Born To Be Together escrita por Julia A R da Cunha
Meus passos eram um tanto rastejantes, como os de um zumbi dos filmes e séries de televisão. Meus braços estavam cruzados por cima da jaqueta de couro preta que vestia. As folhas secas abaixo de meus pés se levantavam quando os mexia.
Foi aqui a última vez em que vi Sorciére, e foi também aqui que ela foi morta por aquela criatura detestável que chamava de irmã. Porém eu parecia um tanto indiferente à isso. Naturalmente me sentiria solitária, com saudade, com raiva de Amber e de qualquer outra coisa, mas não sabia mais o que poderia sentir. Tudo estava realmente bagunçado dentro de mim.
Olhei adiante. O sol já se punha, e eu precisava voltar. Já havia adentrado demais por entre as árvores. Suspirei, por pensar que teria de encará-los todos retornando. Mas não tinha outra opção, portanto, retornei ao Acampamento, saindo da floresta em que estava.
{15 de abril de 2000}
Jodelle remexeu a comida com um garfo. Era um macarrão estranho, um tanto grudento, como se ele e o molho não tivessem sido preparados devidamente. Isso que a fazia detestar a comida daquele orfanato: a falta de consideração e preparo. Fazia dois meses que tinha que aguentar aquele lugar, dois meses de que foi achada nas ruas por um dos funcionários de lá.
E todos a olhavam de forma estranha, olhando de canto de olho, com um tanto de terror, nojo e desprezo no olhar. Ora, ela apenas dizia a verdade, dizia o que via. A mandavam parar de mentiras, afinal, os que ela via já estavam mortos. A chamavam de mentirosa e louca, o que a fazia detestar mais ainda aquele lugar.
Fez um esforço e comeu, lembrando-se de quando estava nas ruas e nos apuros que passava para poder encher o estômago. Aquele macarrão seria melhor do que o que comeu, muito melhor.
Quando terminou o prato, colocaram a mão sobre seu ombro, chamando sua atenção. Era uma das funcionárias, uma das mais imponentes ali. Um homem estava atrás dela, com um olhar e sorriso bem pacíficos.
– Jodelle, esse senhor quer conhecê-la.
– Olá, Jodelle - disse ele gentilmente.
– Oi.
– Vamos, querida - disse ela com um pouco de ironia no final. - Não o faça esperar. Vamos.
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