Quase Sem Querer escrita por Loly Vieira


Capítulo 14
Capítulo 14 - Mais cedo ou mais tarde...




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Eu encarei o copo a minha frente e a voz do meu pai surgiu, me lembrando do fato que ele repetia desde os meus 13 anos: Não aceite bebidas... de estranhos.

Gabi não era uma estranha, certo?

Então, quando eu virei o líquido a baixo, me engasgando com o que queimava em minha garganta, eu não estava descumprindo uma de suas ordens, estava?

-Pode me dar outra dessa? - gritei pro barmen.

Eu estava sentada em frente ao bar, com a música gritando em meus ouvidos e bebendo daquele líquido de cor azul engraçado. Há, minha cabeça girava um pouquinho, só um tico.

-Mah! - gritou alguém ao meu lado e eu dei um pulo.

-Gabrieelaa sua idiota - eu revirei os olhos e ela riu, acompanhada de uma garota ruiva ao seu lado. Ela usava um vestido que ficava a um dedo de sua virilha. Eu também ri, só que dela.

-Essa é a garota que eu tinha te falado que encontrei - eu sorri e assenti, bebericando da minha deliciosa bebida. Com ela o mundo ficava mais mágico. Haha Harry Potter que me aguarde. Minha carta de Hogwarts poderia até estar um pouquinho atrasada, mas nada que muita cerveja amanteigada não melhorasse. É noix que voa bruxão!

-Sabrina - ela berrou em minha orelha.

-Marina, portadora de deficiência auditiva - berrei mais alto ainda em sua orelha. Não fui com a cara dela e nem era por que ela queria roubar minha melhor amiga. Longe disso, eu não era tão infantil ou ciumenta.

Ela sorriu torto. Desgraçada, ela tá querendo roubar minha melhor amiga.

-Vem, Mah! Vamos dançar - Gabi, que já parecia estar muito mais ‘felizinha’ que eu, puxando-me pelo pulso até a pista de dança. Eu sorri com o copo na mão e comecei a dançar.

Ok, eu não era a melhor dançarina do Faustão, mas eu poderia ser rebaixada pra dançarina do Luciano Huck, mas se bem que... Não, eu parecia um pouquinho menos idiota. O programa do Silvio Santos?

Eu só notei que atrás de mim se encontrava um cara quase do dobro do meu tamanho, quando eu ergui as duas mãos para cima e passei a movimentar mais ainda os quadris. Se eu estive sã, certamente não permitiria que as mãos dele estivessem em minha cintura, mas eu não estava. E parece que o resto da minha sanidade evaporou assim que encontrei Diego.

Em segundos parecia que me coração havia se apertado até o tamanho de uma ervilha. Parecendo simplesmente que alguém havia feito uma dança grega com o pulsante, meus olhos arderam, mas foi minha mente que agiu como a sensata daquilo tudo, gritando que eu não poderia e nem me tornaria como as garotas que choravam compulsivamente por garotos feito ele. Apertava tanto o copo que tinha em mãos que provavelmente voaria bebida azul para todos os lados se eu continuasse assim.

Bebi o resto da minha bebida e empurrei o copo para um cara que me encarava a cerca de 2 minutos.

-Cuida dele pra mim, tá?

E me virei para o gigante que estava atrás de mim. Ele sorriu malicioso.

Eu acompanhei seu sorriso. Mas na verdade, ali, encarando seus olhos negros, eu quase podia ver o reflexo de Diego, ou talvez fosse somente minha mente pregando uma comigo. O fato é que ele praticamente engolia uma dona de cabelos vermelhos que estava a sua frente, e sem precisar de grandes detalhes eu notei que era Sabrina.  

O moreno a minha frente passou uma das mãos pela minha nuca nua. Ele já se inclinava totalmente para me alcançar quando eu virei o rosto para o lado, me desfazendo de sua armadilha tão facilmente como um coelho saia de sua toca.

