My Favourite Drug escrita por PaatLeeChoi


Capítulo 1
My Favourite Drug




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Estava uma noite como todas as outras noites de Verão, mas esta era diferente.

Não sabia se era das nuvens cinzentas e ameaçadoras que cobriam o céu, que há algumas horas estava azul e cheio de estrelas, se era por estar no quarto com Kaname.

Era estranho estar com ele, agora que sabia que ele era meu irmão de sangue.

Durante quase dez anos da minha vida eu fui completamente apaixonada por ele. E tenho que admitir que um amor platónico como aquele não se esquece de um dia para o outro.

Logo, mesmo sendo estranho para mim estar assim com ele, eu ainda gostava dele.
Mas sabia que não o amava.

Não como outrora, pelo menos.

Agora o meu amor pertencia a outra pessoa.

E era nessa pessoa que estava a pensar naquele momento.

O seu cabelo liso, prateado e brilhante como as estrelas, os seus olhos frios de um tom violeta hipnotizante, a sua pele pálida e mesmo assim quente como o sol e a sua boca de um rosa pálido, que fazia expor os seus caninos… Eram coisas que não saiam da minha cabeça. Estava completamente obcecada por ele.

Não sabia se isto tudo era fruto de já não o ter mais ao pé de mim como antes, mas desde que ele descobrira que eu era uma Kuran, logo uma vampira de puro-sangue, ele jurou que iria matar-me e assim afastamos-mos completamente.

Não é que não nos cruzássemos todos os dias, porque sim, isso acontecia. E muitas vezes ao longo do dia até, mas é que… Já não nos falávamos e já nem sequer trocávamos olhares como antes.

Mas era normal. Muita coisa tinha mudado desde que eu pedira a Kaname para os vampiros voltarem para o Colégio Cross.

As coisas agora eram diferentes. Uma delas, era que eu já não pertencia à Day Class. Agora era obrigada a ter aulas à noite como o resto dos vampiros. Claro que isto causou grande polémica entres os estudantes diurnos, mas a resposta era sempre a mesma: “A Yuuki mudou para a Night Class por causa das notas e do excelente desempenho”.

Coisa que era estranha vir a acontecer, pois todos aqueles que tinham sido meus colegas, sabiam que eu não era nada disso, e que até adormecia muitas vezes nas aulas. Por isso, havia os “rumores” que eu tinha mudado, pois eu era, agora, namorada oficial de Kuran-Senpai. Não que essa informação fosse mentira, mas a verdade é que eu mudara, pois poderia cair na tentação do sangue.

Outra coisa que mudara foi os monitores. Quer dizer, mudar não é a palavra exata, pois agora já nem existiam Guardiões. Como eu agora era uma das pessoas que podia quebrar as regras, logo não podia ter esse cargo. E como Zero só o tinha aceitado na altura por causa de mim, ele agora não tinha mais motivo algum para permanecer como estava. Mas a verdade é que até já nem era preciso isso. As raparigas já não faziam esperas aos estudantes da Night Class, assim como estes já nem se atreviam a aproximar de qualquer espécie humana. O que até era bom, o que queria dizer que as coisas andavam mais calmas para os alunos do Colégio Cross.

Quer dizer, não para todos os alunos. Zero era agora um caçador de monstros ao mesmo tempo que tentava controlar a sua sede e de assim tornar-se um vampiro Nível E. Já tomavas as pastilhas do sangue, mas daquilo que ouvira por parte do Diretor, ele ingeria muitas ao longo do dia, o que queria dizer que ele andava cada vez mais sedente e que aquilo já não valia de muito para ele.

Para ser sincera, se não fosse aquele odio de morte que ele sentia pelos vampiros, e neste caso por mim, eu até era capaz de lhe oferecer o meu sangue. Agora que tinha “despertado” de certeza que iria sacia-lo por muito mais tempo, do que na altura que ele bebia o meu sangue humano. Mas ele não aceitava tal oferta.

Yori-chan, que se aproximara dele nestes últimos tempos, já tentou com que ele bebesse o sangue dela, mas ele diz que não, pois não quer mais tocar nessa “droga”.

