Polícia - Coração De Menino escrita por judy harrison


Capítulo 2
Conselho de um Mestre


Notas iniciais do capítulo

Bruce nesse capítulo mostra seu lado sensível e desabafa com Mick Jagger.



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Capítulo 2

Do mesmo jeito ele continuou a ouvir, intacto e concentrado. Mas daquela vez foi diferente. De seus olhos as lágrimas foram se juntando e caindo num ritmo lento e frio, enquanto ele sentia cada acorde e cada nota, e seu coração colocava sentido em cada frase dita, como se fosse para ele, como se Grace estivesse ali.

Mick Jagger continuava com sua performance enquanto olhava algumas vezes para Bruce e via seu olhar trise, mas atento e seu rosto molhado, era o único a reparar que seu fã e homenageado estava mergulhado na dor, e sendo tomado pela mágoa de algum amor mal resolvido.

_ “Eu devo ter amado em vão por mil anos... tive que deixa-la partir...” – a frase cantada que mais doía.

 A dor o maltratou tanto naquele momento que ele saiu antes do acorde final e foi para fora da casa. Foi para o fundo do quintal e lá chorou por alguns segundos, as lembranças eram muito amargas.

Ele percebeu que lá dentro não havia mais barulho. Ouviu seu ídolo dizendo algo, mas nada agora lhe interessava. Suas lembranças destruíram a magia daquela festa, lembranças que ele nunca mais teve, e sempre tentou evitar. Agora vinham como uma rajada de balas em seu peito.

Solidário e sensibilizado, o cantor saiu do palco e pediu a todos.

_ Pessoal, eu quero que vocês fiquem aqui dentro. O loirinho saiu e estava chorando. Vou falar com ele, e ninguém vá comigo... a menos que escutem um tiro!

Jagger saiu e entrepassou o pessoal que ria um pouco, mas estavam preocupados com o colega.

_ Ele só teve umas lembranças tristes! – anunciou Sidney, que conhecia bem a história  de Bruce com Grace e Jamie.

Bruce estava sentado numa pilha de blocos, ali ao ar livre no fundo da casa, olhava para as estrelas.

_ Eu vou avisando... – Jagger disse com uma voz calma – vai ficar a noite toda e não vai contar todas elas...

Ele se sentou próximo a Bruce e ficou a olhar as estrelas também, mas viu que os olhos dele ainda estavam molhados. Estava penalizado em ver um homem chorando com sua música.

_ Como ela se chamava? Quer falar?

_ Não... Não posso incomodar você com isso.

_ Eu já me rebaixei até aqui pra cantar para um bando de “ratos”... – sorriu, mas falou como amigo – Vamos, eu sou um homem como qualquer outro, vou entender. Desabafe.

Bruce pensou, não falava com ninguém sobre suas dores, sua mãe não estava lá e ele sempre foi sozinho. Mas falar com o próprio cantor da canção que causou sua dor era inusitado, ele não podia perder aquilo por nada. E Grace tinha que sair de seu peito de algum jeito, mesmo que fosse por seu desabafo.

_ Era... Grace. Ela era uma menina do colégio. Eu a venerava desde criança, era minha paixão de infância que virou amor... na minha cabeça era amor. Ela era tão linda! – sua voz embargou e ele parou um pouco.

_ Respire fundo, garoto.

Ele o fez mesmo, e continuou.

_ Eu ouvia musica, e pensava nela. Eu... sonhava em tê-la para mim, formar família... – deu um riso triste – Essas coisas de adolescente. Até descobrir quem ela era. Foi uma perda de tempo tão grande... – um forte suspiro, ele olhou para o grande muro à frente e Grace estava ali projetada por sua mente, ele não a via mais bela e doce como antes, mas ainda sentia a dor da perda.

_ Ela te traiu?

_ Não, eu nunca tive nada com ela. Mas ela se revelou, era muito diferente do que eu pensava. Ela me desprezava até aquele dia. Depois quis me enganar, me apunhalar. Era outra pessoa. A Grace que eu amei por todo aquele tempo não existia. Ele era na verdade uma traficante e assassina cruel.

_ Onde ela está agora?

_ Eu a prendi. Pegou quinze anos de prisão por vários delitos. – disse com a cabeça baixa.

Jagger ficou surpreso.

_ Tinha que ser você a prendê-la? Com tantos outros policiais?

_ O destino a colocou em minhas mãos. Eu preferi afastá-la de mim. Mas eu ainda sofro com isso. Ainda a amo! E me odeio por isso! – disse inconformado e as lágrimas caíram de novo, mas ele se conteve.

_ Agora entendo por que aquela música foi a única que o fez chorar.

_ Era minha preferida, mas eu nunca mais ouvi nenhum tipo de música. Nunca mais pude ver a doçura de uma mulher sem repudiar a ideia de gostar dela, de me apaixonar de novo.

_ Mas você não pode generalizar, garoto! Não pode deixar de amar uma mulher, ver essa garota em todas as outras mulheres. Isso é absurdo. Um homem como você deve viver, amar, se relacionar...

_ Só uma menina me fez feliz depois, e eles a arrancaram de mim. Eu achei que ela me traria a felicidade que perdi, mas ela se foi.

Jagger suspirou e se levantou. Então se posicionou na frente dele e olhou em seus olhos.

_ Se seu coração se despedaçou eu lamento, talvez não conserte. Mas o único jeito de voltar a sorrir é se você entender que aquela garota que você amou não era ela, e que você vai ter que acha-la em algum lugar. Então não procure pela que está na cadeia, que você odeia, e sim pela que está em seu peito ainda, que você ama.

Bruce tentou sorrir para ele em agradecimento pelo conselho, mas não havia mais como se alegrar novamente.

_ Obrigado por vir! – era um menino falando – Sempre te admirei, Jagger! - então sorriu forçadamente, mas não quis prosseguir, quase desabou de novo – Não quero voltar lá para dentro.

Num gesto de consideração Jagger deu tapinhas em seu ombro.

_ Se quiser ir embora, eu direi que você não se sentia bem.

_  Por favor. – Bruce disse se levantando também e pronto para ir embora. – Obrigado, Mestre! – apertou a mão dele.

_ Seja feliz... Bruce.

Ele entrou e Bruce foi para seu carro, onde já estavam suas coisas. Partiu naquela mesma hora.

No caminho, pensava no que seu cantor preferido disse. Chegou a pensar que estava bêbado sem ter bebido. Seu ídolo ao seu lado, vendo-o chorar e dando conselhos. Era um homem de sorte.

_ Procure aquela que você ama e não a que você odeia. – foi o conselho de Mick Jagger!

Era tudo que ele tinha que fazer, não precisava sofrer. Nunca se deu conta de que Grace, a Grace que ele criou em sua cabeça nunca foi aquela que ele colocou na cadeia. Ele ainda tinha que acha-la entre as mulheres que cruzariam sua vida.

Depois de tudo aquilo, ele tentou ser mais flexível com as mulheres e dar-lhes uma chance de conhecê-lo.

(CAPA DA HISTÓRIA - "Bruce e Mick Jagger" by Judy Harrison)

                                                                                                                                                                                                           FIM.


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Notas finais do capítulo

(CAPA DA HISTÓRIA - "Bruce e Mick Jagger" by Judy Harrison)
Bem, para quem gosta de Bruce e quer mais historias sobre ele, Meu amigo e autor está preparando uma história onde mostra a polícia em ação e Bruce se envolverá com uma mulher, finalmente, né! Por conta de Roberto!
Agradeço a Mia pelo prestígio! Beijo, Mia.
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