Here We Go Again escrita por Camila Lacerda


Capítulo 9
Voltando ao princípio




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Já estava entardecendo.

- Você vai embora agora?

- Só se você me expulsar.

- Então vamos ali pra varanda que você como um futuro artista de TV, quero que você ouça uma musica minha, pode ser?

- Vai ser demais... Quer dizer, claro, mas o meu tempo custa dinheiro então anda logo. – ele mudou o tom de voz para mais grosso me fazendo rir de sua brincadeira.

Corri até a sala e peguei o violão. Voltei correndo pra varanda atrás da casa e encontrei Joe sentado lá me esperando.

- Primeiro – comecei a dizer enquanto me sentava – Vai ter que jurar que vai dizer a verdade..

- Eu juro. – ele respondeu.

- Segundo. Você não pode rir, eu sou meio desafinada mesmo.

- Pode deixar.

- É sério,Joe. - eu o sensurei.

- Sei disso. – ele aparecia estar dizendo a verdade, mesmo
assim eu fiquei um pouco insegura... Porém respirei fundo e comecei.

 - Então ta... 1, 2, 3...

My state of mind
Has finally got the best of me
I need you next to me
I'll try to find
A way that I can get to you
Just wanna get to you
The world I see is perfect now
you’re all around
with you I can breath
Until you're mine
I have to find
A way to fill
this hole inside
I can't survive
Without you here by my side
Until you're mine
Not gonna be
Even close to complete
I won't rest until
you're mine, mine...

Parei de tocar e cantar, implorei mentalmente pra que ele não zombasse de mim e perguntei de olhos fechados:

- O que você achou?

Joe demorou um pouco, o que me fez abrir meus olhos e esperar sua resposta.

- Ta perfeita. – ele disse por fim.

- Não. Sério Joe. Sei que preciso arrumar a minha afinação e tudo mais, pode me falar preciso encarar a realidade.

- Eu to falando a mais pura verdade, Demi. – ele pareceu sincero.

- Obrigada por me ouvir. – sorri.

- Eu quem agradeço a sua voz é perf... Muito bacana. – ele respondeu me deixando envergonhada.

- Como ela se chama? – ele perguntou depois de alguns segundos,

- Until You’re Mine. – murmurei.

- Quando você escreveu? – ele parecia um pouco curioso.

- Acho que eu tinha uns doze anos quando escrevi. – me
arrependi depois de dizer aquilo.

- Quando você ainda estava aqui? – ele parecia muito curioso e seus olhos pareciam quase brilhar.

- Er. Não me lembro. – menti.

Como eu poderia me esquecer do dia que eu escrevi a minha primeira canção. A 'Canção do Joe' - eu a chamava assim antes de colocar um nome.

Estava mais do que na cara que aquela musica que eu havia
composto era pra ele. Como ele ainda tinha dúvidas sobre isso?

- Como você se inspirou pra escreve-lá? - isso já estava se tornando uma entrevista.

- Eu não me lembro. Já te disse isso. – menti novamente.

- A Demi, não me esconda nada. Eu era seu melhor amigo. E ainda sou né? – não me contive e soltei um risinho baixo.

- É você ainda é. Mas Joe eu não me lembro, faz muito tempo. – como eu mentia mal.

- Sei, sei. Você pensa que me engana, mas não engana não. Quando você se lembrar quero que me conte.   

- Não vou me esquecer disso, pode deixar. – sorri abobalhada.

De repente a campainha tocou.

- Você ta esperando alguém? – Joe perguntou.

- Não. Você está? – aposto que era a ex dele.

- Não. A casa é sua, se alguém fosse me procurar iriam até a minha casa... – isso era tão óbvio que minhas bochechas queimaram de tanta vergonha.

- Ah, vai saber. Deixa eu ir atender pra descobrir, né? – nossa. Alguém me asfixie com um canudinho. Por favor!

Corri pela casa, atravessando-a e fui até a porta. Respirei fundo antes de abrir e...

- Oi Demi! - o garoto me recebeu com um sorriso caloroso.

- Kevin? – era realmente ele? Por que estava muito mudado!

- E tem outro Kevin mais charmoso que eu? – ele riu.

- Você aprendeu essa com o Joe bobão, não é? – escancarei a porta.

- Não, é um dom natural meu. – ele disse todo orgulhoso.

- Que bom, hein. – comentei.

- Bem, eu vim aqui buscar o Joe.

- Buscar? – Joe era tão filhinho de mamãe assim que ele tinha que ser buscado na casa dos outros?

- É. Ele disse que ia me ajudar com umas coisas...

- Ah, ta. Claro. – abri mais a porta – Entra.

- Com licença. – ele disse ao entrar e esperou que eu fechasse a porta para que ele pudesse ir ao encontro do irmão.

- Quem é Demi? – Joe apareceu na sala.

- Cara, já era pra você ter voltado. A mãe vai chegar e você... Ops. – Kevin parou de falar.

- Não, tudo bem. – abri a porta – Até amanhã então.

- Até. – Kevin saiu e seu irmão o seguiu dizendo.

- Você vai cantar pra mim amanhã, de novo.

- Nem pensar. – respondi rindo.

Fechei a porta e assim pude ouvir o silêncio da casa, mas ela não estava silenciosa.

- Vovó? – minha segunda pergunta idiota do dia. Era óbvio que era
ela, só tinha nós duas aqui.

Ela não me respondeu. Então caminhei até o andar de cima e fui em direção ao quarto dela.

Abri a porta bem de vagarzinho e vi uma mulher idosa, muito fofa, com seus cabelos brancos e uma camisola de seda antiga deitada adormecida em sua cama. Ai, como eu amo a minha vózinha.

Pisando levemente no chão, me deitei em sua cama e desliguei a
televisão pelo controle remoto. Apoiei minha cabeça no ombro dela e suspirei feliz.

- Vir pra cá foi uma boa escolha, não foi? - ela não estava dormindo?

- Acho que foi uma das melhores que já fiz na minha vida. - sorri abobalhada.

- Que bom minha princesa. - ela beijou meus cabelos.

O que me fez suspirar muito mais feliz. Pelo menos uma vez na
vida eu tinha que acertar em algo.


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