela apareceu ali, pois a menos de dois minutos ela e o professor João estavam nos olhando de cara amarrada em quanto saíamos do ginásio.

- O que aluno exemplares como vocês estão fazendo aqui fora? – perguntou com uma voz rouca de destruir os tímpanos de qualquer um, uma voz diferente da sua voz normal – Deveriam estar vendo a bola rolar lá em cima.

Fernanda e eu nos olhamos, ela procurou alguma coisa para dizer.

- Viemos beber água. A água de lá de cima acabou.

A professora piscou olhou para Fernanda, nesse ato seus olhos mudaram de azul celeste para cinza quase branco. Fiquei com calafrios na espinha.

- Beber água onde? – perguntou a professora – Não seja boba filha de Atena, beber água onde? – repetiu – Na piscina? No lago? Acho que não.

Seu sarcasmo era visível a quilômetros de distancia.

- Quero apenas aquilo que vim buscar, nada mais e nada menos, não preciso da vida de vocês e não quero derramar um sangue tão belo quanto o de vocês. – Por um momento eu vi a professora de história por dentro daquele… daquele mostro, tentando ser uma pessoa legal e que todos gostassem – Agora, me dêem.

Sua mão ossuda se estendeu no ar quando ela pediu aquela coisa inexistente. Este ato me fez lembrar o professor João ontem. Seja o que for que eles estivessem procurando, por algum motivo eu sabia que era a mesma coisa. E Fernanda também.

- Por favor, crianças. Será melhor assim. Se me derem, não sairão feridos e nem mortos. E se não derem… vou ter que tirar de vocês a força. Mesmo que isso necessite matar meus alunos mais inteligentes.

A professora estendeu a mão no ar mais alto dessa vez. Fernanda quis protestar, dizer que não sabia do que estava falando. E que se ela explicasse direito o que é que ela estivesse procurando, nos daríamos sem hesitar. Mas a única cosia que a professora fez foi dizer:

- Caladinha, por favor, filha de Atena.

- Professora, entenda, não sabemos do que se trata esse…

- Já disse para ficar calada – gritou a professora mostrando os caninos afiados da sua boca. – Vou contar até três. E se um de vocês não me der até o três, vou torturá-los até contarem onde esta, e se não contarem eu irei matá-los.

- Professora, não, a senhora não entende…

- Um – ela contou.

Dessa vez eu tomei à dianteira.

- Professora, não sabemos mesmo onde e nem como é este objeto que você procura. Por favor, escute-nos.

- Dois…

Eu sabia que tínhamos perdido aquela luta. E seja o que for que ela estivesse programando para o que viria a seguir, tenho certeza e que seria alguma coisa dolorosa.

- TRÊS – ela gritou tão alto que senti o chão tremer. Ela saltou tão alto que ficou difícil de vê-la, talvez vinte ou trinta metros. E então ela explodiu. Pelo menos era isso que eu que-ria. Mas só a sua roupa explodiu, dando a visão clara das suas asas vermelhas nas costas. Um par de patas de galinhas em vez de pés se encontrava logo a baixo de seu tronco, pelos e penas vermelhos vinham de suas patas de galinhas e iam até a sua cintura, exibindo uma barriga clara e peitos nus, cobertos pelos fios de cabelos louros que cresceram alguns centímetros a mais.

Minha professora de história, ou era uma Harpia, ou uma Poedeira Embrapa 031.

Prefiro a segunda opção.

Mas a realidade é que, Patrícia Selena, tinha se transformado na harpia de meu livro, Celeno, a obscura. Selena e Celeno… Como eu não notei antes.

Notei que a flor de cemitério continuava em sua cabeça. Era estranho ver uma criatura tão horrenda e apavorante bem em sua frente com uma flor azulada, tosca e gigantesca bem no meio da cabeça. E aquela redinha preta então… fala sério.

