love. escrita por Taengoo


Capítulo 26
Chapter 26: Trapped




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♫ I'm tryin to avoid physical contact
I can't hold back, it's time to attack jack
They got me trapped ♪

Percebi que deixei de viver. Estou literalmente apenas tentando chegar ao dia seguinte, apenas vivendo no pensamento de amanhã. Eu não estou vivendo, estou esperando. E o problema é, eu não sei o que estou esperando. É como se eu estivesse presa na minha própria realidade. 

— Magali. Mai30

[...♥...]

Talvez aquele dia não pudesse ficar pior. Denise, a garota mais fofoqueira e intrigueira de todo o bairro tinha flagrado Magali e Do Contra juntos.

— Ora, ora, ora... Quem diria hein Magali? A garota mais santinha da turma... E pensar que tudo mundo achava que eu era a maior fura-olho da escola – a ruiva soltou uma risada demorada, enquanto se aproximava dos dois e fechava a porta do fundo atrás dela. – Nem posso culpar ninguém, afinal de contas eu também achava que era.

— Denise... – Magali começou a dizer, Do Contra estava ainda muito em choque pra falar qualquer coisa. – N-não é nada disso que você está pensando...

— Pensando? – ela riu – Não estou pensando nada, estou vendo. Vocês dois se beijando bem debaixo do nariz da Mônica. Que coisa feia... Ela não iria ficar muito feliz em saber que foi duplamente traída não só pelo namoradinho, como pela melhor amiga.

— Para Denise! – Magali começou a se desesperar novamente. – V-você não viu nada! E... E a gente não estava fazendo nada demais, não é DC?! Vai fala pra ela! – disse dando um soco bem no estômago do moreno para ele abrir a boca e ajuda-la naquela situação.

— É, é isso! A gente só estava conversando Denise, não começa a viajar...

— Ahã, claro... Se esse é novo método de conversa que vocês usam, não vão se importar de repetirem na frente da Mô, não é? – Denise deu um passo para trás, e antes que pudesse colocar a mão na maçaneta para voltar a entrar, Magali passou em sua frente e bloqueou a passagem. A morena suava, e respirava ofegante. Seu rosto estava mais vermelho que antes, e ela podia sentir pelo olhar de Denise que estava ferrada. Mas mesmo assim, queria continuar negando para ver se conseguia convencer a ruiva.

— Por favor Denise... Eu já falei... A gente só estava conversando. E-eu quis sair um pouco para tomar ar... E o DC resolveu fazer o mesmo, mas ai entrou alguma coisa no olho dele, e eu tentei tirar. Por isso estávamos tão próximos quando você apareceu. N-não passou de um mal entendido! Não cria confusão com a Mônica por causa de uma besteira dessas! – ela disse tudo muito rápido e olhou para Do Contra que apenas balançou a cabeça confirmando a historia, mas Denise não caiu. E nem poderia, o que ela viu não tinha nada a ver com um cisco no olho.

— É sério mesmo que você continuar com esse discurso, Magali? Logo pra mim? Eu não sou cega nem idiota, eu sei muito bem o que eu vi. Mas admito que não estou tão surpresa como deveria estar... Magali: a garota mais fiel aos amigos, a mais quietinha, a mais estudiosa, a mais santinha. É claro que isso nunca colou comigo. No final, você tinha que ser uma decepção. Eu pelo menos assumo o que eu sou e não fico fazendo teatro – o sorriso e a cara de deboche que Denise estampava no rosto deixava Magali com sangue nos olhos.

Tinha certeza que se ela continuasse falando por mais tempo, voaria no pescoço da garota. Mas felizmente se controlou, pois Do Contra resolveu tomar a vez.

— Cala a boca Denise! Você não sabe o que tá falando. A Magali é uma ótima pessoa, muito diferente de você.

— Pelo visto você é o que mais deve saber disso, né bofe? – provocou ela passando o dedo indicador em seu peito, mas ele logo tratou de tirar. – A Mô vai ficar arrasada quando souber que foi enganada duas vezes, coitada. Mas até que seria engraçado se ela voltasse a usar aquele coelhinho encardido dela, para bater em vocês dois. Eu com certeza ia adorar assistir – sorriu.

— Vá em frente, Denise. Pode contar o que você quiser... Seja lá o que você tenha visto, duvido que alguém acredite em uma fofoqueira e mentirosa feito você.

— Fofoqueira sim. Mentirosa nunca. Todo mundo nesse bairro me conhece, sabem que eu nunca levantei um falso... Eu duvido muito que eles não acreditem em mim.

