MÚSICAS: Far Away (Distante) – Nickelback

                     Restless (Sem Descanso) – Within Temptation & Evanescence

 

(TRADUÇÃO E POESIA BY XxSAYURIxX – não utilizar sem autorização ou os devidos créditos – Lei dos Direitos Autorais)

 

 

 

O Cair das Pétalas

 

 

LINK PARA A 1ª MÚSICA: http://www.youtube.com/watch?v=mWSLxLecGdg

 

 

            O tênue sol do amanhecer atravessava as altas copas das árvores, revelando uma sombra que passava, rasante, pautando-se, de vez em vez, num galho ou n’outro. Os passos, leves e rápidos, deixavam como rastro apenas o farfalhar das folhas.

 

- “Não....não pode ser! Não pode!” – pensava, enquanto corria em disparado, rumo à Konoha. O vento frio adormecia-lhe a face, como se perfurasse toda a extensão de sua pele com finíssimas agulhas de gelo. Forçava os olhos, já vermelhos, para que suportassem o sopro seco da geada.  Que sensação estranha: anestesiado por fora, latejando por dentro.....

 

            Essa era pra ser apenas mais uma missão Rank S de Hatake Kakashi. “Era”, não fosse a mensagem que havia recebido há poucos minutos atrás. A pedido de Naruto, Tsunade-sama havia enviado um mensageiro Anbu para comunicar ao jounin as tristes notícias: “Sakura estava morrendo”.

            É claro que havia outros detalhes, mas ele sequer os ouviu direito. Deixaria para se preocupar com eles depois. A única coisa que preenchia sua mente eram aquelas palavras, que ecoavam, sem cessar: “morrendo....Haruno Sakura....está morrendo...”

 

- “Maldição! Eu sabia que não deveria ter me afastado......eu......eu não podia.....” – o copy ninja se martirizava mentalmente por ter tomado aquela decisão. Há muito tempo não via sua garotinha.....pensava que seria melhor assim....havia se afastado do time sete, desde.....desde a partida de Sasuke. Moleque ingrato.....o tinha como um filho.....e agora, por causa dele, perdia sua preciosa flor mais uma vez.....só que, agora....definitivamente – “Espere....espere por mim....por...favor....”

 

 

Agora, aqui

Escolha errada, falhas

Por muito tempo, tarde demais...

Quem sou eu pra ter feito você esperar?

Só uma chance, só um suspiro

Apenas pra confirmar se não há mesmo nenhuma chance

Porque você sabe

Você sabe

Você sabe...

 

 

            Sentiu a visão tremer ao avistar o hospital da vila, e teve que usar de todo o seu auto controle para não dar lugar ao desespero iminente em sua garganta. Entrou às pressas, em seu shunshin de folhas, seguindo a direção do chakra de Naruto.

 

- Waaa! Kakashi-sensei! – Naruto se segurou para não gritar de susto, quase caindo da cadeira onde estava sentado.

 

- Sakura.... – o shinobi cerrou os olhos por um momento, aliviado, ao ver que a menina ainda respirava – ......e onde está Tsunade-sama?! Qual o estado de Sakura?! Como isso foi acontecer?! Por que não me chamaram antes?!

 

- C-calma, Kakashi-sensei – Naruto gesticulava com as mãos abertas abanando na frente da cara, como se quisesse se proteger do turbilhão de perguntas exaltadas – Uma coisa de cada vez....eu....eu estou tão nervoso quanto você...

 

- ......yare, yare..... – cruzou os braços, tentando reganhar a compostura.

 

- Você está bem, sensei? – questionou, preocupado, ao ver o estado do outro. O ninja de cabelos prateados estava coberto de finos cacos de gelo. As partes descobertas de sua face delatavam a pele pálida e fria. A maçã de seu rosto, vermelha em ardência, provavelmente queimada pelo vento congelante que soprava lá fora.

 

- Vai ou não me contar o que aconteceu, Naruto? – rebateu, impaciente.

 

- Tá bom, tá bom! – reagiu com uma careta de desgosto – Foi assim: o Sasuke invadiu a vila em busca da Ino e...

 

- O quê?! – interrompeu, surpreso.

 

- É Kakashi-sensei....eu sei que parece um absurdo, mas foi isso mesmo....o teme veio até aqui pra “raptar” a Yamanaka afim de começar a reconstrução do clã....vai entender......coisa de louco mesmo... – explicava o loiro, balbuciando a última frase de bico e olhos rasos, em tom de deboche.

 

- E ele conseguiu? – indagou, indiferente.

 

- Bem....er....sei lá.....pode-se dizer que sim...mas não foi bem um...”rapto” – respondeu, revolvendo os olhos – A Ino acabou indo por vontade própria.

