A Profecia Do Fim escrita por Alberto Tavares


Capítulo 1
Meu azar é algo relutante


Notas iniciais do capítulo

Meu Deus, que capítulo gigantesco O.O



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A escola estava cheia de alunos indo e vindo de todos os lados, cada um com seu grupo, alguns estavam brincando de correr pelo pátio e outros simplesmente estavam conversando, mais nenhum pareceu notar na minha presença. Um garoto que fazia aniversário exatamente naquele dia, treze anos, e ninguém se deu ao trabalho de me desejar um feliz aniversário, Alberto, ou parabéns otário. Nem mesmo meus melhores amigos, mesmo assim eu insistia em pensar que eles estavam apenas envergonha­dos ao ponto de não quererem me desejar um feliz aniversário.

Durante a aula de matemática, eu presenciei a primeira pessoa a falar comigo dês do inicio do dia, Fernanda Santos, uma garota baixinha de cabelos escuros e ondulados nem muito longos e nem muito curtos, jogava uns pedaços de borracha em mim para poder prestar atenção nela.

- O que foi? – perguntei com a voz rouca como se fosse a primeira do dia.

- Olha só, o professor Ricardo ta toda nervosa – disse ela. Eu não esperava outra coisa, parecia que estava sendo difícil poder ganhar um feliz aniversário naquele dia. Apenas sorri para ela e comecei a visualizar a sena.

O professor Ricardo Casto é uma pessoa estressada que vive implicando com os seus alunos, mas quando esta de bom humor, os alunos podem rir à vontade em sua aula. Naquele instante ele estava gritando com o aluno mais desobediente da sala, Guilherme, que estava dizendo em sua defesa ao professor que deixou cair à sujeira de seu apontador sem querer em Jéssica.

- É mentira, professor, o Guilherme pegou o apontador e despejou tudo em cima de mim. – Disse Jéssica.

- Eu não to mentindo não – Guilherme gritava do seu jeito absurdo e coberto de pavor.

- ENTÃO, SEGUNDO VOCÊ, O APONTADOR CRIOU PERNAS, ABRIU A TAMPA E SE JOGOU EM CIMA DA JÉSSICA? – o professor estava vermelho de raiva, se eu não conhecesse muito bem os dois tomates que estavam nas bochechas de Ricardo e a veia pulsando em seu pescoço, diria que o professor estava pegando fogo.

Não dei atenção alguma aos três que berravam na sala de aula, voltei aos cálculos em meu caderno deixando todos os pensamentos de lado e um pequeno vestígio de um sorriso no rosto. Fernanda, Thallita e Islly davam risadas atrás de mim, e se não fosse loucura minha, eu pude ouvir risos de Jéssica quando o professor mandou Guilherme para o lado de fora da sala.

Ao final da aula, o professor já tinha recuperado os sem-tidos e voltado a fazer piadas para os alunos enquanto saiam da sala de matemática em direção à de artes, Ouvi o professor dizer o seu adeus criaturas como sempre fazia enquanto eu cor-ria em direção à porta.

Enquanto a multidão de alunos aparecia novamente pa-ra a troca de aulas, aproveitei para ir ao banheiro, mais apenas para ficar de frente ao espelho e encarar meus olhos fundos, os cabelos lisos e negros, olhos castanhos facilmente confundidos como da mesma cor de meu cabelo. Uns óculos com um pequeno risco na lente esquerda. Após um pequeno tempo me encarando no reflexo, apanhei uma maçã verde de dentro da mochila e mordisquei um pedaço antes de guardá-la nova-mente enrolada em um plástico, e voltar correndo para a troca de aula sorrindo do ultimo incidente.

Artes.

A aula que eu mais adorava na escola, minha facilidade com o desenho é maior do que na escrita.

