Em um tipico dia de outono o sábado inicia-se com frio e garoa, era o dia da apresentação de dança, a expectativa era muito maior que antes, agora com ela vinha um friozinho na barriga e um grande medo de fazer algo errado.

Érika acorda e fica um tempo olhando para o teto passando toda a coreografia em sua mente, todos os passos, todas as correções feita pelo professor, ela não queria errar nada, assim que termina de memorizar tudo ela suspira e sorri para o nada, aquela era uma sensação que ela ainda não tinha experimentado. Ela levanta e corre para janela, ao abrir esperando ver o sol vê um tempo fechado e isso trás uma certa preocupação.

- Nossa! Que dia feio, espero que isso não faça as pessoas deixarem de ir ver a apresentação.

- Bom dia minha bailarina. - Entrou sua mãe no quarto com uma bandeja de café da manhã.

- Bom dia mãe, mas não sou bailarina, isso seria mais a cara da Agatha que usa sapatilhas eu uso tênis mesmo. - Falou rindo e saindo da janela. - Nossa! É pra mim? - Perguntou ao olhar a bandeja nas mãos de sua mãe.

- Claro que é para você e pra mim você é uma bailarina mesmo usando tênis, você faz aula em uma companhia de dança, a duas semanas entrou em uma maratona de ensaios e hoje tem um apresentação em um dos maiores teatros da nossa cidade. - Falou com um grande sorriso e deixando a bandeja na cama de Érika e indo abraçá-la

- Ai mãe só você mesmo. - Diz a abraçando também

- Estou orgulhosa de você filha, você mudou muito de um tempo para cá e foi para melhor. Agora tome seu café que estou saindo. - Falou soltando do abraço

- Mas hoje é sábado e você evita trabalhar de sábado.

- Eu sei, mas tenho um projeto grande com uma construtora e é para entregar na próxima semana, falta muitas coisas então irei para o escritório terminar.

- Humm, tá bom, mas a Sra. Estará lá na apresentação?

- A “Sra.” Sua mãe não vai deixar de ir nessa aprensenção por nada, pode ficar tranquila. - Falou rindo

A mãe de Érika odiava ser chamada de Sra. Por sua filha, ela sabendo disso sempre que tinha oportunidade á chamava dessa maneira para provocar.

Érika também sorri para mãe e elas se despedem, D. Míriam era arquiteta e levava muito a serio seus projetos, não tinha o habito de trabalhar aos sábados, pois optou em ficar mais com a filha, principalmente depois da separação.

Assim que sua mãe sai do quarto Érika senta na cama e começa a tomar o café da manhã e este estava caprichado, na bandeja havia as frutas que ela mais gostava, torradas, suco, leite e iogurte. Érika belisca um pouquinho de tudo, não era sempre que podia contar com aquela gentileza, assim que termina ela leva a bandeja para cozinha. Para sua surpresa na mesa havia um arranjo de flores, quando ela se aproxima vê que nelas tem um cartão, ela coloca a bandeja que estava em suas mãos em cima da mesa e sem pensar duas vez pega o cartão para começar a ler.

“Bom dia minha princesinha, ou deveria chamar de minha bailarina? Hoje quando acordei lembrei de uma cena que aconteceu quando você ainda era uma garotinha, estávamos passando em frente ao teatro o qual hoje você irá se apresentar para ir ao restaurante preferido do seu pai, quando uma bailarina passa por nós correndo e naquele momento você ficou paralisa admirando ela e hoje quem será admirada é você. Parabéns minha linda pela sua primeira de muitas apresentações. Te amo. Mamãe”

Era impossível não sorrir depois de ler aquele cartãozinho, Érika não lembrava disso, mas ficou feliz em ver sua mãe tão orgulhosa, ela pega as flores e volta para o quarto as colocando em sua escrivaninha.

- Só minha mãe mesmo, imagine quando eu me formar a festa que ela vai fazer. - Falou sorrindo olhando para as orquídeas rosas.

A apresentação seria só a tarde, mas os professores haviam pedido para todos irem bem mais cedo, pois teriam que marcar as posições no palco, as entradas e saídas, os passos, enfim tudo para na hora não haver erros.

