Ciúmes escrita por SKSH95


Capítulo 1
One Shot




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  Annabeth entrou no seu chalé pisando forte e resmungando, enquanto eu a seguia furioso. O chalé de Atena, como sempre, estava lotado, metade dos irmãos dela se amontanhavam perto do banheiro e outros em cima de seus beliches fazendo algo genial. Mas, no momento em que entramos todos nos olharam, sendo inteligentes o suficiente para fingir que não olhavam para nós, porém curiosos demais para ignorar-nos.
 - Fora. - Annabeth falou, sim, falou. Ela não precisava gritar, já que todos a respeitavam. Em menos de dois minutos o chalé estava deserto.
  Restava, então, apenas eu e ela.
 - O que diabos foi aquilo? - Eu falei, tentando ao máximo controlar a raiva na minha voz.
 - Eu não faço a menor ideia, Perseu. Por quê você não me explica?
 - Como é que é?
 - Ah, não se faça de mal-entendido. Você sabe muito bem o que aquela filha de Afrodite queria!! - Agora, ela gritava, não com medo que eu não escutasse, não, ela gritava por raiva.
 - Ela não queria nada, Annabeth. Deixe de surtar por nada.
 - "Ela não queria nada, Annabeth." - Ela falou fazendo uma péssima imitação da minha voz. - Você é altista por acaso, Perseu? Não viu como ela se oferecia para você? Como passava a mão em você sem necessidade? Ela nem estava caindo e se apoiava em você, só para tocá-lo.
 - Tá vendo? Você está enxergando coisas que não existem! Tinha um buraco, por isso ela caiu.
 - Não, não tinha, a não ser que ela tenha cavado. Sabe por quê eu sei disso? Simplesmente, porque eu treino ali e nunca, NUNCA, caí.
 - Seu ciúme está atingindo um grau anormal. - Eu falei e lhe dei as costas, era insuportável brigar com Annie.
 - Olhe para mim, Percy. - Sua voz estava no tom normal, novamente. - Percy, por favor.
 Sua mão delicadamente encostou na minha, era seu modo mais gentil de tentar largar essa briga idiota. Talvez fosse melhor deixar por isso, mas o problema era que Annabeth sempre fazia isso, me irritava e depois com apenas um toque me fazia esquecer tudo. Continuei de costas e retirei minha mão das suas, brutalmente.
 - Olhe para mim, Perseu. - Sua voz era fria como gelo.
 Virei-me lentamente para encará-la. Seus cabelos estavam bagunçados, seu rosto avermelhado da raiva que se apoderava dela e os seus olhos... Os olhos que me hipnotizavam com sua profundeza, agora me renegavam e o pior com toda a profundidade que eu amava.
 - Você não pode fazer isso, Annie. Você chega bagunça tudo e depois quando cansa, me põe novamente na estante. Eu não sou um brinquedo. Você não pode fazer o que quiser comigo.
 - Perce, o que você está dizendo? Eu nunca te tratei como um brinquedo, e se o fiz nunca foi minha intenção. Eu jamais iria querer machucá-lo.
 - Sério? Porque parece que é exatamente isso que você quer.
 - Você realmente pensa isso de mim? - Annabeth falou e parecia genuinamente abalada.
 - Eu não sei. Eu honestamente não sei, você age totalmente diferente e eu não consigo reconhecer quem é você. Me explique, por favor.
 - É estranho, eu não sei como explicar. Quando olho para você e as vejo por perto, algo acontece comigo, uma fúria incontrolável toma conta de mim e não percebo o que estou fazendo até acabar. Elas não deviam estar perto de você, simplesmente assim. Você é só m... - Annie parou de falar e me encarou, esperando minha reação.
 - Eu sou só o quê?
 - Você é ... Deixa para lá.
 - Você não me explica e quer que eu a entenda? Como?
 - Mas que merda, Percy! Eu só não quero você perto delas.
 - De preferência quer que eu nem converse com elas? -  Falei de modo irônico.
 - Lógico! - Annabeth parecia finalmente ter ficado feliz com o rumo que íamos tomando.
 - Esse seu ciúme é doentio! Isso é tudo coisa da sua cabeça!
 - É, para você deve ser. Só por que você não olha o cenário de fora pensa que é tudo da minha cabeça. É, talvez seja, talvez eu tenha ficado louca já que consegui me apaixonar por você.
  Annabeth despejou tudo isso na minha cara e depois ficou de costas. Eu a observei durante alguns segundos, enquanto tentava assimilar o que ela dissera. Ela sempre seria assim e o pior era que eu não sabia viver sem ela.
