Fire escrita por PunkFreak


Capítulo 4
Second Chapter - New Moon, Short Night... (part 2)


Notas iniciais do capítulo

Oi! Sumi durante demasiado tempo, me desculpem. Este capítulo é a continuação do anterior, por isso (pelo menos na minha opinião) ficou minúsculo. Mas bem, os caps vão aumentando com o tempo, eu prometo. E as coisas vão começar a esquentar lá mais para a frente assim que não se preocupem. Boa leitura e a gente se fala lá em baixo!



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"No meu interior compreendi que tinha que responder às perguntas dele, a tudo o que ele me perguntasse tinha que ser respondido, por mais absurda  que fosse a questão. Umas lágrimas escorreram sem a minha autorização, tal como sempre que eu me sentia irritada ou com medo. Sentia uma certa raiva pelo facto de estar tão submissa a alguém.

Não entendo o que se está a passar comigo. Onde estou?"

Second Chapter - New Moon, Short Night ...(part 2)

Abanei a cabeça, como se estivesse a tentar afastar um pensamento muito ruim. A dor na minha mão foi gradualmente diminuindo, até se tornar apenas uma faisca que me fazia cócegas nos dedos. Abri e cerrei o punho para confirmar se era verdade: os meus dedos estavam lá, sentia-os perfeitos e macios. Não estavam cortados nem queimados como a dor me fez entender anteriormente. Gradualmente, voltei a sentir todo o meu corpo, que estava dormente até então. A onda começou nos membros superiores, estendeu-se até às minhas pernas e parou no meu peito, onde notei o som abafado das batidas do meu coração, que antes parecia parado.

Fui abrindo os olhos lentamente e com cuidado, temendo que a dor se voltasse a instalar. Soltei um suspiro de alívio quando reparei nada acontecia. Foquei a minha visão para o ponto mais alto no teto daquele quarto. Era o mesmo quarto rústico de anteriormente. Olhei à minha volta. Tudo estava normal, a única diferença era que agora havia uma garota de cabelos negros sentada numa cadeira, junto à cama.

- Você...? - disse, ficando meio estática. Em seguida puchei uma das mangas da camisa que ela usava. Ouvia sussurrar umas palavras nada educadas e abrir os olhos, soltando um grande bocejo. Depois olhou para mim, me olhando como se me estivesse a estrangular com os olhos.

- Sabe o que fez? Podia ter morrido queimada, kuso! - ela gritou. Não se assemelhava em nada á garota melancólica nem à garota fofa e alegre. Esta devia ser outra face, uma outra personalidade.

- Como assim eu podia ter morrido? - perguntei, meio que desesperada nem sei porquê. Porque eu nunca consigo respostas concretas para as minhas perguntas?

- Nunca brinque com aquele cara. Ele pode transformar você em fumacinha só com um olhar - a melancolia na voz dela era notável, mas no fundo havia uma nota de preocupação. - Você tinha mesmo que pegar a katana dele?

- Eu tenho alguma culpa de não saber de quem é que são as coisas! Tenho cara de quê, de detetive? - falei, deixando toda a minha raiva visível. Eu não queria aquilo, eu não queria estar num sítio estranho com pessoas estranhas e com multiplas personalidades!

Ela suspirou e voltou a inspirar, como se estivesse tentando se controlar para não explodir. A sua boca voltou a abrir e a fechar diversas vezes, mas de lá não saia qualquer som. Tudo isso me dava a impressão que ela estava me escondendo algo, ou que queria contar alguma coisa mas não sabia como.

Ela me olhou, inspirando fundo pela última vez.

- Caso você não tenha reparado, estava escrito "Kasai" lá, acho que com letras bem visíveis - se afastou um pouco, se levantando da cadeira e se dirigindo à porta do quarto. Me deixou um espaço para eu passar, com este gesto eu me senti mais à vontade para fazer as perguntas que me haviam atormentado até então.

- Eto... Gomen, mas eu gostava de saber algumas coisas - eu disse, como uma pequena introdução ao que estava para vir. Ela acenou levemente com a cabeça, mas algo na sua expressão me fazia pensar que ela não queria que eu lhe fizesse nenhuma espécie de perguntas. Caminhávamos em direção ao local de antes, onde nos pediram para escolher uma arma. Enquanto isso, ela ía-me contando tudo sobre o local onde estávamos, as pessoas que lá estavam. Aquele era um local em guerra, uma pequena aldeia que havia sido submetida a uma cidade maior e mais poderosa. Lembráva-me vagamente dos nomes por culpa das poucas aulas que eu tive sobre a China antiga, mas nada para além disso. Eu parecia uma criança a ouvir uma história de adormecer, tal era a minha concentração.

- Ah, aqui estão as fugitivas - uma voz estranhamente familiar fez-se presente atrás de nós as duas. Não precisava me virar para me dar conta de que haviam dois olhos verdes flamejantes me atravessando.

- Não liga, essa foi a alcunha que deram para a gente. Quando você desmaiou eu tive de carregar você para te tirar dali. Não imagina a confusão que foi - disse ela. Um garoto de cabelos compridos e vermelhos nos ultrapassou, dando passos largos e se afastando de nós rápidamente. A garota de cabelos negros e pele alva continuou a falar, contando algumas peripécias próprias e contando o que faríamos dali para a frente. Nós duas éramos as únicas mulheres ali, não entendi o porquê. Porém não achei correto perguntar, um receio estúpido me impediu. Não interessava realmente, daqui a algum tempo eu ía acordar e tudo aquilo sería esquecido.

