Quase Sem Querer escrita por Loly Vieira


Capítulo 6
Capítulo 6 - Faltam 5.




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Para. Não, sério, para. Vamos recapitular um pouco as coisas...

Eu, um ser inocente, ingênuo e puro, fui convidada forçadamente para uma “viagem em família” com minha melhor amiga, aparentemente acompanhando ela e não seu cachorro Retrivier, como eu fiz no primeiro dia. Até ai está tudo bem, ou quase bem.

Mas, porém, contanto, todavia, entretanto, para uma Marina tem que existir uma maravilha (pode falar, sou ótima em trocadilhos), e ela surgiu em cheio como um garoto de olhos azuis, surgindo do meio da terra, das profundezas de algum paraíso tropical conhecido lá em baixo. E ele estava ao meu lado, sorrindo com os lábios mais convidativos que eu já vira na vida e dizendo o quanto gostava de Pokémon na minha idade.

Por favor me diga que esse sentimento de vergonha alheia bateu ai em vocês.

-É - consenti, tendo a certeza que meus esforços para não parecer uma idiota não estavam dando certo. - É um pijama xodó.

Xodó que vai pro brechó quando chegar em casa, de certeza. Acabei com o último gole de água em meu copo e desci do balcão com um pulo.

-Amanhã eu tenho que acordar cedo pra dar uma volta com o Doug – justifiquei.

-Boa noite.

Espiei pelos ombros, deixando um sorriso envergonhado escapar.

-Noite, Diego. - disse, mal sabendo eu, que só conseguiria dormir quando o sol já estava aparente.

Décimo quarto dia... Ok, alguma hora do segundo.

-Mah! – alguém cutucava meu ombro. E eu tentava afastar a causa de meu sono interrompido. – Mah!
-To dormindo – respondi, de mau humor.

Agora o ser já sacudia meus ombros e eu fui forçada a abrir os olhos e me deparar com uma Gabriela de cabelos bagunçados quase jogando um extintor em minha cabeça.

-Acorda logo!

-Ai – cocei os olhos, bocejando e sentando na cama. – Espero que seja algo de importante que fez você me acordar.

-Lógico que é – exclamou. A loira parecia extasiada para alguma coisa, fuçando sua mala enorme em cima de uma cadeira. – Vamos sair.

-Ah é? – arqueei uma sobrancelha, estranhamente mais acordada.

-É, vamos para uma cidade vizinha, disseram que tem uma noite ótima.

-O quê? Noite? Mas ainda tá de manhã, aquieta sua bunda ai então.

-Bela Adormecida, sinto lhe informar que são 15 horas. – Arregalei os olhos.

-E o Dougie?

-Ele está um pouco depressivo – falou, parando para olhar pela janela, como se fosse observar o cachorro do quintal. – Você poderia dar uma volta com ele?

-Claro, eu só vou me arrumar.

-Ótimo, vamos sair daqui a 20 minutos e eu já estou atrasada – Ela pegou um vestido e sua mala de maquiagem. – Deixamos pra você uma comida pro jantar na geladeira, não iria se incomodar de ficar por aqui, não é? Você nunca gostou de sair...

-Ficar... – suspirei. – Não, eu não me incomodaria. De jeito nenhum.  – Mas eu falei para o vento, ela já tinha batido a porta do quarto.  

Eu corria, não, melhor andava apressadamente tentando não parecer uma maníaca correndo numa casa enormemente pequena. Estava chegando a porta dos fundos quando algo interrompeu minha leve corrida.

-Hey hey! - esse “algo” envolvia minha cintura.

-Oi oi! - respondi, engolindo o fôlego.

-Você não está atrasada - sorriu. Soltando-me. - Vão sair daqui a 10 minutos, ainda dá tempo de trocar de roupa. - Franzi o cenho e olhei pra minhas próprias roupas, qual era o problema do blusão dos Beatles e meu short jeans? - Ah, você já está pronta?

Ele pareceu imensamente constrangido. HÁ! Tamo quites agora, meu chapa. Esqueçam que um dia eu disse isso.

-Eu gosto dos Beatles - tentou justificar. - E você está... legal.

Legal? Eu estou... legal? Doía tanto mentir que eu estava ao menos “bonitinha”?

-Você não me entendeu - esclareceu por si só. - Você está com um short curto demais.

-Qual o problema? - coloquei as mãos na cintura, esquecendo até pelo qual motivo eu corria.

-O problema... - respirou fundo. - É que para o lugar o qual vão não é bom garotas como você saírem com shorts curtos assim.

Arqueei uma sobrancelha. E qual era o problema dele com isso?

-Gente! Vamos logo se não vamos nos atrasar!

Então a loira apareceu, mais deslumbrante que antes, mais luminosa que antes, maquiada perfeitamente e com um vestido quase feito com uma linha do meu short. Não sou exagerada, não muito. Só um pouco.

-Mah, você já foi passear com o cachorro? - ela vasculhava algo na bolsa.

-Eu estava indo fazer isso - olhei de rabo de olho para Diego.

-Você não vai? - perguntou, encarando-me de mim para Gabi.

-Não, vou ficar por aqui com o Doug - dei de ombros destrancando a porta dos fundos.

-Não acredito que você fez isso. – Achei que ele estava falando comigo, mas na verdade ele estava quase gritando com a Gabi.

-Isso o quê? – perguntou, tranquilamente.

-Isso – apontou para mim. O que diabos eu tinha a ver? – Você vai deixar ela aqui?

-Ela não gosta dessas festas. – Esclareceu. Eles discutiam como se eu não estivesse ali. Invisível, eu? Imagina, colega...

-Vai deixar ela sozinha nessa casa?

-O que você tem a ver com isso, Diego?

-Bem... nada. – Ele falou baixo.

-Então, meu amor, como você mesmo disse: nada. - Falou com ironia carregada, esticando um sorriso manso pelo rosto, ajeitou a bolsa no ombro e passou as mãos pelo cabelo. - Eu já estou atrasada.

-Até amanhã - eu acenei, sem semblante algum. Diego soltou um suspiro baixo e o salto da garota ecoou pelo piso oco da cozinha.

E então cá estava eu novamente: decerto, sozinha. Ou quase isso.


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Notas finais do capítulo

Postando rápido. Fim de feriado da nisso.
Obrigada as lindas que postaram no capítulo anterior, fidelidade é algo que eu prezo muito ^^
Comenta vai, deixa uma autora mega feliz.