Trigésima Edição escrita por Liv


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Para não se perderem...
Distrito 1 formado por Luvye e Kieran; Distrito 2 formado por Halee e Jordan; Distrito 3 formado por Meredith e Dex; Distrito 4 formado por Alexa e Jace; Distrito 5 formado por Giovanna e Peter; Distrito 6 formado por Lunna e Thauan; Distrito 7 formado por Lucy e Blane; Distrito 8 formado por Brooke e Jhon; Distrito 9 formado por Lyanna e Túlio; Distrito 10 formado por Daria e Victor; Distrito 11 formado por Trudy e Michael; Distrito 12 formado por Astrid e Noah.

Boa leitura!



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Astrid emitiu um ruído desesperado.

Noah parecia orgulhoso.

Porém, ele não havia atingido os Carreiristas. Não exatamente, com a flecha transpassando a carne de algum deles; algo que ele desejaria que acontecesse muito, muito mesmo. Ela, a flecha, só passou zunindo na cabeça de Kieran. Bem no lado direito.

Kieran estava conversando, falando e falando com Halee, a pessoa com quem havia se tornado mais próximo da aliança nesse meio tempo no Centro de Treinamento. Estavam mais juntos do que Kieran e Luvye “deveriam ser”, ou até mesmo Jordan e Halee, que era um caso à parte. Jordan odiava a princesinha psicótica da Halee.

Kieran, como todos os outros, estava boquiaberto. Depois, como uma nuvem negra, seu rosto se fechou e o cenho se franziu. Respirou fundo. Definitivamente, não era um bom sinal.

Jordan continuava calado, como sempre. Mas havia algo de diferente em seu rosto, talvez sendo uma raiva oculta agora borbulhando no seu interior. Halee era a que mais estava chocada, com a boca aberta em um cômico “O”, pois fora ela quem mais o subestimou. Já Luvye observava Noah de um jeito interrogativo. Sem raiva ou medo, só... desconfiança. E, quem sabe, uma certa curiosidade.

Ele era louco ou burro?

Ou corajoso?

— Boa mira, 12. — falou Kieran, soltando uma risada em seguida. Não foi uma risada confortável, mas sim uma sarcástica, até descontrolada. Estava morrendo de raiva por dentro. Era visível. — Quero ver se consegue continuar com este desempenho na arena.

Noah pegou a ameaça no ar. Deu um sorriso forçado. Ia abrir a boca para dizer algo, retrucar a altura, mas Astrid logo apareceu apertando seu braço com uma força que não sabia que a garota tinha. Ele falou um palavrão baixinho e ela o arrastou para fora do ponto de vista dos Carreiristas. Estranhamente, ele deixou ela o levar.

— Imbecil! O que foi aquilo? — ela exclamou gesticulando as mãos, levando-as para cima e para baixo, como sempre fazia quando estava ansiosa ou nervosa demais. — Estava querendo mostrar que era forte? Sabe o que você realmente mostrou? Que é um idiota impulsivo demais e que é uma presa fácil independente do quanto sabe usar arco e flecha!

— Não. — ele disse e pegou as mãos dela, que ainda não paravam de se mexer, puxando-a para mais perto. Astrid ficou parada por um momento, chocada. Ninguém nunca tocava nela assim, de repente. Mas ela não disse nem fez nada. — Mostrei que posso ser forte e que deveriam ter cuidado comigo. Com nós.

Ela se distanciou dele, o empurrando.

— Não me inclua nisso, Noah.

Depois disso, Astrid saiu do Centro de Treinamento sem falar nada.

Muitos tributos haviam parado o que estavam fazendo para ver o ocorrido. Fora um verdadeiro espetáculo, deixando alguns espantados com a atitude inesperada e basicamente suicida de Noah, outros deixando claro que o desaprovavam, murmurando entre si. Porém, havia alguns que até o admiravam. Ele fez algo que muitos gostariam de fazer. Só não tinham coragem.

— Esse garoto vai ser morto na Cornucópia. — falou Túlio Durden, o tributo masculino do 9, para ninguém ao certo.

Lyanna Castell, do mesmo Distrito, levantou a cabeça e olhou para Túlio.

Ele deu uma piscadela para ela. Ela fechou o rosto imediatamente e voltou-se com sua espada, carrancuda. Ela o achava irritante, com seu jeitinho de conquistador. Não sentiria pena se ele fosse o primeiro a morrer na arena.