- Venham, vocês duas - revirei os olhos. O garoto assustador me empurrava para andar mais depressa. O mesmo acontecia com a outra garota, que sussurrava baixo algo que, pelo tom de voz, devia ser uma série de palavrões. De repente o garoto me puxou pela mão, me fazendo recuar bruscamente, batendo com as costas no seu peito. Ele me prendia ali com um braço e eu estava tão focada em tentar me soltar que não reparei no ruído de um tiro que ecoava, que parecia vir de bem perto de mim.

Olhei à minha volta. No local onde eu anteriormente estava havia agora uma poça de sangue e um corpo feminino, do qual só consegui destinguir os longos cabelos negros.

- Era o destino dela. Mas não o seu. Não acho que você mereça a morte apenas por ter tocado na minha katana. - ouvi a voz dele bem próxima do meu ouvido. Senti um arrepio percorrer todo o meu corpo, ao mesmo tempo que tentava digerir as palavras que ele dissera. Fiquei paralizada, vendo um monte de homens armados correr na nossa direção, mais exatamente na direção dele. Paralizei completamente e a minha visão foi escurecendo, como se o toque daquele garoto fosse alguma substâcia tóxica. Alguma droga com efeito imediato. Um grito formou-se na mina garganta, mas não saiu antes que eu me sentasse bruscamente na cama, com os olhos arregalados e pupilas dilatadas.

Tentei controlar a minha respiração, sem sucesso, enquanto corri para a casa de banho. Tirei a roupa e liguei o chuveiro. Depois disso foi só deixar a água gelada fazer o seu trabalho.

Fui despertando lentamente. O meu corpo estava dorido, tanto que parecia que eu tinha dormido por dias, não só durante uma noite. Conforme a minha memória foi clareando consegui me lembrar de algumas coisas. Hoje era o día da mudança, o dia em que eu ía voltar para a minha casa de infância e finalmente esquecer todas os problemas que mudar de casa me trouxe. Claro que não iría embora antes de visitar a minha mãe no hospital e me despedir decentemente do meu pai. Arranjar-lhe um modo de sobreviver sem ninguém para cozinhar. Depois disso, poderia viver e apreciar a minha independência.

Sequei-me, penteei-me e vesti alguma coisa leve. Lembrei-me, de repente, que não sabia que horas eram, pois havia dormido assim que cheguei da escola. Ouvindo uma playlist dos Slipknot. Não me perguntem como o Ipod se desligou sozinho, só sei que quando acordei ele estava em cima da mesa de cabeçeira, com os fones desembaraçados. Acho que ontem eles não estavam assim tão arrumadinhos...

- Kuso! - como assim, meio-dia? Eu não podia ter dormido assim tanto, podia? Bem, eu cheguei da escola às 16:00... Dormi, umas... vinte horas? Como é que...

Meus pensamentos foram interrompidos pelo ruído de queixa do meu estômago. Soltei um gemido baixinho. Só agora é que a esmagadora fome me atingira. Me senti um pouco culpada por ter deixado o meu pai à mercê dos seus dotes culinários. Ele só sabe fazer o pequeno-almoço, onde só é preciso fritar ovo.

- Otou-san? - perguntei, meio que gritando, enquanto abria a porta do meu quarto. Não sei porquê mas estava meio preocupada com o meu pai, coisa idiota. Ouvi o barulho de alguém a cair, algo de vidro a partir e um "merda!" vindo da cozinha. Provavelmente havia sido o meu lindo e maravilhoso pai tentando, inutilmente, fazer algo tragável sem tacar fogo em nada nem partir coisas. Soltei um suspiro de alívio, que foi interrompido com pensamentos e flash backs do meu sonho dessa noite. Minha cabeça doeu um pouco e eu gemi baixinho, mas logo passou. Que estranho, eu nunca lembro dos sonhos depois de acordar, isso é um facto sobre mim.

- Que você quer, meu bem? - a voz rouca e reconfortante do meu pai acordou-me dos meus desvaneios. Ainda bem, estava precisando de um golpe de realidade. 

O interessante é que, mesmo com todo o sonho presente na minha cabeça, as principais imagens que povoam os meus pensamentos são todas de um certo garoto de olhos verdes vibrantes e cabelo em chamas.

"Quando uma pequena faísca é libertada, esta só tem dois destinos possíveis: ou desaparece completamente com o mais suave sopro de vento, ou expande-se até sair do seu controle e queimar o que estiver por perto, envolvendo tudo num fino cobretor de cinzas...

"Maya Yamamoto (autora)


Next Capter: Just a dream... My dream...


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Notas finais do capítulo

E é isso! Não vou me pôr aqui dando desculpas sobre o sumiço pois sei que ninguém se interessa por isso. Apenas peço imensa desculpa, vou tentar não repetir a façanha. E, por favor, deixe um review. Porque não vai ocupar muito do seu tempo e vai dar uma força enorme. Nem que seja um "continua" ou uma ameaça de morte. Arigatou por ler!