Minha Vida Como Cão escrita por Teruque


Capítulo 1
O dia que aprendi a latir


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas que tanto amo
Olha a autora baka com mais uma fanfic ^^"
É que eu tava com essa ideia a muito tempo e precisa escrevê-la ;_;
Mas juro que essa será curtinha, apenas dois capítulos :3
Em todo caso, espero que gostem ^^



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Meu nome é Shiroyama Yuu, 21 anos.


Me mudei para um pequeno apartamento em Tóquio há um pouco mais de um ano. Agora dedico a maior parte do meu tempo com a faculdade.


Sim, eu era um daqueles famosos universitários que abrem mão da boa vida social e se fecha totalmente aos estudos. Um verdadeiro nerd, estudante de física.


Festas, amigos, namoradas? Não tinha tempo para nada disso. Imagine então para cuidar de um animalzinho que precisa de atenção noite e dia. Melhor companhia para quem vive sozinho? Simplesmente isso não é pra mim. Prefiro lidar com exatas e coisas lógicas do que com seres vivos.


Pelo menos era assim que eu pensava até que a coisa mais bizarra me ocorresse, mudando totalmente meu estilo de vida...


Era sexta-feira a noite, em torno de umas dez horas. Eu estava dirigindo de volta para casa, após longas e cansativas horas na faculdade. As ruas estavam mais escuras do que de costume. Não prestava muita atenção no trajeto ainda pra ajudar (o que admito ter sido um grande erro). Tudo que eu mais queria era chegar o quanto antes em casa, tomar um banho para me livrar do stress da semana toda, cair na cama e dormir o fim de semana inteiro.


Doce ilusão momentânea.


– Hachiko!!! – um grito ecoou por aquela rua deserta e escura. Porém só conseguir parar ao bater em algo, que praticamente se jogou na frente do carro.


Saí do veiculo para ver o estrago do ocorrido. Deparando-me com um cão suicida (sim, declaro minha total inocência pela morte do animal. Ele que foi de encontro ao meu carro).


– Hachiko! – o que supus ser o dono do animal suicida se aproximou da criatura com o olhar de desespero. Pondo-se a chorar ao ver o cão morto (ou o que restou dele). Calma gente. O cão ainda estava inteiro, só que morto e sobre uma poça de sangue. – Hachiko, olha o que fizeram com você. Por que saiu correndo daquele jeito? – quanto drama por causa de cachorro – POR QUE VOCÊ NÃO PAROU?! – agora ele dirigia sua raiva para mim – É tão cego que não conseguiu enxergar o cachorro?!


- Pra começo de conversa foi você que não teve a capacidade de segurá-lo – respondi no mesmo tom de agressividade. – E eu não tenho culpa se esse seu vira-lata era suicida!


– Vira-lata?! Hachiko é um akita! E meu melhor amigo.


– Isso é apenas um cão! Você pode muito bem arranjar outro. E essa história de “melhor amigo”. Acha mesmo que um vira-lata se importasse com isso?!


– É UM AKITA!!!


– Akita, poodle, chiuhuahua... ainda assim não passa de um animal idiota!

– Um “animal idiota” que é melhor que muitas pessoas arrogantes! – encarei isso com uma indireta totalmente direcionada para mim.


– Então essa “pessoa arrogante” já está indo embora para que você continue chorando pelo vira-lata.


– AKITA!!!


– Como se eu me importasse – voltando para meu carro, retornando a minha rota anterior. Enquanto aquele idiota continuava se lamentando pela perda do animal, próximo a sarjeta. Chegava ser deprimente. Não! Aquilo era ridículo.


O resto do percurso até o estacionamento do prédio foi estressante. Eu havia perdido meu precioso tempo discutindo com um idiota por causa de um cachorro suicida. Mais do que nunca, desejava um bom banho e minha cama.


– Shiroyama Yuu? – uma voz feminina chamou por mim assim que eu tinha terminado de trancar o carro.


– Quem é você? – perguntei surpreso, não só por aquela pessoa estranha por saber meu nome. E sim por sua aparência.


Olhos cor mel, longos cabelos prateados, orelhas caninas ao invés de humanas, uma cauda super peluda e a ausência de algumas peças de roupas que, sinceramente, eram essenciais.


– Eu me chamo Ryoko e sou uma inugami*


– Inugami?! – ri com certa ironia – Para mim você não passa de uma puta oferecida com fetiches estranhos. Agora saia da minha frente que já me irritei demais por um dia e não tenho interesse em nenhuma prostituta. – passando direto por ela, sem lhe dar a menor atenção.


