Harry

Nós andamos até a diretoria junto com a funcionária velha e baixinha, ela parecia um cotoco. Estúpida. Eu sabia que estava pronto pra dizer o que eu sinto por Alice, daí vem essa velha e aparece estragando tudo, não me deixando certeza se devo ou não contar. Agora me falta mais coragem. Dúvidas sobem a minha cabeça. E se ela não sentir o mesmo? E se me rejeitar? Homens também não gostam de ser rejeitados ok? Mas... E se ela rir da minha cara? Não. Talvez seja melhor eu ter certeza, posso observar suas atitudes, se ela ficar sorrindo que nem uma boba, se ela rir das minhas piadas, se ela me xingar com uma cara feliz (o que é muito bom pra mim), possa ser que ela também esteja gostando de mim, mas também pode ser tudo um grande engano. Ah, mas o que é isso Harry Styles? Vamos pensar positivo, como você sempre pensou.

– Esses dois estavam perto do cemitério, o que acha disso querida diretora? - a velha e baixa funcionária com jeito de homem me puxou pela camisa enquanto puxava a Alice pelo braço. A diretora tirou os óculos e olhou pra nós dois como se tentasse ver algo dentro de nossas cabeças.

– Pode sair Matilda, eu quero falar com eles dois a sós. – a diretora disse e Matilda fez cara de que não gostou, parecia que ela queria ver de perto eu e Alice nos ferrando. Ela saiu com os braços cruzados e fechou a porta da diretoria silenciosamente. Me sinto livre agora. Bem melhor! Me sento na cadeira em frente a mesa da diretora e Alice continua em pé. – Vocês dois aprontaram com o professor de química, ativaram o sensor de incêndio e agora estão matando aula? Acham bonito? Sabem o que vocês merecem? Merecem advertência.

– Mas direto.. – Alice tentou argumentar, mas foi por água abaixo essa tentativa.

– Nada de diretora, vocês procuraram fogo e agora tem. Queimei a nota do qualitativo de vocês. O que acha disso Alice? O que acha disso Harold? – a diretora perguntou séria. Olhei pra Alice que ficou de cabeça baixa, aposto que ela fez isso pra não responder a diretora. Respirei calmamente. Hora do meu show. Levantei da cadeira e apoiei o braço na mesa da diretora deixando nossos rostos próximos. Senti sua expressão ‘’vacilar’’ como se tivesse ficado um pouco nervosa. Bom, eu sou ótimo nessas coisas e melhor ainda quando a mulher ou garota não é ‘’estranha’’. A diretora tinha o cabelo ruivo alaranjado e batia um pouco depois dos ombros. Seus olhos eram cor de mel, ela tinha um corpo muito bonito e também tinha uma coisa de diferente de outras diretoras. Ela era nova, torno de 30 pra cima.

– Eu acho que você poderia não tirar minha nota – eu disse com um sorriso malicioso, ela desviou o olhar do meu – Prometo que eu não me envolvo mais nessas encrencas até o fim do ano, só por você. É que eu detesto pensar que você me acha um péssimo aluno. – falo pegando no pingente de coração que estava pendurado na sua corrente. Ela fica mais nervosa. Presumo que ela se segurava pra não se entregar a mim. – Então o que me diz Annabelle? – perguntou apertando seu queixo de leve contra meu dedo. Se fosse qualquer outra pessoa a chamando de pelo nome, ela brigaria, mas comigo sempre é diferente. Como eu já disse uma vez, eu consigo tudo o que quero.

Ela tira minha mão e engole em seco, provavelmente se controlando. Puxa um bloco de notas da gaveta, escreve alguma coisa, dobra deixando bem pequeno e coloca em minha mão enquanto fala:

– Dessa vez eu vou deixar vocês dois irem, mas se fizerem alguma outra coisa eu darei advertência para os dois. Agora se retirem da sala.

– Muito obrigado Annabelle. - eu tiro o braço da mesa ficando reto, continuo olhando pra diretora e pisco dando um sorriso maldoso. Ela desvia o olhar e passa a mão no cabelo querendo disfarçar. Dou um riso sacana. Só eu mesmo pra fazer essas coisas e fazer tão bem. Saio da sala quando a Alice já está lá fora esperando. Fecho a porta e nós andamos passando pela mesma funcionária que nos olhou de cara feia percebendo que não estávamos com cara de ‘’estamos ferrados’’.

– Você realmente não presta Harold! – Alice finalmente fala quando viramos o corredor indo em direção as escadas

– Se não fosse por mim você tomaria advertência. – falo enquanto abro o papel que a diretora havia me entregado

– É, verdade, ter um amigo galinha tem seu lado bom.