 

- Sei....mas e onde entra a Sakura nessa história toda, Naruto? – realmente, não estava com paciência para toda aquela enrolação.

 

- Ela não se conformou com o fato de Sasuke ter escolhido a Ino...acho que foi por causa disso. Sakura queria a todo o custo falar com o teme...e então ela tentou impedir a saída deles da vila....e foi aí que.... – pausou o discurso, abaixando o olhar tristonho – ....foi aí que aquele Uchiha maldito a atacou pelas costas! – retorcia os punhos fechados, agarrando-os ao tecido da calça.

 

- Quem?! Sasuke?! – a voz soou num tom rancoroso.

 

- Não!... – voltou os orbes cristalinos para o sensei – Madara.....

 

- “Madara?” – questionou a si mesmo, franzindo o cenho – “O que aquele verme ganharia com isso? Uhn.....pensando bem, ele teria, de certo, interesses na eventual reconstrução de sua linhagem. Então, é isso....”

 

- SASUKEEEE-KUNNNN!!! NÃÃÃOOOO!!! – um grito agudo despertou Kakashi de suas deduções – Ugh! S-s-sasuke-kun.... – Sakura se retorcia de dor, repuxando os lençóis brancos da cama, que se moldavam à agonia dela.

 

- Sakura! – Kakashi se pôs rapidamente ao lado dela, checando-lhe a temperatura da testa com a mão – Está ardendo em febre! Naruto, vá chamar Tsunade-sama, rápido! – exclamou, quase em tom de ordem, a aflição era visível em seu olhar.

 

- Hai! – respondeu de imediato, deixando, atrás de si, uma porta fechada às pressas e saiu correndo em busca da Hokage.

 

            Kakashi acariciava o rosto da kunoichi, tentando acalmá-la.....ou acalmar a si mesmo? Os anos não a tinham mudado muito, afinal. Em meio a toda brancura do quarto, a pele de tom rosa claro, ainda mais acentuado pelo estado febril, contrastava com seus cabelos róseos de cor mais escura.....Sakura fazia jus à seu nome....uma flor, uma cálida e delicada flor de cerejeira, tão frágil e pequena..... “sua pequena”.

 

- P-por quê?! Por que....não....me ama?! – a médica-nin delirava, em sofreguidão. Gotas de suor escorriam-lhe pela extensão do rosto e do colo.

 

- S-sakura.... – sussurrava junto à face de sua menina, observando, impotente, os traços da dor por detrás daquelas pálpebras fechadas e trêmulas – Eu.....eu.....

 

 

Que eu te amo...

Que eu sempre te amei

E eu sinto sua falta

Tenho estado distante por muito, muito tempo

Eu continuo sonhando

Que você estará comigo e que nunca irá embora

Eu vou parar de respirar

Se não vê-la nunca mais

 

 

- Kakashi. – Tsunade, seguida de Naruto, adentrou o recinto e cumprimentou o shinobi, sem delongas, pondo-se a examinar sua pupila, já exalando o chakra verde pelas mãos.

 

- Obaa-chan....e aí? Como é que ela tá? – perguntava o ninja hiperativo número um de Konoha, mais afoito que o de costume.

 

- Como eu temia, a febre voltou a subir.....as feridas mais graves são internas, logo, a temperatura do corpo influencia muito...mesmo que eu as feche com o chakra medicinal, elas com certeza se abrirão de novo...a hemorragia é certa, e vai ser das grandes, sem possibilidades de estancamento... – a lendária médica-nin parecia falar apenas consigo mesma, cessando o brilho esverdeado das mãos.....seu olhar, vago, sobre o corpo debilitado da “paciente”.

 

- Anou, Tsunade-obaa-chan....o que afinal você quis dizer com tudo isso? – apreensivo e confuso pelas palavras da Godaime, Naruto ansiava por respostas. Seu olhar vivaz, alternava, trêmulo, entre as faces de sua companheira de time e a da Hokage.

 

- .......... – silêncio. Era apenas o que lhe vinha à mente. Um silêncio doloroso e lento, que lhe corroía as entranhas. Kakashi estava longe de ter aptidões médicas, porém não era mais um garoto ingênuo, como Naruto. Só lhe faltava esperar a materialização das palavras.....as ondas sonoras baterem contra seus tímpanos. Sabia o que estava por vir. Mas daria tudo, pra não ter que escutar.

 

- Obaa-chan?... – insistiu o loiro.

