Teacher escrita por Adrenaline Earthquake


Capítulo 1
Unic


Notas iniciais do capítulo

Eu sou uma inútil sem ideias pra ones. A Ana é uma linda criativa, portanto, eu só escrevi isso aqui seguindo a ideia dela. Eu realmente espero que tenha ficado bom.
Enjoy!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/209924/chapter/1

Mais outro dia de trabalho. Oh, que inferno.

Prazer, meu nome é Gerard Way. Sou professor de arte na escola de Newark. Trabalho lá faz poucos anos. Lembro-me que comecei a trabalhar lá por pura falta de emprego e, ao conseguir um aumento, acabei criando raízes ali. Afinal, que mal há em trabalhar em uma escola se você está ganhando mais do que ganharia se estivesse expondo quadros em museus, considerando o fato de que é extremamente difícil conseguir pôr uma peça sua em exposição?

Não, não.

Não há mal algum.

Levantei-me lentamente, com uma preguiça enorme de ir ao trabalho. Infelizmente, era necessário.

Vesti minhas habituais roupas e desci para tomar café da manhã. Era uma tarefa solitária, considerando o fato de que eu morava sozinho. Mas eu não reclamava. Eu gosto de solidão. Nunca fui um daqueles garotos cercados por garotas, muito menos um garoto popular. Sempre fui o esquisito da sala do qual ninguém gostava. Mais uma vez, eu não me importava em ser um excluído. Aliás, foi assim que eu comecei a descobrir o quanto eu gostava de arte.

Peguei torradas e um pote com geleia dentro da geladeira. Engoli-as rapidamente e saí de casa, com minha pasta em uma mão e as chaves do carro na outra. Dirigi até a escola onde trabalhava, ainda com sono. Ao chegar lá, estacionei meu carro em uma vaga qualquer e me dirigi até a sala de artes. No caminho, alguns alunos me deram bom dia, assim como alguns professores. Respondi-os por pura educação, não estava muito afim de conversar.

Essa era a parte boa de ser professor de artes: uma sala inteira só e exclusivamente para você. Isso evitava várias conversar que eu não queria ter com outros professores de outras matérias.

Coloquei minhas coisas em um canto e abri meu notebook para checar algumas coisas. Enquanto eu procurava os nomes de alguns alunos que, provavelmente, ficariam de recuperação, ouvi alguém abrindo a porta. Não me incomodei para ver quem era, provavelmente era só mais um aluno de uma sala que teria a primeira aula do dia comigo. Porém, ouvi o tal aluno falar comigo.

-Bom dia, professor Way!

Virei-me para ver quem era.

-Oh, bom dia, May.

Como eu disse, só mais uma aluna de uma sala que teria a primeira aula comigo. Infelizmente, era a aluna que eu menos queria ver.

May Campbell era do segundo ano do ensino médio. Não era das mais esforçadas, se é que me entende. Já ficou de recuperação diversas vezes, não só em minha matéria, como em várias outras. Além disso, ela é... Como direi... “Dada às artes do amor profano”.

Ela “meio que” se jogava para cima de mim.

-O que nós vamos fazer hoje na aula? – disse ela, com um sorriso que ela esperava ser sedutor, mas para mim era um sorrisinho enjoado.

-Eu não tenho certeza ainda... Acho que vamos rever conceitos de alguns artistas modernos... – falei.

-Jura? Ah que... Interessante! – revirei os olhos discretamente. Todos sabiam que May detestava aula de artes – E... Diga-me, professor, eu vou ficar de recuperação?

Olhei as notas dela.

-Hmm... Infelizmente vai, Srta. Campbell.

Ela fez uma falsa voz de choro.

-Ah, sério? Que horror! Eu nunca quis desapontar o senhor... Será que o senhor podia me ajudar com as notas? – ela deu um sorrisinho “inocente”.

-O que quer dizer com isso?

-Ah, você sabe... Será que você poderia me dar... Aulas particulares? – disse ela, apoiando os cotovelos na mesa e deixando seu decote aparecer de modo extremamente óbvio (e obsceno, obviamente). Minha vontade era de rir na frente dela. Isso tudo era ridículo. Porém, manti a compostura e disse:

-Infelizmente, ando meio ocupado essas semanas. Porém, se a senhorita tentasse estudar de verdade, garanto que passaria sem maiores problemas. Com licença. – levantei-me da cadeira e saí da sala de artes, rindo internamente da cara de tacho de May.

