Entre a Luz e a Escuridão escrita por zariesk


Capítulo 38
Especial III - Coroação.


Notas iniciais do capítulo

aqui está o ultimo especial antes do fim, ele se passa poucas semanas após a guerra ter terminado e fala obviamente sobre a coroação de isawa como rainha de Houran



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Especial III – Coroação.

 

 

Talvez a maior prova de poder divino seja a existência da própria vida que se espalha e cresce pelo universo, todos os especialistas e filósofos tentam descobrir se a vida é algo que surgiria naturalmente onde fosse possível ou se seria preciso intervenção divina para que a vida surgisse, mas certamente os deuses gostavam de provar seu poder das mais variadas forma e a criação de um mundo inteiro era uma dessa formas.

Dessa vez não se tratava exatamente de um mundo mas de um semi-plano, uma dimensão paralela e ainda vazia, ou quase vazia se não fosse por algo semelhante a um grande templo flutuando num infinito vazio sem céu ou chão mas repleto de um vermelho rubro escuro, esse lugar foi criado pra sediar um inusitado encontro que só ocorreu antes uma única vez durante o inicio da criação.

 

- Por que essa cara irritada? – perguntou Tenebra sorrindo para aquele sentado a sua frente.

- Eu estou de mascara, como poderia saber que estou irritado? – Azgher respondeu com outra pergunta.

- Talvez seja por essas labaredas que você está liberando, aqui já está bem quente sem isso, poderia se acalmar?

- Pare de provocá-lo Tenebra – pediu Khalmyr tentando conte-los antes que se matassem ali mesmo – e você Azgher respeite as regras e deixe sua luz lá fora, esse plano não precisa de mais luz ou calor do que já tem.

 

Para resolver o problema de onde e quando o encontro entre eles seria sediado Khalmyr teve que criar uma dimensão totalmente nova onde não existisse nem dia e nem noite, era como um por do sol encoberto por nuvens pesadas que não deixavam passar os raios de sol, era escuro o bastante para Tenebra e claro o suficiente para Azgher, é claro que nenhum dos dois se sentiu confortável em tal lugar longe dos seus domínios e provavelmente esse encontro renderia muitos problemas, alias tem sido assim nos últimos 10 dias onde não avançaram quase nada nas negociações, se fosse em tempo dos mortais isso equivaleria a uma reunião estressante que já durava uma tarde inteira.

 

- Até agora só brigas, discussões e acusações e nada de progresso – comentou Marah - mas quando discutiremos sobre a paz?

- Desculpe irmãzinha, esqueci que você estava ai – disse Tenebra para provoca-la – você deveria se impor mais sabia?

- Não é se impondo que se consegue tudo que se quer – respondeu ela.

 

Era impressionante o quanto de sua paciência já havia sido consumida em tão pouco tempo, enquanto construía esse mundo Khalmyr teve que se prevenir contra Keen e Ragnar para que não trouxessem sua violência para esse mundo, alguns deuses queriam estar presentes na reunião apenas para ver o que aconteceria no primeiro re-encontro de Azgher e Tenebra e com certeza ele não deixaria nada que sequer lembra-se uma certa divindade ofídia entrar para fazer suas intrigas.

 

- Eu poderei confiar na palavra dela? – perguntou Azgher – poderei confiar na promessa de que ela jamais voltará a usar aquele reino para seus propósitos alem de arrebanhar devotos?

- Meu querido irmão esquentado, desde que SUA nação começou essa guerra a quase duas décadas todos os meus esforços foram voltados para trazer paz a Houran – respondeu ela.

- E quanto ao Ragnar, Keen e Sszaas? O que seus aliados acham disso?

- Cada um deles já conseguiu o que queria, Sszaas conseguiu corromper um reino inteiro e mudou a historia com isso, Keen embora insatisfeito conseguiu a batalha que tanto queria e sabe que há mais por vir e Ragnar fica feliz quando os mortais se matam em larga escala e não liga pra política.

- Então será que poderíamos assinar o tratado de paz junto com o pacto? – perguntou Khalmyr.

 

Ao erguer a palma da mão um rolo de pergaminho surgiu no ar, em seguida um copia idêntica surgiu aberto sobre a mesa de frente pra Azgher e Tenebra, esse era o pacto materializado pelo deus da justiça e seria a garantia eterna do acordo firmado entre eles, um acordo que caso quebrado destruiria para sempre o poder do infrator condenando-o a perda de seu status e poder.