 

- Não há mais o que fazer. – redargüiu, ríspida, lutando contra o pranto que lhe queimava as ventas – Nossa única esperança é que resista até a febre baixar. O que acontecer daqui pra frente......vai depender dela. – atrás de Tsunade, pela janela, via-se o formar de uma tórrida tempestade. As folhas secas pelo frio pairavam em descontrole. O vento forte entrava pelas frestas do local, numa melodia melancólica, emudecida.

 

- ......... – o copy ninja estava petrificado, fitando o chão de madeira. Seus olhos vazios, sua mente confusa, a garganta seca....definitivamente abalado. Por que, apesar de saber o que viria, não conseguiu manter sua frieza dessa vez? Se seu coração já havia se acostumado tanto à dor, às perdas....por que o sentia despedaçar novamente?

 

- N-não.....você tá mentindo, Obaa-chan! É mentira!!!! – Naruto gritava, inconformado, seus olhos começavam a marejar – NÃO!!!! – abriu a porta abruptamente, pondo-se a correr, em seguida.

 

- Na-naruto! – Tsunade parou, estática, com o braço estendido em direção à porta escancarada. Recolheu tristemente a mão num movimento moroso e pautado em direção ao lado esquerdo do peito, envolvendo-a com a outra e fitando-as com pesar.

 

- Hokage-sama.... – esforçou-se, em vão, para não tremer a voz – É melhor deixar ele sozinho....

 

- Hun. – a loira assentiu, compreendendo pelo tom rouco de Kakashi, que este também precisava ficar a sós – Se houver alguma mudança no quadro dela, comunique-me. Estarei na minha sala. – dizendo essas poucas palavras, saiu do quarto, fechando a porta, em silêncio.

 

            O jounin caminhou lentamente em direção à cadeira, posta ao lado direito da cama, sentando-se, abatido. Aproximou um pouco mais o assento do leito onde repousava sua menina. Precisava vê-la de perto. O tórax delicado arfava, em oscilações bruscas. A boca, antes d’um vermelho brilhante e vivaz, agora estava descorada e ressecada, entreaberta, buscando por ar. Mesmo assim....estava linda, como sempre.

            Lembrou-se do dia daquele baile em comemoração à aliança com Suna. Sua Sakura estava deslumbrante! Nunca vira na vida, flor mais bela. A pele alva, os olhos de esmeralda cintilantes, os traços finos e delicados, as curvas tênues e esguias. Seus cabelos soltos balançavam como seda contra a brisa suave, ornados apenas de um ramo de flores de cerejeira, cuidadosamente encaixado entre os fios cor-de-rosa. Vestia um kimono branco liso de algodão, com um obi verde claro de cetim, todo bordado com linhas rosadas. Um cordão da mesma cor do kimono amarrava o obi à sua estreita cintura. Os passos curtos e cuidadosos, com meias alvas em tamancos de madeira tradicionais. Por onde passava, adocicava o ar com seu perfume caloroso. Era realmente uma mulher inebriante.

            Naquela noite, se recordou de tê-la visto sentada num canto do salão, triste, reclusa......pensativa. Ele usava um kimono de linho listrado de cor verde oliva, bem velho e gasto. Ahh, fala sério! Preferia gastar seu dinheiro em coisas mais úteis, como por exemplo....o mais novo exemplar do Icha Icha Paradise.

            Sob o tecido espesso, o coração do copy ninja palpitava a galopes. Não sabia explicar o porquê de todo aquele alvoroço dentro do peito rijo. Desde quando começara a se sentir assim? Desde que dia passou a ver a aluna de forma diferente?

            Meu Deus, como era linda! Não conseguia tirar os olhos dela. Segurou-se para não chamá-la para dançar. Com certeza ela recusaria....devia estar é pensando em Sasuke.......e se ela aceitasse? Bah! Seria apenas por mera cordialidade para com seu professor...ou por....pena. Não se sujeitaria a isso. Além do mais....não queria assustá-la. Afinal, o que ela pensaria d’um marmanjo daquela idade pedindo pra dançar com ela, uma jovem no florescer da idade?! O que os outros pensariam??!! Poria em risco sua reputação como professor?! E a reputação de Sakura?! Não....não valia a pena arriscar a relação que tinha com ela. A queria perto dele, e isso bastava....pelo menos, ele pensou que bastava.

            Com o passar dos anos foi ficando mais difícil esconder seus sentimentos. Assim como num armário entupido arrumado às pressas, as portas de seu coração pareciam querer se abrir a qualquer momento, despejando tudo o que estava preso lá dentro de uma só vez. Temia não conseguir segurar as palavras....temia a reação dela....no fim, resolveu então se afastar da Haruno e, conseqüentemente do time 7. “Vai ser melhor assim”.