Ela estava me dando arrepios. Suas grandes asas balançavam no ar, minha professora estava voando, e voava muito bem por sinal, ela poderia ganhar um premio. As penas de suas asas eram da cor de bronze, elas cintilavam e me segavam com o reflexo da luz do sol, ela tinha penas vermelhas também, essas penas pareciam estar gritando: Venha ser morto, vamos, só vou degolar seu pescoço.

Seus brilhantes e assustadores olhos cinza, agora estavam diferentes, como se estivessem mortos há muito tempo. Podres. Extremamente podres. Se não for loucura, juro que vi baratas minúsculas saindo e entrando de dentro deles.

- Me dêem o elixir agora – ela brandiu exibindo seus lindos e magníficos dentes amarelos cheios de cáries e furos – Ou então vou devorá-los.

Se eu soubesse o que ela estava querendo, juro que entrega-ria de mão cheia, pois esse devorá-los me pareceu bem convincente para meu gosto.

- Já dissemos, não sabemos o que você esta procurando – eu disse ficando um pouco nervoso.

- Então vão morrer – ela rugiu e veio atrás de nos, suas asas ágeis eram mais velozes do que eu imaginava. Passamos por debaixo dela e fomos em direção a rampa que ia para as piscinas.

Saímos em disparada, minha professora de história logo atrás de nos. Ela se aproximava muito rápido, suas asas eram muito hábeis, seu sorriso demoníaco e da cor de lindos girassóis estavam me dando mais vontade de correr. Imagine junto comigo. Se ela já era feia nesse estado de harpia, imagine o seu hálito. Nada bom. Certo?

Corremos, e não foi pouco. Ela era, com certeza, mais rápida do que nos, mas mesmo assim deixava-nos ir a sua frente, talvez para nos cansar ou para brincar. Ela voava até nos, e quando chegava ao nosso encalço, ela fazia uma pausa e esperava nos afastarmos o bastante para voltar a correr atrás de nos, ela ria muito. Suas gargalhadas eram de tirar a alma de qualquer um. Demos meia volta e fomos em direção ao teatro de novo, descendo toda a rampa, ela ficou parada vendo-nos correr. Mas quando estávamos chegando à parede do teatro, uma explosão metros a cima da parede do teatro nos fez cair no chão.

Aconteceu tudo muito rápido. Primeiro a explosão, depois nossa queda no chão, que fez meu machucado no dedo abrir e voltar a sangrar. Depois um vulto humano caiu bem na nossa frente com um dos joelhos e uma das mãos postas no chão, como se estivesse preparado para ser coroado. Logo após a queda do vulto, cacos de vidro espessos da janela do ginásio da escola caíram junto e se espatifaram no chão de pedra. E por ultimo, minha professora mostrando as presas para o vulto.

A pessoa que caiu tinha cabelos pretos e longos, usava o uniforme da escola. Não era muito alta, tinha uma franja pequenina sobre as sobrancelhas e olhava diretamente para nos, Fernanda e eu.

- Estão bem? – perguntou Jéssica se levantando.

- Sim – respondi atordoado e sugando o sangue do meu dedo como se fosse um bebe.

Olhei para os tênis de Jéssica, estavam diferentes, eram brancos com duas faixas em amarelos.

- Filha de Hermes? Por acaso isso aqui é algum tipo de festa de arromba para meio-sangues? – perguntou a harpia pelos dentes.

- Fica quieta, sua macaca com asas – disse Jéssica em um tom muito arrogante até pra ela.

Depois disso, Jéssica bateu com o seu tênis no chão, fazendo crescer asas sobre eles. As duas asas douradas saíram de dentro das duas faixas amarelas de seu tênis branco. Ela começou a flutuar devagar, de pouco em pouco ela estava na altura exata da minha ex-professora de historia e recém monstro de asas. Separadas apenas por alguns metros de distância uma da outra.