Érika começa a arrumar suas coisas cuidadosamente na bolsa para não amaçá-las, ao terminar a campainha toca. Ela tinha combinado de ir com Agatha para o teatro, seus pais já haviam voltado de lua-de-mel e eles faziam questão de levá-las. Ela desce as escadas rapidamente, ao abrir a porta fica de frente com dois olhos castanhos aflitos.

- Ai Keka, que frio na barriga. - Diz Agatha a abraçando

- Calma Thina, eu também estou nervosa, mas vai dar tudo certo.

- Você pede calma? Mas onde eu a encontro? Não, se você sabe por favor me fala que vou lá agora buscar. - Falou soltando a amiga e rindo.

- Thina sua engraçadinha, é sério não adianta ficar aflita assim isso só vai te ajudar em nada.

- Aflita? Eu aflita? Magina, eu apenas não consegui dormir e, quando conseguia acordava achando que tinha perdendo a hora, não consegui tomar café da manhã, e na garagem de casa repassei a coreografia umas quinhentas vezes, mas não estou aflita. Eu estou apavorada isso sim. - Falou as gargalhadas.

Érika riu ao ver a amiga daquele jeito, realmente Agatha estava muito mais nervosa que ela. A amiga avisa que seu pai estava esperando por elas no carro, sua mãe não poderia ir junto naquele momento mas estaria lá mais tarde, Érika logo fecha a porta e segue a amiga, ao entrar no carro cumprimenta o pai de Agatha que pergunta se ela também estava nervosa, ela responde que sim, mas muito menos que Agatha, eles riem e seguem para o teatro.

O teatro era simplesmente lindo era muito maior do que ela imaginava, Érika passava sempre na frente dele, mas nunca se interessou em entrar para ver alguma apresentação, mesmo com a aquela lembrança de sua mãe, mas agora ele era simplesmente encantador. Agatha já conhecia, sempre gostou de ver peças de teatro e apresentações de algumas companhias, as duas ficam olhando para todos os lados admiradas, até que sem querer Érika esbarra em alguém.

- E aluna, está no mundo da lua? - Vitor pergunta rindo.

- Nossa professor me desculpa, eu não te vi. - Érika fala vermelha.

- Eu percebi, mas estou aqui, só para você saber. Falou rindo. - Oi Agatha tudo bem? - Pergunta Vitor por educação.

- Tudo bem sim professor, obrigada por perguntar. Keka, preciso ir na frente a minha professora é muito intolerante com atrasos e eu estou quase atrasada nos vemos no palco. - Falou dando um beijo na amiga e saindo.

Érika não teve oportunidade de dizer nada á amiga, nem boa sorte, ela simplesmente desapareceu em meio as outras pessoas, ela sorri e pensa que com certeza a amiga estava muito mais nervosa e ansiosa do que imaginava, para sair daquele jeito, ela então percebe que estava rindo para o nada e lembra que o professor estava ao seu lado, com isso se sente ainda mais envergonhada.

- Seu sorriso é lindo.

- Obrigada professor. - Fala timidamente

- Sempre tímida, acho isso encantador em você sabia?

- É … professor onde estão todos? Já estão se alongando? Érika pergunta tentando mudar de assunto.

Ao ouvir a pergunta da aluna o professor sorri e balança a cabeça negativamente.

- E sempre fugindo de mim também, mas respondendo sua pergunta eles já estão atrás do palco em uma das salas, pode ir indo para lá eu irei em seguida.

Ele termina e vai saindo andando de costas a olhando ela fixamente, sorrindo em todo o momento e depois vira-se indo em direção a outras pessoas que pareciam serem professores também, ela sorri abobalhada com tantas investidas do professor e pensa.

“mas um elogio eu não vou resistir.”

Sorri com os seus pensamentos e seguiu para onde o professor havia dito, chegando lá já haviam vários dançarinos alongando, ela começa a fazer o mesmo, pouco tempo depois chega Thalia, elas ficam juntas uma ajudando a outra. Com essa maratona de ensaios, Thalia conseguiu emagrecer dois quilos e estava muito feliz, já que fazia muito tempo que nem uma grama ela conseguia perder imagina dois quilos.