– Tudo tem seu lado bom, mas não acho que viu o meu ainda. – falo com um sorriso malicioso

– Obrigada, não quero ver.

– Não disse que ia mostrar... Mas pensei nisso. – nós rimos. Eu cerro os olhos tentando ler o que a diretora havia escrito, e no papel estava:

‘’ Que tal se me encontrasse depois da meia noite no corredor dos professores? Você ainda lembra onde é o meu quarto não é?”’

Eu rio. Antigamente eu aceitaria afinal ter uma relação sexual com uma diretora BONITA é bem legal. Mas não, no momento não é ela quem eu desejo.

Então a pessoa percebe que Harry Styles está mudado quando ele recusa um convite ‘’indireto’’ para transar. UAU! Ele está mesmo mudado! – Penso comigo mesmo.

Eu e a Alice andamos até chegar no corredor dos nossos quartos, paro na frente do quarto dela. Ela se encosta na porta, coloca as mãos no bolso do moletom e da um sorriso tímido. Ela fica linda até mesmo sorrindo timidamente. Fico de novo que nem um idiota pensando o quanto ela é linda e quanto eu quero beijá-la. Então me vejo sendo obrigado a fazer uma coisa. De novo me sinto num desenho animado, o diabo e o anjo. O Anjo diria pra eu não envolver meus sentimentos nisso, mas o diabo diria que eu devo falar sem medo o que sinto. Engulo em seco. Seria agora? É o momento certo? Mas e as dúvidas? Ah, que se danem as dúvidas! Eu preciso contar, aliás eu preciso saber, eu não devo cometer o mesmo erro que nem da outra vez.

– O que você queria me falar, hoje lá no cemitério?

E por minha surpresa, quem começa com o assunto é ela.

– É bem... Eu queria dizer que... Eu... é... Eu acho que... – engulo em seco, abro a boca, mas as palavras fogem. Não consigo dizer. Mas algo me faz perceber que eu não deveria dizer, eu deveria fazer. Atitude. Atitude é o que todo mundo deve ter, é uma ponte pra um começo de qualquer coisa. – Eu acho que não é melhor eu dizer, é melhor eu fazer... Só preciso que você fica quieta, ok? – sussurrei me aproximando dela deixando nossos corpos colados, percebo a respiração dela ficar um pouco mais acelerada, sua boca está entreaberta, ela parecia sem rumo. O que foi bom pra mim, porque em momento algum ela quis sair dali. Levei minha mão esquerda a sua cintura e a direita em seu rosto. Olhei em seus olhos até um certo instante pra ter certeza de que ela deixaria fazer o que eu pretendia. Seus olhos incrivelmente azuis esbanjando inocência, me passaram confiança, e por incrível, me passou mais confiança ainda quando se fecharam. Lentamente eu aproximo mais ainda meu rosto do seu e colo minha boca na sua. Na mesma hora minha mão que está em sua cintura aperta de leve a mesma, minha língua pede espaço e Alice concede. Lentamente nossas línguas se tocavam e sentiam uma a outra. Um entrelace perfeito, um beijo calmo e um dos melhores pra mim. Sinto sua mão em minha nuca, apertando a mesma, o que me causa um leve arrepio. Sinto um frio na barriga. Eu estava mesmo a beijando! Não parecia real! Porém as coisas mudam, não sinto mais um frio, sinto calor. A rapidez do beijo aumenta, nossas línguas praticamente brigavam uma com a outra. O beijo fica mais intenso. Pressiono meu corpo no seu, ela aperta minha nuca com um pouco de forma como resposta a isso. Ela morde meu lábio inferior. Nossos olhos se encontram. Seus olhos azuis já não eram tão azuis e não esbanjavam inocência. Esbanjavam desejo. Nossa respiração estava acelerada como consequência da falta de ar por causa do beijo. Só bastou um sorriso seu e eu a beijei de novo. Pressionei mais ainda meu corpo no seu deixando-a totalmente encostada na porta. Inconsequentemente minha mão desse pra sua perna e aperta a mesma, mas Alice tira colocando em sua cintura. Reprimi o sorriso. Gosto desse jogo. Desço o beijo para seu pescoço. Com pressa eu deposito beijos que causam um leve arrepio nela. Ela entrelaça a mão em meu cabelo e puxa devagar. Deixo um chupão em seu pescoço de propósito, pra que ela não esqueça tão cedo disso. Ela suspira como satisfação em meu ouvido o que me deixa louco, estava pronto pra terminar isso em outro lugar quando Alice de repente para, me empurrando de leve. Franzo a testa.

– Eu... eu não devia... Eu... Tenho que ir. – ela fala parecendo que ia ter um treco ou sei lá o que, então abre a porta e entra praticamente fechando em minha cara. Normalmente eu ficaria com ódio disso, mas um sorriso invade meu rosto.