Mas o que Celeno, a obscura, estava querendo dizer com “filha de Hermes?”, se eu não estou louco e estudei bem as teorias de mitologia grega, Hermes é um deus grego, mensageiro dos deuses e patrono da ginástica, dos ladrões, dos diplomatas, dos comerciantes, da astronomia e da eloqüência. É também o guia das almas dos mortos para o reino de Hades.

Mas Jéssica filha dele… isso já era demais.

E antes disso, a harpia mandou Fernanda ficar calada, mas ela a chamou de filha de Atena, que é outra deusa grega, a deusa da guerra, da civilização, da sabedoria, da estratégia, das artes, da justiça e da habilidade. Tenho certeza absoluta que alguém se esqueceu de me contar alguma coisa. E alguma coisa muito séria por sinal.

Jéssica estava tendo uma briga mano a mano com a professora, era uma verdadeira briga de mulheres. Elas puxavam os cabelos uma das outras, Jéssica arrancou vários tufos de penachos cor bronze e vermelho sangue de da minha ex-professora. A luta no ar parecia que ambas estavam pisando em pisos invisíveis, como se andassem sobre o vento.

Celeno, a obscura, pegou o braço de Jéssica e a jogou contra a parede do teatro. Pedaços de concreto caíram sobre mim e Fernanda, uma cratera se abriu no local onde Jéssica foi jogada, ela saiu por de dentro dos escombros cuspindo um pouco de sangue seco. Logo depois, deu impulso com as pernas e uma nuvem de poeira fez com que meus olhos piscassem muito, tive que parar de ver a luta para tirar as lascas de concreto dos olhos. Quando consegui, vi que Fernanda fazia o mesmo.

Olhei para céu e vi Jéssica indo em direção a harpia, que dava seu grito de guerra triunfal. Minha colega de classe desembainhou uma espada de fio duplo com, aproximada-mente, oitenta e cinco centímetros do bolso. A espada era de um branco cristalino na lâmina a um negro obscuro no cabo, era muito bem detalhada, era tão fina que, de lado, era quase invisível. O pomo da espada eram duas asas negras iguais as douradas em seu tênis. A habilidade de Jéssica com a espada era incrível. Ela avançava com tanta velocidade contra a harpia, que várias penas estavam pousadas ao chão.

- E então professora de araque – Jéssica retumbou – o que acha de frango assado para o almoço?

- Acho que você esta enganada, filha de Hermes, pelo o que eu vi no cardápio hoje de manhã, teremos filhote de deus para nos deliciarmos.

Patrícia… ou Celeno, a obscura… como quiser chamar, abriu as asas vermelho e bronze, esticou-as tão forte que ouvi os ossos dela estalando como se não alongassem há muito tempo. Vi as penas cor de escarlate tremendo sobre o par de asas. Tinha algo de errado com aquelas, pois as de cor de bronze estavam completamente imóveis sobre as vermelhas.

- Vou preparar a carne para as cozinheiras não terem tanto trabalho – disse a harpia cuspindo saliva suja enquanto mais alguns bichos passeavam sobre seus olhos – Experimente o tempero, filha de Hermes, parece estar muito gostoso.

E então, as penas escarlates tremeram tão intensamente que se soltaram, mas não caíram, pareciam balas de canhão sendo atirada em todas as direções. Jéssica defendeu varias com sua espada, uma das penas vermelhas atingiu a parede, se você achou que a pena se chocou contra a parede e depois caiu levemente no chão, se enganou. Quando a pena bateu sobre a parede, ela atravessou, deixando um buraco profundo e fino em seu lugar. Outra pena passou de raspão em meu antebraço, mas nem chegou perto de me atingir, mas mesmo assim uma linha de sangue surgiu em meu braço esquerdo perto do cotovelo.

Fiquei imaginando o que aconteceria se uma delas real-mente tocasse minha pele.

- Morra, morra, morra, MORRA! – gritou a harpia exibindo os seus dentes cor de âmbar que eu os achava tão lindos.

