Quando estavam quase chegando ao esconderijo guiados por Pakkun, que seguia o cheiro de Sakura, o grupo foi atacado por ninjas poderosíssimos.

            Foi uma luta intensa, e conseguiram derrotá-los. Porém, mesmo que Ino tivesse curado os ferimentos de todos, precisavam repousar, segundo as palavras da loira.

- Não podemos perder tempo!!! - Naruto vociferou - Temos que continuar!!!

- Eu sei, mas não dá, Naruto!!! Entenda isso!!!

- Tsc... Por que esses caras tinham que aparecer no meio do caminho???

- A vida é assim, Naruto... - disse Kakashi - Imprevistos acontecem.

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            “Konoha está demorando demais...”, Sasuke pensou. “Será que aconteceu alguma coisa no caminho? Se eles se atrasarem e Madara chegar antes... Droga!”

            Para extravasar sua fúria, Sasuke socou o sofá onde estava sentado, atraindo os olhares assustados dos companheiros de equipe.

            Então, ele se levantou e foi para o seu quarto.

            Sentou-se em sua cama, de um ângulo onde podia observar a kunoichi sentada numa almofada lendo um livro sobre a mesinha.

            “Pensei que não precisaria, mas... Parece que vou mesmo ter que usar o Plano B.”, o Uchiha pensava, sem tirar os olhos da garota.

            Notando o olhar intenso do rapaz, Sakura o fitou.

- O que foi, Sasuke-kun?

- Hunf...

            Ele se deitou e fechou os olhos, colocando um dos braços sobre a testa.

            Sakura não se deu por vencida e foi até ele.

            O rapaz abriu os olhos ao se surpreender com o toque repentino de Sakura ao segurar sua mão, levantando o braço que estava esticado na cama para sentar-se ali.

            Ainda segurando a mão dele, ela voltou a perguntar:

- O que foi, Sasuke-kun?

            Ele tornou a fechar os olhos. Mas, para a surpresa de Sakura, ele apertou sua mão, como se quisesse que ela continuase ali, que não saísse de perto dele.

            Ficaram assim, de mãos dadas, por um tempo. Sakura apenas observava Sasuke. Imaginava no que ele estaria pensando.

            De repente, ele abriu os olhos de novo e, fitando Sakura, disse:

- Pode ser que a gente tenha que sair daqui do nada, então... É bom que você já saiba de tudo, pois não sei se vou sobreviver para contar depois.

            Aquelas palavras assustaram Sakura, e seus olhos ficaram marejados.

- Mas o q...???

- Shhh... - interrompeu ele - Apenas ouça.

            Ela enxugou as lágrimas que escorreram sem que percebesse e procurou se acalmar. Respirou fundo e fitou Sasuke, demonstrando que estava preparada para escutar.

            O rapaz pôs o braço que estava na testa sobre os olhos. Não queria ter que encará-la ao contar a terrível verdade sobre os Uchiha.

            Sakura ficou chocada com a história por trás do clã Uchiha e por trás do irmão mais velho de Sasuke, Itachi, além de descobrir que aquele Akatsuki de máscara laranja era nada mais nada menos que o verdadeiro líder da organização e também um Uchiha: Madara Uchiha.

            Sasuke parou de falar após contar tudo o que Madara lhe dissera. Esperava pela reação de Sakura.

            Então, percebeu qual foi.

- Por que está chorando? – perguntou, voltando a olhar para ela.

- Ah, Sasuke-kun! – ela exclamou, com a voz chorosa – Se você sofre, eu sofro junto! Eu queria ter estado ao seu lado quando você soube de tudo isso... Imagino o quanto você sofreu e vem sofrendo quando pensa nisso... – ela começou a enxugar as lágrimas – Desculpe por eu não estar por perto...

- Se você não estava por perto, a culpa é unicamente minha. Não se martirize.

            Ela tapou o rosto com as mãos, sem conseguir para de chorar.

            Sasuke soltou um longo suspiro, sentou-se e pegou as mãos dela, retirando-as de seu rosto.

- Pare com isso. – praticamente ordenou, com um leve tom de preocupação na voz.

            Ela abaixou a cabeça, respirou fundo e se recompôs.

            Sentado ao lado dela, Sasuke deu continuidade à sua história.

