Pelas grandes montanhas além dos vales onde nem mesmo os mais antigos sons ousam tentar ultrapassar, há muito séculos atrás ocorreu uma batalha que durou 15 dias e 15 noites, nessa batalha apenas os mais fortes sobreviveriam no ultimo dia. Após 15 longos dias, apenas dois guerreiros continuavam de pé, nuvens sombrias cobriam as planícies atrás das montanhas onde milhares de corpos se estendiam por ela, o único som que chegavam aos ouvidos eraa respiração pensada e o som das mãos apertando a empunhadura das espadas.

O guerreiro fecha os olhos e sente o vento em seu rosto, então abrindo-os lentamente, encarando seu inimigo que não havia movido nenhum músculo. Um vento uivante quebra o silencio. "Ele é forte" pensa. Apertando a espada em suas mãos, o elmo não deixa ver o resto de seu inimigo, porem quem quer que morresse ali, hoje teria uma morte honrada por morrer nas mãos de alguém tão forte. Mais uma brisa e o silencio é quebrado com o som do movimento das armaduras e pelo som das afiadas laminas cortando o ar num zumbindo quase que silencioso, mas que deixaria surdo até o homem mais valente, então o som do metal rangendo, o som do choque das espadas, que em algum momento será o ultimo som que um deles ira ouvir. Então um golpe forte, um som diferente. Ambos se afastam exaustos caindo de joelhos ao chão. Ofegantes. O guerreiro coloca a mão em seu rosto sentindo o liquido quente. Sangue. "Me distraí..." Ele lentamente tira o elmo de sua cabeça e levantando se volta para seu inimigo revelando a si.

Os olhos da inimiga quase saltam de suas orbitas com tamanho espanto. "Como!?" O guerreiro em sua frente... Não! A guerreira a sua frente, sua inimiga era tão bela que por alguns segundos ele ficou sem reação, quando deve que reagir para defender-se de um forte ataque, ele apenas a empurra e se afasta. E calmamente ele remove seu elmo e também revela sua identidade. Revelando seus lindos cabelos compridos, tão negros como a mais escura das noites e olhos tão verdes quanto a mais bela e vasta das planícies trazendo um leve espanto ao seu inimigo que, porém, não perde a postura.

As duas guerreiras se encaram, numa época aonde apenas os homens iam para as batalhas. Onde apenas eles podiam lutar pelo que acreditavam e no final foram elas, eram as mais fortes, as que foram até o fim. As únicas. A jovem de cabelos escuros encara a garota loira a sua frente com um sorriso no rosto, os cabelos dourados como ouro balançavam com uma leve e constante brisa, seus olhos de um azul que parecia ter vindo do mais profundo e belo dos oceanos onde nem mesmo os monstros marinhos tinham coragem de se aproximar por tamanha beleza e infinidade azul, aquela guerreira de olhos azuis já a havia ferido sem saber. Ferido sua alma. Seu coração.

A garota de cabelos dourados rapidamente ataca a de cabelos negros que defende. Já enfraquecida, o único som ouvido era de suas espadas e de seus corações. Elas caem apoiadas em suas espadas. A guerreira de cabelos negros não conseguia deixar de sorrir, ela já sabia... A loira sem ao mesmo hesitar por um segundo ataca novamente. Sua inimiga apenas sorri para ela. Um sorriso que vinha do seu coração. Ela tenta defender-se, mas sabe que é em vão. “Ela é rápida” pensa, antes de sentir aquela sensação. A sensação do metal atravessando sua armadura e sua carne.

Agora ambas de joelhos, o líquido quente de sua vida pingando, escorrendo pelo fio da espada. Ela não se importava mais com sua morte... Estava tão feliz. Ela abraça sua inimiga que a diz palavras incompreensíveis. Ela não entendia aquele idioma. Ela estava em paz. “Obrigada” Apenas consegue dizer isso, seu coração está em paz. Porque graças aqueles lindos olhos azuis não morreria sem ter se apaixonado ao menos uma vez. Sua primeira e ultima. A ferida que a matou. A ferida em seu