Sem querer, acabei esbarrando em um homem baixinho que segurava uma pasta cheia de folhas soltas. Carregava também um violão (ou uma guitarra, não dava para ver, pois o instrumento estava dentro de um estojo) nas costas. Nenhum de nós dois caiu, mas o menor cambaleou um pouco e logo se equilibrou novamente.

-Desculpe-me! – exclamei – Não estava prestando atenção aonde ia.

-Não tem problema... – disse ele, sorrindo e levantando o rosto.

Como já disse antes, era um homem de estatura baixa. Possuía um par de olhos cor de avelã, cabelos negros e não muito curtos, traços infantis e um sorriso contagiante. Eu nunca tinha o visto na escola antes.

-Quem é você? – indaguei. Não sabia como, mas as palavras simplesmente saíam de minha boca naturalmente, diferente de quando eu conversava com outro professor. Na maioria das vezes, eu tentava ser o mais lacônico possível, mas não dessa vez. Eu tinha vontade de falar com ele.

-Meu nome é Frank Iero. Sou professor substituto de música. O outro ficou doente... – Frank deu de ombros. Assenti.

-Muito prazer. Meu nome é Gerard Way. – sorri de lado.

-O prazer é meu. Escuta, será que você sabe onde é a sala de música?

-Sei sim.

-Pode me levar até lá?

-Claro!

Fomos andando calmamente até a tal sala, conversando. Descobri que Frank estava quase acabando a faculdade de música e era amigo do professor da escola, portanto, ele pediu para que Frank o substituísse enquanto estava doente.

Frank era interessante. Não era como a maioria dos homens de sua idade, ele ainda era ativo e animado. Amava música, principalmente rock, o que ajudou em nossa conversa. Descobri que ele gostava de bandas como Metallica, Red Hot Chilli Peppers, entre outras.

Pelo menos ele tinha bom gosto musical.

-É aqui. – paramos em uma porta de cor clara, com uma placa dizendo “Sala de música”.

-Obrigado por me acompanhar... E por me mostrar onde era a sala. – Frank sorriu.

-Não foi nada.

-Então... Até mais.

-Até.

-X-

-... Por fim, a pintura de... Srta. Campbell, por acaso está prestando atenção?

-Hm? – disse a menina, que estava conversando com as amigas desde o início da aula – Claro que estou!

-Não parece. – franzi levemente a testa e continuei a aula. Fui interrompido mais uma vez pela mesma aluna:

-Professor Way! Posso ir beber água?

Bufei audivelmente.

-Pode.

Ela saiu rebolando da sala e mexendo nos fios loiros, aparentemente tentando me seduzir. Ri baixinho, sem que ela percebesse, e voltei a escrever no quadro. De repente, alguém bateu na porta.

Será que nem dar aula em paz eu posso?!

-Entra. – falei, com uma voz entediada. Logo vi Frank entrar na sala e sorri involuntariamente.

-Er... Desculpa interromper sua aula, mas... Você esqueceu isso na minha sala. – ele me entregou uma folha que não reconheci de imediato. Era uma folha de caderno na qual reconheci a minha caligrafia.

You're not in this alone
Let me break this awkward silence
Let me go,go on record
Be the first to say I'm sorry
Hear me out

Well if you take me down
Would you lay me out
And if the world needs something better
Let's give them one more reason now, now, now

Arregalei os olhos. Era uma letra de música que eu tinha escrito. É claro, estava incompleta e tudo o mais, mas ninguém podia ler.

-V-você... Você leu?

Ele assentiu. Mordi o lábio e olhei para a classe que aguardava, ansiosa.

-S-só... Só copiem o que eu escrevi no quadro. – falei, sem me importar. Saí da sala, puxando Frank junto comigo.

-Pelo amor de deus... – comecei, quando fechei a porta atrás de mim – Não conte a ninguém o que você leu...

-Por que não? É uma letra bem bacana! E eu já consigo até imaginar um ritmo pra ela. – Frank sorriu – Você escreve muito bem, sabia?

-Sério? – senti meu rosto esquentar ao ver que Frank me examinava – Obrigado, eu acho.

Ficamos em um silêncio profundo por vários minutos, até que Frank se aproximou perigosamente de mim.

-Gerard... Eu...

Joguei meu peso no outro pé, claramente desconfortável.