Ando só um pouco até meu quarto, entro, fecho a porta e me jogo na cama. A janela estava aberta deixando o vento balançar a cortina branca. Dou um risinho quando penso no beijo. Eu deveria mesmo ter ficado com ódio por ela ter me deixado ali e praticamente ter batido a porta em minha cara, mas não. Eu sabia que ela gostou, ela queria mais, ela só parou porque não tinha certeza se devia continuar. Bem, eu fui um galinha todo esse tempo, certo? Talvez tenha sido uma atitude normal vindo dela. Mas as coisas vão mudar, aliás, já mudaram depois desse beijo. Vou fazê-la desejar por mais, vou fazê-la se sentir amada, vou fazê-la ser minha. Só minha.

Fico por um tempo pensando como foi bom a sensação de beijá-la, me sinto um bobo. Nem lembrava de como é ficar apaixonado. Me deixa mais idiota que o normal. O que por incrível é possível.

O vento fica mais forte, mas nem ligo. Aproveito a brisa pra pegar no sono e só acordo no outro dia.

Ando até a sala de aula. Pulo na cadeira em frente ao Louis. Viro pra os meninos que me olhavam desconfiados.

– Você não apareceu ontem à noite o que houve curls? – Louis pergunta

– Ele deve ter ficado com outra garota né, já não sabe como é o Harry? - Niall fala com um risinho

– Duvido, se ele ficou com uma garota eu aposto que sei quem é. Esse sorriso de idiota não me engana. – Zayn diz em resposta ao Niall

– Que isso gente eu não fiquei com ninguém...

– Isso foi o suficiente pra gente perceber que você realmente ficou com alguém. – Liam fala e nós rimos – Mas fala... Quem foi a garota?

– É, conta ai pegador! – Niall diz colocando o pé na mesa. Estou pronto pra dizer quando ela passa na minha frente. Um sorriso vem a meu rosto. Esqueço dos garotos e fico apenas a olhando. Quando nossos olhares se cruzam ela vira rapidamente sentando na cadeira em frente ao quadro. Ela passa a mão no cabelo e percebo que ela está nervosa. Sorrio já me divertindo com isso. Ela vai fingir que nada aconteceu, mas vou fazer com que ela lembre. Adoro isso.

– HARRY! – Liam praticamente grita me tirando dos meus pensamentos.

– Hã.. Oi...

– Vocês são burros ou o que? Não viram como ele olhou pra ela? Óbvio que foi a Alice! – Zayn fala baixo pra que não tenha o risco de Alice escutar

– Cala boca Zayn! – falo cerrando os dentes, mas ele ri

– Harry você tá mesmo apaixonado cara! – Niall fala boquiaberto e eu faço um gesto como se fosse bater nele. O idiota fala mais alto que todo mundo!

– Fala mais baixo Niall, e eu não tô apaixonado ok? – falo sério olhando pra ele, mas ele ri alto

– HARRY TA APAIXONADO! HARRY TA APAIXONADO! – ele grita fazendo umas pessoas olharem pra trás, fico com vergonha. Ninguém pode saber disso, ninguém se não perco minha fama! Pego o meu caderno e jogo na cabeça do Niall. É tão forte que ele chega abaixa a cabeça passando a mão em cima. Nós rimos.

A professora de redação entra na sala, engolimos o riso. Como já expliquei essa professora é brava. Tento prestar a atenção na aula, mas eu viajo nos meus pensamentos. Tudo me lembra o beijo de ontem, mas Zayn me tira disso.

– E agora, o que pretende fazer em relação à Alice? – Zayn sussurra atrás de mim. Louis e ele devem ter trocado de lugar de propósito. Não ligo. Dou um sorriso malvado enquanto olho pra Alice de costas.

– Pretendo... Convida-la ao baile e depois, bem... Você sabe o que quero fazer depois.

– Só não vai brincar com os sentimentos dela, ela não merece ok Harry? – ele sussurra novamente e sinto uma pontada no peito. Eu não faria isso, não com ela.

– Relaxa cara. Eu a quero e não pretendo magoa-la.

– Bom assim. Você é melhor apaixonado.

– Cala boca Malik. – falo revirando os olhos e rindo de leve.

Não pretendo magoar Alice, muito menos só tê-la por uma noite. Eu decidi isso ontem, ou melhor, eu percebi depois que me senti o maior idiota da face da terra quando eu a beijei. O idiota meio bobo. Eu percebi que a quero, não só por um momento, mas por um bom tempo. Quero que seja minha e como eu disse vou fazê-la se sentir amada.