Quase Sem Querer escrita por Loly Vieira


Capítulo 9
Capítulo 9 - Não duvide




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O silêncio no qual a casa se encontrava era estranhamente assustador. Eu sentia o Dougie ao meu lado, e somente isso fazia com que eu não corresse pra debaixo de um cobertor mais próximo.

–Você deveria ir dormir.

Juro que só não cai porque já estava no chão.

–Não estou com sono. – Falei seca.

Colega se você sabia ser frio, eu já tinha doutorado em como ser um esquimó. Senti seu corpo deslizando pelo balcão americano até estar ao lado do cachorro, que estava ao meu lado. Um Dougie nos separava.

–Eles não vão chegar tão cedo.

–Não estou esperando por eles.

–Está esperando o quê?

–Um pedido de desculpas seu.

Eu brincava com a orelha peluda do cachorro.

–O que você pensaria se fosse eu?

–Com certeza não iria sair surtando por ai – Tentei encontrar seus olhos no meio da leve escuridão.

–Desculpe por ter sido um idiota. – Falou baixo. – Eu venho me comportado como uma mãe eufórica.

Não consegui prender o riso.

–Como você consegue ser a irmã mais velha? – Achei ainda mais graça de sua pergunta. Parecia aquelas perguntas de pais adolescentes e desesperados.

–Você não passou dos 3 anos ainda. Relaxe. Até os 3, é um paraíso.

Ele riu nervoso. Sua mão encontrou a minha no meio dos pêlos do cachorro e eu logo afastei.

–Espero que você já esteja preparado pra levar as culpas – tagarelei, envergonhada. – Porque tudo será culpa...

–Eu já estou imaginando – ele sussurrou, parecendo bem mais próximo. Virei o rosto em sua direção, para encontrá-lo a centímetros de distância.

–Mas também terá...

–...Muito tempo. – Ele posicionou a mão em minha nuca, aproximando nossos corpos. Não era isso que eu iria dizer, mas também combinava.

Senti algo lá dentro vibrar, enquanto meu rosto já estava em chamas.

Nós estávamos quase mais próximos que o devido quando um choro surgiu histericamente.

–Eu vou lá... Depois... – ele se levantou, passando as mãos pelo cabelo, nervoso. – Eu volto.

Assenti, cabisbaixa. Quando não ouvi mais seus passos, me levantei cambaleante com o cachorro aos meus pés. Segui até a sala e me joguei no sofá velho. O objetivo era só pensar na vida enquanto Dougie lambia minha mão, mas foi tanta a demora, que eu acabei dormindo ali, num sono pesado e cansado.



–Mah – senti alguém me cutucar. Resmunguei.

–Me deixa, Gabi. Eu já passeei com o Doug – grunhi.

–Acorda, Mah – eu me encolhi naquele sofá.

–Por favor – choraminguei, sem abrir os olhos.

Senti parte do meu corpo ser suspenso mas ainda senti as solas dos pés sobre o chão, mas eu parecia mais leve. Não senhoritas encalhadas e homens homoafetivos, não era o efeito do Activia e muito menos da maconha.

–Hey... – resmunguei, abraçada ao que parecia ser um corpo – Tem um cheiro bom.

–Que bom que gostou do meu perfume – a risada soou e eu acompanhei. Mas foi quando minha mão enroscou no pescoço de Diego, aconchegando-me ali. A partir dai eu já não me lembro mais de nada.



–Você gosta daqui tanto quanto eu?

Seus olhos encontraram os meus e eu tive a certeza de que não teria resposta.

–Só mais 4 dias para irmos embora. – Passei a mão pela sua cabeça. - Talvez passem rápido e a gente nem sinta.

–Eu sabia que estava ruim, mas não tão ruim assim.

–Você gosta de assustar os outros? - Perguntei, colocando uma mão no peito.

–Não é um dos meus hobbies, te garanto - ele sorriu. Escorregou até o meu lado. - Gostou daqui?

Olhei pra vista que tinha descoberto ontem, ainda era cedo demais e enquanto todos dormiam, aproveitei da minha insônia para fugir um pouco dali.

–É. - respirei fundo. - Gostei daqui.

Eu sabia que Diego me fitava, mas eu sabia que não teria coragem de olhar pra ele depois de ontem. Pode não parecer às vezes, mas eu sou tímida, ok? Muito tímida, tipo... muito mesmo.

Atá, sua consciência mandou a Claudia sentar.

–O que foi? - Diego tinha uma sobrancelha arqueada.

–Nada não - sorri amarelo - Só estava pensando numas coisas.

–Que tipo de coisas?

–Coisas que eu não vou falar pra você - sorri sarcástica.

–Agora fiquei curioso.

–Vai continuar ficando. - Dei de ombros, Dougie a algum tempo insistia em se aventurar até o outro lado da estrada de barro, onde tinha uma trilha quase sumindo entre algumas plantas e finalmente eu cedi a sua vontade insana de explorar o lugar.

–Aonde você vai?

–Não sei - gritei de volta. Já podia sentir uma planta pinicando meu joelho quando senti um corpo ao meu lado.

–Não é bom você andar por ai de manhã cedo e com um short.

–Qual é o seu problema com as minhas roupas? - o encarei. - Por acaso você é gay?

Diego reduziu as passadas e me fuzilou com o olhar. Eu sabia que ele não era gay... Bem, não sabia, eu sentia que ele não era gay. Tem como alguém sentir isso, certo?

De qualquer modo, eu adorava o irritar e ver sua cara irritada, exatamente como agora. Era divertido vê-lo daquela forma, fazia um sorriso sapeca escapulir dos meus lábios.

Alô, emergência? Tem um homem querendo me matar aqui.

–Eu tava...

–Você tá achando que eu sou gay? - ele rosnou. Juro, por um momento eu pensei que Doug tinha arranjado um amiguinho.

–É algo normal você se interessar por roupas, então?

– Eu estava me preocupando com você, - ele revirou os olhos, travando o maxilar. É, tava começando a ficar com medo. - Mas se quiser ir por essa mata, problema seu.

–Então você não nega que é gay... - sorri provocativa. Mordendo o lábio inferior.

–Ah cala a sua boca - ele grunhiu.

Coloquei as mãos na cintura, não pensei quando respondi de forma infantil e impulsiva:

–Venha me calar.

E eu só não esperava que ele viesse... É, ele veio. Sua mão foi pra minha cintura, fazendo com que nossos corpos se chocassem, seus lábios estavam próximos ao meu ouvido quando ele sussurrou com a voz rouca:

–Pensei que você nunca iria pedir.



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Notas finais do capítulo

Olha a hora >.
Desculpa a demora, desculpa por ainda não ter respondido os reviews, desculpa qualquer coisa e já aproveitando pra pedir desculpa a minha mãe por ter quase quebrado aquela xícara ~brincadeira, mas é verdade~
Prometo dar mais atenção a tudo domingo, quando vou ficar com uma folga de uma tarde. Então vem cá e me deixa feliz vai.
Eu sei que tem gente lendo e quero ver gente comentando.
Pode ser um 'oi, eu to lendo e gosto de miojo' vem mesmo se você não gosta.
Eu não mordo... Às vezes :3
Obrigada as lindas que comentaram no capítulo anterior, prometo responder vocês. Cada comentário de vocês me faz mega saltitante e feliz =]