Tiago abriu a porta da sala do coral e permitiu que uma garota muito bonita e esguia, de pele branca e cabelos castanhos, com mechas loiras entrasse na sua frente. Logo depois o moreno entrou e fechou a porta.

– Vamos ter aula com uma modelo? – Aline perguntou encarando a garota.

– Ah, não. Essa é a Raine e ela é uma amiga de longa data.

Raine sorriu e cumprimentou a todos.

– É um prazer estar com vocês... Me chamo Raine Di Pace e sou uma terceiranista na Baptist High School.

– Escola chique. – comentou Augusto em um sussurro para Manuella.

– Espero que apreciem minha ajuda. – ela falou com um sorriso tranquilizador. Tiago ao contrario parecia nervoso e evitava olhar para os colegas por muito tempo, por isso desviava seu olhar para o chão a toda hora.

Raine cutucou o braço do amigo com o cotovelo chamando sua atenção.

– O que? – ele perguntou desnorteado, mas rapidamente entendeu o que acontecia – Bem, essa é a segunda semana de treinamento e a Raine vai ser a instrutora e árbitra. O tema vai ser...

Ele olhou para a garota, que sorriu e abriu os braços.

– Emotividade.

– Como? – perguntou Manuella confusa – Temos que chorar no palco.

– Não. – Raine responde calmamente – Mas devem fazer seus espectadores sentirem a emoção que passam pelas suas músicas.

– Então a plateia deve chorar? – perguntou Augusto tão confuso quanto Manuella.

Raine negou com a cabeça.

– É bem mais que isso. – ela respondeu – Semana passada vocês usaram o máximo de si para trazer à tona performances memoráveis; usaram todos os artifícios que necessitavam para isso, música perfeita, figurino impecável... foi uma verdadeira explosão. Essa semana vamos usar menos, mas ao mesmo tempo tudo...

Bruno coçou a cabeça, nenhum deles parecia entender a tarefa, nem mesmo Tiago.

– Conseguir transmitir o que a música diz, sem apetrechos, sem artifícios, só sua voz... Isso é difícil para grande parte dos artistas, necessita não só treinamento vocal, mas uma conexão especial com a música e com seus próprios sentimentos... Semana passada vocês utilizaram uma tempestade, essa semana vocês usarão uma chuva calma.

– Acho que estou começando a entender. – falou Bianca.

– Por que esses amigos do Tiago tem que falar igual o Yoda? – Caio perguntou para Bruno, que deu de ombros.

– Demonstrar devo eu? – Raine perguntou sorrindo e olhando para os dois rapazes.

– Linda e com senso de humor. – comentou Bruno – Se ela é um anjo eu quero ir pro céu agora.

– Antes disso... – Tiago intrometeu-se cauteloso – Tenho uma noticia para todos...

Raine acenou para que ele se aproximasse. O moreno respirou fundo, encarou os colegas, mas seu olhar se fixou em Bianca.

– Tudo bem? – perguntou Bianca – Você ta meio, pálido.

– Eu to bem... – ele respondeu nervoso – Eu... só...

Ele balançou a cabeça afastando o nervosismo e foi até a porta. Raisse estava do outro lado da porta, vestida com a farda e segurando sua usual bolsinha cor-de-rosa. Seus olhos percorreram a sala rapidamente, abriu um sorriso sem jeito.

– Sentiram saudades? – ela perguntou calmamente.

A sala explodiu em desordem, Manuella, Augusto e até mesmo Bruno falavam coisas nada amigáveis à garota. Aline estava muito confusa e enchia a garota de perguntas, em algum momento a latina tentou avançar contra Raisse, Igor e Caio seguraram a garota. Tiago e Daniele tentavam controlar o barulho. Bianca, Thais e Isabelle não entraram na confusão. Raine assoviou alto para chamar a atenção da turma, com sucesso.

– Eu não entendi o que aconteceu aqui. – ela falou calmamente.

– Essa vaca! – Manuella apontou para Raisse.

Tiago suspirou e balançou a cabeça.

– Se acalma Manu. A Raisse...

– Não devia estar aqui. – interrompeu Augusto ferozmente – Nós já sabemos do plano dela. – ele continuou com raiva – Foi ela quem entregou a chave da sala para o irmão e os coleguinhas idiotas, ela os ajudou a destruir a sala.

– E planejava boicotar as Seletivas. – completou Igor também com raiva, mas controlado. Ele ainda segurava Manuella.

Raisse parecia surpresa, mas não estava nervosa.

– Quem contou? – ela perguntou calmamente.

Isabelle levantou a mão sem um pingo de vergonha ou receio.

– Certo. – ela suspirou pesadamente – É verdade. Eu fiz tudo isso. Mas peço desculpas...

– Usted puede poner su excusas en... – Igor tapou a boca de Manuella com a mão.

– Gente. – chamou Tiago – A Raisse esta realmente arrependida. Então... por favor, vamos dar beneficio da dúvida. – ele olhou para Bianca pedindo ajuda.

– Isso mesmo. – concordou Bianca um pouco insegura – Todos merecem uma segunda chance... inclusive aqueles que pedem por uma.

Manuella se soltou e bufou com raiva, mas não disse mais nada. Todos voltaram a se sentar. Raisse agradeceu Tiago e sentou-se. O moreno se sentou ao lado de Bianca, apertou sua mão com carinho e agradeceu, depositando um beijo em sua bochecha.

– Acho que podemos continuar... – falou Raine cautelosa – Algumas garotas podem me ajudar?

Daniele, Aline e Bianca se ofereceram e foram para trás de Raine. A garota acenou para a banda e a música começou.