- Então, não tive escolha a não ser me juntar à Akatsuki... Senão Madara poderia me matar. Por outro lado, eu precisava de fortes aliados para me ajudar a acabar com os conselheiros de Konoha. Juntei o útil ao agradável. Mas, assim como eu já planejava matar Orochimaru desde que saí de Konoha, fiz o mesmo quando me aliei a Madara.

- V-você o quê?! – ela disse, olhando perplexa para o rapaz – Quer dizer que você já saiu da vila planejando isso???

- Sim.

            Ela continuou olhando-o bestificada, e de repente sua expressão mudou.

            Voltando a ficar cabisbaixa, disse:

- Posso perguntar uma coisa antes de você continuar?

            Ele hesitou um pouco, pensando no que ela poderia querer perguntar do nada.

Por fim, respondeu:

- Pode.

- Se você desde o começo não planejava se aliar de fato ao Orochimaru... Por que não me levou com você?

            Sasuke não ficou muito surpreso, pois já havia deduzido que ela perguntaria algo relacionado a isso.

            Ele suspirou e, fitando o chão, disse:

- Foi uma proposta absurda sua. Orochimaru não me faria mal, já que tinha interesse em mim. Mas ele não tinha interesse nenhum em você, e isso já seria motivo suficiente para te matar. Além disso, eu não queria te envolver no meu caminho de vingança, nem te afastar da vila, dos seus amigos, da sua família, por sua causa... Em suma, foi para o seu próprio bem.

            Sakura admirou-se com a resposta.

            Então, surgiu outra pergunta:

- Entendi. Você não podia nem devia me levar. Mas... – ela o encarou – Você queria?

            Tal pergunta pegou Sasuke de surpresa, e isso ficou visível em seu rosto.

            Ele a encarou de volta.

- Que importância isso tem agora? – indagou, ríspido.

- Oh, uma extrema importância, pode ter certeza.

- Hum... – ele desviou o olhar por alguns segundos, depois voltou a fitá-la – É para ser bem sincero?

- Bem sincero. – ela disse, hesitante, com medo do que ouviria a seguir.

- Tudo bem. – ele fez uma pequena pausa, olhando-a nos olhos – Queria. E muito.

            Sakura ficou boquiaberta, e sua face enrubesceu no mesmo instante.

- Mais alguma pergunta?

            Ela balançou a cabeça negativamente, sem conseguir falar. Estava impressionada demais para isso.

- Então, posso continuar... Madara deu ao Taka a missão de capturar o jinchuuriki de oito-caudas, e ao Pain a missão de capturar o... Naruto. Não esbocei reação. Não podia mostrar nada além de indiferença na frente de Madara. E eu não podia fazer nada para impedir. Me concentrei na missão, tentando não pensar no Naruto nem em Konoha... – ele resolveu não dar detalhes da luta, muito menos dizer que lembrou do Time 7 durante a mesma – Depois da missão, esperei Pain voltar com notícias, e fiquei aliviado quando soube que... Aquele idiota imprevisível tinha sobrevivido.

            Sakura prestava atenção a cada detalhe, e não pôde deixar de sorrir com o que ele dissera sobre Naruto.

- Então, depois que Pain voltou, sem sucesso na missão... Madara teve uma idéia para capturar o Naruto.

            Ele olhou de esguelha para Sakura, esperando que ela compreendesse.

            E assim aconteceu. Ela arregalou os olhos, e Sasuke voltou a olhar para frente.

- Me ofereci para o serviço. No começo, pensei em não te seqüestrar, atrair Madara até aqui e lutar contra ele, mas não tive tempo de conhecer direito suas habilidades. É aí que entra Konoha. Você foi usada para atrair o Naruto, conforme Madara queria, e eu contaria a eles tudo o que te contei agora para que se juntassem a mim e me ajudassem contra Madara. Pain relatou que enfrentou Naruto, e que ele estava incrivelmente forte. Talvez o time que viesse com ele não acreditasse em mim, mas o Naruto com certeza acreditaria e convenceria os outros. Assim, as chances de derrotar Madara aumentariam, e alguém de Konoha poderia te levar de volta à vila. – ele fez uma pausa e suspirou – Era isso. Eu esperava que Konoha chegasse antes, mas está demorando demais segundo meus cálculos...

            Ele parou de falar e olhou para Sakura, vendo o quanto suas palavras a impressionaram.

- E-então... Se Madara chegar primeiro... Meu seqüestro...

- Pois é. Terá sido em vão.