 

- Pra mim está mais do que perfeito – disse Tenebra sendo a primeira a assinar.

 

Além de sua assinatura feita com uma pena de pegasus e tinta feita de metal derretido ela também derramou uma gota de sangue negro ao lado da assinatura, agora e para sempre ela estaria atada ao compromisso.

Azgher releu o pergaminho e parou para pensar sobre todos os detalhes (o que levou quase meio dia), parecia indeciso se firmaria tal pacto com sua maior inimiga, ainda mais considerando que ela parecia extremamente satisfeita e feliz com algo que certamente era muito incomum entre eles.

 

- Vamos querido, certamente não vai doer tanto assim – brincou Tenebra se divertindo com a hesitação dele.

 

O que mais doeria seria seu orgulho certamente, assinar tal pacto implica em aceitar um reino governado por seguidores de Tenebra e que seus maiores protegidos viveriam dentro de tal nação submetendo-se a piedade de uma rainha seguidora de Tenebra, o que mais lhe doía é que ele sabia que Isawa seria uma rainha digna e que certamente honraria o acordo e graças a isso o resto do mundo pudesse acabar caindo nas garras das trevas, por fim ele também assinou o pacto e despejou um pingo de fogo ao lado da assinatura, um pingo de chama que queimaria pela eternidade.

Assim que cada um firmou o pacto suas assinaturas se duplicaram no documento original que ficaria em pose de Khalmyr para sempre, nem sempre tal recurso era necessário mas quando se tratava de algo dessa magnitude entre dois deuses inimigos certamente era necessário formalizar o pacto e garantir que qualquer transgressor fosse punido adequadamente.

 

- Estou muito orgulhosa de vocês – disse Marah se levantando – deram um passo importante para que no futuro essa briga boba de vocês acabe de uma vez.

 

Azgher bufou irritado e sumiu se desfazendo em chamas, Tenebra gargalhou e mergulhou em sua própria sombra desaparecendo de volta para seu próprio mundo de escuridão, apenas Khalmyr e Marah permaneceram no local que logo seria lacrado para aguardar até ser necessário novamente.

 

- Você sabe que isso nunca acabará – disse Khalmyr.

- Não posso deixar de ter esperança – respondeu ela indo até o outro – um dia eles perceberão que luz e escuridão podem coexistir sem lutas.

- Eles já coexistem, mesmo que se odeiem e tentem se destruir nenhum deles poderá existir sem o outro, e assim como você nutre essa esperança que jamais se apagará o ódio entre eles também não se apagará.

 

A deusa branca sentou-se sobre o colo de Khalmyr e apoiou seu rosto delicado sobre o peitoral da armadura dele, ela sentia falta do toque dele, ela era a única deusa que recebia toques gentis de um deus guerreiro.

 

- Isso me lembra o que Valkaria sempre fala sobre seus humanos: “eles serão os únicos seres perfeitos justamente por sua imperfeição, os únicos que não estarão presos aos grilhões impostos pelos deuses as suas próprias criações, os únicos que serão aquilo que eles quiserem”

- Enquanto seus deuses pensam em maneiras de se destruírem nesse momento os mortais lá embaixo estão trabalhando duro para reconstruírem seus reinos juntos – disse ele enquanto acariciava o corpo dela – é irônico que seres tão fracos e imperfeitos conseguiam esquecer suas diferenças.

- Então que tal celebramos um pequeno passo que vai mudar a historia? – sugeriu ela.

Não foi preciso pedir duas vezes e ali mesmo eles fizeram amor, no caso de Khalmyr seu amor era reservado só a Tenebra mas para Marah seu amor era infinito e o dava a todos os deuses.

 

 

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- Me deixa dormir mais um pouco – resmungou Fou enquanto Isawa puxava o lençol sobre ele.

- Nada disso, temos muito o que fazer hoje! – insistiu ela puxando o lençol de vez – hoje é a véspera da minha coroação!

 

Ao puxar o lençol ela viu que ele continuava pelado sob as cobertas, corou ao lembrar que durante o dia fizeram intensamente aquilo que já vinham fazendo a um bom tempo, Isawa ficou se perguntando se era certo usar o quarto de sua mãe como se fosse seu.

 

- De qualquer forma levante Dai! – exigiu ela recuperando a compostura – temos que experimentar nossas roupas, organizar o palácio, vistoriar a cidade e mais um monte de coisas que já estão me dando dor de cabeça!

- Você pode arranjar um monte de servos pra fazer isso, por que faz tudo pessoalmente?