Eu percebia até o que ele dizia. O sangue era mesmo uma droga viciante, e alias, se não fosse o sangue de Kaname a saciar-me, eu talvez andasse doida a sugar os pescoços de todas as pessoas que me aparecesse à frente.

Enfim, realmente as coisas tinham mudado.

-Yuuki? Yuuki? – Chamou-me Kuran.

-Hum?

-Ouviste alguma coisa do que te disse?

-Oh… gomen.

Ele sacudiu o meu cabelo e depois sorrio.

-O que a minha pequena noiva estava pensar?

-Kaname-sanpai! Por favor não diga essa palavra outra vez. Onegai.

-Nani? Noiva?

-Hai.

-Ainda te incomoda assim tanto devido a sermos irmãos?

Assenti com a cabeça, ao mesmo tempo que a baixava.

-Pensava que já tínhamos ultrapassado esse pequeno pormenor. – Disse ele pegando no meu queixo, fazendo levantar-se para fita-lo.

-Eu sei mas… Ainda mexe comigo.

-Oh minha querida Yuuki. Eu já te expliquei que na nossa raça é assim. E que para haver continuação, para continuar a haver sangue-puros, é preciso isto. Não és tu que sonhas com um mundo onde vampiros e humanos vivam em harmonia?

-Hai.

-Então para quê isso tudo? Alias, pensava que houvesse amor entre nós os dois.

-E há. Mas sabes muito bem que vive a maior parte da minha vida com os costumes humanos.

-Eu sei minha querida. Mas tu já não és mais uma humana. Agora és como eu. Uma puro-sangue. Uma vampira. E esses costumes não existem no nosso mundo.

E depois levou os seus lábios aos meus dando-me um beijo meigo.

-Agora, é hora de te alimentares.

E dizendo isto, pegou-me ao colo, e foi deitar-se em cima da cama, deixando-me por cima dele, ao mesmo tempo que abri uns botões da sua camisa, expondo o seu esbelto pescoço.

Assim que vi a sua veia e senti o cheiro do sangue a passar naquele sitio, uma parte de mim tomou controlo do meu corpo.

E em menos de nada, já estava com os dentes espetados na sua carne e a sugar aquele liquido precioso. Parecia ouro na minha boca.

Realmente o sangue era uma droga muito viciante.

Tomei golos fartos de uma só vez, e quando já estava prestes a ficar saciada, a minha consciência veio ao de cimo.

Merda!

Agora já me lembrava porque cada vez mais tentava adiar a minha alimentação. E soube isso ao sentir o alto entre as calças de Kaname.

Sempre que me alimentava desde há uns tempos para cá, logo de seguida eu e ele tínhamos relações.

Não é que fosse obrigada a alguma coisa, porque na realidade, parecia que eu ao alimentar-me dele fazia com que ambos ficássemos perigosamente excitados, mas o arrependimento vinha depois.

Eu já não nutria aqueles sentimentos tão fortes por ele como antes, e isso fazia-me sentir um pouco envergonhada e até com nojo de mim mesma, pois na minha vida quanto humana, eu tinha aprendido e tinha-me acostumada que só iria fazer isto com a pessoa que realmente amasse do fundo do coração. E esse não era o meu irmão.
Mas eu não podia fazer nada. Agora compreendia o termo “animal” que Zero usava. Os vampiros eram mesmo uns autênticos animais irracionais quando toca a prazer. Não controlamos e ainda cobiçamos mais. Isso é ato de um autêntico selvagem.

Tirei a minha boca do seu pescoço e deitei a minha cabeça no seu peito completamente satisfeita. Quer dizer… Não estava completamente satisfeita. Uma parte de mim ainda pedia por mais dele. E eu sabia que ele sentia o meu. Alias, conseguia senti-lo entre as minhas coxas.

Não tardou muito a quele ele levasse os seus lábios aos meus de uma maneira calma e meiga, fazendo-me de seguida virar de costas para a cama.