 - Sabidinha. - Eu sussurrei seu apelido. Ela não se virou. - Por que você acha isso? Por que você acha que elas querem a mim?
 - Você é o único que ainda não notou. Pelos Deuses, Percy, você é tão você.
 - O que quer dizer com isso? - Eu a virei para mim, forçando-a a me encarar.
 - Quero dizer que elas querem você porque você é lindo, fofo, delicado, charmoso, desastrado e pela razão que mais faz você ser você, que é ser lento. Você não percebe o quanto elas se jogam para você porque você é lento, é por isso.
 - Você tenta se explicar me xingando?! Parabéns, Annabeth! Você com certeza é a pessoa mais inteligente que eu conheço.
  O silêncio se instalou entre nós, ambos pensavamos no que fazer. Eu a observava esperando que ela se pronunciasse primeiro, mas tudo que ela fazia era encarar o chão. Depois de muito analisar cheguei a conclusão mais dolorosa para mim, e agora que sabia o que fazer a coragem me faltava.
 - Annie. - Eu a chamei baixinho, praticamente inaudível, mas ela me olhou. - Acho que só existe uma solução. Nós deviamos dar um tempo.
  Ela me encarava incrédula.
 - Um Tempo? - Ela sussurou de volta.
 - Sim, um tempo.
  A risada irônica que saiu de Annabeth me pegou de surpresa e eu a olhei assustado.
 - Um tempo? - Ela perguntou retoricamente. - Sério? - Uma risadinha irônica escapou de seus lábios. - Você não tem coragem é isso?
 - Não tenho coragem? De quê?
 - De terminar. Porque dar um tempo é adiar o inevitável, que seria o término do nosso namoro.
 - O quê? - Eu perguntei confuso.
 - Eu sou doente, não é esse o problema? Resolvido. Se você não tem coragem, eu tenho. - Ela caminhou até ficar de frente para mim, me olhando nos olhos. - Está terminado.
  Por um breve momento eu vi os olhos de Annabeth fraquejarem e vi toda a dor que se passava ali, como eu queria abraçá-la e aninha-la no meu peito. Mas ela passou por mim e ao chegar na porta parou, olhou para trás e disse:
 - Eu estarei na arena, treinando. - Ela falou como se ainda fossemos namorados, sempre sabendo aonde o outro estaria. - Não vá para lá.
  Então ela se foi me deixando sozinho no seu chalé, que não tardou a encher depois da saída dela. Me retirei daquele chalé em que tudo lembrava minha sabidinha, resolvi ir para o meu próprio chalé, talvez lá encontrasse paz.
  Não encontrei, no momento em que entrei senti que algo me faltava, uma parte do meu corpo, calor. Nada fazia sentido, me joguei na cama e olhei para cima encarando o beliche. Não sei quanto tempo fiquei assim, mas quando Grover entrou no quarto já dava para perceber que o sol estava a se pôr.
 - Percy! - Grover falou, animado como sempre e caminhou até a minha cômoda aonde havia um porta-retrato com uma foto minha e de Annie, ele fingiu que não havia visto e se encostou na cômoda.
 Levantei rapidamente e o abaixei violentamente, o sorriso de Annabeth na foto que antes sempre me parecera o mais lindo do mundo agora parecia zombar de mim, dos meus sentimentos. Voltei e deitei novamente na cama.
 - Hey, Grov... - Eu sussurrei e continuei a olhar para cima.
 - Então, é verdade o que estão dizendo.
  Sentei-me na cama e encarei Grover.
 - Peraí! O que estão dizendo?
 - Que vocês terminaram, você e Annie. Não acreditei quando me disseram, vocês são feito um para o outro.
 - Não comece, Grover. Você não faz ideia de como foi díficil. - Levantei e fiquei de costas para ele. - Eu não acredito que ela já contou para todos.
 - E ela não contou.
Me virei para ele.
 - Como assim?
 - Ela não disse nada. Todos perguntavam e ela estava silenciosa, continuou calada pelo resto da tarde.
 - Então, me diga, quem contou? - Perguntei incrédula.
 - Algum dos irmãos dela, aparentemente ele ouviu a discussão de vocês.
 - Filho de uma... - Comecei a dizer, mas Grover me cortou.
 - Calma aê! Não vai querer comprar uma briga com uma deusa, principalmente não com a deusa da guerra.
 - Que seja!
  Ficamos calados por um tempo, Grover não sabia o que dizer e honestamente não queria que ele dissesse nada. Porém, o silêncio foi quebrado.