Rajadas de penas escarlates iam a apenas uma direção agora, como se fosse o esguicho de uma mangueira de bombeiro, não pude distinguir quantas, mas sei que era o suficiente para se parecerem com uma linha vermelha muito bem definida. Jéssica defendia com sua espada, não sei se ela era capaz de controlar o vento, mas de uma hora para outra, a linha vermelha parou de vir em direção a Jéssica e foi em direção à harpia. Que soltou um grito agudo ao ser atingida pelas penas.

O vento que saiu de dentro da espada pareceu, não só levar as penas que minha ex-professora jogava contra ela, como também as ultimas vermelhas que restavam em seu corpo, e também levou algumas penas cores de bronze. Deixando as asas da harpia da cor de sua pele, salpicada de amarelo e uns pequenos retalhos de vermelho. E também um toque de medo em seu rosto amedrontador e coberto de insetos minúsculos.

O monstro voador estava agora sobre o chão, tremendo de tanto medo de Jéssica, que tinha acabado de pousar os seus pés voadores. A harpia juntou as palmas das mãos e suplicou:

- Por favor, piedade, filha de Hermes, piedade!

- Aprenda uma coisa comigo, Celeno – disse Jéssica mostrando um lado obscuro maior do que a de Celeno, a obscura, um lado que eu nunca teria vontade de enfrentar. – Eu nunca tenho piedade.

Fernanda apertou minha mão novamente, eu quis fechar meus olhos, mas não pude. Estávamos caídos do mesmo jeito que Celeno, a obscura estava.

Jéssica apertou o cabo negro da espada e cravejou a lâmina no peito da harpia. Que rugiu de dor.

Baratas, besouros, formigas, aranhas e outros tipos de insetos explodiram de dentro dos olhos da minha ex-professora, um grito frio e cheio de dor rompeu todas as barreiras do som a nossa volta, a harpia começou a se devanear, lodo depois, um montinho de areia e alguma penas bronze e escarlate, que um dia foram Celeno, a obscura, saíram voando pelo vento. Em direção ao nada.

Jéssica se virou para nos, engoli em seco, ela apertava com força a sua espada. Um segundo depois, ela guardou a arma dentro do bolso como se ela fosse qualquer coisa, menos uma espada de oitenta e cinco centímetros.

- Tudo bem – ela disse – qual de vocês esta com elixir de que Celeno falava?

Depois de tudo o que ela fez para nos proteger, senti vontade de apertar seu pescoço. Já dissemos que não sabíamos o que era essa droga de elixir.

- Não temos o que ela queria, você é mais louca do que ela, como fez aquilo? – perguntei me levantando, Fernanda veio junto, já que estávamos com nossas mãos entrelaçadas.

- Me responda, você tem alguma maçã ai contigo?

Franzi a testa.

- Não, minha maçã verde ta na minha mochila, e ela esta lá no ginásio, a minha mochila – respondi.

- Isso explica tudo – disse Jéssica… como se realmente explicasse algo. E se explicasse isso seria apenas pra ela.

- O que explica tudo? – pergunte.

- O fato de você ter uma maçã – respondeu Jéssica pensativa. – Principalmente uma verde. Acreditem, maçãs são as substâncias de poder no mundo dos monstros e dos deuses. Eles as chamam de elixir porque, para eles, a maçã faz com que toda a sua energia retorne, as verdes então, é quase uma ambrósia. A pergunta é… quem precisa do elixir.

- Desculpe, mas isso ainda não responde a minha pergunta. – Eu disse ficando um pouco nervoso. – O que você quer dizer com o mundo dos monstros e dos deuses?

- Não percebeu ainda? – disse ela. – Seu sonho, aquilo foi real, pelo menos pra você, ainda me pergunto o porquê de só você ter tido o sonho. E a clava te perseguindo…

- Opa, opa – eu interrompi. – Como sabe da clava?

- Nos vimos – ela disse. – Vimos tudo, Islly, Thallita, Bia, Marcos, Luciano, Fernanda Santos, Fernanda Marinho, eu… nos vimos tudo.