Era uma coisa boa nele. Kaname só mostrava-me o seu amor com calma e paciência. O que até era bom pois na altura do êxtase, o prazer seria bem maior e bem mais arrebatador. Resumindo, Kuran era um autêntico cavalheiro e homem antigo.

*         *        *

Tinha acabado mais um dia de aulas no Day Class, e como já era de noite, todos os alunos já se encontravam a dormir - todos a exceção de um que devia andar na escuridão a matar vampiros de nível-E.

Naquela noite tinha-me dado uma forte vontade de voltar a meter os pés naquela que fora a minha casa por dez anos.

Iria fazer uma visita ao gabinete do diretor e matar um pouco as saudades daquele que fora meu pai durante tanto tempo. E como eu tinha saudade desses tempos.

Parecia que ainda conseguia ouvir o som dos tachos enquanto era preparado o jantar, ao mesmo tempo que duas crianças brigavam pelo comando, e outra pessoa a choramingar por eu não o tratar por pai, quando fazia queixas do meu oponente.

Dei um leve sorriso.

Essas lembranças agora estavam tão distantes. Era incrível como o tempo passara. Quem me dera que voltar a ter os meus 13 anos e voltar a ter Zero, com os seus 14, a meu lado, assim como o Cross.

Cheguei à porta daquela que tinha siado a minha casa, e hesitei um pouco.

Aquele lugar tinha o mesmo cheiro, e mais dezenas de memórias voltaram à minha cabeça. Cada uma melhor que a outra. Memórias estas que me faziam ficar triste por já não estar mais naquela altura, mas feliz por elas terem acontecido.

Limpei a ligeira lágrima que escapara de um dos meus olhos e bati à porta.

Não demorou muito a alguém viesse a abri-la.

Já imaginava aquele homem loiro, sempre com um rabo-de-cavalo, olhos castanhos e óculos a cumprimentar-me com um grande sorriso nos lábios.

Mas naquele momento, em que imaginava milhares de coisas que pudesse acontecer agora, nunca imaginei aquela cena.

Um jovem alto, de ar rude e frio, que preenchia as minhas memórias… E o meu coração, aparecia agora ali para abrir-me a porta.

-Tu? – Perguntamos em coro.

-O que é que estás aqui a fazer Kuran? – Falou desagradavelmente.

-Vim ver o Kaien-sama. E tu?

-Nada que te interesse.

-Quem é Zero? – Perguntou uma voz de fundo.

O rapaz à minha frente bufou e depois abriu-me a porta para deixar-me entrar.

-Zero quem er…

O loiro vinha da cozinha a limpar as mãos ao avental que tinha no corpo, assim que me viu.

- Oyasuminasai… Otousan. – E fiz lhe uma vénia.

-Yuukiii!!

E depois quase que saltou para cima de mim, dando me um abraço bem forte, daqueles que ele só conseguia dar.

-Já tinha saudades tuas! Quase que já nem te vejo… Desde que fostes para a Night Class. – Assim que ele acabou de dizer as ultimas palavras, reparei que ele olhara de uma maneira séria para Zero.

E até era capaz de imaginar a expressão deste.

-Eu também Diretor.

Houve uns segundos de silêncio naquela sala, mas logo foi cortado com a voz do caçador que estava atrás de mim.

-Vou andando. Ainda tenho trabalhos a fazer. Sayounara Kaien-sama.

E depois saiu porta fora. Sem se quer olhar me outra vez.

Olhei para a porta que ele batera e baixei a cabeça. Seria possível que ele odiasse-me assim tanto que nem pudesse respirar o mesmo ar que o meu?

-Sabes Yuuki, a tua mudança afetou muito o Zero. Ele já não é o mesmo. Se antes o coração dele era frio, agora está feito num cubo de gelo.

-Mas eu não tenho culpa! Eu não pedi para ser o que sou.

-Então porque não tentas dizer-lhe isso a ele?

-Nani? Achas mesmo que sim? Já tentei, ele não me ouve.

-Demo… Já tentaste dizer-lhe TUDO o que tens a dizer?