 - Qual foi a razão, Percy?
 - Razão?
 - Do término de namoro.
 - Foram várias. Nenhum de nós conseguia levar isso mais adiante.
 - Então, foi você que terminou?
 - Acho que ambos estavamos de acordo.
 - Mentira! Tem sempre alguém que não concorda. Quem foi dessa vez?
 - Eu não queria terminar, sabe? Eu só queria um tempo, queria pensar. Mas, com Annabeth é sempre tudo ou nada...
 - Sim, isso realmente define Annie.O que você quer dizer com isso é que ela que terminou?
 - De certo modo sim, Grover.
 - Qual foi o gatilho?
 - Gatilho de quê?
 - Nós sempre temos motivos para terminar, eu quero saber o que disparou essa decisão. Qual foi?
 - O ciúme doentio de Annabeth. O jeito que ela age, simplesmente...
  Grover deu uma risadinha fraca e me olhou de um modo como se eu fosse o mais ingênuo do mundo.
 - O que foi? - Perguntei rispidamente.
 - Presta atenção, Percy, vocês dois são meus amigos e eu não tomar lados, mas eu infelizmente concordo com Annie.
 - Como é que é?
 - O jeito que aquelas garotas te olham, uau! Elas praticamente te comem com os olhos e o pior é que se aproveitam da sua inocência, e desse jeito quem fica como malvada é a Annie.
 - Então, você defende a Annie? - Perguntei com raiva.
 - Calma, Percy. Não é bem assim, eu só estou tentando justificar as ações de Annie. Mostrando que ela tem suas razões, não tô dizendo que ela ta certa porque ela não tá.
  Eu olhei para baixo quebrando o contato visual com Grover. Agora tive certeza de que foi uma idiotisse o que eu fizera, terminar com Annabeth foi o maior erro da minha vida.
 - Esse ciúme todo que ela tem de você, honestamente, é por medo que elas tirem você dela. Bem, agora não tem problema, né? Você fez isso por elas.
 - Vai embora, Grover. Para quem não queria tomar lados, você demonstrou muito bem para que lado ficou.
  Fui até minha cama e deitei-me. Fiquei de costas para Grover e a porta, encarando assim a parede.
 - Sim, eu vou. - Ele deu alguns passos e parou na porta. - Mas eu me pergunto, Percy, como você nunca teve ciúmes de Annabeth? Ela é muito bonita e inteligente, eu não fui o único que notei. Os filhos de Apolo têm uma queda por ela, mas ela nunca deu espaço por causa de você. E agora, o que será que vai acontecer?
  E ele foi embora depois de plantar a semente da discórdia. Só de pensar em outro cara com Annabeth meu sangue fervia, um ódio tomava conta de mim. Levantei aguniado e fiquei andando de um lado para o outro dentro do quarto. Resolvi entrar no chuveiro, a água com certeza me acalmaria. E ela o fez, debaixo do chuveiro consegui organizar os meus pensamentos, iria encontrar Annabeth e conversar com ela, convence-la de que ainda me amava.
  Fui em direção à arena, tinha certeza que ela estava lá. Esse era o horário da aula de arco e flecha, com um instrutor do chalé de Apolo, só de pensar nisso apressei o passo. Estava praticamente correndo quando entrei na arena.
  Ela estava lá, bem no meio da arena, tentando segurar o novo arco e flecha que Quíron havia feito. Eu não conheço nada de arco e flecha, na verdade sou uma negação nisso, mas sabia que Annie estava fazendo tudo errado também. Comecei a me aproximar, quando estava bem perto dela o instrutor apareceu.
  Veja bem, as filhas de Afrodite diziam que ele era lindo, eu não concordo. Desde quando um cara alto, loiro, forte, cantor e que tudo que ele faz é perfeito é lindo? Tá bom, se você gosta do estereótipo, vai gostar dele.
  Bem, ele começou a falar com Annie e foi se aproximando dela, enquanto eu me aproximava dos dois me segurando para não bater nele. Ele sussurrou algo para ela que ficou envergonhada e eu me aproximei ainda mais, praticamente ficando lado-a-lado com eles, queria ouvir o que diziam.
 - Deixe-me lhe ajudar. - Ele falou e a abraçou por trás. - Como é que você que é tão sabidinha não consegue segurar esse novo arco? - Ele perguntou praticamente cochichando no ouvido dela.
  Quando eu ia partir para cima e quebrar a cara dele, Annabeth falou:
 - Jake, com licença. - E ela se desvencilhou dele. - Eu... Eu...
