Zayn’pov

Eu não conseguia processar o que a Carol me falava. Ou melhor, eu processava tudo. Rápido demais. Será que a empresária dela não estava certa? Eu não a abandonaria, não a trocaria por qualquer outra. Mas eu não posso prever o futuro. Talvez ela seja a mulher da minha vida, talvez não. Mas como eu pediria para que ela largasse a própria carreira pra ficar comigo? Como eu poderia pedir que ela enfrentasse uma multidão furiosa de fãs todos os dias? Eu não posso pedir isso. Porque nem eu mesmo sei se eu faria isso por ela. Cantar é minha vida e ela nunca me pediria pra parar. Eu não iria deixá-la largar tudo por mim.

Carol começou a chorar e eu queria pedir que ela não desistisse de mim, que ela ficasse comigo e enfrentasse o mundo se preciso fosse. Mas eu não podia. A razão não me deixava. E minha mente e meu corpo permaneciam no impasse entre o que era certo e o que eu realmente queria. E mais uma vez, ela foi mais corajosa que eu. Ela me pediu pra ficar, destruindo todas as verdades que minha razão insistia que eu acreditasse. E eu não a deixaria ir embora. Não de novo. Dessa vez eu não daria a oportunidade pra que outra pessoa a fizesse feliz. Eu a beijei. Docemente. E quando percebi, eu ainda estava parado. Sem me mover, sem beijá-la, sem dizer uma palavra. Apenas paralisado olhando ela entrar no elevador.

Xinguei-me de todos os nomes possíveis e amaldiçoei as minhas próximas trinta gerações. Tentei me mover, reagir. Finalmente acordei daquele transe doloroso e saí correndo, sem me preocupar em verificar se tinha trancado o carro. O elevador parecia não querer chegar. E eu estava ficando desesperado. Se me dissessem que fiquei uma hora esperando o elevador, eu acreditaria. Parecia uma eternidade. Cheguei ao hall de seu apartamento e a porta estava aberta. Entrei com cuidado, esperando que ela me jogasse todos os vasos que houvesse na casa. Mas ela não o fez. Ela estava sentada no chão, com os joelhos dobrados e a cabeça entre as pernas. Ela chorava. Como eu posso ser tão cruel? Por que eu a amo tanto, a quero tanto e a faço sofrer tanto? Era a terceira vez que eu a via chorando por mim hoje. Se eu fosse um cara qualquer, vendo essa história de fora, me daria um soco na cara. Como você é estúpido, Zayn.

Carol não parecia ter notado minha presença. Agachei em frente a ela e segurei sua mão. Ela levou um susto com meu toque e levantou a cabeça, abaixando logo que viu que era eu. Ainda assim triste e com o rosto inchado de tanto chorar ela era a mulher mais linda desse mundo. E ela era minha. Sorri com o pensamento e o afastei. Se eu quero tanto que ela seja minha, porque eu não estou lutando? Idiota. Puxei-a para o meu colo, deixando ela enroscada nos meus braços. Levantei seu rosto e suguei todo o ar que eu conseguiria.

– Me perdoa. Por tudo, por qualquer coisa. Eu pensei por um momento que eu deveria deixar você e você seguiria com a sua carreira e a sua vida. E daqui a 10 anos eu te encontraria em um parque qualquer brincando com uma menininha linda de cabelos cacheadinhos e um sorriso encantador e nós conversaríamos sobre a vida e como o tempo tinha passado rápido e como eu tinha feito a escolha certa naquele dia no seu estacionamento. E você estaria orgulhosa da sua filha linda, e do rumo que a sua vida tinha tomado e sorriria ao falar do seu marido incrível. Mas eu não posso, eu não quero e eu não consigo. Eu não quero ser um espectador da sua vida, esperando pelo seu próximo sorriso sabendo que eu não sou o motivo dele. Eu não quero te encontrar com uma menina linda em um parque porque eu quero ver essa menina nascer e me chamar de pai. Eu não quero ouvir você falar o quão maravilhoso seu marido é se não for pra ser sobre mim essa conversa. Então quem deve dizer isso sou eu: não desista de mim. Não desista quando eu for fraco, como hoje, e pensar em te deixar partir. Não desista quando eu for estúpido ou quando as fãs insistirem em te tratar mal. Não desista quando eu me esquecer de uma data importante ou quando eu não puder estar presente por causa do trabalho. Não desista quando eu te levar pra conhecer minha família e minha mãe te interrogar de todas as formas possíveis. Não desista quando eu enrolar pra experimentar o terno pro nosso casamento ou quando eu não puder passar o fim de semana com a sua família no Brasil. Não desista quando eu não souber trocar uma fralda ou quando eu ensinar nossa filha a falar coisas estúpidas. Não desista quando a gente tiver nossa primeira briga, ou a segunda, ou a terceira. Só não desista. Por favor.

– Eu nunca desistiria do meu mundo. E eu só preciso de você nele. Eu preciso e quero você. Quero você na minha cama, no meu sofá e no meu colo enquanto eu bagunço seu cabelo que você levou horas arrumando. Quero seu perfume misturado ao meu. Quero sua roupa junto com a minha, no chão, obviamente. Quero você pertinho, quero você do meu lado. Quero você hoje, amanhã, agora e a todo o momento. Quero você pra sempre. Porque eu... eu te amo, Zayn.