Capitol Hunger Games escrita por Azula, AnaCarol


Capítulo 6
Me acostumo a cheirar como uma árvore.




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Segundo dia de treinamento com Hasse, estou torcendo para que tudo ocorra bem. Acordo e sinto o cheiro de pinheiro na minha roupa deixado por Hasse quando ele me abraçou. Ainda estou magoada com ele por tudo que me disse, mas atrevo-me a sorrir. Tomo um banho, mas o cheiro continua em mim. Visto uma roupa normal e encontro Hasse no corredor, ficamos em um silêncio perturbador por alguns minutos, até que ele decide falar.

– Tem pãezinhos, vamos? – ele diz e vamos para a mesa.

Hasse come seus pãezinhos e eu o observo. Suas feições são delicadas, porém cruéis, seu cabelo loiro está desarrumado e seus olhos, antes focados na refeição, estão cravados em mim.

– Quando iremos treinar? – Tento esquecer o meu constrangimento e pergunto.

– Hoje marquei o horário de 10h30min. Ontem o mentor do distrito Dois reclamou da nossa pequena bagunça e não pude pegar o primeiro horário.

– Ok, prefiro esse horário. - digo e Hasse começa a cheirar o ar, ajoelha sobre sua cadeira e sobe na mesa, estou afastando minha cadeira e ele começa a cheirar novamente.

– Você está com cheiro de pinheiro. – ele diz, e eu concordo.

– Foi você. – digo – Ontem.

– Então vou ter que te abraçar toda noite, porque você está cheirando melhor do que nunca. – ele diz, pula da mesa e tenta me abraçar. Começo a rir e me solto de seus braços.

– Você é algum tipo de louco? – pergunto.

– Existe mais de um tipo? – ele rebate e nós dois rimos. – Vá se trocar, agora vamos treinar.

Obedeço e coloco a roupa do treinamento, faço o mesmo rabo de cavalo e descemos até o centro de treinamento. Está tudo perfeitamente arrumado, diferente de quando saí da sala ontem.

– Pega. – Hasse diz e joga um machado para mim, ainda bem que tem uma capa na lamina.

Retiro a capa e seguro com as duas mãos enquanto espero que Hasse faça o mesmo. Ele segura apenas com uma mão, já tem costume e é mais forte que eu.

– Tente segurar desse jeito. – Hasse diz, tiro uma das mãos e ele vem até mim. – Não assim, Snow. Desse jeito. – ele fala e posiciona minha mão direita no cabo de madeira de uma forma que deixa o machado mais confortável de segurar.

– Ok, chefe. – ele sorri.

– Agora você vai tentar me derrubar e me deixar imobilizado.

Concordo com a cabeça, ele se afasta e corro até ele. O chão está molhado e eu escorrego, jogando o machado longe. Fecho os olhos e começo a praguejar, Hasse vem até mim e coloca seu machado no meu pescoço.

– Se estivéssemos na arena você já estaria morta. – ele diz, segura minha mão e me ajuda a levantar. Pego o machado novamente, e dessa vez tomo mais cuidado para não cair. Tento dar uma rasteira em Hasse, ele cai no chão, subo em cima dele e tento imobilizá-lo, ele é muito forte e me derruba, subindo em cima de mim. E de novo ele consegue me imobilizar. Olho para seus olhos, são castanhos e parecem chocolate derretido. Seu nariz é fino e delicado e suas sobrancelhas se curvam em preocupação.

– Deve ser difícil treinar uma perdedora. – eu digo. – Vamos lá, Hasse, você sabe que não tenho chance alguma de vencer isso.

– Não, você tem sim. – ele diz, mas não sai de cima de mim.

– É melhor desistir agora antes que até eu crie esperanças.

– Eu quero te manter viva, você tem chance! – ele fala e sai de cima de mim. Ele me quer viva.

Treinamos mais cinco horas, de quatro lutas consigo imobilizá-lo três vezes. Estou começando a melhorar. Na arena os tributos não vão me poupar como Hasse fez, queria ter mais um dia de treinamento com ele, mas não seria possível. Treinamos lutas corpo a corpo também, provavelmente eu iria enfrentar muitas lutas assim, atiramos mais algumas facas e tentei atirar algumas lanças, eram pesadas, mas não era tão difícil.


Voltamos para o apartamento, Hasse estava me contando como era viver no distrito 7 e sobre sua irmã, ela tinha 7 anos, seu nome era Jill e ela foi morta pela Capital. Estava me sentindo culpada por isso, e ouvi a amargura em sua voz, mas logo ele voltou ao normal. Tomei banho e fomos ver TV, estava me acostumando com o cheiro de pinheiro e Hasse estava se sentindo em casa. Isso era bom. Vi meu rosto na TV, o assunto eram os Jogos Vorazes, claro. Estava passando um pedaço da minha entrevista.

–Você acha que seu avô deveria jogar em seu lugar, então? – Caesar pergunta.

– Se ele estivesse vivo sim.

Hasse desliga a TV e olha para mim tentando me dizer algo. Deito a cabeça no braço do sofá, daqui a dois dias irei para a morte certa. Não sei se estou preparada para o treinamento em conjunto.

– Pare de pensar negativo. – Hasse diz. – Já disse que você tem chance de vencer e que quero você viva. Você vai viver. – ele fala a ultima frase pausadamente e coloca a mão no meu ombro para me confortar.

Gostaria que meu irmão estivesse aqui, ele iria me abraçar e me fazer dormir, ia me acalmar como ninguém nunca soube fazer. Não resisto, levanto a cabeça e deito no ombro de Hasse, ele não reclama e coloca a mão no meu cabelo.



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