Eles estavam usando espadas e atacando alguns bonecos. Lyanna era forte como Túlio: ambos sabiam utilizar uma espada com muita rapidez, com uma habilidade invejável. Ela era mais ágil, mas ele utilizava mais força nos golpes. Túlio percebeu isso e riu. Lyanna começou a imaginar mentalmente se ele gostaria da espada que ela segurava cravada em seu pescoço.

Também havia outros que estavam treinando espadas nos bonecos no mesmo local. Eram Jhon Montielle [Distrito 8], Daria Hoeguen [Distrito 10] e Trudy Megara [Distrito 11]. Todos eram bons, mas afinal, eram apenas bonecos. Não era tão difícil atacar alguém que não se mexe. Nem um objeto.

Matar um ser vivo é completamente diferente.

Na parte de sobrevivência, havia apenas os aliados do 5 e 6. Falavam muito de água, tempestade e coisas do tipo: a arena estava relacionado à água, obviamente. Talvez não passariam muita sede. Talvez. Porém, seria muito provável que eles precisassem nadar, se o local fosse uma espécie de ilha. Eles, pelo menos, poderiam fazer isso. Não como Jace e Alexa, do 4, que treinam desde pequeno seus pulmões, braços e pernas. Mas poderiam.

Giovanna pareceu desconfortável com isso. Ela não poderia nadar muito bem. Não conseguiria ser tão rápida como os outros. E poderiam tentar afogar ela.

Isso seria péssimo.

Brooke Vijjari estava nas redondezas da área de sobrevivência, também. Entretanto, não dava para saber o que ela fazia. No que ela era boa ou ruim. Ela era discreta, até demais. Só sabiam de uma coisa: ela nunca visitava as armas de longa distância.

Jace e Alexa, junto com Meredith e Dex, foram para a área de escalagem.

Jace conseguia fazer isso. Escalar. Na verdade, ele conseguia fazer de tudo um pouco. Pelo menos, parecia com esse rostinho bonito. Sua companheira, Alexa, também era boa nisso, parecendo até gostar de escalar. Mas, curiosamente, o melhor de todos era o mais novo: Dex. Ele era ótimo em escalar. Melhor que todos do local, se bobear, melhor que todos os tributos. Em contrapartida, Meredith não era muito boa. Péssima, para dizer a verdade. Caiu duas vezes tentando escalar. Ela sentia nas suas costas os tributos a olhando com pena ou rindo de seu desempenho patético.

Ela, sim, era uma presa fácil.

Michael Gilb [Distrito 11] era o mais novo dos tributos, até pelo menos três dias. Ele iria fazer 13 anos daqui há três dias. Daqui três dias eles irão para a arena.

Que lindo presente que a Capital providenciou para ele.

Mesmo assim, ele era bom. Nem parecia ser o mais novo. Dex, mesmo sendo mais velho, era bem mais baixinho que ele. Ele era forte e ótimo em lutas corpo a corpo devido as diversas brigas que havia se metido em seu distrito, e sabia se camuflar. Escalando era mediano, mas sabia. Era melhor que Meredith.

Muitos estavam de olho nele.

Isso incluía Victor Castellan [Distrito 10], de 15 anos, que ia mais para a área de sobrevivência do que para as armas. E falava um pouco demais. Surpreendentemente, isso arrumou alguns pontos para ele, que conseguiu se juntar à aliança do 5 e 6.

Foram assim que os dias se passaram: treinar e treinar, tentar arrumar alguma aliança, alguns por escolha, muitos não sabendo o que fazer e outros já tendo tudo planejado desde que viram seus nomes na Colheita.

Não demorou para o último dia do Centro de Treinamento chegar.

Naquele momento, as alianças estavam maiores, menos as dos Carreiristas, que permaneciam sempre as mesmas, sendo composta pelo 1, 2 e 4. Mas, agora, como algo inédito, o 3 (no caso, somente a desastrada Meredith) havia conseguido adentrar nos Carreiristas.

Mas havia a outra aliança, que englobava os Distritos 5, 6, 10 e 11. O plano deles estava seguindo um ritmo bom: talvez assim, eles pudessem acabar com os Carreiristas. Por mais que tudo isso pareça uma ilusão, eles tentariam.

Os outros tributos preferiram ficar sozinhos ou até escolheram duplas.