[RAINE]

Looking out from underneath
Fractured moonlight on the sea
Reflections still look the same to me
As before I went under

And it's peaceful in the deep
Cathedral where you cannot breathe
No need to pray, no need to speak
Now I am under

And it's breaking over me
A thousand miles onto the seabed
Found the place to rest my head

[DANIELE, ALINE e BIANCA]

Never let me go, never let me go
Never let me go, never let me go

[RAINE]

And the arms of the ocean are carrying me
And all this devotion was rushing out of me
And the crashes are heaven, for a sinner like me
The arms of the ocean deliver me

Though the pressure's hard to take
It's the only way I can escape
It seems a heavy choice to make
Now I am under

And it's breaking over me
A thousand miles down to the seabed
Found the place to rest my head

[DANIELE, ALINE e BIANCA]

Never let me go, never let me go
Never let me go, never let me go

[RAINE]

And the arms of the ocean are carrying me (Daniele, Aline e Bianca: So cold but so sweat)
And all this devotion was rushing out of me (Daniele, Aline e Bianca: Rushing out of me)
And the crashes are heaven, for a sinner like me
The arms of the ocean deliver me

And it's over
And I'm going under
But I'm not giving up!
I'm just giving in

Oh, slipping underneath
Oh, so cold, but so sweet

In the arms of the ocean, so sweet and so cold
And all this devotion I never knew at all
And the crashes are heaven, for a sinner released
And the arms of the ocean
Deliver me

[DANIELE, ALINE e BIANCA]

Never let me go, never let me go
Never let me go, never let me go

[RAINE]

And it's over (Daniele, Aline e Bianca: Never let me go, never let me go)
And I'm going under (Daniele, Aline e Bianca: Never let me go, never let me go)
But I'm not giving up! (Daniele, Aline e Bianca: Never let me go, never let me go)
I'm just giving in (Daniele, Aline e Bianca: Never let me go, never let me go)

Oh (Daniele, Aline e Bianca: Never let me go, never let me go) slipping underneath (Daniele, Aline e Bianca: Never let me go, never let me go)
Oh (Daniele, Aline e Bianca: Never let me go, never let me go) so cold, but so sweet (Daniele, Aline e Bianca: Never let me go, never let me go)

Como de costume todos bateram palmas para a visitante.

– Essa garota canta muito. – Bruno falou em um sussurro para Caio. – Eu acho que estou apaixonado.

Augusto rolou os olhos. Manuella, que já estava irritada pela aparição de Raisse, ouviu o comentário e cravou as unhas na perna do rapaz.

– Ei! Por que isso?

A latina fez cara de surpresa.

– Ops, desculpa, eu não vi sua perna ai.

O dançarino olhou desconfiado, resmungou algumas ofensas inaudíveis, mas deu de ombros. Raine agradeceu os aplausos.

– Então, estejam prontos, amanhã começamos a competição.

A sala rapidamente se esvaziou. Manuella e Bruno rumavam juntos para a área da escola onde ficavam os armários. O garoto andava despreocupadamente, com um sorriso bobo no rosto, ao seu lado a latina o lançava olhares de reprovação. Estavam perto de seus armários quando ele percebeu como a amiga o encarava e virou-se para encará-la. Manuella assustou-se um pouco com o movimento repentino, mas não se mexeu.

– Algum problema? – ele perguntou quando percebeu como a amiga o encarava.

– Nenhum. – ela respondeu seca.

Bruno suspirou e passou a mão pelo rosto.

– Por que esta assim então?

– Eu estou normal.

– Louca você quer dizer...

– Se você acha que esse é meu normal. – respondeu com raiva. – Com licença...

Manuella tentou passar pelo rapaz, mas ele segurou seu braço e empurrou contra os armários. Ela arfou quando sentiu as costas baterem contra os objetos e fechou os olhos. Bruno colocou um braço em cada lado da garota, impedindo-a de escapar.

– Isso doeu. – ela falou calma, mas com raiva.

– Qual seu problema? – ele se aproximou, mas foi empurrado.

– Qual o SEU problema?! – Manuella irritou-se e empurrou o garoto novamente, dessa vez com mais força.

– Eu?! Você que esta doida.

– Eu não estou doida! Estou é cansada! – ela praticamente cuspiu as palavras – Cansada de você não me respeitar...

– E como eu te desrespeitei? – perguntou confuso, mas igualmente irritado.

A latina grunhiu com raiva e empurrou o amigo novamente, dessa vez com força suficiente para fazê-lo se afastar. Bruno bufou e virou-se para abrir seu armário. Enquanto colocava seus livros e o caderno na bolsa, espiava de vez em quando pelo ombro. Manuella olhava para os próprios pés. Ele tentou falar algo, mas não sabia por que a garota estava irritada e temia que algum comentário errado pudesse criar uma enorme confusão. Os dois escutaram sons de risada e perceberam Tiago e Bianca se aproximando. O casal estava abraçado e se olhavam nos olhos completamente alheios ao que acontecia ao seu redor, aparentemente Tiago contava alguma piada porque Bianca estava vermelha e ria com vontade. Bruno fechou o armário e o barulho chamou o casal à realidade.

– Ah, oi Bruno, Manu... – cumprimentou Tiago. Bianca ainda estava vermelha e com um sorriso bobo no rosto. Ela acenou para os dois.

– Oi. – respondeu Manuella sem vontade.

Bruno acenou e jogou a mochila sobre o ombro.

– Eai. Estava esperando vocês. Vamos? – Bruno perguntou para Tiago e Bianca. O moreno assentiu.

– Pra onde vocês vão? – perguntou Manuella. Seus olhos fixos em Bruno.

Bruno rolou os olhos. Mas foi Tiago quem respondeu:

– Grupo de dança.

– Não que seja da sua conta. – completou Bruno.

Manuella assentiu aborrecida.

– É… parece que não é mesmo. – ela respondeu com amargura. Bianca percebeu o clima, apesar de Tiago não ter entendido nada.

– Manu... se você quiser vir conosco. – convidou.

– Obrigada Bianca, mas eu passo. Vou encontrar o Augusto.

A latina olhou para Bruno com os olhos marejados e foi embora.

– Ela esta bem? – perguntou Tiago.

Bianca rolou os olhos, mas sorriu em seguida.

– Você é muito avoado.

Tiago levantou uma sobrancelha sem entender e olhou para Bruno que deu de ombros.

– Vamos logo cara. Vamos chegar atrasados.

–- --

Raisse guardava alguma coisa em seu armário quando percebeu que Caio se aproximava. Ela olhou rapidamente para o rapaz e fechou seu armário se preparando para sair dali o mais rápido possível, não queria conversar com ele. Caio foi mais rápido.

– Por que você não me avisou que vinha para a escola hoje? – Caio segurou o punho da garota, impedindo-a de fugir – Aliás, eu não te vi nas aulas...

