Perdição de Tomoyo escrita por Daijo


Capítulo 1
Capítulo Único




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Sinto-me num poço sem fundo.

A culpa que carrego é maior que o amor que sinto.

Minha culpa?

Ter me apaixonado pelo namorado de minha melhor amiga.

 

Meu nome é Tomoyo Daidouji e tenho vinte anos. Meus cabelos são negros e meus olhos são de um tom violeta. Estou em pé ao lado da porta. A causa de meu sofrimento acabou de sair.

Observo ele sair de carro. Ele alto, forte e bonito. Seus olhos são castanho âmbar, seu cabelo é da mesma cor e levemente arrepiado. Chama-se Shaoran. Teve a gentileza de me dar uma carona.

Estou tão envergonhada. Finalmente me declarei para aquele homem impossível. Jamais vou esquecer o olhar gélido que ele dispensou a mim. Não posso culpá-lo; qualquer um agiria assim depois das atrocidades que eu confessei.

Eu desabafei meus sentimentos. Disse tudo que estava engasgado a alguns meses.

Disse que o amava. Mas não foi por isso que se feriu; foi por outro fato que eu confessei.

Eu sou mesmo uma pessoa miserável. Não consigo entender meus próprios sentimentos. Disse-lhe que antes de conhecê-lo eu amava Sakura. Minha doce amiga de olhos esmeraldinos e cabelos castanhos avermelhados. A atual namorada dele.

Ele me olhou descrente. Eu, então, disse que era verdade. Que morria de ciúmes de ver eles juntos. E que depois de algum tempo meus ciúmes eram por ele.

Ficou me olhando com uma expressão indecifrável por instantes, que me pareceram a eternidade. Machucava-me muito a reação dele. Fria.

Mesmo o remorso me corroendo por dentro, joguei-me em seus braços. Ele podia ter simplesmente me empurrado. Mas não, sempre gentil, deixou que eu chorasse em seus braços. Minha mente só conseguia pensar em Sakura. Na traição por minha parte.

A camisa de Shaoran já estava ficando molhada, quando afastei meu rosto para encará-lo. Olhos frios me encararam. A pontada no coração foi forte.

Eu sorri. Apesar da dor que aquele ato me causava, fiquei feliz de saber que ele era fiel a Sakura e que realmente a amava.

Shaoran ficou confuso com meu sorriso. Afastou-me, então, com delicadeza de seu corpo. Eu me aproximei novamente, e com leve inocência selei meus lábios aos dele. Ele arregalou seus olhos surpreso. Eu fechei os meus; não queria ver o desagrado nos olhos, naquele momento mágico para mim.

Afastei-me ainda sorrindo. Sabia que não havia maculado-o; a traição e a culpa eram apenas minhas.

Mas ele pareceu não achar dessa maneira. Começou a andar de um lado para outro, arrepiando nervosamente os cabelos com as mãos. Percebendo o conflito interior que eu o submeti, segurei-o pelos braços.

“Não fique assim Shaoran, a culpa é toda minha. A única que merece sofrer nessa história sou eu. Esqueça o que aconteceu aqui, e seja feliz com Sakura. Faça esse último favor para mim.”

Ele assentiu com a cabeça e saiu em direção à porta.

Aquele silêncio foi o bastante para mim. Suspirei aliviada, com a certeza que os dois amores de minha vida seriam felizes juntos.

Lá estava eu, em pé ao lado da porta relembrando tudo aquilo. Entrei e fechei a porta a minhas costas. Fui até meu quarto e joguei algumas roupas na mala. Escrevi um breve bilhete de despedida para minha amiga Sakura. Coloquei em cima da mesinha de centro, quando desci para a sala.

Segurando minha mala, sai para a noite sem mesmo trancar a casa. Peguei meu celular e liguei para Sakura. Seu celular estava na caixa postal; deixei então um recado.

“Oi Saki. Quando ouvir está mensagem eu já estarei longe. Quero que saiba que te amo muito e que algum dia nos reencontraremos. Só peço que passe mais tarde em minha casa e pegue o bilhete que deixei lá para você. Até. Beijos.”

Desliguei o celular e joguei-o na rua sem dó.

Meus passos eram rápidos, já estava ofegante. Parei em cima da ponte da cidade. Olhei então para minha mala. Para que eu a havia trazido? Não era para menos que estava ofegante. Joguei-a, então, no mar abaixo de mim.

Olhei para o céu. Estava muito belo, pontilhado com suas estrelas. Imaginei se para onde eu iria poderia vê-las. Desci meu olhar para o mar; o reflexo da lua me encantou. Ao menos ela não rejeitaria meu amor.

Senti uma lágrima solitária percorrer meu rosto, deixando um rastro quente. Calor que dentro de alguns instantes não sentiria mais.

Um calor de um abraço, um carinho qualquer que fosse.

Mirei novamente o meu destino, a lua. Subi cuidadosamente no parapeito da ponte. Fiquei em pé, de olhos fechados por alguns instantes. O som das ondas, lá embaixo, era tentador. Me inclinei levemente. E com um último suspiro voei.

Um vôo que pareceu longo. Longo o suficiente para lembrar-me de todos os momentos bons e ruins que passei, em companhia da família e amigos. Lembrando-me da minha melhor amiga, dei-me conta que talvez, na realidade, eu ainda amasse a Sakura. Mas isso não importava mais. A imensidão azul me esperava.

Ainda de olhos fechados esperei o baque. Som que nunca escutei.

 

 

Sakura e Shaoran permaneciam em silêncio, sob uma grossa chuva. A jovem, aos soluços, segurava um papel com a tinta borrada pela chuva.

Ele mantinha um olhar fora de foco. Ela observava a lápide de sua amiga.

As lágrimas já haviam secado. Restara apenas a dor de perder um ente querido.

Ali naquele túmulo, jazia a sua grande amiga Tomoyo. Era quase uma irmã. Sakura ainda não conseguia entender o motivo que levara sua amiga a aquele ato. Também já não adiantava pensar nisso, estava feito.

Shaoran passou o braço sobre os ombros da namorada, puxo-a para irem embora. A garota deixou-se levar, pois já estava sem forças.  A pouco metros de distância, virou-se para olhar a lápide mais uma vez.

- Até Tomy. – disse, e voltaram a caminhar.

 

Fim


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Notas finais do capítulo

A história começa na primeira pessoa, sendo narrada por Tomoyo. No finalzinho passa para a terceira pessoa, que no caso sou eu.. rs.
Bom, eu tive a idéia de fazer essa fic do nada. Nunca tinha escrito uma death-fic.. isso foi uma primeira tentativa. Espero que tenha ficado boa. ~.*