Fire escrita por PunkFreak


Capítulo 2
Prologue


Notas iniciais do capítulo

Apenas o prólogo, a história daqui para a frente pode tomar um rumo diferente. Digamos que estão a ler uma história criada no fundo de uma mente insana... c:



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Levantei-me da cama contrariada e despi o pijama. Demasiadas emoções me tomavam naquele momento, podería dizer-se que eu não sabia o que fazer.

A minha vida tinha sido destruída recentemente. A minha mãe, já presa a uma cama de hospital há algum tempo, entrou recentemente em coma. O meu namorado acabou comigo por "não querer esperar", dito com as suas palavras. Parece que estou rodeada de pessoas infantis e egoístas que não se preocupam com os sentimentos dos outros, já que os meus "amigos" também não me falam sequer. A única pessoa a quem me posso apoiar é o meu pai. É o meu muro de protecção.

– Yuki! O pequeno almoço está pronto! 

– Vou descer, otou-sama! - vesti umas leggins e a T-shirt branca larga de todos os dias, prendi o meu cabelo num coque frouxo e desci a correr, em direcção à cozinha. Peguei o meu mp3 que estava a recarregar bateria à entrada, assim que ouvi o meu pai a cantar. Não é algo muito agradável de se ouvir pela manhã. Ou, na verdade, em qualquer outro momento do dia.

– Ohayo - peguei no pacote de leite que já estava em cima da mesa à minha espera.

Ele tirou um dos seus earphones para me responder. Então era por isso que ele cantava.

– Podias acordar um pouco mais cedo, não? Pensas que sou a tua empregada doméstiva.

Podemos então dizer que o meu pai não é o exemplo da boa educação nem da delicadeza.

– Poderia podia ser um pouquinho mais delicado a falar, estou a passar uma fase difícil da minha vida - fiz cara de censura e ri-me em seguida. O meu pai nunca iria mudar, nem eu queria.

– Pronto, diz-me se assim já está melhor: Poderia talvez acordar mais cedo?

– Muito bem, senhor Tanaka - peguei numa torrada e mordi a ponta. Dei um "adeus" que ele nem devia ter ouvido direito, já que colocou novamente o earphone no seu lugar. Saí, olhei rapidamente para a rua cheia de trânsito onde eu me situava. Liguei a minha mota e juntei-me ao monte de carros que se acumulavam na estrada. Por muito que não me apetecesse fazer nada hoje, tinha que ir à escola como habitualmente.

Fui andando a toda a velocidade até chegar ao recinto escolar. A minha mochila já estava dentro do cubículo que eu tinha debaixo do acento assim que apenas foi preciso tirá-la e colocá-la no meu ombro. Estava pronta, dentro dos possíveis.

A escola sempre foi um local em que eu nunca me senti muito confortável. A minha claustrofobia tem o dom de atacar assim que eu saio da sala de aula e entro naquela multidão de adolescentes cansativos. 

Dirigi-me para a minha sala. Entrei no modo automático, em que não precisamos de pensar para nos movermos sequer. Fui para o fundo da sala, como de costume. Aí eu poderia sentar-me sossegada e desenhar sem ninguém a incomodar-me. Ninguém iria conversar comigo, não conheço quase ninguém de minha própria turma. Acho que "os outros" também não se dariam ao trabalho de me conhecer, minha mente é mais complicada do que a de qualquer um deles. D' "os outros" Das pessoas normais, adolescentes.

Não prestei atenção à entrada do professor na sala de aula. Não me lembrei que disciplina iríamos leccionar. A minha mente sempre foi uma folha em branco em que só entrava um lápis de carvão e os meus pensamentos. No entanto, o silêncio impenetrável da minha consciência foi quebrado com um anúncio que eu não esperava. Não fazia parte da minha rotina. Imperturbável rotina.

– Bom dia, alunos. Há um novo colega de turma. Seu nome é - e olhou para a folha suspensa na palma de uma das suas mãos - Kasai Kobayashi e tentem dar-se o melhor possível com ele - o professor falou numa voz aborrecida. Acho que nem o próprio sensei gostava de estar aqui, aturando adolescentes arrogantes e barulhentos. Nem ele dava grande importância ao facto de ter um novo aluno na turma, talvez apenas lamentasse ter mais um delinquente para aturar.

Ele foi sentar-se no lugar à minha frente, o único lugar livre pois eu odiava quando alguém se sentava na minha frente. Ouviram-se alguns sossurros quando ele se sentou, mas não houve mais comentários sobre o assunto.

– Só para avisar, ele mudará de escola amanhã. A aula de hoje é só por motivos provisórios - alertou o sensei, antes de dizer "e irrelevantes para vocês", entre dentes. Os murmúrios na sala aumentaram, só para depois cessarem violentamente, enquanto ele se sentava também no fundo da sala. Assim está melhor, pensei.

"Eu sei apresentar-me sozinho", foi o que ouvi à minha frente, num sussurro para que o sensei não ouvisse. Ele pegava um cigarro e ia começar a fumar quando o sensei olhou para ele. Escondeu o cigarro atrás das costas e, quando o sensei voltou a explicar o que estava escrito no quarto, ele acendeu o isqueiro.

A parte de trás da sala de aula não era visível, e eu já tinha visto muitos (demasiados) colegas a fumar no interior do recinto escolar. Nunca dentro de uma sala de aula. Isso não me incomodaria se ele não estivesse sentado na carteira à frente da minha.

– Não podes escolher outro local para acender... isso? - perguntei. Ele olhou para mime soprou o fumo na minha cara, voltando-se para a frente.

– Seu grande retardado, o que você fez com essa fumacinha aí? - tá, eu estava muito puta, mas essa não era uma razão para perder a minha postura. Eu sou calma, mas há coisas que me tiram mesmo do sério.

– Como é que é? - ouvi a voz do garoto, e este se voltou para mim novamente. Me deixou um pouco com medo, tenho que admitir. Ele conseguia ser assustador. Em seguida ele se riu, como se estivesse rindo de mim - Você não sabe chingamentos melhores?

Meu dia podia melhorar?

O sinal tocou para intervalo. Cara, quando eu perguntei se o dia não podia melhorar eu estava sendo irónica. Mas afinal até melhorou mesmo, obrigada Kami!

Saí da sala, sendo seguida pelo tal garoto dos cabelos vermelhos. Mal eu sabia como tudo isto acabaria...


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Notas finais do capítulo

Como eu falei nas notas do capítulo, isto é apenas um prólogo. A história vai mudar lá mais para a frente. Para quem não sabe, Kasai quer dizer fogo. Mereço reviews?