Fiquei a fita-lo espantada. Parecia que afinal não era a única a saber dos meus sentimentos por Zero.

Mas sim. Tinha que de qualquer maneira falar com ele. Este odio dele por mim tinha que acabar. Eu não conseguia viver por muito mais tempo assim. E não ia passar desta noite.

-Arigatou Otousan. – E fui até ele, abraça-lo, para depois sair daquela casa.

Meti os meus sentidos a trabalhar, e em menos de nada, consegui localiza-lo.

Comecei a correr o mais rápido que pude, até que enfim cheguei ao estábulo, onde, outrora, tinha o encontrado ali ao pé da sua estimada égua Lily.

-Sentidos de vampiro puro-sangue é outra coisa. – Falou ele ao sentir-me ali, enquanto dava festas ao animal.

-Até que nem era preciso tais coisas. Sempre que não estavas bem vinhas para aqui para relaxar. – Disse aproximando-me dele, até ficar a seu lado ao mesmo tempo que fitava a fêmea.

-O que é que estás aqui a fazer Yuuki?

-Vim falar contigo.

-Para quê? Acho que já falamos tudo o que tínhamos a falar. Tu fizeste a tua escolha naquele dia.

-Tu sabes muito bem os motivos da minha escolha. Mesmo eu agora estan…

-Estando arrependida? Era isso que ias dizer, não era? – Interrompeu-me ele, virando-se finalmente para mim.

-Hai.

-Kaeru, Yuuki.

-Lie.

-KAERU! – Gritou-me ele.

-LIE!

-Porquê que não me deixas em paz de uma vez por todas? – Perguntou-me baixando a cabeça.

-Porque tu não me deixas em paz.

-Nani?

Ele ergueu a cabeça para me fitar espantado.

-Zero, a verdade é que… Tu não sais da minha cabeça um único momento. Estás sempre lá. As nossas memórias juntos é tudo o que me completa por dentro.

-Do que é que estás a falar Yuuki? – Questionou-me virando-se de costas para mim, indo até ao portão do estábulo, e vendo o seu escuro e cheio de estrelas.

 -Tu não percebeste? Zero… Eu estou completamente apaixonada por ti.

-Nani? – Inqueriu virando-se para mim com os olhos super abertos.

-Aishiteru.

E depois fiz algo que nenhum de nós estava a espera.

Corri até ele, e garrei-me ao seu pescoço para o beijar.

Consegui perceber que ele estava demasiado perplexo para se mexer, pois ele não me respondia ao beijo.

E depois, num ato de crueldade, consegui senti-lo a ficar normal, mas mesmo assim sem me responder ao beijo. Como se não me quisesse rejeitar, mas ao mesmo tempo rejeitando, pois ele não mexia nenhum dos seus membros do corpo para me tocar ou contribuir com aquilo que eu lhe estava a fazer. Ele era demasiado cruel.

Desisti, e separei todo o meu corpo de junto do seu.

Assenti com a cabeça baixa, e comecei a deixar cair algumas lágrimas.

-Ok Zero. Ganhaste. – Disse a tentar controlar os soluços - Nunca mais te vou importunar.

Comecei a andar para a saída, e quando estava quase lá fora, consegui sentir uma mão sua a puxar um dos meus braços, para eu ficar encostada entre a parede e o seu corpo, que agora abraçava-me.

-Zero?

-Onegai, Yuuki. Não digas isso outra vez.

-Nani? Aishiteru?

-Hum, hum.

E depois apertou-me ainda mais naquele abraço.

Há tanto tempo que Zero já não estava assim comigo, como antes.

A sua cabeça estava ao lado do meu pescoço, e os seus braços estavam à volta dos meus ombros, dando me possibilidade para o agarrar pela cintura.

Há tanto tempo que não me sentia assim, em paz e segura.

Sabia que até era mais seguro estar com Kaname. Mas o meu espirito só estava em paz quando estava com Zero. Porque, independentemente do que possa ter acontecido ao longo destes anos todos, a pessoa que mais amo do fundo do coração, estava aqui ao pé de mim, naquela noite de verão.