Luvye continuava rotineiramente nas armas de longa distância, como se fosse a única coisa que lhe trouxesse alguma alegria naquele lugar, por mais que soasse impossível. Mas, agora, ignorava as facas; ela já sabia muito bem como usá-las. Estava tentando ver como se sairia no arco e flecha, descobrindo que não era ruim nem excelente, mas poderia conseguir se virar com um pouco mais de esforço. Entretanto, os verdadeiros arqueiros do Jogo eram Astrid e Noah.

Depois de um tempo, decidiu ir para a camuflagem. Não ficou tão ruim assim sua camuflagem. Dava até para enganar, se estivesse em um local um pouco menos iluminado. Jordan chegou algum tempo depois, parando do seu lado, porém sem olhar para ela em nenhum momento, como se ela não existisse. Como costumava fazer com todos. Luvye tentou evitar, mas não conseguiu não levantar a cabeça e vê-lo começando uma espécie de galho no seu braço que era mais musculoso do que ela esperava. Não era a toa que até Kieran evitava deixá-lo nervoso.

No final das contas, a camuflagem dele estava horrível. Ele era péssimo nisso.

Em outras ocasiões, Luvye teria rido.

Pela primeira vez, ele pareceu notar o olhar dela em seu braço.

— Não sou tão bom nisso. — falou do mesmo jeito que sempre falava: em um tom médio e grave.

Luvye tentou esconder a surpresa ao vê-lo falando com ela. E, mais ainda, ao vê-lo deixando uma pequena brecha: de deixar que ela falasse com ele, sem ser algo a ver com “como iremos matar os outros tributos” ou qualquer coisa assim.

Ela levantou a cabeça para olhar nos olhos dele.

— Não mesmo. — disse sincera. Com ele, Luvye sentia que podia falar as coisas assim, ao contrário de Kieran, que deveria tomar o máximo de cuidado possível. Ela não precisaria da Capital para virar uma avox. Kieran pouparia o trabalho.

Jordan deu de ombros e continuou com sua péssima camuflagem. Ele não precisava disso. Não quando ele conseguia arremessar pesos gigantescos na cabeça de alguém.

Isso já contava bastante.

— O que você acha desse negócio de aliança? — comentou Luvye, quebrando o silêncio. — Esse negócio de, você sabe, Carreiristas e coisas do tipo. Você não parece um típico Carreirista... não como os outros.

Jordan arqueou as sobrancelhas.

— Como Kieran, você quer dizer?

Ela assentiu.

— Já vi muitos tipos dele no 2. Ele não durará muito tempo ou vai ser um dos que vão chegar à reta final. — respondeu enquanto remexia os pincéis. — De todo jeito, se tiver a chance, não hesitarei em matá-lo. — ele sentiu o olhar de Luvye ficar petrificado, como se ele tivesse dito uma coisa horrível. Parou de mexer nos pincéis e a olhou por alguns segundos. — Eu te assusto?

— Não. — respondeu correndo. Não queria demonstrar medo. Ela não poderia.

— Eu não sou o Kieran. — Jordan franziu o cenho. — Mato quando necessário. Não por motivos egocêntricos de um psicopata como ele. — agora, ele parecia estar com raiva. Luvye se arrependeu de ter puxado conversa, como se ele pudesse explodir a qualquer momento, com seu rosto se transformando em uma máscara de ódio endurecida. Jordan suspirou. — Sobre as alianças, não servem para muita coisa. Vamos todos nos matar mesmo.

— Com a aliança, iremos conquistar a Cornucópia. — Luvye parou um pouco, pensando como havia soado como Halee ou Kieran ao falar isso. Entretanto, essa era a verdade, não era? — Teremos mais comida e chances de sobreviver. Até certo ponto. Depois, aí é cada um por si.

— Luvye — ele falou o nome dela de um jeito calmo, mas firme. Ficou um tempo olhando para ela, tanto tempo que ela franziu a testa levemente. — Não foi sempre assim? Cada um por si? Desde que nossos nomes foram tirados na Colheita? Desde que nascemos, nos Distritos?

Ela não falou nada, mas concordou com ele.

Luvye tinha um plano, rápido e eficiente. Não queria ficar no meio dos Carreiristas. Somente no primeiro dia. Depois, tentaria sobreviver com o que conseguir. De todo modo possível.

Jordan nem mesmo tinha um plano.

Mas ele tinha que ter um, porque a entrevista seria no dia seguinte: a chance dos tributos arrumarem patrocinadores.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Mortes: 0



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