Infelizmente era a ultima aula do dia, mas eu não estava nem ligando para o que viria por ai, nos últimos dias estava me achando um pouco diferente, provavelmente era a puberdade. Pelo menos era isso que eu achava. Até virem os monstros…

- Já ouviu os boatos, Alberto? – perguntou uma voz atrás de mim, era minha amiga Islly.

Islly é do tipo brincalhona, esta sempre tentando ver o lado bom, no entanto, se ela, por algum segundo, achar que esta sendo seguida ou coisa do tipo, acaba mudando de caminho e tomando um atalho, e por alguma razão, sempre que isso acontece, ela coloca as mãos em seus prendedores japoneses de cabelo.

- Que boato? – perguntei ainda caminhando para a sala doze, a sala de artes.

- Sobre o campeonato de futebol entre as sétimas séries, o pessoal da sala vai participar. – Ela disse me acompanhando.

- Menos eu – digo eu. Acredite, se existe um esporte físico que eu odeie é futebol. Um bando de gente idiota que fica correndo atrás de uma bola idiota. Sem ressentimentos.

- Ah, mais você não conta – ela disse.

- Mas o que isso tem a ver?                                                                       

Nesse momento entramos na sala de artes, a professora, Silvia, estava nos ensinando perspectiva, achamos um lugar no fundo da sala junto com Fernanda Santos, Jéssica Ramos, Thallita Melo, Fernanda Marinho, Marcos Cocuzzi, Luciano Heringer e Bia Lemos.

Eles sempre estavam por perto, às vezes eu achava que estavam me perseguido. A professora estava começando a escrever na lousa quando eu e Islly voltamos a conversar.

- Tem a ver com… bem, eu só quis comentar.

- Quietos aí atrás – disse a professora. – Alberto, sente-se na minha frente. Islly, para o outro lado da sala.

Quando nos levantamos, eu digo:

- Nos vemos na saída.

Deixei meu lugar para trás, Jéssica parecia estar me olhando insegura, como se estivesse me estudando, mas quando eu virei e olhei para ela, apenas a observei escrevendo o texto que a professora Silvia escrevia na lousa.

Quando a sineta tocou em um grito gutural, os alunos se levantaram, inclusive eu. Encontrei-me com Islly no lado de fora da sala, ela segurava a mochila de couro preto e guardava o caderno de desenho lá dentro de seu interior.

- Quando começa? – eu perguntei.

Ela levou um susto, deixou a mochila cair em seus pés, mas antes que eu me oferecesse para ajudar a pegá-la, ela se atirou e já jogou o caderno dentro da mochila de qualquer jeito.

- Como assim, quando começa? – ela perguntou tensa.

- O campeonato de futebol, dã! – digo eu.

Ela pareceu se aliviar da tensão e soltou um suspiro.

- Amanhã, depois de amanhã, e sexta-feira é o ultimo dia.

- Puxa, essa vai ser rápida – comentei – espero que...

Mas antes que eu pudesse dizer o resto da palavra, um barulho ensurdecedor fez meus tímpanos tremerem e pude sentir uma lágrima de sangue saindo de dentro da minha ore-lha. Olhei para o alto, algo enorme e flamejante tinha acabado de explodir a camada de ozônio, estava vindo em alta velocidade em direção a minha escola. Um meteoro. Ele atingiu em cheio o prédio ao lado da escola, as chamas e os estilhaços do impacto começaram a chegar mais perto até atingirem a escola inteira. Primeiro o parque onde várias crianças gritavam de medo, depois piso inferior da escola e depois o lugar onde estávamos. Islly estava pegando fogo, pude ver todo o seu corpo virar uma gosma fumegante de pele derretida.

Sufoquei o grito, eu era a única pessoa que não se trans-formava em suco. Ao longe, vi alguém de pé nas escadas para o bosque da minha escola. Alguém de roupa vermelha. Não consegui ver quem era, pois cai de cabeça no chão em chamas.

- Alou. Terra para Alberto, chamando comandante da idiotice, repetindo, chamando comandante da idiotice – dizia Islly me esbofeteando com a palma e as costas da mão – Você ta bem?

