Hitsugaya Toushirou era um jovem fotógrafo. Apenas isso. Não era o melhor, nem o mais famoso, mas provavelmente era o que mais amava a profissão. Todos os dias saía em busca de algo que o chamasse a atenção, mas ele tinha preferência, principalmente, por coisas simples.

Naquele dia em especial, acordou de madrugada: Sonhara com o Sol. Somente o Sol, que parecia estar nascendo ainda. No sonho, aquela grande bola de fogo aparecia por trás das montanhas vagarosamente, como uma pessoa que acabava de acordar, mas que ainda estava com sono.

Aquela imagem por si só foi o suficiente para que todo o seu sono se esvaísse por completo. Levantou, arrumou-se, pegou a câmera e foi a um parque que havia na cidade, com o céu ainda escuro. Era um pouco distante, e como ele foi à pé, quando chegou ao local já estava começando a amanhecer. Com certeza, aquele era o momento perfeito, e não iria deixar essa chance escapar.

Escolheu o melhor ângulo e tirou uma foto. Quando mudou de posição e ia tirar outra foto, viu uma cena que não pode ignorar: Uma moça chorava sentada em um banco, completamente sozinha. Lágrimas grossas rolavam livremente pelo rosto branco e liso como porcelana. Pelo silêncio do local, podiam-se ouvir os soluços de pura tristeza e desgosto. Era uma mulher realmente linda: Os cabelos lisos e negros como a noite emolduravam-lhe o rosto perfeito, contrastando com a pele incrivelmente branca, e levemente rosada nas bochechas. Parecia uma boneca, mas o que mais o encantou foram os olhos: Eram obsidiana, extremamente negros, que combinavam perfeitamente com a boca bem desenhada e os lábios carnudos e avermelhados.

Toushirou não acreditava em amor a primeira vista, mas aquela mulher, cujo nome nem sabia, de repente o fez acreditar. Ela era tão linda que não pôde resistir: Tirou uma foto, e mal sabia que aquela foto iria tornar-se sua preferida. Deu alguns passos em direção à moça, mas ela, ao perceber a aproximação, assustou-se e saiu correndo dali. Desde então, Toushirou nunca mais a viu.

A única lembrança que tinha daquela linda mulher era aquela foto. A única. Costumava ficar olhando a foto, no silêncio do seu estúdio, imaginando como seria se eles tivessem se conhecido. Mas disso não passou, e a linda mulher ficara só na sua lembrança. E no seu coração.