Raisse soltou o punho e virou-se para Caio.

– Eu vim só pro Coral. – ela respondeu sem olhar para o rapaz.

– Você esta bem? – ele ergueu o queixo da garota para que o encarasse.

– Eu... – seus olhos fixaram-se nos olhos verdes de Caio, mas rapidamente desviou o olhar – Estou bem sim.

– Sua memória...

– Também esta bem... me lembro de tudo… - ela falou melancólica – E não me sinto bem assim...

– Sinto muito...

– Não sinta. Você não é culpado de nada.

– Sim, eu sou... – falou com convicção – Eu acabei com sua relação com o Tiago...

Raisse sorriu e negou.

– Você não acabou com nada. – ela finalmente encarou aqueles olhos claros – Os outros estavam certos. Foi tudo um plano. Eu usei você numa tentativa de destruir o coral.

Caio a encarou incrédulo.

– Minha “relação”... – ela fez aspas com as mãos – ...com o Tiago foi, desde o começo parte deste plano. – seu sorriso desapareceu e ela hesitou alguns segundos antes de continuar – A destruição da sala. Minha saída do coral nas Seletivas. Tudo isso foi um plano que eu fiz com meu irmão.

– N-nao pode...

Caio deu um passo para trás, estava assustado, surpreso e com raiva. Com muita raiva. Ele fechou os punhos.

– Todos estavam certos sobre mim. – ela continuou – Só você e o Tiago não quiseram enxergar... Ele porque é muito bom e você porque estava apaixonado. – deu de ombros.

A revelação deixou o garoto realmente irritado. Sua vontade era a de avançar na garota, mas tentava ao máximo se controlar. Socou um dos armários com tanta força que sua mão ficou vermelha. Raisse deu um pulo, assustada.

– Não significou nada. – frisou Raisse ainda que não possuísse a segurança de segundos atrás.

Ele socou um dos armários com tanta força que sua mão ficou vermelha. Raisse deu um pulo, assustada e então ele avançou, mas não para bater na garota. Rapidamente segurou suas mãos e colou os lábios.

Raisse tentou empurra-lo, resistir ao beijo, não retribuir, mas Caio era muito mais forte que ela e também não tinha certeza se queria se afastar ou se merecia. Enfim, conseguiu soltar uma mão e estapeou o rapaz. Ele se afastou com os olhos marejados e uma fúria visível. Só com o fim do beijo perceberam a pequena multidão que se formava no corredor. Daniele, Igor e Aline estavam no meio da multidão.

– Esta tudo bem? – Daniele se aproximou com cautela e colocou a mão sobre o ombro de Raisse que assentiu.

Caio não falou nada, apenas encarava o chão como se este fosse mais interessante que qualquer outra coisa que já tenha visto. Igor tentou se aproximar do colega, mas foi repelido. Caio deu meia volta e começou a andar. Antes de sumir completamente ele parou e olhou para Raisse por cima dos ombros.

– Você esta certa... Eu estava apaixonado.

Raisse mirou o chão, enquanto o rapaz desapareceu pelo corredor.

– O que aconteceu? – Daniele perguntou enquanto encarava Raisse.

A garota não respondeu, mas começou a chorar e se abraçou a morena. Chorava compulsivamente. Daniele olhou amedrontada para Aline, que também não sabia o que fazer, mas incentivou a amiga a ajudar. A morena abraçou Raisse com receio.

– Eu... eu vou pegar água. – falou Igor e rapidamente sumiu de vista.

– Vai ficar tudo bem. – falou Aline enquanto se aproximava de Raisse e passava a mão em suas costas – Vai ficar tudo bem...

– O que aconteceu? – Daniele perguntou novamente.

Raisse parou de chorar pó alguns instantes tentando responder, mas o choro voltou mais forte. Aline deu de ombros e olhou para a amiga pedindo que não forçasse a situação.

– Ok. – falou Daniele – Mas depois vou querer saber qual o motivo disso tudo.

Raisse assentiu mais calma. O choro recomeçou e Aline voltou a confortar a garota.

–- --

O palco do auditório estava enfeitado com alguns vasos de barro com rosas negras. Os integrantes da banda, em suas posições usuais no fundo do palco estavam vestidos de preto. Manuella estava no centro do palco, atrás de um pedestal com um microfone e vestia um vestido preto e que ia até seus joelhos, seu cabelo estava preso em rabo de cavalo. Seus colegas do coral e Raine estavam sentados na plateia.

[MANUELLA]

He left no time to regret
Kept his dick wet
With his same old safe bet
Me and my head high
And my tears dry
Get on without my guy
You went back to what you knew
So far removed from all that we went through
And I tread a troubled track
My odds are stacked
I'll go back to black

Manuella cantava com uma expressão sofrida e um olhar vago. A apresentação hipnotizava os espectadores e despertava neles as mais diversas reações. Caio de vez em quando olhava de soslaio para Raisse.

We only said goodbye with words
I died a hundred times
You go back to her
And I go back to...

Black, black, black, black, black, black, black
I go back to
I go back to

We only said goodbye with words
I died a hundred times
You go back to her
And I go back to

We only said goodbye with words
I died a hundred times
You go back to her
And I go back to black

– Alguma razão especial para cantar essa música? – perguntou Raine.

– Claro. A competição. – Manuella respondeu ríspida – Ou esqueceu...

Raine se assustou com a grosseria, mas já tinha sido alertada por Tiago sobre a garota, então relevou. Olhou para o amigo e fez uma careta, o moreno deu de ombros e sorriu.

– Ok então... Muito boa escolha. Música emotiva na medida certa e combina com sua voz... – ela recomeçou com cautela – Deu pra entender o sentimento por trás.

Manuella agradeceu sem muito humor. Evitava a todo custo olhar para Bruno. Desceu do palco e o próximo a se apresentar foi Augusto. Ele subiu ao palco e ocupou o lugar onde antes estava a latina.

– Eu vou deixar a decoração porque... bem... eu acho que combina com a música.

Ele acenou para a banda e a música começou.