Olhei para Fernanda marinho e soltei sua mão.

- Você sabia de tudo? – perguntei. – Sabia e não me contou.

- Não, ela não sabia – disse Jéssica – Ela viu por acaso, nem mesmo nos sabíamos que ela tinha visto até agora, em que Celeno a chamou de filha de Atena.

- Mas ela estava brincando – vociferei. – E nome dela é Patrícia e não Celeno.

Jéssica balançou a cabeça negativamente.

- Nunca percebeu como é fácil para nos aprender o grego e o latim do que para o resto da sala? – disse Jéssica. – Somos Meio-Sangues, Semideuses para ser mais exato. Temos o grego antigo e o latim dentro de nos.

Fiquei chocado e de boca aberta. Jéssica viu que eu não ia mais falar nada então continuou:

- Os deuses e os monstros existem, Alberto. Sempre existiram. Somos filhos deles.

Nesse mesmo instante, Islly, Thallita, Fernanda Santos, Bia, Marcos e Luciano saíram por de trás da parede do teatro como se estivessem ali faz tempo. Islly estava com minha mochila e com a de Fernanda Marinho, Marcos estava comendo minha maçã verde.

- Ela fala a verdade – disse Islly me dando minha mochila. – Somos Semideuses.

- NÃO, NÃO SOMOS. – Eu gritei com todos.

- Cala a boca – disse Marcos, – será que você nunca viu algo de estranho em sua vida? Como por exemplo… responda-me uma pergunta. Onde está seu pai?

Minha boca travou, senti como se tivesse engolido um punhado de areia que restou da minha ex-professora.

- Ele teve que sair do país, foi pra seu país natal, ocorreu uma emergência, ele era importante no país dele, teve que ir para resolver o problema. – Eu respondi me perguntando de verdade o motivo dele ter ido embora, pois, esse não era mais um motivo realmente.

- É ele voltou para o país natal dele sim – disse Luciano. – O Olímpo.

Marcos riu.

- Parem, gente – disse Bia meigamente. – Ele é muito importante no país dele sim, Alberto, ele é um deus. Quer saber por que ele voltou?

Não respondi.

- Há treze anos, os monstros fizeram um levante que deixou os deuses com medo. – Disse Thallita – Obviamente ele voltou para ajudar.

- Meu pai não é um deus, eu nem mesmo acredito em deuses – disse com raiva.

- Deixa de ser estúpido. – Jéssica disse irritada. – deuses existem, estão contando com seus filhos para lutar contra os monstros.

- Se os deuses existem mesmo, e não estou dizendo que existem, por que não resolvem isso sozinho? E por que estavam atrás da minha maçã verde? E quem é meu pai.

- A primeira pergunta pode ser respondida deste jeito – disse Fernanda Santos. – Os deuses não podem simplesmente vir matar os monstros, isso causaria uma guerra colossal, seria o fim da sociedade humana, já nós, Semideuses, temos o poder de mudar isso, por um fim nos monstros pelos nossos pais. Temos a capacidade de vencê-los, se realmente tentarmos.

- E a segunda – disse Islly. –A Jéssica já te disse, a maçã é uma substancia de muito poder, tanto nos mortais quanto nos monstros e deuses. Você sabia que uma maçã tem capacidade de nutrir as proteínas de um ser humano uma semana inteira? As verdes são praticamente ambrósias dos deuses, por isso que eles a chamam de elixir.

- E a terceira não sabemos responder – disse Jéssica. – Você precisa descobrir sozinho quem é seu pai.

Perguntas pipocaram em minha cabeça. Eu sabia que elas falavam a verdade, mas eu só não queria acreditar. Então a única coisa que pude perguntar foi:

- O que é ambrósia?

