Alice

Eu sei, sei que várias garotas na sala de música estavam dando risada e fazendo piadinhas, mas deviam ter visto a própria cara quando eu comecei a cantar. Não que eu esteja me achando, odeio isso, mas fala sério elas é que se acham demais e uma grande merda é o que elas são. Mas o legal mesmo foi o Logan e o Kendal me elogiando, até mesmo o Harry. Confesso que eu gostei e pareceu sincero o elogio do Harry. Mas o coitado pensa mesmo que eu vou ficar com ele.. haha próxima piada por favor!

Fiquei deitada na cama do meu quarto lembrando da aula de música até que alguém bate na porta. Levanto e atendo e uau! Não se pode nem falar na criatura que ela aparece!

– Eai? – ele colocou a mão na porta e piscou. Suspirei. Ninguém merece.

– Que foi? – perguntei sem paciência.

– Porque não fala assim: oi meu amor o que você deseja? – ele disse imitando voz de mulher e me segurei pra não rir.

– Porque você não é meu amor e porque não realizo desejos muito menos os seus. – dei um sorriso irônico e ele ignorou entrando no quarto. Suspirei me controlando e fechei a porta. Eu sabia que ele não ia sair enquanto não falasse o que queria.

– O que você quer? – perguntei afim de que ele caísse fora.

– Preciso pegar uma coisa, mas também preciso de cobertura... – ele se sentou na cadeira que fica na escrivaninha e ligou meu not. Fui em direção a ele batendo os péss com o pouco de força e fechei o not. É incrível o quanto ele é cara de pau.

– Idaí? Pede aos seus amigos ué – dei de ombros enquanto fingia lixar a unha só pra ele ver a ‘’importância’’ que eu dava a ele.

– Não eu quero que você vá comigo, alias, o que você tem de melhor pra fazer? – Ta tudo bem ele estava certo, eu realmente não tinha nada pra fazer mesmo. Pode ate ser com ele, mas pelo menos vou estar ocupada.

– E é pra fazer o que?

– Eu quero pegar uma coisa numa sala meio secreta. Vai sentir um pouco de adrenalina, porque se pegarem a gente nós estamos ferrados! – ele levantou ficando na minha frente, mas não tão perto. Ficou parado me olhando enquanto eu analisava sua proposta.

– Legal, coisas perigosas me atraem. – falei com um sorrisinho. Isso pode até ser divertido.

– Hum, então eu sou perigoso.. – ele mordeu a boca e chegou mais perto de mim. Estava até demorando...

– Eu disse que gosto de coisas perigosas e não coisas extremamente estranhas e pouco perigosas... – falei rindo logo em seguida da minha piada e ele revirou os olhos.

– Sem piadinhas. Vamos logo! – ele me puxou abrindo a porta do quarto e indo em direção a escada do corredor.

– Espera! – voltei correndo pra fechar a porta do quarto e depois voltando até ele. Descemos as escadas olhando atentamente pra ver se tinha algum funcionário olhando.

– Não vamos parar de descer? – perguntei quando eu já não aguentava mais, pois minhas pernas já doíam de tanto degrau que já havíamos descido. Ele negou com a cabeça e continuamos só que agora descendo mais rápido. A medida que nós descíamos as escadas a estrutura ia mudando. Agora o papel de parede era escuro e descascados, diferente de antes que era dourado e os desenhos eram vistos perfeitamente porque sinceramente agora davam medo. Era um amarelo escuro com desenhos de anjos que na minha opinião desse jeito ficavam muito macabros. E eu tenho medo dessas coisas. A medida que nós íamos descendo ficava mais escuro, mais fechado e agora os degraus faziam barulho quando pisávamos.

– A gente vai parar onde hein? No submundo? - perguntei e ele parou olhando pra mim totalmente confuso. – Esquece só meio-sangues entendem.

– Seja o que for, não vamos, pois já chegamos. – descemos só mais dois degraus e agora estávamos em um corredor que na boa, poderia ser um cenário pra filme de terror. Paramos em frente a uma pequena porta que devia ser branca e agora era cinza.