[AUGUSTO]

When I was young
I never needed anyone
And making love was just for fun
Those days are gone

Livin'alone
I think of all the friends I've known
When I dial the telephone
Nobody's home

All by myself
Don't wanna be
All by myself
Anymore
All by myself
Don't wanna live
All by myself
Anymore

Augusto não chorava, mas demonstrava grande dor enquanto cantava. Bianca agarrou a mão de Tiago e apertou com força, o moreno sorriu e começou a fazer carinho com o polegar nas costas da mão da garota. Thais lançava olhares furtivos para Raisse, que estava completamente emocionada com a performance e assim como Aline chorava descaradamente. Manuella lutava contra suas emoções e prendia o choro.

All by myself
Don't wanna be
All by myself
Anymore!!!

All by myself
Don't wanna live

Ohhhh!!!

Don't wanna live
By myself, by myself
Anymore!!!

By myself!!!
Anymore
Oh!!!

Não houve aplausos, não houve gritos, nada aconteceu. A música terminou e todos estavam impressionados demais para demonstrar qualquer coisa. Raine levantou-se, mas rapidamente se curvou em uma reverência.

– Obrigada. – ela falou com água nos olhos – Muito obrigada por essa apresentação.

Augusto estava surpreso com a reação da garota, mas acenou agradecendo. E então Raisse puxou as palmas.

–- --

O Auditório já estava vazio, a banda já tinha desmontado o equipamento e guardado os instrumentos, na verdade, apenas Augusto permaneceu no local e agora desmontava o cenário usado nas apresentações. Agora ele tentava, com muito esforço, tirar um dos vasos de barro do pedestal. Ele chorava um pouco enquanto realizava a tarefa, mas não era nada ligado ao esforço do trabalho.

– Você ta legal?

Augusto se assustou com a voz atrás de si, mas rapidamente percebeu que se tratava de Manuella, então sorriu e enxugou algumas lágrimas.

– Sim... – respondeu com a voz vacilante. Manuella se aproximou e o ajudou com o vaso – Eu me viro sozinho.

Colocaram o vaso no chão.

– Por que colocaram terra nos vasos se as plantas são de plástico? – ele perguntou um pouco irritado.

– Você precisa de ajuda. – ela afirmou sem olhar para o garoto e retirando as rosas negras dos vasos – E quem montou a decoração fui eu, você nem devia estar aqui...

Augusto suspirou e negou.

– Acho que esta tudo bem se você ajudar...

Manuella sorriu e deixou as rosas no chão para segurar as mãos de Augusto que se assustou com o gesto.

– Você precisa de ajuda. – ela repetiu.

– Co-co... por que? – Augusto estava confuso.

– Eu entendi... – ela respondeu, mas o garoto levantou uma sobrancelha ainda sem entender – A música criatura. A música.

Augusto corou e virou o rosto, partindo para o próximo pedestal. Manuella o seguiu.

– Não adianta mentir. – falou insistente – Você esta se sentindo triste, por que se sente sozinho...

– Eu não estou me sentindo sozinho... – ele encarou a latina com raiva nos olhos – Eu estou... – a palavra foi proferida com enorme pesar – ...sozinho.

Ele começou a retirar as plantas falsas dos seus recipientes. Desta vez Manuella não falou nada.

– Ontem foi meu aniversario... – ele continuou. Era notável que se esforçava para segurar as lágrimas enquanto falava. Manuella sentiu um aperto no peito – Não recebi nem mesmo uma mensagem da minha mãe...

– Augusto...

– Eu achei que… ela tinha deixado meu pai me expulsar de casa por que não queria seu casamento em crise... eu entendi isso, mas eu... – fungou – E-eu... acreditei que depois que a fúria dele passasse ela ia me ligar, perguntar como e onde eu estava... eu acreditei que ela ainda se importasse... Estou há dois meses na casa do Tiago e ela nunca entrou em contato comigo...

O pequeno garoto tentou erguer o vaso sozinho, sem sucesso. Manuella o ajudou mais uma vez. Assim que colocaram o objeto no chão Augusto pôs-se a chorar; Tremia e abraçava o próprio corpo. Mais uma vez a latina sentiu seu peito doer então se deixou levar pelos impulsos e abraçou o amigo. Ele, assustado, tentou se afastar, mas a cada movimento o abraço aumentava de intensidade. Suas lágrimas não pararam, na verdade, sentia que estavam longe de ter um fim.

– E-eu estou sozinho... – ele balbuciou em meio ao choro.

Manuella reforçou o aperto e negou com a cabeça, suas mãos foram para a nuca do rapaz e acariciaram o local.

– Não esta! – ela falou com confiança – Nunca vai estar! EU estou aqui.

As palavras da latina chocaram o garoto de tal forma que ele até se esqueceu como ficar em pé. Suas pernas cederam e caiu de joelho no palco. A latina o acompanhou sem desfazer o abraço.

– Você tem a mim. E a todos do coral.

– Alguns você quer dizer... – ele conseguiu falar, embora exigisse muito.

A latina riu com vontade.

– Ok. Alguns… Mas esses são os que importam… agora… se quiser chorar mais um pouco, eu não me importo, fico aqui com você, depois vamos ao shopping porque vou te comprar um presente e um bolo ma-ra-vi-lho-so. – ela falou com um tom carinhoso que não era seu usual.

Um meio sorriso se desenhou nos lábios do garoto e as lágrimas foram, aos poucos, parando.

– Obrigado.

Manuella sorriu.

– Idiota. Não precisa me agradecer por nada.

–- --

Tiago e Bianca caminhavam de mãos dadas pelo corredor externo do colégio. A bailarina falava com alegria sobre o que tinha planejado para o final de semana e Tiago, apesar de sorrir como um bobo, não estava prestando atenção na conversa. Ele adorava ouvir a voz suave da namorada, isso sempre o deixava de bom humor, mas estava muito preocupado com outros assuntos. E Bianca percebeu isso.

– Esta tudo bem? – ela o encarou com um olhar terno.

– O que? Ah, claro, um filme de comédia é ótimo...

Bianca riu e balançou a cabeça.

– Não é disso que estou falando.

Tiago fez uma careta e coçou a cabeça.

– Não? Desculpe. Eu estava com a cabeça nas nuvens.

Bianca riu novamente, dessa vez com mais vontade.

– Isso eu percebi.

Tiago sorriu e se aproximou selando seus lábios.