- Um doce com sabor divino, ele tem poder de cura. Se um humano tomar ele morrera instantaneamente. Conforme a mitologia grega, esse manjar era tão poderoso que podias ressuscitar qualquer um, bastava que alguém o pusesse em sua boca. Menos se ele for um monstro, a ambrósia não tem efeito com eles. Se semideuses exagerarem nesse docinho, seu corpo é completamente tomado por chamas e você será pulverizado de dentro pra fora – Marcos me respondeu.

- Então não estão mentindo, certo? – perguntei agora mais calmo.

- Não, não estamos mentindo. – Disse Jéssica remexendo o bolso, eu sabia que ela estava afagando a espada.

- Então todos somos filhos dos deuses antigos, os deuses da Grécia antiga? – perguntei.

- Somos sim – respondeu Luciano. – Sou filho de Dioniso, o deus das festas, do vinho, e da intoxicação que funde o bebedor com o divino.

- Fala sério – digo eu. – Dioniso?

- Algum problema? – perguntou Luciano fazendo algumas plantas que nasciam no chão da escola crescer rapidamente, vinhas brotaram das plantas que Luciano fez crescer e logo se enroscaram em seu braço.

- Puxa, isso é incrível – digo eu falando a verdade. – E você Jéssica, é filha de Hermes mesmo?

Jéssica fez que sim com a cabeça.

Mas quem falou depois foi Fernanda Marinho, cujo não abriu a boca desde que começamos a conversar.

- Eu sou… mesmo a filha de Atena?

- Sim – disse Jéssica. – O sangue dela corre em suas veias, é por isso que nos chamamos Meio-Sangues, porque temos metade do nosso sangue de um deus.

- Meio-Sangues – repito pensativo.

- Ou Semideuses. – Disse Fernanda Santos. – A propósito, eu sou filha de Hefesto, deus da tecnologia, dos ferreiros, artesãos, escultores, metais, metalurgia, fogo e dos vulcões. Enfim, um bocado de coisas.

- E bota coisas nisso – digo eu já me enturmando. – E você, Marcos, é filho de quem?

- Ares – respondeu. – Deus da guerra selvagem, mas não tenho vontade de provocar nenhum tipo de guerra selvagem, exceto contra os monstros.

- Sou filha de Apolo – disse Thallita. – Deus da divina distância, da morte súbita, das pragas e da doença. Mas também o deus da cura e da proteção contra as forças malignas. Deus também da beleza, da perfeição, da harmonia, do equilíbrio e da razão. Iniciador dos jovens no mundo dos adultos…

Se Fernanda Santos era filha de um deus de varias “coisas”, Thallita então era filha do deus das varias “coisonas”.

- Bia, e você? – perguntei, mesmo já sabendo a resposta.

- Afrodite, deusa do amor e da beleza. Símbolo do gênero feminino.

- E você, Islly? – perguntei, mas ela não me respondeu.

- Alguns semideuses descobrem depois quem são seus pais – disse Jéssica. – Outros morrem sem saber quem é seu pai ou mãe. Albert Einstein, por exemplo, era filho de Atena, morreu sem saber. Madonna é filha de Afrodite. E até Hitler era um semideus, filho de Ares. Existem outros que morreram e não souberam que eram filhos de deuses gregos, mas que também não eram filhos dos deuses mais principais. Islly ainda não sabe quem é seu pai.

- Mas sabem que é um pai? – perguntei.

- Sim – disse Islly. – Um pai.

Ficamos quietos por um momento, foi um momento de reflexão, pensei em meu pai, um deus grego. Fiquei imaginando quem seria ele. Sei que Jéssica tem uma espada, e enquanto aos outros, será que tinham armas também? Reuni forçar para quebrar o gelo.

- Então existem mais como ela por ai – digo eu me referindo a minha professora.

- Você não sabe quantos – disse Islly. – Dezenas de centenas de milhares. Muito maior do que qualquer exercito. É por isso que precisamos de toda a ajuda possível.

- Toda a ajuda possível? – repeti.

- Precisamos que vocês nos ajudem a achar o Velocino de Ouro – disse Jéssica.