Elas estão conversando quando Braian e Rony chegam, eles se olham por um tempo, mandão um tchauzinho que não foi correspondido e vão para o outro lado onde estava outros meninos.

Érika segue no olhar todos os passos de Braian.

“Como posso gostar tanto dele ainda mesmo depois de tudo que ele fez?”

Thalia percebe o olhar de Érika, mas quando pensa em comentar algo o professor chega avisando que era a vez deles irem fazer a passagem de palco. Érika olha para Thalia como se soubesse que ela queria falar alguma coisa, elas não falam nada, se entendem apenas em um olhar.

A passagem de palco não foi rápida como Érika imaginava, tinham muitos detalhes a serem tratados que de certa forma a assustou, pois como ela poderia fazer todas aquelas instruções?

O tempo foi passando e o nervosismo agora era geral, nos corredores eram possível ouvir vários cometários sobre isso. Érika sorri ao imaginar como a Agatha estaria.

Chegou a hora de vestir o figurino, terminar a maquiagem e entrar no palco.

No caminho do camarim até ao palco o frio na barriga havia crescido significativamente e agora suas mãos suavam frio. Ela procura Agatha para saber como ela estava, mas não a encontrou, certamente já estava no palco.

Atrás de uma cortina preta ela espia o palco e aproveita para ver como estava a plateia, mas se arrepende na mesma hora que o seu olhar constata que o teatro estava completamente lotado. Ela fecha a cortina rapidamente tentando não ficar apavorada. Fecha os olhos e fala para si.

- Calma Keka, não é nada de outro mundo, calma!

Ela respira fundo e novamente espia o palco agora na tentativa de ver se Agatha estava nele, á encontra e fica feliz em ver sua desenvoltura no palco, era como se ela tivesse nascido para isso.

- Nossa espero conseguir realizar com tanta perfeição assim também. Falou em voz alta esquecendo que existias outras pessoas ao lado.

- Mas isso você já conseguiu. - Sussurra uma voz.

Quando Érika se vira para ver quem era se surpreende ao ver o professor Vitor saindo do seu lado, afastando a cortina, entrando no palco e começando a dançar. Ela sorri e constata que já era hora deles entrarem, ao subir no palco ela dança com todas as suas forças, com todo seu coração, todo seu nervosismo agora se transformava em emoção, uma sensação inexplicável.

E esse era o sentimento de todos, a apresentação foi um sucesso, ao acabar a plateia de pé aplaudindo, trouxe uma sentimento de missão comprida e essa foi uma das melhores sensações que ela já havia sentindo. Seus olhos passam cuidadosamente em toda a plateia até ver quem ela procurava. Sua mãe em pé nas cadeiras do meio da quarta fileira estava radiante batendo palmas sem parar e quando vê que sua á viu manda um beijo, Érika retribui o beijo com um sorriso e depois de todos comprimentarem a plateia começam a sair do palco se abraçando e parabenizando uns aos outros. Érika fazia o mesmo até que o professor a pucha para bem perto e diz:

- Você foi incrível aluna. -Fala abraçada ela, mas sem tirar olhos dos olhos dela.

Érika lembra do que tinha pensando a tarde, não tinha mas como resistir, ela respira fundo e diz:

- Incrível é você Vick. - Falou sorrindo e vermelha ao mesmo tempo.

Era tudo que o professor precisava ouvir, ele ser pensar á beija calorozamente, Érika não esperava aquele beijo mas não se afasta e corresponde ao beijo na mesma intensidade. Ao terminar o beijo o professor sorri e se afasta.

- Aluna, aluna, não fuja de mim, ainda precisamos conversar. Termina de falar e sai piscando e começa a comprimentar outras pessoas

Érika coloca suas mãos nas boca não acreditando no que tinha acabado de acontecer vira-se para ver quem poderia estar vendo e, para sua surpresa os olhos que ela encontra eram os de Braian, seu olhar era reprovador, mas os de Érika agora era de vitoria.