– Desculpe. – ele pediu constrangido por não ter prestado a devida atenção à namorada.

– Esta tudo bem. Eu percebi que ultimamente você esta muito desligado... Aliás, nem mesmo ensaiou uma música para a competição dessa semana. Isso é estranho.

Tiago riu com o comentário, mas concordou.

– É a Júlia... – falou simplesmente e foi o bastante para a garota entender.

– Como está o bebê?

– Esta ótimo. Essa semana a Mariana estava muito ocupada, então eu a acompanhei nas consultas médicas.

– Isso é um pouco chato.

– Pois é. Fora que ela esta completamente estranha.

– Isso é normal, bobo. – ela levou a mão ao rosto do namorado e fez um pequeno carinho em sua bochecha – Pelo menos os pais não a expulsaram.

– Pois é... – ele suspirou – Em compensação estão putos da vida... ops.

– Tiago... – ela repreendeu – Eu já escutei palavrões antes. Não precisa segurar a língua, eu não sou criança.

– Disso eu sei. – ele respondeu com um sorriso malicioso e levou um tapa no braço – Ok, desculpe.

– Só... cala a boca e vamos almoçar logo...

– Sim senhora. – responde batendo continência.

Ela sorriu, balançou a cabeça e o puxou pelo braço até o refeitório. Ao entrarem no local logo perceberam Daniele, Aline e Raisse sentados em uma mesa próxima. A bailarina acenou para o trio e puxou o namorado para a fila.

– Eles são tão fofos. Parecem aqueles casais de novela. – comentou Aline em um suspiro, mas logo se lembrou de que Raisse estava sentada ao seu lado e desculpou-se.

– Esta tudo bem. – falou a patricinha dando de ombros.

– Por falar em bem... gostei do seu gesto no Auditório ontem. – comentou Daniele – Nunca pensei que ia ser a primeira a aplaudir alguém que não fosse você mesma... ou um espelho.

Raisse ergueu uma sobrancelha e engoliu um pedaço da esfiha que comia.

– Seu amor por mim me surpreende.

– E não tem medo disso? Você falou umas coisas bem rudes para a Thais um tempo atrás. – retrucou Daniele sarcástica.

Raisse suspirou e parou de comer.

– Eu estava brincando. – falou Daniele – Não sou chegada em velcro.

Raisse abriu um sorriso torto, mas cheio de tristeza.

– Eu fui uma idiota. – falou – Eu não sei bem como ou por quê... Mas eu sinto como se a Thais fosse a única amiga verdadeira que eu já tive.

– E a Isabelle? – perguntou Aline inocentemente.

Daniele e Raisse a encararam com caras sérias.

– Aline, termina de comer, por favor. – pediu Daniele.

Raisse riu.

– Você são bem divertidas. Não sei como não vi isso antes. – a ultima frase foi dita em tom arrependido.

Ela voltou a comer o salgado e Daniele a encarou por alguns segundos.

– Você também não é de todo mal. – falou finalmente.

– Obrigada. – agradeceu. O arrogante voltando aos poucos à sua voz. Daniele bufou.

– Mas continua sendo irritante.

Raisse rolou os olhos, mas sorriu.

– E você ainda é uma chata. – retrucou.

– Eu ainda sou amável. – comentou Aline. Daniele e Raisse começaram a rir. – O que foi? É verdade.

Isabelle e Thais entraram no refeitório nesse momento. O trio se encarou por alguns segundos até Isabelle segurar a amiga pelo braço e puxa-la para longe.

– Você sente falta delas não é? – perguntou Daniele.

– Isso não importa. – virou-se para Aline – Que música vai cantar amanhã?

Aline sorriu e começou a contar sobre a apresentação que tinha em mente. Depois da semana da performatividade ela estava bem mais confiante. Perto dali Isabelle e Thais conversavam aos sussurros.

– Eu não aguento mais isso. – falou Thais irritada – Ela devia estar conosco. – lançou um olhar sofredor para Isabelle. A loira rolou os olhos e deu de ombros.

– Duvido muito que venha. Estamos brigadas lembra? – perguntou sem dar muita importância para o assunto. Na verdade, não queria conversar sobre isso.

– Eu sinto falta dela. – a bailarina falou desanimada.

Isabelle puxou um espelho do bolso e conferiu sua imagem.

– Então vamos trazê-la de volta.

– Sério? – perguntou desconfiada.

– Também não gosto da ideia de ser trocada assim.

– Não estou falando disso.

A loira guardou o espelho.

– Ok. Talvez eu esteja sentindo falta dela, um pouco só.

Thais sorriu.

– Você tem um coração mole, quem diria.

– Engula essa ideia. – ordenou – Eu sequer tenho isso ai que você falou.

A bailarina rolou os olhos e balançou a cabeça.

– Eai. Vai querer ouvir minha ideia ou não? – Isabelle perguntou sem paciência.

Thais assentiu.

–- --

Dessa vez as apresentações estavam sendo realizadas na sala do coral. Aline estava no centro da sala, atrás de um pedestal com um microfone. A banda estava espalhada pela sala e as garotas que ajudavam no coro estavam atrás da garota. Daniele e Manuella usavam o mesmo microfone, enquanto Bianca e Raisse dividiam outro.

[ALINE]

I've never seen a diamond in the flesh
I cut my teeth on wedding rings in the movies
And I'm not proud of my address, in the torn up town
No post code envy

But every song's like gold teeth, grey goose
Trippin' in the bathroom
Blood stains, ball gowns
Trashin' the hotel room
We don't care
We're driving cadillacs in our dreams

But everybody's like cristal, maybach
Diamonds on your timepiece
Jet planes, islands, tigers on a gold leash
We don't care
We aren't caught up in your love affair

And we'll never be royals (Daniele, Bianca, Manuella e Raisse: Royals)
It don't run in our blood
That kind of luxe just ain't for us
We crave a different kind of buzz

Let me be your ruler (Daniele, Bianca, Manuella e Raisse: Ruler)
You can call me queen bee
And baby I'll rule (Daniele: I'll rule) (Bianca: I'll rule) (Raisse: I'll rule)
Let me live that fantasy

[DANIELE, BIANCA, MANUELLA e RAISSE]

Ooh ooh oh
Ooh ooh oh
Ooh ooh oh

[ALINE]

We're bigger than we ever dreamed
And I'm in love with being queen

[DANIELE, BIANCA, MANUELLA e RAISSE]

Ooh ooh oh
Ooh ooh oh
Ooh ooh oh

[ALINE]

Life is game without a care
We aren't caught up in your love affair

And we'll never be royals (Daniele, Bianca, Manuella e Raisse: Royals)
It don't run in our blood
That kind of luxe just ain't for us
We crave a different kind of buzz

Let me be your ruler (Daniele, Bianca, Manuella e Raisse: Ruler)
You can call me queen bee
And baby I'll rule (Daniele: I'll rule) (Bianca: I'll rule) (Raisse: I'll rule)
Let me live that fantasy

– Parabéns Aline. Foi uma boa apresentação. – falou Raine batendo palmas.

