Farewell escrita por Luxury


Capítulo 1
Flashbacks


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo da minha nova fic.. Bem básica mesmo. Espero que gostem.



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Uma interminável guerra sem pretendentes avassalava o mundo fria e crucialmente. Reino punha-se contra reino. Homem punha-se contra homem, e, pouco a pouco, os destroços iam se tornando a última memória restante de uma vida pacífica.

Os dois mais importantes dos reinos, Corselius e Shadowland, batalhavam entre si silenciosamente, sem nunca ter chegado a um real confronto. Tinham-se como "oponentes finais", quando nada mais restaria dos menores e menos ricos reinos, já parcialmente destruídos pelos dois grandes nomes. E, então, apenas estes sobrariam. Guerreariam pelo que pareceria uma eternidade, assim como sabia bem a realeza de ambos os reinos.

Eram tempos difíceis, um inverno que nunca parecia chegar ao fim. Homens passavam fome, e numerosos exércitos atacavam reinos, ganhando e perdendo terras e batalhas, numa infindável busca por maiores riquezas e melhores condições de vida.

Há muito, Farewell, antes um dos mais importantes reinos, conseguindo empatar, em termos territoriais, com Shadowland, fora completamente devastado por Corselius, este que mandara seus poderosos e abundantes exércitos invadirem e disputarem o amplo e longínquo território de Farewell, onde os Graylake estavam - e estariam - sempre no poder.

Gregory Cornelio, rei de Corselius, inicialmente mostrava-se preocupado com a possibilidade de perder seu tão desejado e cobiçado território de Farewell. Havia anos que os tão ricos e famosos Graylake não perdiam uma sequer batalha. Mas estes não esperavam pelo ataque, e, assim, pegos desprevinidos, com seus exércitos despreparados, a terra do adeus se tornou apenas meros destroços.

– Oh sim, meu caro. Não se esqueça das mulheres. - dissera Gregory Cornelio certa noite, numa de suas conversas com Sethew, seu fiel e confiável escudeiro. - Ah, tão belas as damas de Farewell. Mais belas do que as que aqui vivem, sinto em admitir...- os olhos do rei brilhavam ao dizer aquelas palavras. - Peça que tragam quantas puderem para cá.

Sethew engoliu em seco, temendo em desafiar a vontade de seu superior.

– Não creio que Zaphyre iria apreciar tal pedido, Vossa Graça. - disse-lhe, calculando meticulosamente o efeito que cada palavra causaria em Gregory antes de pronunciá-las em voz alta.

O rei franziu o cenho, aborrecido.

– Dane-se o que pensa minha esposa. - praguejou num impulso. Logo mediu o impacto de suas palavras. Zaphyre era uma mulher digna e poderosa, e não deveria ser desrespeitada daquela maneira. Repensou suas palavras. - Diga à ela que estamos fazendo isso por nosso Edward, caso questione tal ordem.

Sethew uniu as sobrancelhas, tentando decifrar o que quer que aquilo significasse. De que maneira tantas damas de Farewell seriam úteis ao Príncipe Edward? Gregory notou a confusão estampada no rosto de seu escudeiro. Bufou, impaciente.

– Edward já é um homem feito. É o mais novo herdeiro do trono de Corselius, tão logo será rei. - fez uma pausa, esperando que Sethew compreendesse. - Como todo rei, deverá governar ao lado de uma rainha. Temo que as moças de nosso reino não o atraiam. Sejamos sinceros, poucas são aquelas dotadas de uma beleza ímpar, tal como minha Zaphyre.

E, a verdade seja dita, as mulheres já eram por si poucas em Corselius. Que dirá então as belas. Eram raras, perfeitas joias.

– Certo... Tem razão. - concordou Sethew, pensativo. - Sendo assim, creio que Zaphyre concordará com o rapto das moças.

Mandara todos os seus exércitos, sem excessão, à Farewell. Eram tantos cavaleiros que não se conseguia vê-los por completo num lance de vista. Estavam em maior número, e saíram vencendo.

Vidas foram perdidas, riquezas levadas, e mulheres raptadas. Pouquíssimas foram as que restaram em Farewell.

Destroços. A única coisa deixada no reino em abundância pelos cavaleiros corselianos.

Destroços e uma ira fulminante por parte do rígido e ardiloso rei Draiko Graylake.

– Não ficará assim! - exclamava. - Juro por todo o meu povo que vingarei Farewell numa batalha como antes nunca vista!

Sua esposa, sua tão amada Myenn fora morta por um dos cavaleiros de Corselius ao se recusar a ser levada para o tão distante reino. Preferia morrer a render-se e trair o marido. E assim foi.

Um dos cavaleiros a empurrava, tentando levá-la, sem sucesso, para uma de suas caravanas. Myenn resistia com todas as suas forças, gritando pelo marido, que no momento duelava em busca de defender a honra de Farewell. Por fim, decidiram que a mulher não lhes seria de grande utilidade. Já tinha seus plenos trinta e poucos anos de vida, e o rei corseliano buscava por mulheres mais jovens.

A rainha foi morta por uma lança que lhe atravessava o peito, deixando para trás seu tão querido Draiko Graylake e sua pequena filha, a menina de apenas três meses de vida, Lyo.

