A pequena Kau verde observava o local com muita atenção. Diversos seres, com roupas esfarrapadas, corriam de um lado para o outro, levando objetos em suas mãos. As vezes, até brigas ocorriam.

"Mas eu peguei primeiro!", disse uma pequena Kacheek Estrelada, que disputava um alimento com outro da mesma espécie. "Esse Nabo Orgânico é meu!".

"Você pode até ter pego primeiro...", e o outro Kacheek, que exibia uma linda listra negra em suas costas, sacou uma de madeira de sua bolsa, que era onde guardava os objetos recolhidos. "Mas isso é meu.” ·.

A Kau sentou-se no chão e começou a lembrar dos velhos tempos em Neopia. Ela nunca tinha vivido esses velhos tempos, mas sua mãe contava-lhe histórias sobre isso. A Neopia antiga era um lugar alegre, sem brigas, sem violência, sem disputas.

Agora, o tempo é outro. Neopia parece mais um lugar abandonado. Na verdade, pelo menos A Central de Neopia. Ela nunca saiu desse local, pois sempre que queria visitar outros locais, os guardas não a deixavam passar.

Os guardas, temerosos com a violência crescente na Central, resolveram tampar todas as passagens para outros locais.

Olhou para seu colar em forma de coração. Ele tinha sido um presente da sua mãe, e era a única coisa que a lembrava que sua mãe talvez estivesse viva. Sua mãe tinha a presentado com o colar no Natal.

"Minha querida, eu sei que muitos jovens gostariam de receber brinquedos, mas...", e mostrou um lindo colar dourado, com um pingente de coração. “... mas acho que você gostaria mais disso."

E ela estava certa. A Kau nunca tirava o seu colar.

"Não se preocupe, mãe, eu vou achar você."

Nesse momento, uma fruta caiu perto de suas patas dianteiras. Rapidamente, os dois Kacheeks se jogaram em cima dela.

"Nem tente roubar isso de mim, é meu!”
 “Nada disso, esse aqui é meu.”.

A Kau tentou sair do meio da confusão, mas a cada movimento que fazia, parecia que as duas criaturas iam lutar até conseguir a comida.

"Esperem, esperem, eu não quero isso!", e conseguiu sair do meio da confusão. "Podem levar.”
 “Então por que roubou da gente?", o Kacheek Gambá, já com a espada, foi se aproximando dela, "Não foi uma boa ideia ter feito isso.”
 “Mas eu não roubei, isso caiu perto de mim!", e foi recuando, devagar. "Eu juro!"

"Não sei não.", a Kacheek estrelada olhou para ela, com malícia. "Para mim, ela parecia estar roubando.” ·.

Prevendo briga, a Kau fez o que qualquer Neopet desarmado faria, correu por sua vida. Ela não era o ser mais rápido de Neopia, mas conseguiu chegar a um local seguro em pouco tempo.

Cansada, ela sentou-se no chão. Tinha chegado a uma loja, chamada "Loja de Petpets".

"Espero que aqui esteja mais calmo que a Árvore do Dinheiro."

A Árvore do Dinheiro era sinônimo de bondade, antigamente. Qualquer ser, que estivesse precisando de ajuda, sabia o que devia fazer: Era só chegar à Árvore e pegar o que precisasse. Os Neopets nem pensavam em pegar mais do que deviam, e até mesmo os pobres doavam as coisas que não queriam mais para outros seres. Atualmente, a Árvore não está mais viva. De acordo com ela, se o futuro de Neopia for o caos e a destruição, então ela não iria viver mais. Com o passar do tempo, as coisas foram piorando, e uma gangue tentou roubar vários objetos, mesmo sem estarem precisando. A Árvore lutou até o fim, mas não conseguiu pará-los, e foi queimada. Os pets agora brigam pelos alimentos restantes na árvore, pegando o máximo que puderem.

"Olá? Tem alguém aqui?"

O local estava totalmente vazio. Não se ouvia um ruído. O papel de parede tinha um tom de amarelo bastante escuro. As mesas eram de madeira, e talvez tivessem sido pintadas de roxo, mas agora, estavam todas arranhadas. As janelas estavam quebradas. As cortinas, de um rosa bastante claro, estavam desencaixadas, e algumas estavam até caídas no chão. Existiam cestas nas mesas, provavelmente, seriam o local onde os Petpets ficavam esperando que alguém bondoso fosse lá e o adquirisse.

"Não há nada aqui.", e caminhou para perto dos armários, procurando algum item que fosse útil para ela. Nada achou. Nem mesmo um abridor de latas.

Sentou-se numa das cadeiras, que estava com uma das pernas quebradas. Olhando pela janela despedaçada, percebeu que estava escurecendo. Provavelmente, já eram umas 18:15 NST. Decidiu ficar por lá, naquela noite.

"Dessa vez eu vou fugir daqui, e vou para outro local." e suspirou cansada. "Já até sei para onde eu vou."

Os dois locais mais próximos da Central de Neopia eram o Lago Kiko e a Ilha Roo. Decidiu ir para o Lago Kiko, pois a Ilha Roo era um local muito isolado, e provavelmente não teria nada por lá.

Em pouco tempo, adormeceu, deitada sobre a mesa. Teve um sonho bastante rápido, em que sua mãe falava para ela sobre os diversos locais existentes em Neopia. Pena que, quando acordou, já não conseguiu se lembrar de mais o que sua mãe tinha lhe dito.