– É. Parabéns. Você conseguiu deixar uma das músicas mais chatas dos últimos anos ainda mais chata. – falou Isabelle destilando veneno. Thais cutucou seu braço com o cotovelo.

– Cala a boca. – falou Augusto sem paciência.

– Opa. Isso é muito ofensivo RuPaul. – falou Isabelle com um sorriso maldoso – Tem certeza que quer entrar nessa briga comigo?

– Isa, menos, por favor. – pediu Thais. Isabelle deu de ombros.

– Vamos princesa da terra da purpurina, o que mais você tem pra mim?

Augusto ia retrucar, mas Manuella foi mais rápida.

– Vadia, por favor, que tal eu amassar essa sua cara?

Isabelle levantou-se com um sorriso de escárnio.

– Adoraria ver você tentar. – desafiou.

Tiago se levantou também e colocou-se entre as duas.

– Chega. Nós já temos problemas demais, não podemos brigar entre nós ou vamos perder o foco.

Raine, que até então estava quieta, concordou.

– Vocês precisam lembrar que um coral é a união de várias vozes. – falou calmamente – Se não estiverem em harmonia, bem... vão perder.

Manuella deu de ombros e sentou-se perto de Augusto, segurando sua mão. Isabelle foi para o centro da sala e encarou Aline.

– E então? Eu e a Thais vamos precisar dos holofotes, pode sair?

– Vocês já se apresentaram, ontem. – lembrou Daniele.

– Parabéns miss óbvio. – Daniele rolou os olhos visivelmente irritada – Mas o que vamos fazer não esta relacionada com a competição.

Raisse, Aline, Bianca e Daniele sentaram-se. Thais foi para o lado da amiga.

– Bem... – começou Isabelle – Dedicamos essa música para uma pessoa... que vem fazendo falta... – falou com muito esforço – e bem... Nós a queremos de volta.

Ela acenou para a banda.

[ISABELLE]

Uh!

Hum yeah, la la la la la

Uh!

Hey, girl you never had much game
Thought I needed to upgrade
So I went and walked away way way, uh!
Now, I see you've been hanging out
With that other gurls in town
Looking like a trio of clowns, clowns, clowns

Ela olhou para Aline e Daniele que sentavam ao lado de Raisse abriu um sorriso de escárnio.

[THAIS]

Remember all the things that you and I did first?
And now you're doing them with her
Remember all the things that you and I did first?
You got me, got me like this (Isabelle: Uh!)
And now you're taking her to every restaurant
And everywhere we went, come on!
And now you're taking her to every restaurant
You got me, got me like this (Isabelle: Uh!)

[THAIS e ISABELLE]

Girl you can say anything you wanna
I don't give a shh, no one else can have ya
I want you back
I want you back
Wa-want you, want you back (Isabelle: Uh!)
I broke it off thinking you'd be cryin'
Now I feel like shh looking at you flyin'
I want you back
I want you back
Wa-want you, want you back (Thais: Uh!)

[ISABELLE]

Please, this ain't even jealousy (Thais: Jealousy)
She ain't got a thing on me (Thais: A thing of me)
Tryin' to rock with an ugly jeans, jeans, jeans, uh!
You clearly didn't think this through
If what I've been told is true
You'll be crawling back like boo hoo hoo, uh!

[THAIS]

Remember all the things that you and I did first? (Isabelle: What what?)
And now you're doing them with her (Isabelle: With her)
Remember all the things that you and I did first?
You got me, got me like this (Isabelle: Uh!)
And now you're taking her to every restaurant (Isabelle: Yeah Yeah)
And everywhere we went, come on!
And now you're taking her to every restaurant
You got me, got me like this (Isabelle: Uh!)

Dançavam uma coreografia não muito complicada que parecia uma mistura de street com dance.

[THAIS e ISABELLE]

Girl you can say anything you wanna
I don't give a shh, no one else can have ya
I want you back
I want you back
Wa-want you, want you back (Isabelle: Uh!)
I broke it off thinking you'd be cryin'
Now I feel like shh looking at you flyin'
I want you back
I want you back
Wa-want you, want you back (Isabelle: Uh!)

[ISABELLE]

Uhhh... I thought you'd still be mine
When I kissed you goodbye uh oh uh oh
Uhhh... and you might be with her
But I still had you first uh oh uh oh

Elas puxaram Raisse para o centro da sala.

[THAIS]

Remember all the things that you and I did first?
And now you're doing them with her
Remember all the things that you and I did first?
You got me, got me like this!

(Raisse: Ohhhhh!!!)

Raisse imitava os movimentos das outras com perfeição. As três estavam em perfeita harmonia e qualquer um podia ver isso.

[THAIS e ISABELLE]

Girl you can say anything you wanna
I don't give a shh, no one else can have ya
I want you back
I want you back
Wa-want you, want you back (Raisse: O-Oh O-oh ohhh yeah!)
I broke it off thinking you'd be cryin'
Now I feel like shh looking at you flyin'
I want you back
I want you back
Wa-want you, want you back (Raisse: I want you back!!!!)

(Raisse: La la la la la)

I want you back
I want you back
Wa-want you, want you back

I want you back
I want you back
Wa-want you, want you back, uh!

[ISABELLE]

Just like a helicopter

O trio terminou a coreografia e começou a rir.

– Bem... acho que é oficial, mas estamos de volta aos negócios. – falou Isabelle ainda que com receio.

