A garota corria pela rua em uma noite escura e chuvosa. Ela era de estatura média, tinha longos cabelos pretos, pele clara e olhos extremamente azuis, um azul elétrico. Parecia está tentando fugir de lago, pois ia apressando-se cada vez que olhava para trás, a cada segundo mais aproximava-se de um galpão vazio.

Adentrou-o e fechou as portas rapidamente. O galpão era grande, aparentemente abandonado, com alguns móveis. Ela empurrou um sofá e colocou na frente da porta. Deu três passos para traz, bateu em seu bracelete e instantaneamente estava segurando, de um lado, uma lança de aproximadamente um metro e meio de comprimento e no outro um escudo arredondado com o desenho da Medusa, que deveria ter assustado o que quer que a esteja perseguindo.

Alguém, ou alguma coisa, forçou a porta, que após duas investidas, foi aberta. Duas formas esquisitas apareceram mas como estava escuro não foi possível identificá-las. A menina ajeitou-se. Houve um trovão, e com o clarão e as formas foram distinguidas: Eram humanoides de três metros com apenas um olho, castanho e grande, no meio do rosto.

Aparentavam ser um homem e uma mulher, eles sorriram para a menina que ergueu a lança.

— Olha só quem achamos, Gaste — disse um dos ciclopes.

— Sim Trez, nosso jantar — respondeu a ciclope que devia ser Gaste.

O ciclope Gaste avançou, errando-a por pouco, a menina levantou a lança para o ciclope e o escudo para o outro.

— Vão embora! — Gritou aos ciclopes. E instantaneamente um raio atingiu Trez fazendo-o se desintegrar em pó.

A garota agradeceu mentalmente por sua sorte, sem saber que havia sido ela mesma quem causou o raio.

— Argh! Filha de Zeus! Você matou meu marido, agora vem aqui para eu te jantar — disse Gaste andando em sua direção.

— Filha de Zeus? Do que você está falando? — respondeu a menina recuando.

— Não se faça de desentendida, meio-sangue. Eu sei quem você é — rosnou Gaste em resposta.

A menina continuava recuando enquanto tentava raciocinar. Que monstros eram esses? Eles parecem mitológicos. E Zeus? Meio-sangue? Não pode ser… Isso não poderia ser real… Só poderia ser alguma alucinação, ou começando a ficar louca.

Gaste atacou com o porrete que estava preso em seu cinto, que foi desviado no escudo. Elas ficaram lutando durante minutos, a menina de olhos elétricos já estava cansada enquanto Gaste não parecia nem um pouco.

Num momento de distração, sua lança foi jogada de suas mãos e com outro golpe o escudo também se foi.

— Agora sim — rosnou Gaste, mas a ciclope não atacou novamente — I-isso é tra-trapaça —

A manina que estava prestes a se tornar jantar de monstro, observou, abismada, uma ponta de espada na barriga de Gaste, que se desintegrou aos poucos.

Atrás do monte de pó de monstro, havia um garoto loiro com olhos azuis, segurando uma espada.

— Quem é você? Um outro monstro? — disse assustada.

— Meu nome é Luke e não, eu não sou um monstro, pelo menos eu acho — o menino respondeu.

— Eu sou Thalia e er… Obrigado por me salvar. Se não fosse por você eu acho que teria virado comida de monstros —

Luke sorriu, fazendo Thalia sorrir também.

— De nada. Monstros tem te perseguido? — perguntou.

— Sim, como você sabe? Eles te perseguem também? — respondeu.

— Sim, vários, todos os dias —

— Eles me falaram sobre Zeus e chamaram de meio-sangue, o que é isso tudo? —

— Meio-sangue é o que nós somos, metade deuses, metade humanos, e Zeus, bem, você tem o Aegis, então acho que ele é seu pai —

A garota observou o escudo em suas mãos, que acabara de pegar novamente do chão, ele se formava quando ela tocava em seu bracelete, juntamente a uma lança.

— Espera, meu pai? Mas os deuses não existem mais —

— Eles são imortais, ou seja, não podem deixar de existir —

— Isso explica porque eu nunca conheci meu pai. Minha mãe me disse que ele morreu antes de eu nascer e que tinha deixado esse bracelete para mim. Seu pai também é um deus? —

— Sim, meu pai é Hermes — falou, fazendo uma careta.

— Mensageiro dos deuses, deus das estradas e dos ladrões, certo? —

— Exatamente, mas acho que você devia descansar um pouco. Vêm —

Ele levou Thalia até um sofá, deitou e se pôs a dormir. Mal sabia ela que esse era o começo de uma longa história, boa e ruim ao mesmo tempo.