Ele começou a separar-se de mim, e acreditem que naquele momento comecei a sentir como se algo estivesse a ser arrancado de mim.

-Tens que voltar Yuuki.

-Lie.

-É para o teu bem.

-O meu bem é estar contigo neste momento. – Disse abraçando-o outra vez pela cintura.

-E o Kuran?

-O que tem o meu irmão?

-Pensava que estavas com ele, e que até já fosses sua noiva.

-Hai. Pensaste bem.

 Depois larguei-me dele, e agarrando na sua mão, fui até um monte de palhas que lá estava, e sentei-me, fazendo-o fazer o mesmo que eu.

-Então porque estás aqui?

-Porque eu não conseguia mais estar longe de ti. Zero, eu estava a ser sincera. Eu amo-te.

-E há quanto tempo sentes isso?

-Por estranho que pareça… Acho que desde sempre. – E ri-me secadamente  - Mas acho que aquele meu amor platónico pelo Kaname fez com que isso ficasse um pouco escondido.

-Então se me amas, porquê que ainda estás com ele?

-Zero, sabes perfeitamente porquê. Eu sou irmã dele, e sou uma puro-sangue, tal como ele. Nos temos… Que nos reproduzir para trazer ao mundo mais vampiros puros, para que o dia de amanha, possa ser mais pacífico. Não é que me agrade ter este tipo de relação com o meu irmão de sangue, mas tu sabes muito bem, como os puro-sangue se controlam bem em termos de sangue.

-Sim, mas tu também sabes que essa espécie de vampiros, também pode ser a pior que há. Vampiros de puro-sangue podem até ter esse poder, mas em termos de compaixão… Eles não são os melhores nesse termo.

-Sim, eu sei que por serem os mais controlados, tem a mente mais virada para planos como :”comandar os humanos” e isso tudo, mas pensa… Se eu estiver no meio dos futuros vampiros puros, eles podem perder essa mentalidade. Eu posso fazer com que a nova raça de vampiros seja mais pacífica e humilde. Mais parecidos com humanos.

-Por muito persuasiva que possas ser, eu continuo a achar que isso é uma daquelas coisas que nunca vai acontecer. – Ele hesitou um pouco, baixando a cabeça e suspirou – Gomen Yuuki. Mas os vampiros são, e sempre serão monstros em forma de humanos. E isso não vai mudar.

Fitei-o com muita certeza, ao mesmo tempo que me aproximava dele.

-Nos não somos assim.

E quando ia para encostar a minha cara à sua, ele baixou o corpo, fazendo-se deitar na palha.

-Hai. Demo… Nos crescemos como humanos.

-E então? É isso mesmo que eu quero fazer. Se os meus filhos aprenderem desde cedo a verdadeira essência da raça humana, serão capazes de ficar como nós os dois.

Zero riu-se sem vontade nenhum, ao mesmo tempo que virava a cara para o sitio oposto de onde eu estava.

-O que foi Zero?

-Dei-me conta agora que começo a odiar quando dizes: “os meus filhos”.

-O que é que queres dizer com isso?

Fiz a pergunta demasiado cedo. Já sabia perfeitamente qual era a sua resposta.

-Quero dizer que… Os teus filhos, para serem esses vampiros controlados que tu queres, tens que tê-los com outro homem que não eu. Neste caso o bastardo do Kaname. – Ele depois respirou fundo, e virou-se outra vez para mim – E acredita que isso deixa-me mesmo muito mal. Porque, eu sempre sonhei em ter-te a meu lado. A construir contigo uma família. Sonhava até em ter ao meu colo uma pequena menina com os teus olhos castanhos a olhar para mim e chamar-me de chichi. Mas isso vai ser um daqueles sonhos que nunca se irá realizar. – E fez-me um carinho na face, sorrindo com os olhos entretecidos.

-Zero…

E depois, sem dar conta comecei a chorar.