— Pois eu duvido que a Mônica prefira acreditar em você do que na melhor amiga dela! – Magali empurrou Do Contra, para puder encarar a ruiva.

Melhor amiga? – Denise arqueou as sobrancelhas, fingindo espanto. – Tem certeza? A Mônica então precisa urgentemente sacudir a árvore da amizade dela. Tem umas frutas que estão mesmo precisando cair...

— Ora, sua...!

— Deixa Magali – Do Contra impediu a comilona de tentar alguma coisa contra a garota, segurando o seu braço. – Não vale a pena. Vamos deixar ela em paz.

— Escuta o seu boy, Magá...

— Cala a boca Denise! – Magali berrou e se virou em seguida para o moreno – Como deixar ela em paz DC? Ela tá ameaçando a gente, não podemos deixar que...

— Eu sei o que eu tô falando. Vamos deixar a Denise fazer o que ela quiser.

— Mas...

— Confia em mim.

Magali percebeu que Do Contra estava tentando lhe dizer alguma coisa a mais. Ele lançou um olhar de relance para a mão da garota que segurava um celular. Naquele momento ela compreendeu que Denise não tinha somente a palavra contra sua, mas também provas.

Denise tinha tirado uma foto dos dois.

A primeira coisa que pensou em fazer era de agarrar aquele celular das mãos da ruiva e quebra-lo em mil pedacinhos, mas se fizesse isso estaria se entregando de qualquer jeito. Afinal, quem não tem nada para esconder, não tem nada a temer.

Sua unica e ultima saída era tentar fazer com que Denise não a denunciasse. Respirou fundo e se virou para sua ex-amiga.

— Tudo bem, Denise. Você venceu.

— Mas já? – ela pareceu surpresa. – Achei que iam continuar tentando me convencer que o que eu vi não passou de um “cisco no olho” – disse fazendo aspas no ar.

— Eu só queria te pedir um ultimo favor... – Magali ignorou completamente aquele comentário e respirou fundo novamente, tentando conter as lágrimas. – Eu queria que você deixasse que eu mesma conte pra Mônica.

Denise a encarou de olhos cerrados. Ela parecia estar tentando analisar bem aquela frase. Magali sabia que ela não estava com cara de quem ia ceder fácil, por isso continuou.

— Eu te imploro Denise! O certo seria que ela saiba pela minha boca, e não por... E não por outra pessoa.

— Então você admite que está tendo um caso com ele – a ruiva sorriu e apontou para Do Contra. Ele mantinha seu olhar sério, atrás da comilona.

— Eu... – ela olhou para o chão e apertou os lábios com força – Eu... Admito. O que você viu não foi nenhum cisco. Foi um beijo. Eu e o DC estávamos nos beijando.

Tirando o imenso sorriso de satisfação que Denise deu, o clima parecia ter ficado mais pesado depois de Magali finalmente ter aberto a boca pra assumir o caso deles dois. O queixo de Do Contra caiu, e ele não conseguia acreditar que ela tenha realmente dito aquilo.

— Meu Deus... – Denise parecia ainda mais contente. – Eu sabia que por trás de toda essa genuinidade, tinha uma Magali mais ousada e atrevida. Acho que até ficamos mais parecidas...

Magali se conteve para tentar não vomitar ao ouvir aquelas palavras. Nunca, nem em pensamento queria chegar a ficar parecida com Denise, o minimo que fosse.

— Então – disse rapidamente – será que você pode esquecer o que aconteceu aqui hoje?

— Bom... – disse colocando a mão no queixo – sei que você não merece. Mas... Como eu tenho um coração grande, e sei ser boazinha... Vou deixar que você mesma conte pra Mônica.

Magali soltou um suspiro de alivio tão grande que Denise teve que continuar.

— Mas você só tem uma semana. Se não... Eu mesma conto – a ruiva sorriu e caminhou até a porta. – E acho melhor vocês entrarem logo, vai que sei lá... Alguém comece a notar a demora – dizendo isso, ela piscou para os dois e entrou sorrindo como nunca.

Quando Denise desapareceu, Magali colocou as mãos no rosto, desesperada. Se encostou na parede e fechou os olhos. Ela não sabia o que ia fazer dali em diante. Muito menos Do Contra, que parecia ainda estar chocado ouvir Magali admitindo sobre eles.

Ficaram em silêncio por poucos minutos, mas pareceu horas.

— E agora? – o moreno finalmente resolveu perguntar.

— Não sei... – ela balançou a cabeça, ainda estava na mesma posição de antes.