Ela abraçou Raisse e Thais abraçou as duas.

– Obrigada. – sussurrou Raisse.

Sentaram-se e Raine levantou-se, ocupando o lugar onde as três estavam antes.

– Muito bem. Depois dessa apresentação inesperada... acho que finalmente posso revelar o vencedor dessa semana.

– Acho que não é nenhum mistério. – comentou Bianca sorrindo.

– Concordo. O vencedor é Augusto. – ela puxou as palmas.

O garoto parecia confuso, Manuella apertou sua mão, incentivando-o. Ele se levantou, agradeceu e voltou a sentar-se.

– Estou orgulhosa. – falou a latina abraçando o amigo.

– Manuella ficou em segundo lugar. – falou Raine. A latina sorriu e concordou – As duas pessoas que irão se apresentar amanhã são... Tiago e Raisse.

– O que?! Por quê?

O moreno levantou-se visivelmente perturbado. Raine pediu que esperasse.

– Bom, estão todos dispensados, menos os dois. – apontou para Tiago, que ainda estava de pé e Raisse, que parecia conformada.

A sala rapidamente ficou vazia, exceto pelo trio. Tiago não pareceu relaxar.

– Bem... como posso dizer isso…

– Um engano? – sugeriu Tiago.

– Ok... não, primeiro você. – ela olhou para Raisse – Você sequer apresentou um numero essa semana.

– Eu estava confusa com o que estava acontecendo. Isso é novo. – defendeu-se.

– Tão novo pra você como foi para seus amigos semana passada. – argumentou Raine – Artista precisam estar preparados para coisas inesperadas, faz parte. Aliás, imprevisto são muito comuns nessa área.

Raisse concordou um pouco chateada. Raine voltou-se para o moreno.

– E você... bem, não foi engano nenhum. Sua apresentação estava em um nível muito abaixo dos outros.

– Mas... eu não estava num dia bom.

– Isso é uma competição Tiago. Você sabe como funciona. Você faz o seu melhor independente do que aconteça. O tema pedia uma coisa, mas eu coloquei os dois com os piores pela falta de comprometimento.

Tiago corou com vergonha.

– Estejam prontos amanhã... eu sei que são capazes.

Ela deixou a sala. Tiago encarou Raisse por alguns segundos, então suspirou e sentou-se ao seu lado.

– Eu... ainda não falei com você...

– Você deixou tudo claro na nossa última conversa. – ela respondeu sem olhar para o moreno.

– Eu... – ele hesitou, estava reunindo coragem para falar – Soube que você brigou com o Caio.

– Resolvi esclarecer as coisas.

Raisse estava visivelmente incomodada com a conversa, mas não foi embora.

– E então...

– Então? Então o que? Ele me odeia, simples, eu só queria me afastar das pessoas a quem eu fiz mal.

– Por isso se isolou da Isabelle e Thais.

Raisse suspirou, não respondeu, mas Tiago sabia qual era a resposta.

– Mas elas não querem se afastar. – ele falou – Demonstraram isso hoje. Talvez ele também não queira.

Raisse finalmente encarou o moreno.

– Isso não importa... Eu não amo ele e eu tenho certeza que ele vai me superar, afinal... – ela abriu um sorriso sofrido – Você conseguiu.

Tiago concordou e levantou-se indo em direção à porta. Parou antes de sair da sala.

– Você uma vez me disse que não era uma boa pessoa... Eu não concordo, acho que você só esta machucada demais.

Raisse sorriu novamente, dessa vez um sorriso terno.

– Talvez... você pudesse ter me ajudado a ver isso.

Tiago suspirou.

– Talvez...

E saiu da sala.

–- --

– Eu não imaginava que teria essa proporção...

Raisse olhava pela fresta da parte inferior do palco a enorme multidão postada à frente do palco. Vestia um vestido azul que iam até seus joelhos; seus cabelos estavam soltos e uma faixa branca impedia a franja de cair sobre seus olhos.

– Não é tão assustador quanto cantar na competição...

Ela virou-se rapidamente ao ouvir a voz às suas costas.

– Caio...

Ele levantou a mão pedindo que não falasse.

– Eu queria me desculpar pelo que aconteceu...

– Você estava certo em tudo. A única errada nessa história sou eu.

– Não, não é. Embora tudo tenha sido um plano... eu tenho sentimentos por você, mas não devia ter feito o que fiz.

Raisse acenou com a cabeça.

– Você disse que ainda tem sentimentos por mim...

O rapaz tentou se aproximar, mas Raisse ergueu um braço.

– Não, por favor.

– Mas... por quê? Não tem mais ninguém entre nós.

– Tem sim... Eu. Eu não estou pronta para um relacionamento. Na verdade não mereço alguém como você... Não agora.

Caio não sabia o que falar, tentava buscar em sua mente algo que confrontasse o argumento da garota. Raisse se aproximou, notando a confusão na mente do garoto e beijou sua bochecha.

– Eu espero que me perdoe.

Tiago apareceu no local. Vestido em um terno preto, uma camisa social branca e uma gravata preta, seu cabelo arrumado com gel.

– Raisse. Você tem que subir no palco agora.

A garota assentiu e despediu-se de Caio.

–- --

Raisse não estava nervosa. Confiava em seu talento, já tinha cantado para um grande público antes. Mas mesmo assim, sentia um grande aperto no peito. Assim que subiu no palco seus olhos voaram para as coxias e fixaram-se em Caio, depois foram para Tiago e por último Thais. Não entendia o que sentia, culpa talvez? Com certeza. Dor? Talvez. Arrependimento? Não tinha certeza. Mas tinha outra coisa também. Olhou novamente para Thais e esta sorriu.

Bom, não importava o que era. Iria colocar aquilo para fora. Se os outros sentiriam? Nunca se sabe, mas iria se esforçar ao máximo para mostrar. Acenou para a banda e logo a música começou. O integrantes do coral, menos Tiago, subiram ao palco e se colocaram atrás da garota.

[RAISSE]

Ain't no way for me to love you
If you won't let me

Logo nas primeiras estrofes ouviu alguém soltar um gritinho. Olhou para a plateia e viu Raine, de olhos fechados e balançava o corpo no ritmo da música, seu rosto demonstrava felicidade. Seus lábios se moviam em uma frase, mas Raisse não conseguia entender.