            Ela engoliu em seco.

- Mas não se preocupe, você ficará segura aqui. Eu nunca me perdoaria se alguma coisa acontecesse a você por minha causa. Além disso, há uma chance para o seu seqüestro não ter sido em vão.

            Ela o encarou, confusa.

- A cem metros atrás dessa caverna, há uma campina, que ocupa um grande espaço. Se Karin sentir a presença de Madara, eu e Taka vamos aguardá-lo naquela campina, e você vai ficar aqui, esperando Konoha. Só eu sei quebrar o genjutsu que esconde a caverna, ele não vai te achar. Então, quando Konoha chegar, você sairá daqui, dirá que preciso de ajuda e que só entrei para a Akatsuki por conveniência. Aí, você corre até a campina, e eles verão com seus próprios olhos que você terá falado a verdade. Pode ser que vocês cheguem tarde demais, mas pode ser que não... Se chegarem tarde, vou deixar tudo nas mãos do Naruto... Pelo menos eu terei tentado... E você vai poder contar tudo isso para Konoha depois.

- NÃO! – gritou Sakura, desesperada, abraçando Sasuke com força – Não fale como se... Como se você fosse...

            Ela não teve coragem de pronunciar a última palavra.

            Afrouxou o abraço e deitou a cabeça sobre o peito de Sasuke. Ele logo sentiu sua blusa ficando molhada.

            O rapaz não retribuiu o abraço, mas também não o rejeitou.

            Estranhamente, Sasuke nunca se importou de tocar ou ser tocado por Sakura. Ele já teve que pegá-la no colo para salvá-la, ela já lhe serviu de apoio quando estava debilitado e já lhe abraçara várias vezes... Não foram poucos os momentos que tiveram contato um com o corpo do outro. E isso não incomodava Sasuke.

            Por que na única vez que Ino lhe abraçou ele sentiu repulsa? Por que, quando Karin deu em cima dele, ele se esquivou e mandou-a embora? Por que com Sakura é diferente? Por que, quando ele a ouviu se declarando, depois de tantos argumentos para ele permanecer na vila, mexeu tanto com ele? Por que a surpresa e a alegria ao ouvir da boca dela que ela o amava incondicionalmente, e a tristeza por não poder levá-la?

            Tudo começou a se encaixar na cabeça de Sasuke, enquanto sentia sua blusa ficando cada vez mais molhada.

            De repente, percebeu o que tinha que fazer, pois a qualquer momento teria que deixá-la e não sabia se tornaria a vê-la.

            Ele a abraçou fortemente, surpreendendo-a, e sussurrou:

- Sakura...

            Então, ele pôs as mãos sobre os ombros dela e empurrou-a gentilmente.

            Olhou-a nos olhos.

- Você me disse para te levar comigo se eu não pudesse ficar... Você me disse que me amava... Diga-me, Sakura: você ainda me ama?

            Seu rosto corou instantaneamente. Seu coração palpitava cada vez mais rápido. Ela ficou estarrecida diante daquela pergunta tão inesperada.

            Então, ela abaixa a cabeça e diz:

- Eu mudei em muitos aspectos, mas... – ela o encara, com o olhar sério – Mas meus sentimentos por você não mudaram em nada!

            Após uma intensa troca de olhares, Sasuke aproxima seu rosto do de Sakura.

- Acho que... Finalmente entendi que tipo de laço formei com você...

            Antes que pudesse raciocinar, Sakura sente os lábios de Sasuke sobre os seus.

            Foi um simples, rápido e suave beijo, mas foi o suficiente para deixar Sakura mais paralisada do que quando foi acertada pela “Espada-Chidori”.

            Ele separou seus lábios dos dela.

            “Essa pode ter sido... A primeira e última vez que faço isso.”, o Uchiha pensa, encarando-a.

            Parecendo captar seus pensamentos, Sakura o abraça para beijá-lo de novo. Dessa vez, foi um beijo mais demorado, pois ambos não sabiam se teriam oportunidade para isso de novo.

            Então, Sasuke segurou o rosto dela com ambas as mãos e o afastou delicadamente.

            Depois de lhe dar um beijo na testa, Sasuke se levantou e andou até a porta, retirando-se do aposento.

            A kunoichi levou os dedos à boca, sem acreditar no que havia acontecido. E demoraria muito até ela acreditar que realmente aconteceu.