- Não gosto de ficar parada, se eu não fizer por minha conta não fico satisfeita.

 

Fou parecia nem ouvir e voltou a deitar, Isawa nervosa o pegou pela cauda e o puxou pra fora da cama com força.

 

- Se voltar pra essa cama vai dormir na varanda por uma semana! – ameaçou ela batendo o pé.

- Ta bom alteza, não precisa recorrer a punições hediondas! – brincou ele enquanto vestia sua calça.

- Eu preciso de você ao meu lado – disse ela meio insegura – não sei se consigo me mostrar pro povo inteiro como rainha se não tiver alguém do meu lado.

- Você não está sozinha – disse ele abraçando-a – você tem uma nação inteira do seu lado.

- Mas amigos de verdade eu só tenho vocês, eu tenho medo de ter que me afastar de vocês ao receber aquela coroa.

 

O maior medo de Isawa era ter uma nação inteira aos seus pés e mesmo assim ser sozinha, talvez esse tenha sido um medo que incomodou sua mãe no passado e por isso ela ver em Zariesk um amor perfeito, dois solitários que se completavam, agora com Isawa isso se repetia, na verdade algumas pessoas já faziam comparações sobre o antigo casal imperial e o atual e isso incomodava Isawa por que já criavam expectativas enormes sobre ela.

 

- Boa noite princesa, dormiu bem durante o dia? Espero que sim porque eu só durmo a noite e estou morrendo de sono! – disse Mayra abrindo a porta de repente – temos que ajustar seu vestido para amanhã!

- Sua louca! Como você vai entrando assim de repente? Eu estava pelado até agora pouco! – reclamou Fou com a súbita chegada de uma das esposas do Shinmon.

- Sério? Eu devia ter vindo mais cedo! – brincou ela.

- Que historia é essa Mayra-san? – gritou Isawa afobada.

- Se preocupe não que não vou roubar seu menino, ele não ia viver muito de qualquer jeito.

 

As esposas de shinmon estavam hospedadas no palácio para ajudar Isawa com tudo que fosse necessário, como cada uma delas tinha experiências de vidas bem diferentes ensinavam o maximo possível para a princesa.

 

- Depois terminamos nossa conversa – avisou Isawa para Fou – e nem pense em fugir!

- Como se eu tivesse medo de roupas! – reclamou ele – eu vou encarar essa vida de consorte da rainha!

 

Isawa sorriu para ele e depois seguiu Mayra até onde as outras esperavam, não se tratava de apenas provar o vestido mas sim ajusta-lo completamente as medidas dela, afinal era um vestido dado pelas esposas do shinmon no aniversario dela e algum tempo já havia se passado.

Assim que chegaram a um grande quarto que estava vazio até pouco tempo atrás Isawa ficou surpresa com a quantidade de material de costura que estava espalhado pelo chão ou sobre os moveis, todas as outras 7 mulheres estavam aguardando a chegada dela para começar e assim que a princesa passou pela porta a algazarra começou.

 

- Meninas... vamos precisar de tudo isso pra um vestido só? – perguntou ela assustada.

- É que enquanto pensávamos em como seria a cerimônia nós lembramos de uma coisa muito importante – respondeu Nadia – lembramos da sua forma draconica!

- E o que isso tem haver?

- Como assim? Tem tudo haver! – insistiu Ogata – você vai se apresentar nas duas formas, então precisa de um vestido que combine com as duas formas!

- Eu.. eu acho que não é necessário tanta... – ela estava ficando nervosa com isso.

- Nem pense em modéstia agora princesa – disse Leila – trate de tirar a roupa, vamos começar a produzir uma obra de arte agora mesmo!

 

E assim todas elas pularam encima de Isawa como bestas furiosas arrancando-lhe cada peça de roupa a força, elas agora tinham uma noite para produzir um vestido digno de uma rainha que pudesse ser usado por ambas as formas reais dela.

 

 

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- Pelos deuses eu quero voltar! – gritou Mariane Rigaut ao ver uma horda de esqueletos atravessando a rua.

- Deixe de frescura mãe! – reclamou Daneth – os morto-vivos de Dai-Lung não vão devorar visitantes, sãos os selvagens que fazem isso!

- Se os cavalos não tivessem fugido poderíamos ter chegado de carruagem! – disse Rikard Rigaut inconformado.

- Cavalos de verdade teriam chegado até aqui, mas parece que até os animais da nossa cidade são frescos!