— Calma, nem tudo está perdido. Ela disse que você só tem uma semana pra contar... A gente só precisa pegar aquele celular dela e apagar seja lá qual foi a foto que ela tirou de nós dois.

— A Denise não é burra, DC. Até lá ela já fez cem mil cópias.

Eles suspiraram ao mesmo tempo e Magali voltou a fechar os olhos.

— Chega dessa brincadeira... Já foi tudo muito longe demais. – Do Contra pareceu surpreso, mas continuou calado, olhando para ela. – Você não está feliz, eu não estou feliz.. E agora, estamos sendo ameaçados pela Denise! Chega isso tem que terminar!

— O que... O que você quer dizer com isso?

— Eu estava falando sério, Do Contra. Chegou a hora de contar tudo pra Mônica...

[...♥...]

Com a chegada do inverno, a turma resolveu aproveitar que ainda estava fazendo sol aquela tarde e foram para o campinho depois da aula. Todos sabiam que nos próximos dias eles iam ser vitimas de chuvas e trovões por pelo menos dois meses inteirinhos.

Era uma sorte está fazendo um pouco de calor durante aquela sexta-feira. Fez até Magali se esquecer um pouco dos problemas que estavam lhe torturando dês do dia anterior, no aniversário de Do Contra. Ela tinha contado tudo para Marina na escola, já que não conseguiu guardar por muito tempo. Como era de se esperar, a desenhista ficou possessa de raiva com a ruiva.

— Eu ainda não acredito que ela teve coragem de te ameaçar... – bufou a garota quando elas duas se sentaram na grama verde.

— Eu já esperava. A Denise mudou muito dês daquele dia em que a Mônica terminou com o Cebola por causa dela.

— Sim, mas não nada justifica o fato dela estar te ameaçando com isso! Magali, a Denise era nossa amiga.

— Não é mais, Marina – respondeu a comilona, suspirando. – Não é mais.

— Nunca pensei que pudesse me enganar tanto assim com alguém...

— Eu sou a ultima pessoa que pode julga-la... Afinal de contas, eu não sou melhor que ela.

— Para Magali. O que aconteceu com você e o Do Contra foi diferente. Vocês se gostam... É claro que deveriam ter aberto o jogo dês do inicio, mas você pelo menos tenta evitar.

— Eu juro que se pudesse voltar no tempo...

— Teria contado a Mônica?

— Nunca teria ido aquele show!

Marina balançou a cabeça, já abrindo a boca para retrucar mas desiste imediatamente quando ver Mônica e Aninha se aproximando.

— E ai meninas? – disse Mônica assim que se senta ao lado de Magali.

— Onde vocês estavam? Nós ficamos esperando um tempão na saída do colégio.

— Tive que falar com a professora de português sobre a nota que ela me deu no teste, e Aninha ficou comigo na sala. Acredita que aquela loira desgraçada me deu meio ponto?

— Qual o problema? O teste não valia um? – perguntou Marina.

— Mesmo assim, eu estudei a tarde toda pra ter aquele cocô de nota? E você amiga, tirou quanto?

— Nem lembro...

— Como não lembra? O teste foi hoje!

— Éé... Não lembro. Devo ter tirado o mesmo que você, nós estudamos juntas, esqueceu?

Até Aninha pareceu se assustar. Magali nunca se esquecia das notas, e muito menos dava tão pouca importância como estava dando ali naquela hora.

Vendo a cara de espanto das amigas, tentou consertar.

— É que eu estava pensando no nosso teste de biologia que vai ser na semana que vem...

— Tá explicado – Aninha riu.

As meninas começaram a conversar sobre outros assuntos, mas Magali como nos últimos meses, estava entretida nos próprios pensamentos. De longe ela pôde ver Denise chegando com Cebola e Cascão. Mônica viu os dois juntos no mesmo momento, mas tentou não se importar, era muito difícil, mas não tinha outra escolha. Ele já não fazia mais questão de esconder que estava ficando com a ruiva. Sabia que não ia conseguir o perdão de Mônica de qualquer forma.

Denise quando viu Magali, estampou um sorriso malicioso no rosto que foi quase impossível a comilona não notar, mesmo de longe. Até Mônica percebeu.

— O que aquela pomarola quer olhando e sorrindo pra gente? – perguntou a dentuça entre os dentes. – Só porque o idiota do Cebolinha resolveu ficar com ela, agora é motivo pra ficar se exibindo como se ele fosse um deus grego?

— A Denise tá bem estranha ultimamente, já peguei ela olhando pra gente e rindo várias vezes hoje na escola. Não sei onde tá achando tanta graça – disse Aninha balançando a cabeça.

