A Confissão de Naraku escrita por hanyou Samyra


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

1. InuYasha e personagens pertencem à Rumiko Takahashi;
2. A fanfic se passa na parte do anime correspondente ao Kanketsu-Hen. Todos os acontecimentos dessa saga se passaram a exceção, claro, da morte de Kikyou e da batalha final contra o Naraku, mas todo o resto já foi, como a morte de Kanna, que deu-se após a morte de Kikyou (que foi no episódio 08, enquanto que Kanna morreu no episódio 11). Desconsiderem também a retirada dos fragmentos de Kouga e Kohaku. Na parte III explicarei melhor esta situação;
3. Esta é minha 1a fic e dela surgiram outras duas; nas notas finais explico isto.



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Era de noite, Kikyou caminhava solitária por uma floresta, sentindo seu corpo bastante debilitado pela contaminação do miasma de Naraku, quando percebeu uma presença maligna se aproximar e logo pensou:

Naraku!

Eis que o vilão apareceu diante da sacerdotisa, desfazendo sua barreira.

— Kikyou...

Logo ela reagiu com um tom de voz agressivo:

— O que quer aqui?

Ele respondeu:

— Há algo que preciso lhe falar.

Então, se aproximou calmamente da moça, fazendo-a se posicionar de forma defensiva.

— Fique longe de mim – repreendeu-o.

O meio-youkai ignorou a rispidez da sacerdotisa e tentou lhe tocar, mas ela se retraiu e ele logo cessou seu gesto e recolheu a mão. Depois, a estendeu como se pedisse para que Kikyou a segurasse. Ela negou. Ele ficou estável. Após um tempo, ela decidiu aceitar, apesar do receio de que fosse uma armadilha, curiosa para saber o que pretendia. Então, ele segurou com suas duas mãos a da moça:

— Ah... – suspirou. – Como está fria!

Ela arregalou os olhos, espantada. Em seguida, Naraku soltou a mão de Kikyou e a segurou pela lateral do pescoço e pelas costas, encostando a boca em seu ouvido esquerdo. Logo, ela tentou se soltar.

— Me solte! – ordenou.

— Calma! – disse com firmeza, mas delicadamente. – Eu não vou feri-la. Quero lhe dizer o porquê de eu ter estado esse tempo todo a caçando e lhe atacando de todas as formas possíveis.

Apesar de muito irritada com a situação, a morena se aquietou, surpresa com a maneira que ele se dirigiu a ela, e prestou atenção nas palavras de Naraku, que falou com a voz baixa e rouca:

— A verdade é que eu sempre a desejei profundamente!

Ela se espantou ainda mais. Naraku continuou:

— Mas eu a desejo como Naraku e não como Onigumo, da forma que pensava! No entanto, eu sinto nojo de mim mesmo por querê-la tanto assim. Por isso me conforto mais a violentando do que a abraçando como agora!

Kikyou mal pode crer no que ouvira. Pensava: Não! Ele é meu inimigo e o odeio! Não quero aturar ouvir isso!, mas não conseguia afastá-lo.

E Naraku prosseguiu:

— E esse querer não é apenas físico, é mais! Por falar nisso, se eu pudesse escolher uma parte de seu corpo para ter pra mim – nesse instante, ele pressionou o seio esquerdo da moça contra seu corpo –, eu escolheria seu coração! – Os olhos de Kikyou se arregalaram mais ainda e começaram a tremular. – Ah, como gostaria de poder senti-lo agora! Mas ele está morto! Seu corpo está morto! Mesmo me odiando tanto por isso, estar tão próximo de você como agora, acalma o meu coração! – Naquele instante, Kikyou se encontrava completamente imóvel, sem saber como agir ou o que pensar. – Sei que sente um desprezo execrável por mim. Entretanto... Eu não me importo! – A moça então deixou escapar um baixo gemido.

Então, ele retirou a mão de seu pescoço, olhou para seu rosto e o tocou suavemente, dizendo:

— Sua pele é tão branca! É a cor mais linda de todas que já vi. É tão pura que tenho medo de sujá-la ao encostar! – Retirou a mão, mantendo-a bem próxima do rosto da moça. – Sua cara de boba faz você parecer tão frágil – disse sorrindo –, crescendo em mim uma ânsia arrebatadora de lhe tomar nos braços e protegê-la! Protegê-la de tudo que eu pudesse e de que não pudesse. – Novamente colocou a mão em seu pescoço e a boca em seu ouvido. – Eu queria entrar no seu corpo! Queria que ele fosse meu! Queria que seu coração fosse meu, que sua alma fosse minha, que sua mente fosse minha... – Ela se espantou ainda mais, e começou a pensar que homem nenhum jamais lhe dissera tais palavras, nem mesmo InuYasha, que sempre a amou. – Mulher misteriosa, que rouba meu fascínio, desperta meu cio e se faz onipresente nos meus pensamentos, bela e cálida. – A sacerdotisa ficou paralisada, não conseguia reagir e não se conformava em se deleitar com as palavras de seu tão odiado inimigo. Seu corpo não conseguia reagir aos comandos de sua razão, não conseguia se quer a ouvir. – Ah... Mas como me sinto mal por isso... E você também. Pois despreza-me! Entretanto, eu não lhe culpo por sentir isso. Afinal...

