"Socorro! Me ajude!.... Socorro!!!"

Acordei no meio da noite com um grito, percebendo que eu estava em minha cama. Um momento depois, ao abrir os olhas e olhar para cima, percebi que este não era meu quarto, esta não era minha cama e essas roupas também não me pertenciam. A única coisa que me pertencia era minha própria desolação,meu desespero.

"Você! Foi você quem a matou! -gritos- Foi culpa sua!"

Minha mente me lembrou dos gritos, daquela noite aterrorizante. Aquela cena estava encravada em minha mente, a noite em que Amélia morreu e Michael me culpou por tudo que poderia haver. Um barulho me trouxe de volta para a realidade e me assustou. Percebi, então que alguém estava à porta.

-Entre. - sussurrei, ofegante e tremendo, tentando evitar que o desespero em minha voz fosse óbvio. Então a porta deslizou para a frente e olhos simplesmente azuis invadiram minha visão, ao mesmo tempo invadindo minha alma.

-Você está bem? - meu anjo perguntou, num sussurro terno, ao se sentar ao meu lado na cama. Balencei a cabeça negativamente por um momento, em silêncio. -Quer falar sobre isso? -ele sussurrou em meu ouvido novamente e, por mais que sua voz expressasse ternura e carinhos, um arrepio de medo me subiu pela espinha. Não respondi por alguns segundos.

-Foi só... um pesadelo. - respondi a sua pergunta, mas no fundo estava mesmo era tentando convencer a mim mesma. Ele me abraçou.

-Só um pesadelo. - ele afagava minhas costas. - Já passou. Agora você está em casa. Eu vou te proteger, minha linda.

Lágrimas, então, resolveram me escapar aos olhos quando ele sussurrou aquilo. Meus braços puxaram meus joelhos e os envolveram, enquanto eu me deitava lateralmente na cama. Percebi que, pela primeira vez, que eu não estava fugindo de ninguém; eu tinha me deitado virada para seu rosto, eu não desejava por sequer um momento perder aqueles olhos de minha visão.

Ele se deitou frente a mim e me abraçou, me deixando chorar por um bom tempo. Seus olhos não abandonavam os meus, mesmo quando eu fechava meus olhos por um longo tempo. Certa hora ele olhou brevemente para a janela e vimos o Sol penetrando pelas cortinas pretas com detalhes brancos.

-Volto já, meu anjo. - ele disse suavemente e deu um beijo suave em minha testa, levantando da cama e saindo silenciosamente pela porta.