— Não só ela né, a Cascuda também. Tudo farinha do mesmo saco... Não acredito que um dia chamei aquelas duas de amigas.

Naquele instante, Magali olhou assustada para Marina. E se Denise tivesse contado para Cascuda? Agora seria duas pessoas que sabiam sobre seu caso com Do Contra.

Ela se apavorou só em pensar que Mônica descobrir por elas duas.

 [...♥...]

No dia seguinte, naquele sábado, Magali foi ao encontro de Do Contra no skatepark. Eles haviam marcado de se encontrar para conversar. O moreno estava surpreso por ela ter finalmente aceitado falar com ele a sós. Parecia que ela estava realmente decidida a acabar com aquele teatro.

Ele não havia chegado ainda quando ela apareceu. Por isso, passou a caminhar pelo lugar se lembrando das poucas vezes que esteve ali. A primeira delas foi quando estava mal pelo seu término com Quinzinho. Do Contra tinha animado-a  de um jeito, que acabou esquecendo o motivo de estar triste.

A ultima foi quando eles decidiram esquecer sobre o primeiro beijo que haviam dado no show. Tanta coisa tinha acontecido até ali, em tão pouco tempo.

Ela subiu em uma das altas rampas, sentou e ficou olhando o céu. Apesar do sol ter desaparecido e o vento frio ter quase congelado a sua alma, gostou de estar ali. Se sentia bem. Aquele era o mundo de Do Contra, o lugar onde ele ia quando estava triste, quando estava feliz, quando estava com tédio. Era simplesmente o seu lugar, e por algum motivo Magali sentiu fazer parte dele também.

— Legal aqui não? – uma voz rouca surgiu de repente atrás dela, fazendo-a se virar assustada. Quando viu Do Contra parado, sorrindo com as mãos no bolso, abriu um leve sorriso.

— Eu gosto daqui.

— Eu também – respondeu, sentando-se ao seu lado. – Passo horas aqui em cima quando os caras vazam. É o meu lugar favorito depois do meu quarto.

— No que você pensa quando fica aqui em cima? – ela perguntou sem pensar, com seus olhos fixos no horizonte.

Ele não esperava por aquela pergunta, mas sorriu.

— Na vida. No meu futuro... Eu ainda não sei o que quero fazer depois que me formar. Fazer direito é o plano dos meus pais, mas não consigo me ver de palitó e gravata em um escritório revisando papeis.  

— Nem eu – Magali começou a rir baixinho, fazendo ele rir também.

Após os risos, o silêncio voltou a tomar conta do lugar até o moreno suspirar.

— Penso na infância, nas coisas que aprontava com os moleque...

Magali não deixou de sorrir ao ouvir aquilo. Lembrar da infância sempre a deixava mais feliz. Foi uma época onde ela foi feliz.

— Penso em você também.

— Em... mim? – seu sorriso sumiu rapidamente e ela tentou não corar.

— É, talvez até mais do que essas outras coisas. Achei que você já tivesse essa ideia.

— Acho que... Acho que tinha.

A morena ergueu a cabeça para poder encara-lo. Podia perceber pelo olhar de Do Contra que ele estava feliz. Feliz por ela estar ali com ele, por estarem finalmente conversando como dois amigos normais. Sem medo, sem culpa, sem pressa. Talvez um pouquinho de culpa sim.

— DC, eu... – ela engoliu em seco. – Eu aceitei vim aqui porque... A gente precisa conversar sobre o que decidimos ontem. Eu, você, a Mônica... você está certo... isso não pode continuar assim. Alguém tem que acabar com esse triângulo. 

— Eu sei.

— Tá sendo difícil pra mim aceitar isso dês do começo. Deus sabe como eu tentei te tirar da minha cabeça, mas eu... eu não consigo. E você também nunca foi de tentar facilitar as coisas.

O moreno quis sorrir, mas sabia que não era o momento apropriado pra isso.

— Sempre me perseguindo, indo atrás de mim, me colocando em situações constrangedoras...

— Você bem que gostava.

— Esse não é o caso – disse ela rapidamente – o caso é que estamos sendo ameaçados pela Denise. E não foi só por isso que eu decidi contar pra Mônica. Eu me dei conta que ela não merece ser enganada dessa forma. Principalmente por mim, a amiga de infância dela. Mesmo que a Denise não tivesse nos flagrado ontem, não é certo continuar mentindo.

Ela se levantou da rampa, Do Contra fez o mesmo.