– Yuu querido, tenho pena de você. Tão preso em seu próprio mundo que não sabe mais o que é ter compaixão.


– Do que está falando?


– Aquele pobre garoto que você deixou de coraçãozinho partido após matar seu querido cãozinho e não demonstrar nenhuma compaixão.


– Era só um maldito vira-lata! – respondi de modo ríspido – E alias, isso não é da sua conta!!!


– Isso é da minha conta sim, Yuu querido. Muito mais do imagina. – aquela vadiazinha se aproximou de mim, começando a se esfregar em meu corpo, enquanto sua cauda invadia por debaixo de minha camisa, causando uma doce sensação de arrepio em minhas costas. – Então Yuu-chan... vamos brincar? – sussurrando cada palavra em meu ouvido. E admito que estava começando a ficar duro.


Nem venham dizer que o pervertido dessa porra toda sou eu!!!

Tinha uma mulher, bem jovem e bonita (confesso), semi-nua (para não dizer por completo), de fetiches estranhos e com uns peitos de tamanho bem generosos (paro por aqui...) me assediando no estacionamento do prédio onde eu vivia e nenhuma testemunha por perto. Ela estava praticamente pedindo para ser comida lá mesmo.

– E... eu não sei quem é você e... melhor ir embora – sim, eu estava nervoso, no meu limite de sanidade.

– Não irei embora antes de puni-lo adequadamente – ela continuava a sussurrar em meu ouvido – Nee... Yuu querido... que tal eu te mostrar como é a vida de um cão?

– Co...mo?!


Antes que eu tentasse pelo menos assimilar a situação em que me encontrava, aquela mulher estranha me beijou.

Isso mesmo.


Aquela vadia me roubou um puta beijo e ainda teve a ousadia de morder meu lábio inferior.


– Nos veremos em breve, Yuu querido. Aproveite sua nova vida. – desaparecendo em meio a uma forte fumaça que surgiu de repente.


Mas o que ela quis dizer com nova vida? Eu me sinto totalmente normal. Tirando o fato de ter levado uma mordida após ter um beijo roubado, e ter sido, consideravelmente, assediado. Sem mencionar que o ser responsável por tudo isso desapareceu como mágica.


Calma, Yuu, deve haver uma explicação lógica para tudo isso


Você só precisa descansar.


Isso tudo é stress e cansaço acumulado


Resultado de uma mente cansada a ponto de me causar alucinações.



Yuu vá dormir e esqueça tudo que aconteceu.


E principalmente CHEGA DE CACHORROS!


– Mamãe olhe! É um akita – uma criança, acompanhada de sua mãe, estava retornando para o prédio àquela hora.


– Sim, filha. Mas vamos deixar o cachorrinho quietinho, okay? – puxando a menina pelo braço.


– Bye, bye cachorrinho. – a menina acenava na minha direção.


“Cachorro? Onde?” – comecei a olhar de um lado para o outro em busca do tal animal. Mas minha surpresa veio quando me deparei com meu reflexo na porta de um dos carros no estacionamento.



...............................


............................


..................


.........


...










Eu tinha me transformado em um cachorro.


E não era um vira-lata qualquer.


ERA UM AKITA!


E AINDA POR CIMA PRETO!!!



Acalme-se Yuu.


Isso é apenas um sonho.


Ou melhor, um pesadelo...


Tudo voltará ao normal assim que acordar.


Acordar?! Nem me lembro de ter dormido...


– Surpreso? – aquela voz sádica havia retornado.


“- Sua vadia! Me faça voltar ao normal agora!” – rosnei ( não, a porra do trocadilho não foi intencional)


– Que cãozinho irritadinho – provocou-me – Ta no cio, é?


– Apenas me faça voltar ao normal, senão...


– Senão o quê? Vai me morder até a morte? – riu com escárnio.


Vadia, desgraçada, cadela, cão do demônio.


Yuu, para pelo amor de qualquer coisa com esses malditos trocadilhos caninos.


– Meu querido Yuu, se quer mesmo voltar a ser humano, terá que merecer isso.


“- O que?”


– Cães, gatos, qualquer animal que as pessoas tenham como bichinho de estimação são pequenos anjos disfarçados com a missão de fazer seu humano feliz e protegê-lo. E você matou um desses preciosos anjos. Agora terá que assumir o lugar dele e cuidar daquele pobre garoto que ainda sofre com a perda de sua mascote.