- Velo o que de que? – perguntou Fernanda Marinho soltando um risinho.

- Velocino de Ouro – Jéssica disse novamente – Ele pode trazer felicidade para seu portador, é a pele do carneiro Crisómalo, dizem que se ela for usada perfeitamente, pode voltar à vida de quem está morto.

- Mas a ambrósia não já faz isso? – perguntei ficando um tanto confuso.

- Sim, mas o Velocino de Ouro pode reviver, tanto mortais, como monstros. – Marcos me explicou. – Os monstros já estão a sua procura há um tempo, mas nós semideuses temos pistas de onde ele possa estar, precisamos achá-lo primeiro que os monstros e levá-lo em segurança aos deuses antes que caia em mão erradas.

- E o que os monstros iriam querer com o Velocino de Ouro? – Fernanda Marinho perguntou.

- Não é obvio – disse Bia. – Eles querem reviver uma criatura antiga, não sabemos o certo quem, mas sabemos que ele é bem perigoso.

- E qual é a especulação de onde o Velocino possa estar agora? – Fernanda perguntou de novo.

- Monte Everest, cordilheira do Himalaia, está na fronteira do Nepal e o Tibete. No pico – disse Jéssica. – É por isso que ninguém volta com vida ou chega ao topo. Porque ele esta infestado de monstros.

- Se ele esta infestado de monstros, porque eles ainda não pegaram o Velocino para eles mesmos? – perguntei.

- Se fossem corajosos o bastante para pega-lo – disse Marcos

- Como assim, corajosos? – Fernanda Marinho perguntou.

- Existe uma criatura guardando o Velocino – disse Jéssica. – Um dragão, eles não são exatamente monstros, os dragões, são mais animais mitológicos do que monstros.

- Então eles têm medo dos dragões? – perguntei.

- Muito, o fogo sempre deixa os monstros mais fracos – Fernanda Santos explicou. - E os dragões são os reis do fogo.

- Precisam de nós? – era mais uma afirmação do que uma pergunta.

- Sim – disse Jéssica. – Vocês vêem?

- Sim – eu disse confiante.

- Claro – Fernanda Marinho estava muito feliz, pois ela agora sabia que seu pai falava a verdade quando dizia que sua mãe era tão esperta quanto ela. Afinal, ela é Atena.

- Contamos com vocês – disse Bia.

- Como vou contar para minha mãe que estou indo em uma missão suicida? – pergunto me lembrando dos fatos.

- Ela já sabe – disse Jéssica - meu pai mandou uma mensagem para ela. Mas ela disse para passar a ultima noite com ela. Ficar a ultima noite em casa.

- Eu vou – digo eu.

- Traga blusões e roupas de frio – disse Marcos. – O Everest é bem frio a essa época do ano.

- Não se esqueça de bastante roupa de baixo – Luciano riu.

- Não vou.

- Nos encontramos no ponto de ônibus na avenida na frente da escola amanhã antes das onze horas.

- Ok – digo eu.

Logo me lembrei de uma pergunta que me parecia muito importante.

- Quanto tempo nós ainda temos?

- Até o fim do ano – disse Jéssica. – Depois disso… bem… ouvimos boatos de que existe algum humano controlando o lado dos monstros, e ele mandará uma tropa de seus melhores monstros para lutar com o dragão no topo do Everest.

- Mas já estamos no fim de outubro, dia trinta – eu disse nervoso com o nosso tempo. – Como quer que chegamos no Himalaia a tempo para o ano novo?

- Temos que correr – disse Marcos.

- Então estou indo – eu me despeço. – Até amanhã.

- Até – disseram todos indo embora também.

Depois que nos perdemos de vista, pensei em tudo o que eu vi hoje, tudo o que eu passei, tudo o que vivi, tudo o que ouvi. E por ultimo, pensei se eu morreria sem descobrir o nome do meu pai.


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Notas finais do capítulo

Digam o que acharam pelos reviews!!! Gostaram da luta?