Here We Go Again escrita por Camila Lacerda


Capítulo 6
Cada vez mais flashbacks




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Beijo. Sim eu me lembrava “do beijo” muito bem. Mas porque essa criaturinha queria tanto que eu me lembrasse do maldito beijo. Aquilo não foi um beijo de verdade... Nós só tínhamos doze anos! O que sabíamos sobre o amor? Nada, óbvio.

flashback on.

Mamãe estava no banco da frente do carro, papai guardando as últimas malas e eu estava me despedindo de vovó quando Selena apareceu com os olhos inchados.

"- Por favor, não se esqueça da minha promessa..." – ela murmurou enquanto me abraçava – "Você é a minha melhor amiga pra sempre."

"- Você também é minha melhor amiga pra sempre!" – tentei não chorar, jurei aquilo pra mim mesma. –" Logo que eu puder eu venho, viu." – tentei sorrir.

Fiquei as férias inteira escondendo somente de Joe que aquelas seriam as minhas últimas férias na casa da vovó –  tive de contar ao Nick porque Selena não conseguia guardar segredos dele, e ele jurou que não contaria nada ao irmão.

Para Joe eu iria embora hoje à tarde, não queria me despedir dele. Mesmo ele sendo o garoto que mais implicava comigo, que mais me chateava... Eu sentia que iria desmoronar se me despedisse dele, então toda a minha máscara de “eu odeio o Joe Jonas” cairia.

Na noite da festa eu me despedi de Nick, o fiz jurar que cuidaria de Selena enquanto eu estivesse fora – ela era extremamente inocente – e ele disse que cumpriria aquela promessa e eu realmente jurei para que ele estivesse falando a verdade.

"- Filha, você vai levar seu violão?" – papai perguntou segurando-o.

Eu pensei bem e respondi:

"- Não, vou deixá-lo  aqui." – na noite passada eu havia aprendido como tocar – Joe me ensinara - e  talvez assim eu ainda tivesse um laço mais forte que me prendesse a esse lugar do que a minha vó – sim, eu a amava muito e ainda amo, porém deixar o meu violão  era para mostrar a Selena que metade do meu coração ia ficar aqui com ela.

  Peguei o violão e o levei para o meu quarto com Selena me seguindo.

"- Por que você vai deixar o violão?" – ela perguntou segurando Melman em um abraço firme.

"- Porque eu sei que vou voltar e vou buscá-lo." – sorri e abracei Selena tentando guardar o cheiro de framboesa que ela tinha.

Descemos as escadas correndo e Selena ficou na porta da casa de vovó enquanto íamos até o carro.

Sentei-me no banco de trás - com os meus irmãos gêmeos
deitados em suas cadeirinhas dormindo - e rezando para que as minhas lágrimas não caíssem agora e desejei que papai fosse mais rápido para arrumar o carro.

"- Cinto. Ok." – ele murmurou baixinho - "Retrovisor. Ok." – ele
arrumou o retrovisor e eu olhei, vi duas manchinhas aparecerem no fundo e pensei serem apenas as crianças brincando na rua. - "Retrovisor Esquerdo. Ok". – papai arrumou o retrovisor do lado dele – "Retrovisor Direito. Ok." – ele se esticou por cima de mamãe para arrumá-lo e foi então que eu vi que as manchinhas se aproximavam cada vez mais.

"- Pai que horas são?" – atrapalhei a linha de pensamento do papai.

"- Hã? São nove horas da manhã filha, por quê?" – ele me fitou curioso e de repente o foco não era mais eu e sim o fundo.

"- Que crianças brincam na rua às nove da manhã?" – pensei alto.

"- Demi, o que é aquilo?" – papai continuava a olhar para o fundo.

E eu acompanhei sua visão. Assim percebi que as duas manchinhas não eram crianças brincando na rua, mas sim pessoas que eu conhecia.

"- Querido, vamos." – mamãe tentou chamar a atenção.

"- É o Joe e o Nick." – esqueci-me dos bebês e gritei quando os identifiquei.