“– Eu não vou cuidar de ninguém! Já tenho meus próprios problemas.”


– É isso ou passar o resto da sua vida como cachorro. A decisão é somente sua – sorriu provocante. E eu com a maior cara de idiota, sendo forçado a aceitar suas condições – E só mais uma coisa, Yuu querido: Apenas eu posso falar com você. As outras pessoas entenderão suas palavras como simples latidos – não... jura?! Queria o que? Que eu relinchasse? Sou um cachorro agora. È claro que irei latir. - Boa sorte com sua nova vida, Yuu. – sumindo novamente.


“- Hey espere! Eu nem sei onde aquele moleque mora!!! – gritei (lati) em vão. A vadia já havia sumido.


Como ela espera que eu encontre um moleque que só vi uma vez e nem sei o nome.

Igual um cão sem dono (Yuu pare com esses trocadilhos) vaguei pelas ruas escuras, de volta para o lugar que me encontrei com o moleque. Idiota do jeito que era, corria o risco de ainda estar lá.

Minha situação não podia ser pior, pois quando cheguei ao local nem ele e nem o cão suicida estavam lá.

Aliás, podia sim.

Para ajudar com meu humor, que já não era dos melhores, começou a chover. E chover muito. A ponto de, quando os poucos carros que passavam pela rua naquele horário, levantasse ondas e me atingindo.

Eu juro que matarei aquela vadia da próxima vez que a encontrar.

Continuei andando, ainda mais perdido que antes. Até me deparar com uma bela casa enorme (qualquer coisa perto de meu minúsculo apartamento é grande, alias). Passei por entre as grades do portão (encontrei uma utilidade para essa minha forma canina: invadir casas) e comecei andar pelo quintal, no qual parecia não acabar nunca, até finalmente chegar na varanda daquela casa e me refugiar.

Não me pergunte por que raios entrei naquele lugar.

Apenas senti que devia ir para lá e fui.

Será isso o chamado “instinto canino”?

Entregando-me ao cansaço e rezando para não pegar uma pneumonia depois do banho de chuva que havia tomado, me acomodei da melhor maneira que consegui para, pelo menos, tentar dormir um pouco.

Uma vida de cão definitivamente não era pra mim.

– Como chegou aqui? – uma voz me despertara quando estava finalmente adormecendo. Era uma pessoa usando uma capa de chuva, na qual não reconheci a primeiro momento – Não possui coleira de identificação, nem nada. Então quer dizer que não tem dono, não é? – Pegando-me em seus braços, de modo que conseguir ver seu rosto perfeitamente. E PUTA QUE O PARIU, era o maldito moleque que eu estava procurando. Mas espera ai. Eu estou deitado em frente à casa dele? Então esse filho da puta é filhinho de madame? Isso explica o porque ele foi tão exagerado por causa do vira-lata suicida... – Pode adoecer se ficar nesse relento e ainda todo molhado. Tomarei conta de você até que seu dono apareça. Isto é, se tiver um. – eu sou humano sua anta. Só estou nesse corpo de cachorro pra “cuidar” de você e pagar pelos erros de seu cão suicida. Claro que ele não me entenderia...

– Nana, estou de volta! - O moleque me carregou para dentro de sua casa. Já chamando pelo nome de uma mulher

– Takashima-san, despediu-se adequadamente de seu pequeno animal? – uma mulher que já aparentava certa idade veio o receber. E pelo uso do “san” imagino que seja uma empregada da casa.

– Sim... mas sentirei falta de Hachiko... o enterrei no fundo de casa... – o que? Esse moleque tinha uma espécie de cemitério para animais, é isso? Quantos bichos já morreram em suas mãos? Melhor não saber...

– E quem é esse rapazinho que o senhor está segurando – referindo-se a mim, claro.

– Eu o encontrei tremendo de frio parado em frente a porta. E já que não possui nenhum tipo de identificação pensei em ficar com ele. Pelo menos até o verdadeiro dono aparecer pelo menos.

– Compreendo senhor.

– Nana, poderia preparar um banho para mim e o.... – ele parou por um breve momento e começou a me encarar – Que nome acha que deveria colocar nele?

– Eu não sei senhor...

– Nana qual é sua cor favorita? – que tipo de pergunta é essa?

– Gosto da cor azul... ela me traz certa paz.

