Here We Go Again escrita por Camila Lacerda
Já estava entardecendo.
- Você vai embora agora?
- Só se você me expulsar.
- Então vamos ali pra varanda que você como um futuro artista de TV, quero que você ouça uma musica minha, pode ser?
- Vai ser demais... Quer dizer, claro, mas o meu tempo custa dinheiro então anda logo. – ele mudou o tom de voz para mais grosso me fazendo rir de sua brincadeira.
Corri até a sala e peguei o violão. Voltei correndo pra varanda atrás da casa e encontrei Joe sentado lá me esperando.
- Primeiro – comecei a dizer enquanto me sentava – Vai ter que jurar que vai dizer a verdade..
- Eu juro. – ele respondeu.
- Segundo. Você não pode rir, eu sou meio desafinada mesmo.
- Pode deixar.
- É sério,Joe. - eu o sensurei.
- Sei disso. – ele aparecia estar dizendo a verdade, mesmo
assim eu fiquei um pouco insegura... Porém respirei fundo e comecei.
- Então ta... 1, 2, 3...
My state of mind
Has finally got the best of me
I need you next to me
I'll try to find
A way that I can get to you
Just wanna get to you
The world I see is perfect now
you’re all around
with you I can breath
Until you're mine
I have to find
A way to fill
this hole inside
I can't survive
Without you here by my side
Until you're mine
Not gonna be
Even close to complete
I won't rest until
you're mine, mine...
Parei de tocar e cantar, implorei mentalmente pra que ele não zombasse de mim e perguntei de olhos fechados:
- O que você achou?
Joe demorou um pouco, o que me fez abrir meus olhos e esperar sua resposta.
- Ta perfeita. – ele disse por fim.
- Não. Sério Joe. Sei que preciso arrumar a minha afinação e tudo mais, pode me falar preciso encarar a realidade.
- Eu to falando a mais pura verdade, Demi. – ele pareceu sincero.
- Obrigada por me ouvir. – sorri.
- Eu quem agradeço a sua voz é perf... Muito bacana. – ele respondeu me deixando envergonhada.
- Como ela se chama? – ele perguntou depois de alguns segundos,
- Until You’re Mine. – murmurei.
- Quando você escreveu? – ele parecia um pouco curioso.
- Acho que eu tinha uns doze anos quando escrevi. – me
arrependi depois de dizer aquilo.
- Quando você ainda estava aqui? – ele parecia muito curioso e seus olhos pareciam quase brilhar.
- Er. Não me lembro. – menti.
Como eu poderia me esquecer do dia que eu escrevi a minha primeira canção. A 'Canção do Joe' - eu a chamava assim antes de colocar um nome.
Estava mais do que na cara que aquela musica que eu havia
composto era pra ele. Como ele ainda tinha dúvidas sobre isso?
- Como você se inspirou pra escreve-lá? - isso já estava se tornando uma entrevista.
- Eu não me lembro. Já te disse isso. – menti novamente.
- A Demi, não me esconda nada. Eu era seu melhor amigo. E ainda sou né? – não me contive e soltei um risinho baixo.
- É você ainda é. Mas Joe eu não me lembro, faz muito tempo. – como eu mentia mal.
- Sei, sei. Você pensa que me engana, mas não engana não. Quando você se lembrar quero que me conte.
- Não vou me esquecer disso, pode deixar. – sorri abobalhada.
De repente a campainha tocou.
- Você ta esperando alguém? – Joe perguntou.
- Não. Você está? – aposto que era a ex dele.
- Não. A casa é sua, se alguém fosse me procurar iriam até a minha casa... – isso era tão óbvio que minhas bochechas queimaram de tanta vergonha.
- Ah, vai saber. Deixa eu ir atender pra descobrir, né? – nossa. Alguém me asfixie com um canudinho. Por favor!
Corri pela casa, atravessando-a e fui até a porta. Respirei fundo antes de abrir e...
- Oi Demi! - o garoto me recebeu com um sorriso caloroso.
- Kevin? – era realmente ele? Por que estava muito mudado!
- E tem outro Kevin mais charmoso que eu? – ele riu.
- Você aprendeu essa com o Joe bobão, não é? – escancarei a porta.
- Não, é um dom natural meu. – ele disse todo orgulhoso.
- Que bom, hein. – comentei.
- Bem, eu vim aqui buscar o Joe.
- Buscar? – Joe era tão filhinho de mamãe assim que ele tinha que ser buscado na casa dos outros?
- É. Ele disse que ia me ajudar com umas coisas...
- Ah, ta. Claro. – abri mais a porta – Entra.
- Com licença. – ele disse ao entrar e esperou que eu fechasse a porta para que ele pudesse ir ao encontro do irmão.
- Quem é Demi? – Joe apareceu na sala.
- Cara, já era pra você ter voltado. A mãe vai chegar e você... Ops. – Kevin parou de falar.
- Não, tudo bem. – abri a porta – Até amanhã então.
- Até. – Kevin saiu e seu irmão o seguiu dizendo.
- Você vai cantar pra mim amanhã, de novo.
- Nem pensar. – respondi rindo.
Fechei a porta e assim pude ouvir o silêncio da casa, mas ela não estava silenciosa.
- Vovó? – minha segunda pergunta idiota do dia. Era óbvio que era
ela, só tinha nós duas aqui.
Ela não me respondeu. Então caminhei até o andar de cima e fui em direção ao quarto dela.
Abri a porta bem de vagarzinho e vi uma mulher idosa, muito fofa, com seus cabelos brancos e uma camisola de seda antiga deitada adormecida em sua cama. Ai, como eu amo a minha vózinha.
Pisando levemente no chão, me deitei em sua cama e desliguei a
televisão pelo controle remoto. Apoiei minha cabeça no ombro dela e suspirei feliz.
- Vir pra cá foi uma boa escolha, não foi? - ela não estava dormindo?
- Acho que foi uma das melhores que já fiz na minha vida. - sorri abobalhada.
- Que bom minha princesa. - ela beijou meus cabelos.
O que me fez suspirar muito mais feliz. Pelo menos uma vez na
vida eu tinha que acertar em algo.
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