Ela aproximou - se da campa, numa gélida e enevoada manhã primaveril. Aproximou - se lentamente, enquanto os seus olhos marejavam. Ela havia se importado com ele, apesar de nunca lho ter dito.

A morte mais injusta de todas, repetiu para si própria.

Apesar da sua morte, ele continuava vivo no coração dela, e no de todos aqueles que o amaram.

Perda....

Abstinência emocional, coração confuso, uma encruzilhada de opções bloqueadas pelo choque.

Só o tempo a pode diluir do organismo.

Mas o tempo, não havia de curar esta perda, não nela, não dele. Era como se um injustificado sentimento de culpa se tivesse apossado da sua alma e a fizesse lembrar - se dele, em cada acção, em cada pensamento. Ele estava sempre presente.

Mas se era por ele que ela chorava, também era por ele, que se levantava todos os dias e encarava o mundo, o mundo e a vida.

Talvez a morte fosse mais fácil, talvez tivesse sido a melhor opção. Era ela que chorava agora, e não ele. A morte era a unica forma de acabar com a sua dor, o seu sofrimento, a sua perda.

Mas como Alvo um dia disse: “Chegou a hora de escolher entre o que é certo e o que é facil”.

Por mais que tente desvalorizar, o panorama é demasiado óbvio. Por todo o mundo mágico está em andamento a introdução silenciosa e gradual de uma nova era. Sem Lord Voldemort, sem Snape, sem Lupin, sem Fred e sem muitos inocentes e culpados que nesta guerra morreram. São angústias a mais, questões por resolver, acertos adiados...

A vitória sobre as Trevas não é uma história fácil de contar.

Assim como não é facil maquilhar uma dor profunda e no entanto é necessário. Para que a dor passe, para que as lágrimas possam secar um dia.

Ela não queria acreditar, ela não podia... Ele havia morrido por uma causa justa, mas ainda assim... Ele estava morto... Mas para ela, ele ainda vivia, embora não passasse de uma recordação. Era ingrato, aquele sentimento, e injusto acima de tudo. Ela apenas queria, apenas desejava que ele voltasse, embora soubesse que isso era imposivel. Mas só se encontra a felicidade quando se entrega o coração, e ela havia - o feito. E não se arrependia, porque por muito má que aquela dor fosse agora, ela havia sentido, e queria continuar a sentir, até que, talvez um dia, aquela mágoa fosse também uma memória, apagada pelas lágrimas. Mas ele nunca iria morrer, não para ela, não para o seu coração. Enganam - se aqueles que assim o acham. Porque para seguir em frente, não é necessário aceitar a morte, apenas aceitar que algumas pessoas vão permanecer nos nossos corações mas não nas nossas vidas. Morrer é apenas a curva da estrada.

Quando a imensa felicidade é interrompida pela dor da morte ...

É aí que o futuro começa.