- O que… aconteceu? Cadê o fogo? O que eu estou fazendo aqui? – eu estava sentado em uma das cadeiras da diretoria, Islly estava ao meu lado, uma das funcionarias da escola também, Jéssica estava logo atrás.

- O que acha que aconteceu? – Islly perguntou – Você desmaiou, sua besta. Tem idéia de como foi difícil trazer você pra cá?

Olhei para elas, Islly, Jéssica e Lucia, a recepcionista da escola. Elas realmente pareciam preocupadas. Tentei ser mais bondoso possível.

- Não, não tenho a mínima idéia. Será que posso ir embora, Lucia? Quero muito ir pra casa.

- Claro, sua mãe já foi avisada. Ela deve estar saindo de casa agora.

A não, pensei. Isso não.

- Liga pra ela e diz que eu estou bem, não quero que ela se incomode – digo eu.

- Certo – disse Lucia.

Levantei-me cambaleando e sai da sala.

Sentia-me bem, de verdade, não sei explicar se aquilo foi um sonho ou vida real. Sacudi as cinzas invisíveis da minha camiseta e de repente me senti um louco prestes a ir ao hospício.

- Espera ai… por que você desmaiou? – perguntou Islly.

- Eu sei lá, eu apenas… desmaiei. Nada de mais. Afinal, a escola pegou fogo ou não? –perguntei curioso.

- Do que você esta falando? – desta vez foi Jéssica que perguntou.

- Não sei, eu acho que devo ter sonhado enquanto estava desmaiado.

- Sonhado? – disseram as duas – com o que?

Fiz esforço para lembrar-me de todos os detalhes, fechei os olhos com força e tentei juntar todas as peças do quebra-cabeça.

- Era um meteoro – contei – ele vinha dali – eu apontei para onde eu vi o meteoro surgindo e depois para os prédios em tacto perto da escola – e depois ele colidiu com os prédios. Todo mundo começou a derreter e depois… eu caí. E daí… acordei. Parecia tão real.

- Já sonhei coisa pior – disse Islly. Algo me dizia que ela falava a verdade, mas ao mesmo tempo ela parecia assustada com meu relato.

- Isso não é bom. – Ouvi Jéssica sussurrar.

Estávamos descendo as escadas da escola para ir embora quando a ultima pessoa que gostaria de ver na vida aparece. O bombado da escola, idiota de nascença. Otávio.

Otávio é um cara musculoso, salva-vidas da piscina da escola. Acredite, ele tem vinte e dois anos e ainda mora com a mamãe, fala sério. E todas as garotas da escola babam o ovo dele, e ele retribui com olas na voz de locutor de rádio, esse idiota com QI de uma ameba.

Se eu não soubesse que aquilo era vida real, teria me beliscado para certificar de que ainda não estava desmaiado. Ele simplesmente veio até mim e disse:

- Boa sorte amanhã.

Aquilo me deu um calafrio na espinha, subiu até o pescoço e fez minha cabeça tremer. Ele nunca tinha falado, não comigo, ele estava sempre olhando para as garotas e dando olas, ou chamando-as para conversar, ou simplesmente ficava calado enquanto elas passavam. Mas nunca, nunca tinha falado uma palavra se quer comigo. Aquilo me deu medo, ele é tipo, quatro vezes mais alto do que eu, e cinco vezes mais forte. O que acha que eu deveria ter feito? Dizer: “Vem então seu bombado de araque, não to nem ligando pra sorte nenhuma”.

Ele foi embora e eu disse:

- Vocês ouviram o que ele disse?

- O que? – perguntou Islly saindo de um transe. – Desculpe, estava olhando os braços dele. O que foi que ele disse?

- Nada.

Cheguei em casa mais ou menos uma hora da tarde.