— Ainda bem que você caiu em si, Magali... É isso que eu estou tentando te dizer há meses! – Do Contra deu um passo pra frente, tentando se aproximar da garota, mas ela se esquivou.

— Eu não acabei... – disse ela com os braços cruzados, de cabeça baixa.

Ele não quis questionar, e continuou parado onde estava, analisando aquela expressão de preocupação que ela tinha no rosto.

— Depois que eu contar pra Mônica sobre nós dois, eu tenho a certeza absoluta que ela não vai me perdoar. Provavelmente vai me xingar de todas as coisas possíveis, mas... Eu prefiro que seja eu a pessoa que vai contar...

— Magali... A Mônica talvez acabe entendendo que...

— Você entenderia? – perguntou ela, interrompendo-o.

Ele não soube o que responder, e pôs suas mãos no bolso da calça.

— A Mônica não vai entender. E ela vai ter todo direito pra isso.

— Tudo bem... Mas vai ser melhor assim. Se ela não ficar sabendo por você, vai acabar descobrindo pela Denise.

— É, eu sei. Vou perder minha melhor amiga, mas pelo menos vou ter feito a coisa certa.

Magali respirou fundo rezando pra não deixar nenhuma lágrima escorrer pelo seu rosto. Ela já estava com aquela vontade de chorar desde o dia da festa. Sempre teve a esperança de que pudesse administrar suas bem suas emoções e fazer com que aqueles sentimentos por Do Contra fossem sumir com o tempo. Mas parecia que a cada dia ficava mais forte, e simplesmente não conseguia deixar de pensar nele.

Do Contra se aproximou, não ligando quando ela se afastou. A agarrou pelo ombro e abraçou. Ela não teve pra onde correr, e nem queria. Aceitou aquele abraço como se fosse um presente, apertando os olhos com força pra não chorar de novo na frente dele.

— Esse dia ia ter que chegar, você sabe... Se não fosse a Denise, seria outra pessoa, ou até mesmo a Mônica.

— Eu sei, eu sei... – sussurrou ela se culpando ainda mais por ser tão fraca.

— Magali, olha pra mim – ele se afastou e puxou o seu queixo. Ela abriu os olhos na mesma hora e fixou nele. – A gente não tem a minima culpa de estar gostando um do outro. Não precisa se culpar por isso. É claro que não fizemos o certo. Engamos uma das pessoas mais importante das nossas vidas, mas se culpar por sentir... Isso não podemos fazer.

A comilona queria responder alguma coisa, mas ele foi mais rápido.

— Nós vamos ser francos com a Mônica. Ok, ela vai nos odiar por um tempo, mas no final ela vai se dar conta que não fizemos por mal... Eu quero ficar com você. Você quer ficar comigo. Não foge mais disso...

Ela soltou um longo suspiro e ainda parecia confusa. Sabia o que ele estava propondo ali, mas ainda não tinha certeza se deveria aceitar.

— Lembra na minha festa? – ele abriu um sorriso e acaricou as bochechas da morena. – Você, pela primeira vez... Me beijou. Eu não te forcei, não te prendi contra parede. Você me beijou.

— Eu só... Eu só...

— Você quis fazer aquilo, Magali.

Por um tempo, eles se encararam. Do Contra continuava sorrindo pra ela. Magali nunca se sentiu tão sem saída como aquele dia.

— Tudo bem... Eu realmente quis.

Ela impediu o moreno de dizer ou fazer qualquer coisa, e se afastou.

— Eu sei o que você tá me pedindo, e eu sinceramente não sei se a gente deve seguir em frente com essa ideia.

— Por quê não? – ele perguntou, idignado.

— Como porque? Eu preciso falar com a Mônica primeiro DC, preciso tirar esse peso da minha consciência. Por mais que eu saiba que ela vai me odiar pra sempre.

— Você vai considerar a ideia de ficarmos juntos depois?

— N-não sei... – disse ela andando nervosa de um lado pro outro. – Eu preciso pensar.

Do Contra cerrou os olhos e a encarou. Magali ainda andava nervosa pela rampa. De repente ele sorriu sem perceber, pois vendo a morena apreensiva daquele jeito só lhe dava vontade de agarra-la outra vez.

— Beleza – ele disse por fim, – te dou o tempo que você precisa pra pensar.

Ela ergueu os olhos para ele e balançou a cabeça.

— Obrigada por entender.

— Sim... Só uma coisa. Enquanto você pensa... – o garoto começou a andar em direção a ela novamente e a puxou pela cintura fazendo seus rostos ficarem a poucos centímetros – Queria fazer isso.

E a beijou intensamente.


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