Eu corria por entre as árvores na madrugada fria. Algo me perseguia, mas não conseguia definir o que era. Então, em meio a escuridão, vi uma clareira. Imediatamente corri até lá, fugindo do desconhecido.

Era a cornucópia. As árvores ao redor dela balançavam com o vento, que igualmente batia em meu rosto amedrontado. O sol brilhava forte, refletindo no chifre no meio na clareira, espalhando seus raios pela paisagem.

Não parei de correr, com medo que a criatura me alcança-se. Olhei para trás por um segundo e consegui definir o que me perseguia. Um bestante.

Comecei a correr mais rápido em direção ao centro, mas a distância parecia não diminuir. Então vi alguém em cima do chifre. Era Cato. Percebi que estava salva, pois com certeza não conseguiria subir na estrutura sozinha.

Cheguei finalmente ao centro estendendo minha mão para ele, esperando que a pegasse e me puxa-se para cima. Ele a pegou puxando-a com toda sua força, mas neste exato momento vi que alguém o puxava da beirada da estrutura, fazendo com que nossas mãos se separassem cada vez mais. Era Glimmer.

Ele tentava resistir, mas ela era forte. Percebi que o bestante estava quase chegando. Então Cato fez uma coisa que eu não esperava. Ele soltou minha mão, e eu cai com as costas no chão.

A última coisa que vi foi Glimmer selando seus lábios nos dele. Então a escuridão me envolveu.

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Acordei em um pulo, assustada, empunhando minha faca. Então lembrei onde estava. Embaixo de uma grande árvore, com os outros carreiristas e o LoverBoy, esperando a garota do distrito 12 descer para matá-la.

Todos dormiam, esperando o dia amanhecer. Marvel dormia ao lado de sua lança, LoverBoy dormia tranquilamente como se nada estivesse ocorrendo. Olhei um pouco para o lado, lá estavam eles. Ela dormia em cima de um dos braços dele, com um pequeno sorriso de satisfação no rosto, ele parecia não reclamar.

Senti um aperto no peito...Eu sempre fora amiga dele, mas sentia mais que isso...Mas ele parecia não perceber. Precisava lidar com isso, afinal eu nunca demonstrava meus sentimentos, sempre fui muito fechada...fria...

Lembro-me da colheita, quando soube que ele viria comigo para os jogos...Fiquei arrasada, sabia que nunca conseguiria fazer mal a ele...Mas tinha que manter minha frieza, minha máscara...Afinal eu sou Clove! A garota mais durona do Distrito 2! Não podia demonstrar fraqueza, e sentimento era uma fraqueza...

Mas, vendo Cato e Glimmer juntos me despertava um sentimento, um sentimento triste e ao mesmo tempo de raiva. Já tinha ouvido falar disso, mas nunca havia sentido. Era o ciúmes, e eu sabia disso.

Queria que Glimmer tivesse morrido. Assim tudo seria diferente. Queria que ela não estivesse ali ao lado dele, tão feliz. Nunca desejei tanto a morte de alguém...Mas queria estar no lugar dela...Em contato com o corpo quente de Cato, queria estar com um sorriso igual ao dela, dormindo feliz mesmo estando nesses jogos...Dormindo feliz ao lado dele...

Ele era incrível...Forte, hábil, bonito...Sempre treinamos juntos, desde pequenos ajudávamos um ao outro... E agora tudo se foi...Teremos que nos matar uma hora ou outra...Não podemos evitar...

Virei para o lado oposto de Cato e Glimmer tentando não pensar em sentimentos, afinal essa palavra não existia em meu vocabulário, a única coisa que eu me permitia sentir neste momento era a raiva... e ela me consumia neste exato momento...Afinal, neste jogo, é cada um por si. É assim que a Capital joga... é assim que funcionam os Jogos Vorazes...