Parecia clichê, mas o sonho que ele acabara de ditar era o mesmo que o meu. Só que como ele, eu sabia que isso nunca viria a acontecer.

Zero ao ver como eu estava, levantou-se, e começou a limpar a minha cara.

De seguida ele deitou-se outra vez e levou-me com ele, para eu ficar com a cabeça no seu peito, ao mesmo tempo que me mexia no cabelo.

Aquilo sabia tão bem. E mesmo muitos dos meus sonhos não irem ou não estarem a ser realizados. Este, por estranho que parecesse, estava a realizar-se de uma maneira que completava os outros todos. Como se esses desperdiçados não existissem.

Mas até era assim que eu me estava a sentir naquele momento. Como se não houvesse mais nada para além de nos os dois. Nem se quer notava na presença ciumenta de Lily, que devia nutrir algum sentimento de animal-humano ou animal- vampiro. Não sabia bem qual dos termos usar no que consta a Zero.

As vezes ele era capaz de ser tão frio e cruel como um vampiro, mas noutras alturas – como esta – ele mudava radicalmente e tornava-se em alguém que eu realmente poderia chamar de humano. E era disso que eu mais amava nele. A sua dupla personalidade.

Soltei uma pequena gargalhada que fez Zero “acordar”.

-Porque te ris ?

-Já te disseram que tens dupla personalidade?

-O que queres dizer com isso? – Perguntou fazendo um movimento com o peito para eu fita-lo.

-Há uns minutos atrás desprezavas-me e querias ver-me bem longe de ti, e agora… e agora estás aqui a mexer me no cabelo.

-Fiz-te isso a pouco pois tu fazes-me mal.

-Nani?! – Inquiri levantando a cabeça de cima do seu peito.

-Demo… Não posso fazer nada no que consta a isso. Acabo sempre por desejar o que me faz mal, e torno-me sempre um viciado. – E sem eu dar por isso, ele virou-me metendo-me debaixo dele, enquanto ele agarrava-me os pulsos – E tu és o meu maior vicio.

E de seguido levou os seus lábios aos meus.

Fiquei surpreendida, pois não estava habituada a beijos daqueles.

Só Zero é que me dava beijos com emergência, e muita luxuria. Cada toque seu de língua, na minha era como um monte de orgasmos que me deixava cada vez mais louca.

Mas eu compreendia o porquê de estar assim. Eu era completamente apaixonada por ele, e cada toque seu, fazia-me ir às nuvens e voltar. O pior era quando parava. Parecia que ficava vazia, como se fosse apanhar uma depressão, por não estar ao pé dele. Ele sim era a minha droga preferida.

Continuávamos com os beijos quando separamos as nossas bocas para respirar.

Eu estava muito ofegante, mas ao contrário de mim, Zero estava firme, de olhos fechados e a tentar controlar a respiração.

-O que se passa Zero? – Perguntei, ainda debaixo dele.

Ele não respondeu, estava demasiado concentrado no que estava a fazer.

E de repente o meu sentido de olfato ficou apurado, e nesse momento consegui perceber o que o meu amado tinha. Ele estava esfomeado.

Não hesitei um minuto e levei as minhas mãos aos botões do casaco branco da Night Class, e quando o mandei para longe, comecei a fazer o mesmo à camisa que tinha.

Quando Zero abriu os olhos muito rapidamente – devia ter sido por causa do cheiro – eu consegui ver os seus olhos completamente vermelhos vivos, a fitar a minha pele nua.

-Yuuki…

-Shiuu. – Pedi pegando no seu pescoço para levar a sua boca até ao meu pescoço – Bebe.

Ele ainda hesitou um pouco, mas estava demasiado sedente para ceder. E num instante consegui sentir duas agulhas a serem espetadas no meu pescoço.

Já tinha saudades daquela sensação. De ter a boca de Zero colado à minha pele, e de sentir ele a sugar o meu sangue.

Naquela altura, sempre que ele fazia isso, eu receava um pouco nas primeiras vezes. Tinha sempre medo que ele descontrola-se. Mas agora? Agora aquilo até me dava uma espécie de excitação sexual.