 - Você o quê, Annabeth? Antes você fugia de mim e eu pensei que era por causa de seu namorado, agora não temos mais nem um empecilho. - Ele se aproximou novamente e tentou segura-la.
 - Jake! - Ela gritou e puxou seus braços abruptamente. - Eu não quero ter nada agora.
 - Qual é, Annie! Vem cá! - Ele a segurou pelo pulso, machucando-a.
 - Solte-a, agora!
 - Percy! - Annabeth falou surpresa e aliviada, os dois finalmente me notaram.
 - Cai fora, Jackson. Nem namorado dela você é mais!
 - Se eu fosse você a soltaria.
 - Percy, você não precisa me defender. Essa é minha luta. - Annabeth falou tristemente.
 - Ela me quer, Jackson, figia que não queria antes. Só isso. Mas, agora ela é min...
  Não deixei ele terminar a frase e lhe desferi um soco, ele não esperava por essa e caiu na arena. Caminhei em direção a ele para continuar o que estava fazendo, Annabeth correu em minha direção e me abraçou.
 Eu parei imobilizado por ela, só de senti-la novamente nos meus braços tudo voltou ao normal, a raiva se fora rapidamente. Eu a apertei fortemente em meu peito e ela me apertou de volta. Me inclinei e cheirei sua cabeça, o seu cheiro me invadiu e percebi que não a deixaria nunca mais.
 - Annie. - Sussurrei em seu ouvido e ao invés de me olhar, ela encarou o chão e começou a se afastar.
 - Me desculpe. - Foi tudo que ela disse e não me olhou nos olhos. - Foi  um reflexo.
  Annie virou para ir embora e eu a segurei pelo pulso, delicadamente.
 - Oh, espera aí!
 - Não, Percy. Nós já nos decidimos, não precisamos passar por isso de novo. Já foi doloroso demais.
 - Por favor, Annie. - A puxei para mim, colando nossos corpos. - Essa foi a escolha mais dolorosa e estúpida que tomamos. Eu nunca vou deixar de te...
  Annie colocou seus dedos sobre os meus lábios e sussurou:
 - Shhh... Aqui não é o melhor lugar para discutir isso.
  Ela segurou minha mão e foi para fora da arena, em direção a praia que se encontrava vazia. Quando chegamos lá ela me soltou e ficou de frente para mim com braços cruzados.
 - O que foi aquilo, Percy? - Ela perguntou com uma calma vísivel.
 - Eu não sei. - Falei confuso. - Ele não devia estar lhe tocando, se ele não tivesse lhe tocado eu teria mantido a calma. Você não é dele para que ele faça o que quiser.
  Os olhos de Annabeth se iluminaram, mostrando o seu melhor lado para mim. Um sorriso de canto apareceu, meio que escondido mas estava lá.
 - Eu não sou dele. - Ela afirmou. - E eu seria algum objeto para pertencer a alguém?
 - Não, mas... Mas... - Eu não encontrava palavras para descrever como me sentia.
 - Mas? - Annabeth incetivou.
 - Eu sei que você não é um objeto, mas as vezes temos sentimentos de posse de um certo modo que aparenta que o outro nos pertença.
 - Eu sei. - Ela disse e deu um passo em minha direção, se aproximando. - Eu conheço essa sensação. Mas, as vezes, só as vezes não é só aparência. As vezes você ama tanto que chega a pertencer realmente a quem ama.
  Nos aproximamos a ponto de nos tocar, ela passou sua mão pelo meu rosto e sorriu. No seu olhar ela dizia tudo.
 - Sabe por que eu fiz o que fiz na arena?
 - Por que? - Ela perguntou já sabendo a resposta.
 - Porque você é Minha. Só minha.
  Eu a apertei em meus braços e ela sorriu ainda mais.
 - Não se preoculpe, eu não seria louca de pertencer a ninguém além de você e você também não seria louco de pertencer a ninguém mais.
  Eu me inclinei para beija-la, quando ela me parou e sussurrou:
 - Você é meu. Entendeu? - Assenti rapidamente. - E aí de quem tentar nos separar...
  Então nos beijamos como há muito não nos beijavamos, suas mãos subiram para minha nuca tentando me aproximar ainda mais de si e eu a segurava fortemente pela cintura. Não sei como mas caímos na areia e ficamos ali, juntos.


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Notas finais do capítulo

Se gostaram, por favor, me digam. Se não gostaram também agradeceria se me dessem uns toques. Muito obrigada por sua consideração.



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