– Vamos entrar nisso ai? – perguntei com cara de nojo. Podia ver até teias de aranhas.

– É nojento, mas vamos sim.. – ele olhou para os lados certificando-se de que não tinha ninguém e abriu a porta. Era um porão. Descemos as pequenas escadas, mas dessa vez eu coloquei a mão em seu ombro. Estava bem escuro ali. Harry andou um pouco e tombei em algumas coisas que havia no chão, então ele acendeu a luz. Boquiaberta foi assim que fiquei. Quanta coisa tinha ali! Várias cadeiras e mesas amontoadas umas nas outras, objetos que antigos e novos que pareciam ser de alunos e uma pilha de livros e papeis amontoados em um canto.

– O que você pensa em achar no meio disso tudo? – falei enquanto andava com a mão no ombro dele e olhando para chão pra não pisar em nada.

– Preciso ver uma coisinha na minha ficha.. – ele falou indo em direção aos papéis amontoados com os livros.

– Mas porque as fichas dos alunos ficam aqui? – perguntei cerrando os olhos.

– A dos alunos mais velhos ficam aqui, a diretora acha que ninguém desconfia desse lugar, poucos sabem daqui então sinta-se honrada por isso. – ele falou jogando alguns papéis pra o alto e eu fiz cara de nojo olhando pra o lugar. Se sentir honrada? Ta né. – E se você me ajudasse eu agradeceria.. – ele jogou mais um papel que parou nos meus pés. Ignorei e fui até o seu lado o ajudando. Pelo visto ele procurava o nome logo no começo do papel. Lauren, Rebecca, Miguel.. vários nomes, mas nenhum Harry. Como eu estava sem relógio eu poderia chutar que passamos uns 10 minutos procurando a ficha do Harry até que ouvimos um barulho. Barulho de passos. Eu e Harry nos entreolhamos largando os papéis.

– Você ouvi.. – falei sussurrando, mas não continuei, pois o Harry fez sinal de silêncio.

– Tem alguém ai? – soou uma voz masculina e de velho. Eu olhei assustada pra o Harry e ele me puxou pela mão me fazendo pular pra que eu não pisasse em algo que fizesse barulho, ele me puxou pra trás de uma estante entupida de livros, mas que tinha uma leve passagem atrás. Ele me encostou na parede e colou o corpo no meu. Eu ia protestar, mas assim que decidir fazer isso ele colocou o dedo em meus lábios. Engoli em seco. Não podia falar nada se não nós dois sairíamos encrencados e também não tinha espaço, não era ele que estava fazendo de propósito é que se ele quisesse se esconder comigo teria que ser ali e daquele jeito.

Nossas respirações ficaram ofegantes assim que ouvimos os passos do homem. Harry colocou a mão direita na parede e enterrou o rosto em meu pescoço.

– Shhh... por favor, não fale nada ok? – ele sussurrou o mais baixo possível e eu assenti de leve. Ele olhou para o lado pra ver se via alguma sombra, mas nada viu.

– Mas que bagunça! Vou ter que chamar a Matilda.. – a voz bem rabugenta do homem soou e esperamos um pouco até ouvir os seus passos voltando pra porta. Eu já ia saindo, mas Harry pressionou o corpo dele contra o meu me fazendo ficar ali parada. Ele me lançou um olhar de ‘’fique quieta’’ e eu obedeci. Mais uns segundos e ouvimos o velho subindo a escada. Minha respiração e a do Harry foi ficando mais calma e a pressão entre nós dois não estava ‘’tão’’ assim. Sua mão levou uma mecha do meu cabelo pra trás da orelha e ele aproximou mais o rosto do meu. Não sei, realmente não sei porque não fiz nada, pois eu só fiquei ali com a boca entreaberta esperando pra ver o que ele ia fazer. Então ele chegou mais perto e pude sentir mais sua respiração. Pouquíssimos centímetros separavam nossas bocas e meus olhos se fecharam assim que senti sua mão na minha. Eu sabia o que iria acontecer, mas alguma coisa me prendeu dos meus movimentos e não quis me deixar sair dali. Esperei pra que ele me beijasse e presumir ter sentido seus lábios, mas eu me enganei e foi quando o velho bateu a porta tão forte que me fez cair na real.