A menina era uma bastarda, filha de uma das damas de companhia de Myenn. Segredo este que a realeza guardava firmemente para si, e apenas para si. Draiko não revelaria a ninguém que sua tão amada esposa não tinha capacidade de dar-lhe filhos. Reconfortava-a, dizendo que estava tudo bem, que ele ainda a amava. E como amava. 

E foi então que lhe ocorreu a ideia de dar-lhe uma filha bastarda. A rainha concordou de imediato com a sugestão, sugerindo que Alicia, sua dama de companhia favorita, fosse a mãe da criança. E assim se fez.

O tão aclamado rei Draiko Graylake deitou-se com a humilde dama de companhia. Esta estava um tanto tímida, preocupada. Afinal, era uma importante missão esta que lhe fora designada. Conceber o filho de Draiko! Quem imaginaria uma coisa dessas da tão simples Alicia? Esta guardava para si mesma que fora a melhor noite de sua vida.

Myenn recebera a criança como se fosse sua. E era, de certa forma. Amou aquela pequena criatura como nunca antes havia amado nada em sua vida. Sonhava em transmitir a ela todos os seus conhecimentos, ensiná-la a ser uma fina e delicada dama, uma verdadeira princesa. Mas este dia nunca chegou.

Lyo tinha os grandes olhos azuis de Alicia, e os cabelos do pai, Draiko. Estes lisos e espessos, de um tom mais negro que a mais escura das noites, e sua pele tinha um tom claro e lácteo. Era uma bela criança, completamente serena e repleta de inocência em si.

Durante o ataque dos povos Corselius, tinha sido mantida escondida, protegida por Ersio, fiel escudeiro e grande aliado de Draiko, também um dos mais aclamados e respeitados cavaleiros de toda Farewell. Isto é, quando ainda havia alguma honra nesse título.

Alicia, sua mãe verdadeira, também havia sido capturada e levada para as terras distantes de Corselius, de modo que Lyo só tinha à seu pai, Draiko Graylake, rei de Farewell, a quem contar. E, família à parte, tinha sua refinada dama de companhia, Lila. Era uma das poucas mulheres que foram deixadas no reino. No auge de seus cinquenta anos, tinha seus cabelos tingidos do mais claro dos loiros. Sua pele já começava a apresentar sinais de sua idade, enrugando-se em alguns pontos. Esta era clara e rosada, e olhos esverdeados a embelezavam num belo e invejável tom esmeralda.

Aos poucos, a tão frágil e pequenina Lyo fora crescendo, moldando-se a forma de uma bela criança, que, muito provavelmente, seria também uma bela moça.

Esta que Draiko planejava usar em sua tão esperada vingança contra o reino de Corselius, que ia se tornando cada vez mais rico.

Sabia que tudo teria que ser meticulosamente planejado. E, naquelas condições de destroços que já haviam se tornado habituais à Farewell, Draiko sabia bem, com certeza, que não conseguiria sequer atingir nem mesmo uma pequena parte dos numerosos exércitos do rei Gregory Cornelio.

Reunia-se com Ersio na calada das noites, planejando, em equipe, como deveria ser feito o ataque ao vasto e rico reino de Corselius.

– Lyo logo será moça. - dissera Ersio. - Seria prudente que a apresentássemos à Riffon, príncipe de Shadowland. Se a ensinarmos bem, impressionará o sujeito, e, se tivermos sorte, este a desposará.

Draiko refletiu sobre a sugestão, pensativo.

– Não me agrada a ideia de nos unirmos à Shadowland. Sabe que eu e Hyeron nunca nos demos bem. - pronunciou o nome do outro rei como se fosse uma palavra em uma outra estranha língua. - Porém, receio que seria nossa única chance. Sabem bem todos que Corselius e Shadowland são grandes rivais.

Ersio pensara no que seu rei dissera. Sabia que não seriam bem acolhidos no vasto reino sombrio onde Hyeron reinava, soberano e impune. Até que uma arriscada ideia lhe ocorrera.

– Poderíamos roubar Shadowland.

O rei ergueu as sobrancelhas, um tanto surpreso com a sugestão.

– E como sugere que façamos isso, caro Ersio?

– Sabe bem o senhor que deveria ser meticulosamente planejado. Estava refletindo sobre as lições de etiqueta que Lyo em breve começará a receber... É criada para ser uma princesa. - o escudeiro fez uma pausa. - Por que não poderia ser assim treinada para enganar todo o reino de Shadowland? É claro, não sugiro que faça tudo sozinha, mas... Bem.Talvez eu esteja louco.

A expressão de Draiko tornou-se reflexiva enquanto este pensava no assunto.

– Sabe... Até pode dar certo... - murmurou. - Porém é algo que devemos pensar com mais calma, penso eu.

Os olhos de Ersio se arregalaram.

Draiko Graylake era um homem conhecido por suas ideias mirabolantes e completamente arriscadas. E fora com estas que ganhara inúmeras outras guerras, quando Farewell ainda era um reino respeitado, por tamanha riqueza que havia ali. Era ótimo em planejar estratégias de batalhas, ardiloso como era, não lhe faltava um detalhe sequer.

– Acha mesmo que é uma boa ideia, Vossa Graça?

– Sim, creio eu. - anuiu ele. - Afinal, o que temos a perder, não é, meu caro escudeiro?






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Notas finais do capítulo

Beem... É isso. Espero que tenham gostado, e tratem de deixar review. ò3ó