Minha mãe me abordou assim que entrei em casa. É difícil de tolerar coisas desse jeito. Primeiro eu desmaio na escola bem no dia do meu aniversário, depois um ser me deseja boa sorte, e agora minha maçã verde esta totalmente estragada. O estranho é que ela esta com algumas partes pretas, como se tivesse sido tocada por brasas.

Desde que fiz dez anos, a única fruta que me parece comestível é a maçã verde, poderia viver minha vida com essa guloseima.

- O que aconteceu? – perguntou minha mãe.

- Nada de mais, eu só cai – minto. – Bati a cabeça e fiquei um pouco inconsciente – não me atrevi a contar sobre o ocorrido do sonho.

- Ainda bem – ela disse – achei que teria se machucado.

Minha mãe? Bem, ela é a melhor pessoa do mundo. Preocupa-se comigo e com meu irmão Victor acima de tudo, sei que ela só quer que estejamos sempre bem. Nunca conheci meu pai, ele teve que voltar para seu país natal por alguma emergência, e nunca mais voltou, era isso que minha mãe contava. Já o pai de meu irmão era o melhor pai do mundo, eu real-mente o amava, ele era, para mim, muito mais pai do que o pai que nunca mais entrara em contato.

Meu irmão não estava presente, ele estudava na parte da tarde. Então aproveitei para ir me deitar mais cedo, eu estava muito cansado daquele dia. Fiz minha mãe jurar que eu não teria uma festa de aniversário, eu odiava presentes, odiava estar mais velho.

Quando fui me deitar, passei a mão sobre meu braço, os pelos dele tinham desaparecido, no lugar, o cheiro de cabelo queimado exalava dele. E então eu realmente descobri que al-go realmente estranho estava acontecendo. E que iria precisar de toda a sorte possível.

Deve estar se perguntando qual é a minha história.

Se não estava se perguntando, então agora está.

Meu passado não é nada tão realmente caótico ou real-mente cheio de chamas e meteoros. Meu passado é tão normal como o seu passado.

Sou um garoto normal, vivendo uma vida normal. Um garoto que nunca conheceu o verdadeiro pai, mas tenho certeza que um dia eu vou encontrá-lo e vou dar um soco em sua cara. Eu ainda podia ouvir os soluços de minha mãe de quando eu tinha cinco anos, seis, sete anos.  Até hoje ela chora sentindo sua falta.

Sempre que eu como uma maçã verde me sinto melhor, mais naquele momento minha maçã estava com manchas pretas, e meu braço estava sem nenhum pelo vivo para contar a história. E eu sabia que aquele sonho tinha sido mais do que um sonho. Tinha acontecendo, apenas para mim.

Boa sorte amanhã, soou a voz segundos antes de eu dormir.

Quando cheguei à escola, Islly, Jéssica, Thallita e Fernanda Santos estavam a minha espera na frente do portão da escola.

- Oi – digo eu.

- E aí – diz Islly – empolgado com o campeonato?

- Nem um pouco – respondo, elas apenas riem.

Fomos em direção a entrada da escola, quando o sinal gritante soou dizendo que a escola estava aberta, fomos direto para a aula de português. Esperamos a aula começar, isso demoraria, pois nossa professora de português estava grávida, então nunca sabíamos se ia ou não ter aula. Enquanto Islly, Jéssica, Fernanda Santos e Thallita conversavam, eu fui até Fernanda Marinho.

Fernanda é uma garota bonita, morena e muito feliz e inteligente, ela diz que o pai conta que a sua mãe era uma mulher muito esperta, assim como ela.

Enquanto eu ia até ela, tirei uma maçã verde do bolso.

- Me dá um pedaço? – ela perguntou.

- Claro – ofereci a maçã para ela mas ela recusou dizendo que estava brincando, então fui direto ao assunto – Queria perguntar uma coisa, você conversou com o Otávio ontem?

Fernanda Marinho é uma das pessoas que Otávio esta sempre dando em cima, um bobalhão em minha opinião, como alguém de vinte e dois anos flerta outro alguém de treze?