 

Para a família Rigaut atravessar Dai-Lung a pé era como atravessar o inferno devido ao numero de criaturas que já habitavam a capital de Houran, algumas ficaram desde a ultima batalha e outras foram chegando aos poucos, humanos que já moravam nas redondezas ficaram sabendo da reconstrução da cidade e a oferta de que quem ajudasse seria beneficiado e assim criaram coragem para adentrar o outrora reino proibido, alguns nobres também se mudaram para a capital por interesse político ou apenas uma excentricidade esquisita.

Mas para a família Rigaut essa visita não era um passeio mais uma ultima oportunidade diplomática para se acertarem com a futura rainha, através de seu filho Daneth eles ficaram sabendo que a primeira medida que Isawa tomaria assim que fosse coroada seria recuperar suas terras roubadas por nobres de outros paises, e a família Rigaut tinha feito isso quando a rainha Kyara foi morta, alias a família Rigaut e o povo governado por eles tinham se aliado ao exercito que foi formado para combater Isawa e isso pesava muito contra eles, foi graças a insistência de Daneth que Isawa concordou em recebê-los para fazerem um acordo, eles sabiam que certamente perderiam muitas das regalias e privilégios que tinham mas era bem melhor do que terem sua cidade destruída e serem expulsos de volta para seu reino natal.

 

- Será que não podíamos ter vindo de dia? – reclamou Mariane novamente.

- De dia ela está dormindo – Daneth já estava se arrependendo de se esforçar tanto para salva-los – caso tenha esquecido ela é uma filha da noite assim como a mãe dela.

 

Quando já estavam nos portões que separam o palácio do resto da cidade uma gigantesca sombra passou sobre eles, ao olhar pro céu o maior dragão que aquele casal já tinha visto na vida estava circulando sobre o palácio para depois se transformar num clarão azul e adentrar uma das torres, o casal imediatamente entrou em pânico.

 

- Vamos embora daqui meu filho! aquele dragão vai destruir a cidade inteira e nós junto com ela!  - gritou Richard desesperado.

- Aquele dragão é o shinmon! É um dos nossos aliados e certamente não vai destruir a cidade, eu acho.

- E você quer que entremos num palácio onde um dragão azul gigantesco está passeando? – Mariane estava quase tendo um colapso.

- Certamente ele veio ver suas esposas, elas ficaram aqui pra ajudar a princesa.

- Falando em esposas foi bom terem vindo – disse Otsunia que vinha recebê-los no portão – em breve eu e o Daneth vamos nos casar e queremos a benção de vocês.

- Que historia é essa filho? Finalmente vai virar um homem sério?

 

Daneth apenas ficou encabulado e nada respondeu, Otsunia sabia que era difícil pra ele assumir compromissos permanentes mas não duvidava que ele queria casar com ela, Richard abriu um largo sorriso por isso.

 

- Abençoada seja Tenebra por ter botado juízo na cabeça do meu filho! – comemorou ele – vamos logo ver essa princesa que eu quero cuidar do seu casamento o mais rápido possível!!

 

A opinião de Daneth sobre isso era que ele preferia ser devorado pelo dragão que acabara de chegar ao palácio.

 

 

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A reforma estrutural do palácio andava a mil sem parar, os inúmeros morto-vivos, anões e criaturas invocadas já tinham conseguido recuperar toda a estrutura externa dando ao palácio anteriormente arruinado o mesmo aspecto que tinha antes da guerra, mas por dentro ele ainda estava um pouco destruído com alguns andares interditados e outros ainda sendo reformados, por via de regras apenas os primeiros andares e o subterrâneo que era a habitação estavam em ordem, graças a benção de Tenebra o material que era usado para a reforma parecia crescer sozinho contribuindo para concertar rachaduras e outros danos internos como se fosse um corpo se curando lentamente de um ferimento.

Shinmon não vinha muito a esse lugar tanto antes como depois da guerra, antes ele só tinha vindo para o casamento de Zariesk com Kyara, um celebração de algum evento que ele não dava importância alguma e também para trazer carne de dinossauro que Kyara desejou comer durante a gravidez sendo essa a única vez que Zariesk lhe implorou ajuda pra encontrar algum lugar que tivesse um dinossauro qualquer, foi de fato a maior diversão de sua vida.

Agora ele voltava a percorrer os corredores procurando suas mulheres, não era difícil encontra-las tanto pelo cheiro como pela algazarra que faziam, logo chegou diante da grande porta que o separava delas e sem cerimônia a abriu de uma vez.

 

- Olá meninas! Eu finalmente chegu...