Porque estou ali o deixando quase me beijar? Eu estou louca?!

Sai na mesma hora e respirei fundo passando a mão no cabelo. Quase eu cometo um erro gravíssimo! Que horror Alice! Que horror!

– Acho melhor a gente ir logo. – falei rapidamente desviando do seu olhar então fomos subindo devagar as escadas do porão. Abrimos a porta, primeiro olhamos para o lado direito, mas assim que olhamos para o esquerdo... o ou! Problema!

– SEUS MULEQUES!!! VENHAM CÁ!! – o velho rabugento olhou com muita fúria nos olhos e veio correndo em nossa direção. Harry segurou minha mão e nós subimos as escadas correndo. Eu só pensei em: ‘’ eu não posso me encrencar’’ então isso me fez correr bem rápido. Harry segurava minha mão e nós praticamente pulávamos vários degraus. Olhei pra trás e o velho estava somente 3 degraus abaixo de nós. Isso me aterrorizou, parece que estamos brigando por comida e eu tenho a comida! Subi as escadas correndo ainda mais rápido e só paramos quando chegamos ao nosso corredor. Logo no final do corredor e no começo das escadas havia uma banco encostado na parede, nós praticamente nos jogamos naquele banco. Olhamos um pra cara do outro e começamos a rir que nem idiotas.

Adrenalina. Perigoso. Divertido.

Nós rimos tão alto que o Louis e Niall abriram a porta do quarto e olharam pra gente franzindo a testa. Os dois estavam no mesmo quarto e saíram vindo em nossa direção.

– Qual o problema de vocês dois? Eu e Niall estávamos disputando no need for speed na maior empolgação, mas perdemos por causa da risada de vocês.. – Louis falou parando em nossa frente junto com o Niall. Harry só fez olhar pra escada logo ao nosso lado e deu um sorriso maldoso. Niall e Louis ficaram boquiabertos na mesma hora.

Era tão perigoso se fossemos pegos lá embaixo? - Pensei.

– Vocês desceram.. pra sala secreta? – Niall falou quase não acreditando.

‘’Sala secreta’’ , isso me lembra Harry Potter, mas ok.

– Sim! – Harry respondeu

– Harry não acredito que você desceu ainda por cima levando a Alice, se fossem vistos estavam ferrados! – Louis disse

– Fomos vistos, mas fomos vistos por aquele velho barbudo e rabugento que praticamente vive no andar de baixo, então esta tudo bem, relaxa! – Harry disse com um sorriso de ‘’eu sei o que eu tô fazendo.’’

– Qual o problema? Porque vocês ficam com tanto medo de serem pegos la embaixo? – perguntei curiosa.

– Porque lá é a sala secreta da diretora, e ela guarda informações um tanto confidenciais sabe... E isso envolve as fichas dos alunos mais velhos e se formos pegos seremos expulsos! – Niall respondeu e eu assenti pensando sobre isso.

– Mas pelo menos conseguiu o que queria Harry? – Louis perguntou cerrando os olhos e eu olhei pra o Harry arqueando a sobrancelha, então falei:

– É seu puto me fez ir até lá embaixo conseguiu o que queria?

– Que amor hein. – ele revirou os olhos e depois pegou um papel – Ta aqui o que eu queria.. – ele sorriu com aprovação e eu dei de ombros.

– Mas esses garotos filhos de uma bendita mãe... – olhamos pra escada e era o velho rabugento subindo devagar enquanto tirava uma bala doce do papel. Eu olhei pra Harry assustada e ele na mesma hora fez um sinal com a cabeça pra que fossemos pro quarto. Eu levantei correndo e graças a Deus o velho não nos viu. Abri a porta do meu quarto e fechei encostando-me nela. Comecei a rir por me safar mais uma vez desse velho.

Confesso, essas coisas assim são legais. Quer dizer.. foi legal.