-Eu acho que me apai...

-Oi, professor! O que faz aqui? – era May mais uma vez. Fechei os olhos. Eu estava com raiva. Não sabia por que, mas estava com raiva de May. Eu queria que ele continuasse a frase.

-Srta. Campbell, volte pra sala, sim?

-O que está fazendo com o professor substituto? – a menina franziu a testa.

-Nada, eu...

Ela arregalou os olhos ao perceber a pequena distância entre nós.

-Vocês não estavam... ?

-Não. – bufei. Frank observava a tudo com um olhar inocente. May Campbell tinha uma expressão de raiva e direcionou o olhar a Frank.

-Você fique longe dele porque ele é meu. – dito isso, ela me beijou. Como não havia muito o que fazer, apenas esperei que ela acabasse. Não consegui ver a reação de Frank a isso. Quando May se afastou olhei para o menor.

Sua expressão quebrou totalmente o meu coração. Ele parecia decepcionado e abatido ao mesmo tempo. Seus olhos demonstravam dor e raiva, ao mesmo tempo em que começavam a ficar ligeiramente cheios d’água.

-Frank, eu...

-Não, Gerard. Eu... Eu... – ele não terminou a frase e simplesmente se afastou rapidamente, rumo à sala de música.

-Muito obrigada, Srta. Campbell. – repliquei, com acidez na voz. Corri atrás dele, deixando May desnorteada, próxima a porta da sala de artes.

Tentei abrir a porta da sala de música, mas estava trancada. Pude ouvir um choro baixinho vindo lá de dentro.

-Frank, por favor, abre a porta!

Não obtive resposta.

-Vamos lá, por favor! Eu posso explicar tudo! – praticamente implorei.

-Eu não quero ver a sua cara. – replicou ele.

-Por favor... – sussurrei alto o suficiente para que ele ouvisse. Frank não respondeu, mas ouvi a porta sendo destrancada e vi-o parado, com os braços cruzados, encostado no portal, me olhando com os olhos vermelhos.

-Fala.

-Me desculpe, Frank... Mas a culpa realmente não é minha... May Campbell sempre ficou se jogando para cima de mim...

Ele não respondeu. Com uma das mãos, peguei seu rosto e, com a outra, acariciei seu pescoço. Aproximei seu rosto do meu, colando nossos lábios.

Ficamos ali por minutos que pareceram horas, apenas desfrutando dos lábios um do outro. Tivemos que nos separar pela falta de ar. Frank continuou com os olhos fechados e os braços cruzados. Algum tempo depois, vi seus braços relaxarem e seus olhos se abrirem. Sua expressão era indecifrável.

-Gerard... Não faz isso, ok?

-Isso o que?

-Brincar com meus sentimentos. É sério, não me beije para depois me trocar pela tal da May.

Arregalei os olhos.

-Frank, eu não gosto da May! Aliás, ela é uma das piores alunas!

-Mas ela é bonita... E sexy...

-Você também é bonito e sexy.

Assisti as bochechas de Frank adquirirem um tom avermelhado enquanto ele olhava para baixo, constrangido.

-Obrigado, eu acho. Mas você entendeu o que eu quis dizer.

Ri baixinho e beijei-o novamente.

-Sim, eu entendi. Você está com ciúmes dela.

Ele arregalou os olhos.

-Eu? Claro que não! Só porque ela pode te ver todos os dias, passa cinquenta minutos com você duas vezes por semana, tem mais chances com você do que eu e é mais bonita do que eu? Isso não é motivo pra ficar com ciúmes! – ele deu uma risadinha nervosa. Sorri.

-É, ela pode me ver todos os dias e passa cinquenta minutos comigo. Mas você não pode esquecer de que eu a ignoro. E que eu vou estar pensando em você. Ela não tem mais chances comigo do que você, é exatamente ao contrário. E eu lhe digo, Frankie... – beijei sua testa – Ninguém é mais bonito que você.

Ele corou novamente e levantou o olhar, passando os braços pelo meu pescoço, um pouco incerto.

-Ok... Eu acho que... Você me convenceu... – sorriu de lado e encostou seus lábios nos meus. Sorri enquanto nos beijávamos mais uma vez.

-Não precisa ficar com ciúmes, ok? – falei após nos separarmos – Eu amo você e só você. Não ligo para May, nem pra nenhuma de minhas alunas. Elas podem ser bonitas, mas elas não são você.