Cada tacada dele ao meu sangue, conseguia sentir-me mais extasiada e molhada.

Mesmo já estando habituada a excitar-me por mim mesma – mais precisamente sempre que bebia o sangue de Kaname – não sabia o que era esta sensação. Era como se fosse tudo novo. Talvez agora percebesse como o meu irmão se sentia sempre que bebia dele. Mas agora era diferente. Quem estava ali comigo não era ele, mas sim Zero.

Não tardou muito a que ele parasse de beber, e eu, num momento de loucura sexual, começasse a roçar o meu sexo coberto no dele. O que até foi bom, pois percebi que ele estava tão potente como eu.

-Yuuki… - Disse ele num gemido, enquanto mordia o lábio inferior.

-Zero… Faz amor comigo.

Ele mordeu outra vez o lábio com força e depois levou a sua boca até aos meus lábios, para depois separa-los outra vez.

-Aishiteru Yuuki.

*      *       *

*Passado 10 semanas*

-Tem a certeza do que disse Doutora?

-Tenho sim Mna. Kuran. Está grávida. – Falou a médica arrumando os seus utensílios de trabalho. – Parabéns Sr.Kuran. Vai ser pai.

Kaname estava sentado ao meu lado completamente vidrado nas palavras que a médica tinha dito.

Olhei para ele e ele tinha um ar de completa felicidade. Os seus olhos brilhavam mais que nunca, e o seu sorriso tinha aparecido completamente grandioso.

-Nem acredito… Vamos ser pais, Yuuki. O nosso primeiro filho.

Eu nem queria acreditar no que estava a acontecer. Aquilo estaria mesmo a acontecer? Estaria mesmo eu, grávida? Não sabia se estava preparada para aquilo. Criar uma criança é complicado, então se for um puro-sangue, ainda mais complicado vai ser pois tem que se ensinar a respeitar os humanos e…

Espera lá.

-Doutora!? – Chamei-a, mesmo antes desta sair.

-Hai?

-Sabe de quanto tempo é que eu estou?

-Aproximadamente entre as nove e as dez semanas.

-Hum. Arigatougozaimashita.

Entre nove a dez semanas disse ela?

Comecei a fazer as contas e dei por mim a ficar metida em grandes sarilhos. Tinha tido relações com Kaname e Zero em dias muito próximos. Como é que agora iria saber quem era o pai do meu filho?

-Yuuki? O que se passa? Pareces tensa.

-Hum? Oh. Não é nada. Fui só apanhada desprevenida.

-Eu também. Mas ainda bem que está a correr tudo bem.

Assenti com a cabeça e depois olhei para o meu irmão.

-Kaname? Será que podias-me deixar um pouco sozinha?

-Claro minha querida. Deves ter muito que pensar. – Respondeu indo até mim e beijando-me a testa.

Quando ele saiu comecei a respirar fundo.

Agora sim tinha entre mãos um grande problema.

Mas afinal, de quem era o bebé?

E se não fosse de Kaname, como é que iria explicar a este, o que aconteceu?

Deixei a minha cabeça cair para trás e depois vi que a noite estava perfeita.

Mesmo já estando no final do Verão, o céu parecia mais belo que nunca.

A lua estava cheia, e à volta desta estavam milhares de pontinhos brilhantes, que fazia iluminar aquela noite.

Olhei para ela, prateada e linda, e pensei logo em Zero.

Desde aquele dia, nunca mais tínhamos estado juntos, pois ele agora tinha saído do colégio Cross para ir com Kaito caçar mais vampiros Nivel E.

Ele disse-me que queria limpar este mundo dessa espécie nojenta de vampiros. E eu confiava nele para tal tarefa. Só ele é que podia fazer tal ato.

Mas a verdade é que sentia imensas saudades dele. Parecia que não, mas o simples facto de o ver, já me era muito bom. Já era como se preenche-se o vazio do meu peito.

Sorri para a lua que mandava a sua luz para dentro do meu quarto e disse-lhe.

-Que o tempo passe depressa. 


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