 

Ele mal teve tempo de se esquivar da enorme lamina circular que veio voando em sua direção atirada por Yoriki, Shinmon entrou bem na hora que Isawa estava sendo medida e estava completamente nua sendo logo protegida por um lençol enquanto a mais velha e forte das esposas chutava seu marido pra fora.

 

- Mas que mania a dele de entrar onde quer sem avisar! – resmungou ela furiosa.

- Se ele entrar aqui de novo eu deixarei todas vocês viúvas! – gritou Isawa vermelha de raiva e vergonha.

- Kaoru, vá ficar com seu pai pra que ele não apronte nada por aqui – pediu Kohana.

- Mas eu queria ver como vai ficar o vestido da maninha! – protestou ela.

- Você verá em breve, ainda vamos levar o resto da madrugada e parte da manhã para terminá-lo.

 

Ainda resmungando muito a jovem saiu do quarto e foi até seu pai, lá fora ele parecia nervoso.

 

- Quer explicar o que suas mães estão fazendo? – perguntou ele nervoso.

- Estão criando um vestido para a maninha Isawa – respondeu ela – você não vinha só amanhã?

- Eu estava entediado lá me casa, sai pra arrasar uma vila próxima mas nem deu graça, então vim pra cá ver a zona que essa cidade estava se transformando.

- Tenho certeza que ficará mais divertido amanhã lorde Shinmon – comentou Daneth passado por ele – o senhor viu a princesa Isawa por ai?

- Ela está naquele quarto, pode ir que ela o está esperando – respondeu ele agradavelmente.

 

Daneth agradeceu e seguiu com seus pais para o quarto, antes que Kaoru pudesse avisá-lo sobre o que ocorria naquele quarto shinmon tapou-lhe a boca com a mão.

 

- Fique quieta que vai acontecer algo bem interessante agora! – disse ele rindo maldosamente.

 

Nem bem Daneth abriu a porta e uma lança enorme atravessou voando arrancando-lhe a orelha esquerda, o choque foi tamanho que nenhum deles se mexeu enquanto Shinmon gargalhava como louco pela cena.

 

- Rápido Leila, cure isso antes que ele morra de hemorragia! – gritou uma das vozes lá dentro.

- Ele não morreria só com isso – respondeu ela – e antes de atirar coisas olhe em quem você está atirando!

- Eu pensei que fosse o sem vergonha de novo!

- Alguém feche logo essa porta! – gritou Isawa lá de dentro.

 

Logo que Leila saiu a porta foi fechada e ela começou o processo pra restaurar a orelha arrancada, passaram-se vários segundo até que finalmente um dos três se pronunciou.

 

- MAS O QUE FOI ISSO??? – gritou Rikard desesperado.

- Uma pequena confusão senhor, pensávamos que fosse o sem vergonha de escamas azuis ali!

 

Ela metralhou Shinmon com um olhar mortal enquanto o dragão apenas continuava gargalhando, o resultado foi mais interessante do que previra.

 

- Enfim, diga a princesa que estaremos esperando por ela nos meus aposentos – disse Daneth assim que teve a orelha restaurada – e ficou alguma marca?

- Ficou uma cicatriz envolta da orelha – respondeu ela meio envergonhada – colar de volta foi mais fácil do que tentar fazer crescer uma nova.

 

A família Rigaut seguiu para os aposentos do filho antes que outro incidente acontecesse, os preparativos da cerimônia seguiam sob os cuidados de todos da cidade e Fou junto com Karin e Turok organizavam tudo o que faltava para que a cerimônia fosse perfeita, a madrugada já estava na metade e ainda havia muito o que fazer.

 

 

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Ela nunca se imaginou tendo que um dia deixar para trás o lar onde nasceu e cresceu, mas agora diante daquele enorme sarcófago ela tinha certeza que nada seria como antes, toda a sua vida passada tinha sido enterrada junto com seu pai naquela tumba onde seus ancestrais antes eram enterrados com gloria, infelizmente agora o ultimo que seria enterrado ali trazia a maior de todas as vergonhas para a larga fileira de antepassados.

 

- Adeus pai, não posso desejar que descanse em paz mas ao menos tente – ela jogou uma margarida que era a flor favorita de Azgher.

- Logo vai amanhecer – disse Naziah ao lado dela – estamos esperando pra partir.

- Eu estou criando coragem pra partir – respondeu ela apoiando-se nos ombros dele – ao sair daqui não terá volta e será uma vida nova, não sei se posso carregar tudo isso comigo!