"Quem não haveria de evitar com horror, como a um monstro, como a um espectro, um homem desses, avesso a qualquer sentimento natural, incapaz de se permitir uma emoção, alheio ao amor e à piedade, duro como uma pedra ou como um rochedo de mármore, homem a quem nada lhe escapa e que nunca se engana, que tudo vê como um lince, que tudo mede com exatidão, que nada perdoa, que só está contente consigo, que se julga o único rico, o único com saúde, o único rei, o único em tudo, que não precisa de amigos, que não tem a ninguém como amigo, que sem escrúpulos insulta até os deuses, que julga todos os atos humanos insensatos, condenando-os e ridicularizando-os!" ¹

Kikyou permaneceu incrédula. E Naraku continuou:

— Eu me condeno por desejá-la tanto! Por isso, enveneno esse sentimento com a acidez de minha mente! – Pausou. – Eu queria vê-la nua! Nua não só de corpo, mas também de alma! Queria vê-la como és em sua essência! Queria poder admirá-la... Tenho certeza que isso me traria prazer máximo! Sem encostar-lhe um só dedo! Você é como um artefato sacro que merece devoção! – Aspirou o pescoço da moça e acrescentou: – Seu cheiro faz minha cabeça girar... Kikyou, eu... – Nesse instante, a sacerdotisa já imaginava que palavras sairiam da boca do meio-youkai. – Eu... – suspirou. – Eu amo você! – Ela sentiu o que restara de suas forças esvaísse enfim.

Então, ele segurou o rosto da moça com firmeza, mas delicadamente, deixando-a sentir todo o calor e a tensão que seu corpo emanava, pondo seus olhos fixos aos dela:

— Permita-me fazer algo que sempre quis! Por favor, não se mova. – Ele foi aproximando seu rosto do de Kikyou bem devagar. Ela sabia o que iria fazer. Porém, não pode resistir. Ele encostou seus lábios nos da moça e a beijou gradualmente, o fazendo cada vez mais incisivo. Ela lhe retribui inconscientemente. Cada vez mais o meio-youkai a beijava com febre, intensidade e concupiscência, sugando com força os lábios e a língua da moça, docemente. Ele alterava a energia do beijo recolhendo sua língua e penetrando, a boca da sacerdotisa, com ela. Kikyou nunca se sentiu tão querida e desejada antes. Estava percebendo-se dominada pela volúpia e pela vontade de se sentir amada, viva, embora em sua mente soubesse que não deveria permitir aquilo.

Quando a excitação se tornou sufocante demais para continuarem simplesmente aos beijos, eis que ele a soltou agressivamente, com extremada respiração ofegante e desviando o olhar, tentando se recompor para encará-la novamente, enquanto ela observava o peito dele se movimentar com rapidez. Naraku segurou o queixo de Kikyou com a mão esquerda e, erguendo um pouco a cabeça da moça, disse olhando-a fixamente:

— Eu não posso! Eu não tenho coragem de tocá-la!

Ela o olhou assustada, sem saber o que fazer. Então, ele a abraçou com desespero, apoiou o rosto no ombro esquerdo da moça e começou a deixar escapar um choramingar contido e angustiante, na tentativa de se controlar ao máximo, falhando. O corpo de Naraku tremia abrasivamente, parecia que uma erupção iria explodir de seu interior. Eis que um grito insano surgiu, rasgando o silêncio na escuridão da floresta:

— Kikyooooooooou!

Era InuYasha, que sentiu o cheiro dos dois e foi ao encontro de sua amada, temendo o que poderia encontrar. Naraku desapareceu em uma nuvem de miasma, fazendo Kikyou se assustar e cair no chão. Ela olhou para o céu e presenciou o moreno desaparecer em meio às constelações. InuYasha chegou e, desconcertado, levantou a moça, indagando:

— Kikyou... Tudo bem?! Aquele maldito a machucou?!

Ela mentiu:

— Não se preocupe! Ele só veio aqui para me ameaçar mais uma vez, só isso.

Eles permaneceram desajeitados, enquanto uma confortante garoa desmaiava aos seus pés. A sacerdotisa mais uma vez olhou para o céu, no ponto exato onde Naraku desaparecera, e pensou nas palavras que ele proferiu que mais foram chocantes para ela: “Kikyou, eu me sinto mais confortável torturando-a do que amando-a”.

FIM

¹ Trecho adaptado do capítulo XXX, do livro “Elogio da Loucura”, de Erasmo de Rotterdam.


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Notas finais do capítulo

Bom pessoal, aí está! Esta é minha primeira fanfic e surgiu sem compromisso. Em um dia nada especial, sentei-me em frente ao computador e comecei a escrevê-la. A postei em uma comunidade no Orkut e esperei para ver se alguém leria. Para minha surpresa, sim, leram! E pediram mais! Foram poucos os que leram, mas seus pedidos para continuar foram extremamente significativos. Fiz a segunda, desta vez postando no FanFiction.net, e minha intenção era parar ali, ainda sem dar um final definitivo. Então, mais uma vez, meus poucos, mas especialíssimos leitores pediram para eu continuar e o fiz. Assim surgiram "O Demônio & A Sacerdotisa - A Confissão de Naraku PT. II", outra oneshot, e "A Confissão de Naraku PT. III - A Feiticeira Youkai", uma longfic em processo de construção. Vou começar a postar aqui também, bem como no AnimeSpirit. Na semana que vem, postarei a segunda fic e na próxima começarei a postar a 3ª. Quem tiver pressa, é só acessar o FanFiction.net, colocarei o link de ambas cá em baixo. Concertarei isso no decorrer da 3ª fic. E é isso! Agradeço aos que lerem e comentarem e, mesmo que sejam poucos, suas opiniões sejam elas positivas ou negativas são de suma importância. Até a próxima!
http://www.fanfiction.net/s/6599783/1/O_Demonio_bA_b_Sacerdotisa_bA_b_bConfissao_b_bDe_b_bNaraku_b_2
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