-Gee... Eu te amo. – vi um sorriso brincar em seus lábios. Sorri de volta e o abracei, sabendo que nosso amor seria eterno. É claro que a inconveniente da May tinha que aparecer bem na hora. Pela cara, ela estava extremamente mal humorada. Frank sorriu cinicamente me beijou de forma apaixonada, esfregando isso na cara de May. A menina arregalou os olhos ainda mais ao ver que eu correspondia o beijo e saiu correndo. Ao vê-la desaparecer, Frank se afastou e riu.

-Acho que isso vai ensinar uma lição a ela... – comentou ele, rindo divertidamente. Não tive escolha a não ser rir junto.

-Eu preciso voltar para a sala...

-Eu sei! Pode ir. – ele sorriu e me deu um beijo em meu rosto – Boa aula.

-Obrigado... – afastei a franja de seus olhos – Vejo você na saída?

-Com certeza.

Sorri e fui em direção a sala de artes.

-X-

Na hora da saída, guardei tudo rapidamente e corri em direção à sala de música. Encontrei Frank tocando uma espécie de teclado enquanto ouvia as crianças cantarem (de forma desafinada, devo dizer). Ao ouvir o som do sinal, todas elas correram em direção à porta. Encostei-me na e na parede e aguardei até que todas tivessem ido embora. Entrei na sala e, aproveitando que Frank estava distraído, abracei-o por trás, assustando-o.

-Que susto, Gee!

-Me desculpe. – falei, ainda abraçado a ele. Frank riu baixinho enquanto eu beijava seu pescoço.

-Anda logo, eu quero ir embora. – reclamei. Ele gargalhou alto ao me ouvir resmungar.

-Calma! Minha aula acabou de terminar!

-Mas eu ainda quero ir embora.

-Ok, ok! Acalme-se, homem!

Saímos da sala uns dez minutos depois. Fomos até o estacionamento, onde entramos no meu carro. Convidei-o para ir até a minha casa e, após algum tempo de insistência, ele acabou aceitando.

-É uma casa bonita... – elogiou.

-Obrigado. – falei, jogando minha pasta em um lugar qualquer.

Frank passou o dia inteiro em minha casa. Nós fizemos várias coisas, inclusive jogamos videogame, coisa que eu não fazia há muito tempo. Porém, uma hora, ele me disse:

-Ei... Você tem certeza de que é gay?

Quase engasguei com essa pergunta.

-Como assim?!

Ele deu de ombros.

-Você sabe... Você sempre gostou de homens ou...

Fiz que não com a cabeça.

-Você é o primeiro.

Ele pareceu sorrir, orgulhoso de si mesmo. Frank engatinhou até mim e me beijou. Foi um beijo um pouco urgente, que eu correspondi à altura. Logo estávamos subindo para meu quarto e fechando a porta para... Você sabe... Ter um pouquinho de privacidade.

-X-

Acordei sentindo o corpo de Frank ao lado do meu.

Interessante, ele não fugiu no meio da noite.

-Bom dia, Frankie... Ou você usou um nome falso pra se aproveitar de mim? – brinquei, beijando sua face. Ele riu baixinho e se virou para mim.

-Não, meu nome é Frank mesmo.

-Oh sim. – falei enquanto descia minha trilha de beijos até seu pescoço. Ele deu risadinhas e pôs ambas as mãos em meu peito, me afastando um pouco.

-Pára, isso faz cócegas!

Ri um pouco mais alto do que eu gostaria. Olhei o horário e, infelizmente, eu tinha que me levantar para trabalhar novamente.

-Você não tem faculdade não, homem? – perguntei, desconfiado. Ele deu de ombros.

-A primeira aula é às oito horas.

-Quer carona?

-Adoraria! – ele abriu um sorriso divertido. Enquanto ele se vestia, observei-o e comecei a sorrir involuntariamente. Após algum tempo, ele notou – O que foi? Por que está me observando?

-Eu não sei... É só que... Você é tão lindo...

Ele corou violentamente e não respondeu. Dei uma risadinha, levantei-me e beijei-lhe os lábios.

-Eu te amo muito, meu bebê.

-Eu também te amo. – disse ele, me abraçando.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Como sempre, o final não fica do jeito que eu quero ¬¬
Enfim... Yup.
Beijos '-'