Oliver P.O.V.

Estava em um estado de limbo. Sabia o que acontecia a minha volta, mas tudo parecia distante. Tudo parecia irrelevante. Meus pensamentos eram borrões e meus sonos escuros. Deus me odiava. Implorei para que morresse, mas o ar ainda invadia meus pulmões e queimava dolorosamente. Meu coração batia, mas a cada batida o odiava mais. Pensei que devia odiar o mundo. Pois o mundo só me dava dor e decepção.
Senti um toque, não sabia de quem era ao certo, mas aquilo deixou rastros na minha pele. Deixava formigar e não sei porque, mas também nervoso.
Era Arya. Cada palavra dela passava como um turbilhão na minha mente. Cada palavra aumentava meus sentidos. Eu queria chorar, eu queria sorrir, eu queria apenas ve-la, porém, estava preso no limbo. Acredito que aquela foi a hora que Deus me deu outra chance porque o limbo desapareceu. Me sentia vivo de novo e não inerte.
- Eu tambem estou apaixonado por você - falei o mais alto que pude, no entanto, minha voz saiu rouca e arranhou minha garganta.
Ela disse qualquer outra coisa, mas eu não obedecia a qualquer lógica. Apenas a puxei e a beijei. Fiquei extremamente decepcionado pois estava cansado, meu corpo havia sofrido um grande impacto. Queria beijá-la como ela merecia.
Soltei um gemido e ela parou de me beijar. Sorri e a vi sorrir para mim, levemente corada. Meu coração batia rápido.
Arya saiu do meu quarto depois de poucos segundos, o que pareceu me esfaquear. Cogitei se ela havia desistido de mim, ou então se arrependido, mas logo ela voltou com um médico. Para ser sincero, estava pouco me fudendo para meu corpo. Meu coração chicoteava a lógica. E isso liberava um sentimento tão bom, que achei que nunca mais precisaria de drogas.
Os dias se passavam enquanto estava no hospital. Aquilo já me entediava. Arya ia me ver todo dia. Conversava comigo, me divertia. Depois do primeiro beijo, nada mais aconteceu. Não queria ser amigo de Arya. Queria que ela fosse minha. Via isso claramente. Ela não era Amanda. Via em seu olhar a lealdade. Via em seu olhar algo que me fazia agir como um garoto de 13 anos. Mas pensava que ela havia se arrependido de me beijar, porém, ela ia todo dia ao hospital me dar a minha pequena dose de luz.
- Pensei que me odiasse. - Falei para Arya enquanto tentava arrumar minhas coisas com a minha mão boa.
- A linha entre amor e ódio é tenue demais para saber o que realmente sente. - Ela disse calma enquanto me ajudava.
Assim que ela disse isso, engoli em seco e a olhei largando qualquer coisa que estivesse na minha mão.
- Você me ama? - Perguntei com o meu coração palpitando. Batendo tão forte que podia vomitá-lo
- Amo. E você? Me ama?
Sorri e a fiz olhar para mim.
- Amo. Eu amo muito você - Abraçei o corpo pequeno de Arya.
Ela sorria tanto que me fazia sorrir junto... E assim deixamos aquele maldito hospital.
Tive a sensação que estava sendo observado, mas pensei que fosse apenas uma sensação. Entrei no taxi com Arya e fomos para a minha casa. Ela ficaria comigo até meu braço melhorar. Não conversamos enquanto dentro do taxi até ouvirmos um trovão bem alto. Alto demais. As nuvens se acumulavam no céu. Eram nuvens de tempestade.
Arya se aninhou no meu peito quando as pesadas gotas de chuva começaram a bater no teto do carro. Apenas a envolvi com o meu braço. Meu desejo era protege-la do mundo. Meu desejo era que fosse minha.
Acabamos presos na tempestade. Dentro daquele carro. Ri ironicamente. Até o motorista estava dormindo e eu, eu continuava acordado. Me sentia incomodo naquela posição continua. Me ajustei e Arya acordou. Sentia como se houvesse só nós dois naquele carro, portanto, não hesitei em beijá-la. Beijá-la da forma correta desta vez. Nossas línguas não lutavam. Nossas línguas não disputavam. Elas se acariciavam, dançavam ao ritmo dos nossos próprios corações. A chuva caia pesada como se fosse a trilha sonora de um beijo que por tanto tempo estive ansioso. Me sentia bem daquele jeito. Tinha encontrado uma nova droga. Uma nova e potente droga. E seu nome era Arya Lewis.