– Azul... – voltou a me encarar novamente – Que tal eu o chamá-lo de Aoi?

– É um belo nome – concordou a mulher.

– Então seu nome a partir de hoje será Aoi – eu já tenho um nome. E é Yuu. Como isso fizesse diferença agora. – Então Nana, poderia preparar um banho para mim e para Aoi.


– Claro que sim, senhor. Espere apenas um instante – dito isso ela se afastou.

– Então Aoi. Espero que goste de sua nova casa – e eu tenho escolha?

O moleque continuou me carregando pela casa, até chegarmos no banheiro onde a mulher terminava de encher uma banheira lindamente luxuosa. Acho que estou começando a gostar dessa vida.

– Seu banho está pronto senhor.

– Muito obrigado Nana. Pode deixar que daqui eu me viro. – a mulher simplesmente assentiu com a cabeça e se retirou do lugar, após encostar a porta.

– Então, Aoi. Que tal um bom banho quente? – me colocando finalmente no chão e começando a despir-se. Mas espera ai. Ele pretende tomar banho junto comigo? Tipo, pra ele eu sou um simples cachorro, mas e quanto ao meu lado humano preso a esse corpo, como fica?

Eu fiquei em choque, literalmente babando enquanto acompanhava ele tirar peça por peça de sua roupa, lentamente. E confesso que teve um ponto muito especial que me prendeu a atenção. Acho que não preciso entrar em detalhes, não é?

– Venha aqui Aoi – assim que ele acabou de se despir, me pegou no colo novamente, mergulhando dentro da banheira.

Aquela água quentinha me ajudou a relaxar um pouco e devo admitir que tomar banho com o moleque não foi de tudo ruim.

Após uns trinta minutos, o garoto me levou até seu quarto onde se trocou e depois usou um secador para me secar, amarrando uma coleira com uma gravatinha borboleta em meu pescoço.

Eu estava me sentindo um verdadeiro cãozinho de madame. Será um dia chegarei a sentir falta dessa vida?

– Pronto Aoi. Agora sim você está apresentável. – me deixando andar livremente pelo seu quarto enquanto ele terminava de arrumar suas coisas.

Claro que o primeiro lugar que quis “explorar” foi a cama de casal. Macia e aconchegante. Será que ele me deixaria dormi aqui. Já havíamos tomado banho juntos mesmo. O que custava?

Continuei xeretando nas coisas em cima do criado próximo a cama até derrubar um porta-retrato no chão.

– Aoi! – viva, nem faz tanto tempo que estou aqui e já levei minha primeira bronca – Cuidado aonde você mete esse focinho – recolhendo o porta-retrato, abrindo um breve sorriso enquanto olhava a foto.

Comecei a olhar a foto junto com ele.

Havia três pessoas. Uma criança, na qual deduzi que fosse ele quando pequeno junto de um casal, talvez seus pais.

– Essa é a única lembrança que tenho da época que eu sabia o que era ter uma família feliz – deixando seu breve sorriso morrer – Depois que meu pai morreu, minha mãe não teve tempo para mais nada que não fosse referente ao seu trabalho. Eu praticamente fui criado pela Nana, minha babá. Nunca tive muitos amigos.... digo pessoas, minha companhia era apenas meu antigo cachorro... – desci da cama, começando a tentar chamar a atenção dele para mim – Pensei que nunca mais encontraria um novo amigo, até você aparecer, Aoi – acariciando minhas orelhas – Parece que você é como um anjo que veio ao meu auxilio – você não faz nem idéia... – Bom... melhor irmos dormir, não é? – levantando-se do chão e deitando-se na cama após colocar o porta-retrato no lugar. – Vem Aoi, tem espaço pra você também – me chamando para subir na cama. Claro que não pensei duas vezes, me ajeitando rapidamente ao seu lado. – Boa noite, Aoi – disse-me sorrindo, adormecendo lentamente.

Apenas o observei por mais um tempo, até que pegasse totalmente no sono.

Por esse breve momento me senti totalmente responsável por ele.

Realmente senti que ele precisasse de uma boa companhia.

“Boa noite, garoto” – disse em pensamento, adormecendo logo também.



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Notas finais do capítulo

*Na mitologia japonesa, um inugami é um shikigami que assemelha-se a um cachorro. É extremamente poderoso e capaz de possuir humanos.
Na nossa história como você puderam ver ela só apareceu para virar a vida do Aoi de pernas por ar mesmo ^^"
Mas e ai
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