Ele caminhava ao longo da água que circundava os Portos Cinzentos. Seu olhar vagava para bem longe daquele local, relembrava tudo o que acontecera, de vez ou outra apanhava-se nesses pensamentos.

Com o seu povo na Terra Média, as eras que lá viveu, a Guerra pela aquela Terra que tanto amara, seus amigos que lá fizera…

Tanto tempo já havia passado…nunca mais os voltara a ver. Mas sempre estariam unidos por aquele singelos laços que iam além da irmandade, laços de amizade e amor.

E quando se permitia pensar, vinha aquela saudade que engolia seu peito. Mas sua vida desde que para ali fora, passara a ser muito calma, e ele agradecia aos Valar por isso, já havia visto demasiada miséria e dor ao longo dos tempos que vivera na Terra Média. Aquela paz e tranquilidade eram mais que bem-vindas em sua vida.

Seu coração estava já velho e cansado, apesar de seu corpo nunca envelhecer, era imortal. Imortal? Seria isso assim tão bom…? Eram reflexões que tempo ou outro apanhava-se fazendo.

Subitamente, um riso vinha na sua direcção, ele segurara-me na perna com suas pequenas e frágeis mãos, e do seu lado, uns braços rodearam sua cintura, encostando sua bela e loira cabeça no seu ombro, seus longos cabelos embatiam em seu braço.

Olhava para o lado, dando com a mais bela mulher que conhecera em sua vida e para baixo, vira um pequeno de olhos castanhos e de compridos cabelos loiros, sorria de modo genuíno e doce, não resistira a acariciar seu cabelo, ele todo feliz, rira-se com seu gesto.

— Ada(Pai)…asi ficolo despentlhado – Dizera seu pequeno filho, com sua voz infantil com os habituais erros de fala, próprios da idade. Ele era a sua alegria maior, sem sombra de dúvida.

Um leve movimento de seu lado fora o suficiente para ele desviar seu foco, encontrando-se com a sua bela mulher que detinha um olhar tão amável e doce na sua direcção, que isso rejubilava-lhe o peito, ele sabia que podia passar dias inteiros e eras inteiras admirando aquele sorriso, seu belo corpo encontrava-se encostado em si. Estendera seu rosto, beijando-lhe, ao qual ele comprazia-se sempre em corresponder-lhe, sorrira calmamente. Mas ela era perspicaz e muito observadora, notara a sua expressão melancólica, ficando com uma leve expressão preocupada e compreensiva.

— Saudades ?

— É, Linwë…mas esta tudo bem…

—Meu senhor Legolas, você não me engana, somos casados há muito tempo, meu amor, sei quando esta triste…

Acaricio seu rosto, aquela compreensão e aquele amor era algo que ele sempre buscara desde que recordara-se de existir,não resistira a beijar-lhe, ao qual ela não demora a responder.

Mas alguém mais pequeno e irrequieto, vira a cena ficando meio espantado.

— ai, que holole…vole blincar…- E saira correndo para perto dos primos que brincavam ao longe. Ríramos do seu “horror” infantil ante aquele ato dos dois.

— Estou melhor agora..- Dizera de rompante, ao que ela olhara-lhe detalhadamente e fixamente, aos poucos aumentara ainda mais o sorriso, ficara meio intrigado, olhando-a.

Notando sua confusão, Linwe leva suas mãos ao seu ventre. Demorara poucos segundos em entender, ali havia um motivo pelo qual a imortalidade valia a pena.

Ver o amor se perpetuar em frutos tão puros e doces.

Ver as gerações que se seguiriam a si.

A vida em movimento e em curso…

Sim, a imortalidade sempre valia a pena….