Sibilei um desculpe mudo, sem olhar pra ele com medo que ele me lançasse raios laser, sabendo que não viria Super Homem, Batman, Homem-aranha muito menos Robin Hood pra me salvar. Adentrei a multidão da pista. Aqueles corpos aglomerados e dançantes.

Eu simplesmente não conseguia, não que o moreno não fosse lindo, porque eu tinha queda por homens altos também, mas mais que homens altos eu tinha um abismo por homens de olhos claros. Eu só não havia encontrado um ainda somente garotinho.

E o que eu mais queria mostrar pra esse garotinho filho de uma mãe era que se ele tinha alguém, eu também teria.

Mas, ao contrário desse meu pensamento vingativo e doce, eu estava mais uma vez sentada em frente ao bar. Bebendo de mais um daqueles coquetéis deliciosos. Mentira, depois do 4º seguido eu já nem sentia o gosto assim, eu tinha a plena certeza que sempre preferiria refrigerante gelado a aquele tipo de coisa. Mas refrigerante não te faz se sentir mais leve como aquilo.

Naquele momento eu não estava me importando ou sequer lembrando-me do discurso que meu pai proferia em meu subconsciente. Porque eu estava mais interessada em ser ali, naquele momento, o que eu nunca ou jamais irei ser. Alguém diferente que não se importa se o cara que você estava aos beijos e todas essas coisas estranhas de casais (poderemos nos considerar um casal?), enfim, o cara o qual eu nutria um sentimento estranho estava praticamente engolindo uma ruiva dentro daquela multidão.

E eu nem sabia o motivo. Nem sabia o que tinha feito de errado. Será que tinha sido os tíquetes de desconto? Eu ainda tinha o desconto do taxi e poderia doar...

De qualquer modo eu não deveria me importar. Como também deveria estar em casa, onde não  deveria ter saído.

Talvez tenha sido por isso ou talvez tenha sido porque eu estava tão bêbada que obedecia qualquer cachorro que me mandasse correr atrás da bola. Não pensem besteira, faz favor.

Mas por algum desses motivos os quais eu não sei dizer, eu simplesmente me levantei tão disposta como se fosse 1º dia de aula do maternal e caminhei a passos largos até o garoto que tinha as duas mãos na cintura, ou devo dizer um pouco mais abaixo, da ruiva a sua frente.

Respirei fundo. Peguei o copo de um cara ao lado que me encarava, julgo ser o mesmo cara que eu tinha dado a bebida que era minha por direito. Eu só estava a pegando de volta, certo?

Tomei num gole só, minha garganta ardeu e meus olhos lacrimejaram um pouco. Fraca para bebidas, dissera Gabi no começo da noite para quem quisesse ouvir sobre mim. Tossi, chamando a atenção do casal a minha frente.

Sorri. Um sorriso adorável.

-Marina o que... - Diego parecia nervoso e talvez... envergonhado? Caro Diego, fazer enfiar essa vergonha no seu...

-Quer dançar? - Vem no bonde do estronda, me chama de tigrão. Minha voz soava como o tipinho de Sabrina-na-esquina e isso pareceu agradar ele. (Pai, se você ler isso algum dia, me perdoe).

Irei ajudar aos frascos e comprimidos, se você é um deles e não está entendo nadica de nada.

Eu sorria, mas a única questão é que eu não sorria para o casal a minha frente, nem sequer olhava. Eu sorria de forma provocante para o cara ao lado, o mesmo cara o qual eu tinha sumido com a bebida.

Se for para se tornar diferente naquela noite. Eu iria ser a irreconhecível. 


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Notas finais do capítulo

Oi meus amores.
Depois de 4 horas, 90 questões, 9 matérias e uma dor de cabeça como presente, cá estou eu postando pra vocês.
Bem rapidinho porque eu não posso de modo algum me demorar, alguém está quase correndo atrás de mim com uma faca de patê.
Desculpe se eu não comentar as garotas do capítulo anterior, mas todas vocês merecem destaque, saibam que eu li e só não pude responder porque realmente não estou podendo, mas eu adorei cada vogal que vocês escreveram.
Estou muito emotiva, droga.