- Sim, por quê? – ela perguntou

- Por nada. Ele falou algo… de mim?

- De repente ficou querendo saber o que ele faz ou deixa de fazer?

- Não eu só...

- Sim – disse ela, sua voz ficou em tom de dúvida, de todas as pessoas que andavam em minha volta, Fernanda Marinho era a única pessoa que eu podia dizer que não estava me vigiando ou algo do tipo. – Ele mencionou alguma coisa de sorte.

- Droga – eu disse.

- Por quê?

- Ele me disse ontem para eu ter sorte hoje. – Contei.

- Ele falou com você – perguntou ela.

- Não, quer dizer… se você diz “boa sorte amanhã” significa conversar… então sim. Conversamos bastante.

A sineta gritou mais uma vez.

- Com quem vamos ter aula? – ela perguntou.

- Professor João, ele vai contar uma história nova hoje. – Eu disse.

O professor João é o melhor professor de todos, ele tem um habito diferente de ensinar português, ele conta histórias. Sobre lobisomens, canibais, seres do além, histórias mitológicas, etc.

Estava curioso para saber sobre o que ele contaria hoje.

O professor chegou, abriu a porta da sala, e ele e nos entramos e tomamos lugares enquanto ele ficava de pé na frente da lousa, usando botas de motoqueiro, casaco de couro preto, uma boina francesa, e, por mais que isso sejam uma estranha combinação, um óculos de eletricista amarelo e a unha do mindinho direito pintado de rosa.

- Todos calados! – ele gritou, estava nervoso, nunca vi o professor João nervoso, por algum motivo eu desconfiava que não teríamos histórias hoje. – Agora todos me dêem suas bolsas.

Joguei a minha mochila perto dos pés dele como todos os alunos fizeram, e guardei minha maçã verde no bolso da minha blusa.

- Permissão para revistar? – ele perguntou para o alto-falante, que tocava musica quando as aulas acabavam, bem atrás dele.

- Permissão concedida. – Disse o auto-falante em resposta.

Ele abria mochila por mochila procurando alguma cosia, alguns riam, ele parecia estar fazendo papel de bobo, mas seu sorriso malicioso não dizia o mesmo. Na verdade, os únicos que não riam eram Jéssica, Islly, Fernanda Santos, Fernanda Marinho, Bia, Marcos e eu. Estávamos aterrorizados.

- ONDE ESTA? – ele gritou – ONDE ELA ESTA?

Todos pararam de rir.

- Um de vocês está com ela, me devolvam agora – ele estava tão nervoso que não ouviu nem quem estava batendo na porta – ONDE ESTÁ? ONDE ELA ESTA? EU PERGUNTEI ONDE ELA...

- Professor – disse a voz na porta, era a nossa professora de Educação Física, Deuseni – Ola, professor.

- Ola – disse ele ainda nervoso, mas sem mais gritar – o que você quer?

- O jogo de futebol. Quero levar os aluno para assistir o jogo.

Ele demorou um pouco para processar as palavras da professora mais logo voltou a si,

- Ah, claro. Todos dispensados.

Pegamos nossas mochilas e seguimos a professora em direção a quadra da escola.

Foi estranho, o que ele procurava? Tinha até me esquecido de comentar com Islly sobre os pelos do meu braço. Ele queria algo, disso eu sabia. Mas o que?

Eu não estava nem me importando para os dois primeiros jogos, não tinham nada a ver com minha classe. Mas quando o terceiro jogo começou, o que minha sala, a sétima C, jogava contra a sétima B, eu me vi curioso em saber quem venceria. Cá entre nós, eles não têm muitos jogadores bons, mas conseguiram nos vencer no primeiro tempo, o jogo foi terrível, mesmo com o nosso time com melhores jogadores, eles conseguiram terminar de dois a zero no primeiro tempo.