- Como cleriga de Azgher você deveria saber que a vida assim como o nascer do sol é cheia de re-começos – consolou ele com um sorriso.

 

Menefer sorriu para seu noivo e em seguida ambos deixaram o saguão dos nobres onde estavam sepultados em sarcófagos toda a linhagem de faraós que governaram esse império, uma linhagem que chegava ao fim com o faraó Muhat que pelo crime de trair seu povo e seu deus foi sepultado vivo para sofrer na escuridão do sarcófago pela eternidade, agora graças a ele seus ancestrais não verão mais a luz do sol e o grande império do deserto deveria deixar seu reino para trás e começar uma vida nova em outra terra sobre o comando da jovem princesa.

 

- Podem selar a câmara – ordenou ela para os magos imperiais.

 

Uma grande hesitação por parte dos magos foi claramente vista, selar a câmara significava deixar para trás todo o passado glorioso daquele povo, abandonar a historia gravada naquelas paredes em hieróglifos e esquecer de vez os grandes homens que ergueram a nação.

 

- Não me façam ordenar de novo! – gritou ela chorando – mais do que todos sou eu quem mais chora por fazer isso!

 

Curvando-se em humildade os magos usaram sua magia para erguer a enorme rocha que cobriria a entrada, logo em seguida o selo real de Azgher foi entalhado na pedra e definitivamente ninguém poderia abrir a câmara sem intervenção divina, o passado foi selado e seu legado deixaria as terras santas para sempre.

Com a câmara selada e o sol já desperto era a hora de partir para Dai-Lung, obrigatoriamente o povo do deserto assistiria a coroação da princesa e depois seguiriam para o assentamento onde eles começariam a erguer sua nova cidade, nos muros externos da cidade o povo aguardava sua princesa, após a ultima despedida ela com sua mascara de pano sobre o rosto e seu manto de viagem montou sobre o dragão Oreades e assumiu a dianteira do seu povo.

 

- sei que a maioria de vocês não aprova essa mudança – começou ela diante do povo – eu compreendo que é muito difícil deixar tudo para trás e começar de novo, mas pelo nosso próprio bem devemos seguir em frente, devemos deixar para trás aquilo que quase nos destruiu, nosso orgulho e arrogância devem ficar nessa cidade em ruínas para que com a dignidade renovada possamos restaurar nosso reino.

 

Mas ainda sentidos e já saudosos o povo começou sua peregrinação ao reino de Houran com seus poucos batedores a frente para averiguar se haviam perigos a frente, felizmente a benção de Azgher garantiu ao seu povo uma viagem rápida e livre de perigos e com isso na metade do dia eles alcançaram o vale que liga o deserto ao continente, as terras férteis daquele vale seriam ideais para que pudessem começar um novo reino, e foi pensando nisso que Isawa enviou os seus soldados humanos para encontra-los logo que chegaram ao vale.

 

- Algum problema soldado? – perguntou Menefer assumindo o comando.

- A princesa Isawa nos enviou aqui para protegê-los durante a noite – explicou o oficial – ela determinou que aqui seria o melhor lugar para vocês construírem sua cidade.

- Eu pensei que ainda teríamos que peregrinar por mais um dia até o local certo – disse ela confusa.

- Minha princesa está pensando no conforto de vocês – disse Turok se adiantando e tomando a frente dos soldados – aqui é metade do caminho entre os dois reinos, aqui vocês estarão próximos o bastante de seu antigo lar.

 

Menefer sorriu com a compaixão de sua amiga, se o deserto estivesse a apenas a algumas horas de viagem então seu povo não se sentiria tão deslocado assim e esse vale era mais do que perfeito para erguer um grande reino.

 

- Eu gostaria tanto de poder retribuir o que ela faz por nós... – disse ela contendo as lagrimas.

- Basta agradecer pessoalmente hoje – disse Turok – esteja na cerimônia de coroação e ela ficará muito feliz, mas devo avisá-la que Tenebra estará lá pessoalmente.

- Se for pela minha grande amiga eu encaro a deusa das trevas sem temor – respondeu ela confiante.

 

O sol que já passava do meio do céu despejava sobre eles uma calorosa luz, as pessoas agradecidas começaram a se organizar para criarem seu novo reino, e ainda havia muito o que vir pela frente.

 

 

Continua.


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Notas finais do capítulo

ficou bom? espero que sim, tenho que pedir desculpas pelo atraso mas alguns problemas aconteceram.
em breve postarei a segunda parte antes do fim