– Eu amo Aretha. – era o que ela falava.

It ain't no way!!!
for me to give you all ya need
If you won't let me give all of me
I know that a woman's duty
Is to help and love the man
And that's the way it was for me

Oh but how can I, how can I, how can I, give ya
Give ya all the things I can
If you're tying both of my hands
Whoa ho it ain't no way (SRebellion: Ain't no way)
It ain't no way-ay-ay (SRebellion: Ain't no way)
It just ain't no way baby (SRebellion: Ain't no way!)
It ain't no way!!!!
For you me to love you
If you won't let me

Stop tryin' to be someone you're not!!!
A hard, cold and crude is a man
Who paid too much for what he got
And if you need me, to love you…
(SRebellion: Say!) Say!! (SRebellion: Say!) Say!!! (SRebellion: Say!) You do! (SRebellion: You do!)
I'll be waiting, baby, baby
Don't you know that I need you!!! (SRebellion: I need yo-you!)

Ain't no way (SRebellion: Ain't no way)
I tell ya that it ain't no way
It ain't no way, it ain't no way baby, no (SRebellion: Ain't no way)
It just ain't no way (SRebellion: Ain't no way)
It sure ain't no way (SRebellion: Ain't no way!)
It ain't no way-ay-hey-ay for me to love you
If you won't…
Let me!

O que se seguiu foi surreal para Raisse. Uma completa explosão de aplausos. Pessoas gritavam a beira de lágrimas os mais diversos elogios, alguns casais mais velhos estavam abraçados, entendiam perfeitamente o sentimento por trás da música. Ela sorriu e agradeceu. Foi a vez de Tiago subir ao palco. O coral saiu.

Mal o Moreno ocupou o lugar de Raisse à música começou a tocar. A melodia não era muito diferente da canção de Raisse e parecia tão carregada de sentimentos quanto.

[TIAGO]

Ooh she may be weary
And them young girls they do get weary
Wearing that same old shaggy dress
But when they get weary
Try a little tenderness

You know she's waiting
Just anticipating
The thing that she'll never, never, never, never possess, yeah
But while she's waitin
Go to her and try a little bit of tenderness
Thats all you gotta do

It’s not… just… sentimental no, no, no
She has her greaves and care, yeah, yeah, yeah
But the soft words are spoken so gentle yeah, yeah, yeah
And makes it easier, easier to bear!!! Yeah, yeah, yeah!

You won’t regret no
Them young girls they don’t forget it
Love! Is their whole, whole happiness yeah, yeah, yeah
And it’s all so easy
All you've got to do is try

Try a little tenderness
Yeah all you've got to, do it man
Hold her where you wanna

Squeeze her
Don't tease her
Never leave her
Yeah you… Got to
Try, Try a little tenderness, oh yeah!

You`ve got to know
How to love her, man, get to
You`ve got

Squeeze her
Don't tease her
Never leave her
You`ve got to hold her
Try some
Try a little tenderness! Yeah Yeah!

You've got to love her
That’s the main
Get to
Don't leave her no, no

Squeeze her
Don't leave her
Squeeze her, man
You, na, na, na, na
Try
Try a little tenderness!!!!

A platéia foi a loucura. Uma manifestação ainda maior que antes, gritavam , pulavam e aplaudiam antes mesmo da música acabar.

Oh yeahh ye-yeah!!

Squeeze her
Don't tease her
Never leave her
Try, try, try yeah!!!

Tenderness
Oh yeah
You’ve got to, you’ve got to
Try-ye-yeah!!

A little tenderness
Don’t leave her no, no
You’ve got
Love her
Tease her
Squeeze her yeah!
Try a little tenderness!!!!!

Tiago agradeceu ao publico, mas não saiu do palco. Retirou o paletó e a gravata, os jogou para a coxia, desabotoou o colete e dobrou as mangas da camisa até os cotovelos. O restante do coral retornou para o palco. O público estava atento a cada movimento. A banda começou a tocar. Raisse entrou, com outro microfone e ficou ao lado de Tiago.

[RAISSE]

Happiness hit her like a train on a track

[TIAGO]

Coming towards her
Stuck still no turning back

O restante do coral começou a bater palmas.

[RAISSE]

She hid around corners and she hid under beds

[TIAGO]

She killed it with kisses and from it she fled

[RAISSE]

With every bubble she sank with her drink

[TIAGO]

And washed it away down the kitchen sink

[RAISSE]

The dog days are over
The dog days are done
The horses are coming
So you better run

[TIAGO, RAISSE e SREBELLION]

Run fast for your mother, run fast for your father
Run for your children, for your sisters and brothers
Leave all your love and your longing behind
You can’t carry it with you if you want to survive

The dog days are over

[TIAGO e RAISSE]

The dog days are done

[TIAGO, RAISSE e SREBELLION]

Can't you hear the horses?
'Cause here they come

As palmas cessaram e todos sentaram. Apenas Raisse ficou em pé.

[RAISSE]

And I never wanted anything from you
Except everything you had
and what was left after that too, oh

O coral recomeçou com as palmas e se levantaram, formando um semi circulo ao redor de Tiago e Raisse.

[TIAGO e SREBELLION]

Happiness hit her like a bullet in the head
Struck from a great height
By someone who should know better than that

[TIAGO, RAISSE e SREBELLION]

The dog days are over
The dog days are done
Can't you hear the horses?
'Cause here they come

Run fast for your mother, run fast for your father
Run for your children, for your sisters and brothers
Leave all your love and your loving behind
You can’t carry it with you if you want to survive

The dog days are over

[TIAGO e RAISSE]

The dog days are done

Can't you hear the horses?
'Cause here they come!!

Começaram a dançar como doidos ao redor da dupla, fazendo um circulo completo e rodando ao redor dos dois.

[SREBELLION]

The dog days are over
The dog days are done (Tiago e Raisse: Here they come!!!)
The horses are coming
So you better run (Tiago e Raisse: Here they come!!!)
The dog days are over
The dog days are done (Tiago e Raisse: Here they come!!!!!)
The horses are coming
So you better run!!!

Terminaram a coreografia em duplas. Tiago e Raisse agradeceram à ovação da plateia.