 

- Kusô! Eu sou um idiota! – murmurava em revolta, com ambas as mãos na cabeça, repuxando os fios prateados. Sua cabeça baixa, de olhos firmemente fechados, os cotovelos apoiados na lateral da cama – Se...se eu pudesse voltar atrás....s-se eu tivesse uma segunda chance.....

 

 

De joelhos, eu vou pedir

Uma última chance para uma última dança

Porque junto a você eu suportaria

Todo o inferno, para segurar a sua mão

Eu daria tudo, eu daria por nós

Eu daria qualquer coisa, mas não desistiria

Porque você sabe

Você sabe

Você sabe...

 

Que eu te amo...

Que eu sempre te amei

E eu sinto sua falta

Tenho estado distante por muito, muito tempo

Eu continuo sonhando

Que você estará comigo e que nunca irá embora

Eu vou parar de respirar

Se não vê-la nunca mais

 

 

- Sakura.... – levantou o rosto, para encará-la – Se eu estivesse com você....talvez isso não estaria acontecendo....se eu não tivesse....te deixado.... – os olhos do copy ninja sibilavam, em meio às lágrimas que lhe inundavam os orbes negros.

 

- Não!....não!.....não vá!....não!.... – a kunoichi balançava negativamente a cabeça, inconsciente. O suor cada vez mais predominante, agora se mesclava ao pranto sofrido.

 

- Minha menina..... – Kakashi levou a mão direita à face da garota, acariciando-a e afastando alguns fios róseos que lhe caíam aos olhos. Seu olhar escureceu. Sentiu a mão trêmula, numa sensação de impotência, ao ouvir as súplicas de seu anjo.

 

- Não.....não me deixe aqui sozinha, Sasuke-kun!....está....está escuro...estou com...frio....estou....com medo.... – o semblante dela retorcia-se em pavor. Vê-la naquele estado....foi demais para o jounin de elite.

 

- Sakura! Eu...eu estou aqui, Sakura! Pode me ouvir?! Eu...eu voltei! Estou aqui com você! Está...e-está tudo bem! – abraçou a garota com força, sem mais conseguir segurar o pranto – Eu...eu estou aqui! – sussurrava ao ouvido dela.

 

 

Tão distante...tão distante...

Tenho estado distante por muito, muito tempo

Tão distante...tão distante...

Tenho estado distante por muito, muito tempo

Mas você sabe

Você sabe

Você sabe...

 

 

- Ugh!....eu.....Sasuke....Ino.....NÃOoooo!!!! – gritou alto, em meio a soluços, impulsionando o corpo um pouco para cima, tamanho o seu desespero.

 

- S-sakura.... – Kakashi, ainda abraçado à Haruno, tentava conter as convulsões. A pôs um pouco sentada, segurando sua cabeça junto ao peito, ninando-a em movimentos de acalento – Shhh....Shhhh....está tudo bem, minha menina....tudo bem.....

 

- Hã....hã....está....frio....eu....não quero....morr-...... – murmurou, acalmando-se em seguida.

 

            Ao ver que a garota não mais delirava, Kakashi a deitou novamente. Observou sua pequena, encolhida na cama. A pele ainda mais pálida. Suava frio. Era visível que respirava com muita dificuldade. E a febre, que não cessava!

 

- ....... – sentou-se novamente na cadeira, sem conseguir tirar os olhos de sua flor, que murchava diante dele – Sakura.... – apoiou os braços na lateral da cama, envolvendo a mão esquerda dela com as suas e levando a testa de encontro a elas – Por Kami-sama, Sakura.....não me deixe......onegai......não me deixe, Sakura! M-me leve com você!

 

 

Eu queria...

Eu quero que você fique

Porque eu precisava...

Eu preciso escutar você dizer:

 

“Que eu te amo...que eu te amo

Que eu sempre te amei

E eu te perdôo...e eu te perdôo

Por ter estado longe tanto, tanto tempo

Então continue respirando!

Porque eu nunca mais vou te deixar

Acredite no que digo

Agarre-se a mim e não me solte nunca mais”

 

 

- Não morra, Sakura.....por favor....eu....eu voltei pra você....voltei por você! Sakura....eu......eu.......eu te amo..... – em meio a sussurros, declarações de amor e lágrimas, Kakashi adormeceu sentado, recostado na cama, ainda segurando fervorosamente a mão de sua garotinha. Sentia que se a soltasse, a perderia para sempre. Em suas preces, apenas um pedido:

 

Continue respirando!

Porque eu nunca mais vou te deixar

Acredite no que digo

Agarre-se a mim e não me solte nunca mais

 

Continue respirando!

Agarre-se a mim e não me solte nunca mais

Continue respirando!

Agarre-se a mim e não me solte nunca mais