Abri a porta do carro e eu vi todos me olharem assustados. Eu não prestei atenção, apenas corri. Corri o mais rápido que eu pude sem pensar em mais nada... Por instantes eu me esqueci que estava partindo e que talvez só muito depois eu voltasse, eu me esqueci de que todos estavam me olhando, esqueci que não deveria correr na rua, mas eu estava correndo em direção dele. Então nada mais importava.

"- Demi." – ele gritou quase sem fôlego.

"- Joe..." – tentei diminuir a velocidade.

"- Demi." - ele me abraçou. – "Estava pensando em ir embora sem se despedir de mim, né?" – ele me encarou.

Fiquei sem respondeu por que esse era o meu plano. Sem lágrimas.

"- Me desculpe Joe. Você é..." – o que ele era? Um amigo? Não, muito mais que isso. Um irmão? Não eu o amava. O meu amor? Sim, ele era - "Eu não conseguiria me despedir de você..."

"- Tudo bem." – ele beijou o alto da minha cabeça ainda abraçado comigo – "Eu..."

Ele não conseguiu continuar o que iria dizer, mas pouco me importava... Ele havia ido me despedir de mim mesmo eu sendo uma medrosa... Naquele momento eu percebi que a maneira que tratávamos um ao outro era a nossa maneira estranha de gostar. E que ódio e amor caminhavam juntos.

Joe era o meu primeiro amor sem medidas. Mas agora meus pais haviam estabelecido a medida... Eu iria embora e ele ficaria aqui, talvez eu pudesse voltar... Talvez eu fizesse a minha vida e ele a dele... Talvez um dia nós pudéssemos viver isto sem regras, sem medidas. Só nós... Porém era sonhar demais pra apenas uma garotinha.

Nós continuávamos abraços e eu senti a lágrimas rolarem pelo meu rosto e encostarem na camiseta preta dele. Aquilo eram lágrimas de amor, lágrimas que seriam desperdiçadas a toa, pois nada mais no mundo faria com que meus pais me deixassem viver aqui. Nada.   

"- Demi..." – ele colocou suas mãos quentes nas minhas bochechas e me fez olhar em seus olhos, os olhos dele estavam vermelhos e eu percebi que ele tentava conter as lágrimas - "Mesmo que isso seja só como naqueles filmes que no final os principais não ficam juntos... Talvez nós não sejamos feitos para ficar juntos... Eu quero que você leve isso com você."

Então a distancia entre os nossos rostos diminuíram e os lábios macios e quentes dele se encontraram com os meus. Senti-me nas nuvens. Joe falando coisas bonitas pra mim, nossos lábios em um longo beijo. Isso era um sonho... E amanhã eu iria acordar e ver que nada aquilo havia acontecido.

Uma de minhas lágrimas chegaram a encostar nos nossos lábios e eu percebi que os de Joe se afastaram dos meus e ele me abraçou.

"- Joe..." – eu o chamei baixinho com a cabeça em seu ombro – "Você acha que o que o destino juntou a vida pode separar?"

Ele levou um longo minuto...

"- Não." – respondeu firmemente. – "E leve isso também." – nos afastamos e ele tirou do bolso uma carta. – "Só abra quando chegar..." – ele iria dizer: “em casa”, mas ele sabia que a minha casa era aqui -"... Lá."

Olhei pra carta e ele beijou a minha testa.

"- Só quando chegar em lá sua teimosa." – ele brincou e conseguiu tirar um sorriso do meu rosto.

Quando Joe saiu andando de volta pela rua. Eu senti minhas pernas
barbearam. E foi assim que eu vi que Nick estava por perto, pois ele saiu
correndo atrás de Joe. Selena veio correndo em me acolheu em um abraço por trás.

Minhas mãos estavam tremulas, entre tanto eu não iria soltar a carta.

"- Você tem que ir, Demi." – ela sussurrou no meu ouvido e me levou pro carro.

Eu vi vovó e Selena me darem tchau pela janela e eu não respondi, estava ouvindo a voz de Joe, revivendo aquela cena na minha mente.

flashbackoff.

Eu fiz aquilo por muito tempo quando fui pra casa.


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