Eu me aproximei mais do jogo, mesmo eu não gostando do esporte, aquilo parecia estar me chamando, não exatamente o futebol, mas sim a bola, ela tinha alguma ligação comigo, alguma coisa que fazia minha espinha ficar gélida.

O segundo tempo começou, roubaram nossa bola várias vezes, mas nos estávamos decididos, então foi quando aconteceu, Henrique, da minha sala, chutou a bola. O Chute foi tão forte que a bola atravessou a rede e pude jurar que uma rachadura ficou no lugar de onde a bola bateu na parede. Mas não era o suficiente, eles ainda estavam na frente. Depois de um tempo de jogo, Marcos fez o segundo gol, e todos vibraram.

Faltando um minuto para acabar o jogo, Marcos corria com a bola nos pés, não tinha como ele errar, era um gol previsto pela meteorologista do jornal da manhã.

Mas Marcos pisou feio na bola. Literalmente, ele pisou na bola. Ele caiu no chão, pareceu ter torcido o tornozelo, como a quadra da escola é aberta, a bola passou voando metros e metros de distância, até que ela foi parar nas escadas muito longe da quadra, ela não parou onde estava, saiu rolando em direção ao lago dos peixes. Ninguém pareceu ter visto a bola, todos iam de encontro a Marcos, eu, é claro, fui em direção a bola, pois como eu disse, ela estava me chamando.

Como eu sou burro.

Sai correndo, atravessei todo o percurso que a bola fez para descer rolando os dois lances de escada que davam no lago da escola. Quando cheguei lá, pude ver as piscina alguns metros de distância. Ela ficava bem ao lado do lago, quando eu desviei o olhar da piscina para a bola boiando no laguinho, re-parei alguma coisa vermelha que deixei de ver na piscina, olhei mais uma vez para onde vi a tal coisa vermelha e lá estava. Otávio. De braços cruzados, me olhando, eu desviei o olhar mais uma vez, mas quando fui buscar a bola, ela não estava mais lá. Em seu lugar, uma clava voadora com enormes espinhos afiados e pontudos feitos de chumbo me esperava.

Cai no chão com o susto, olhei para os lados, não vi nada além de Otávio ainda de braços cruzados. Nem as câmeras da escola, nem ninguém andando pelo lago, nem os seguranças que fazem a ronda pela escola. Nem mesmo os peixes que um segundo atrás estavam no lago.

A bola, que agora era uma clava, estava vindo em minha direção em velocidade máxima. Eu esquivei e ela bateu em uma jaqueira logo atrás de mim. Meu coração palpitava na boca do estomago, minha respiração falhava, eu caminhava de costas olhando direto para a clava, ela se desgrudou da árvore e voltou a vir em minha direção, eu não tive tempo para fazer nada a não ser… cair.

Cai dentro do lago, à clava bateu no muro de concreto logo atrás do lago e destruiu a parede. Meu coração voltou ao normal e minha respiração parou de ser tão constante, eu estava todo molhado, corri para fora do lago em direção às escadas para procurar ajuda, mas quando cheguei até a quadra, ninguém estava lá. Nem professores e nem alunos e nem ninguém.

Quando olhei para trás, Otávio ainda estava lá, e uma enorme esfera com espinhos estava vindo em minha direção mais rápido do que das ultimas duas vezes, e dessa vês eu sabia que não teria chance de escapar.

Mas para minha sorte, a clava explodiu em mil pedacinhos, quando dei por mim, uma nuvem de poeira era levada ao vento e além, nenhum Otávio estava me olhando, escutei gritos atrás de mim e quando virei descobri que eram vaias. Marcos estava correndo em direção ao gol, a bola estava aos seus pés, não tinha como ele errar o gol, ao menos que ele pi-sasse na bola. Mas isso não aconteceu. Ele fez o passe e Luciano chutou a bola no gol.

Todos comemoraram menos a sétima B e eu.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desta fanfic!!!!