Era pra ser mais um dia comum, feliz ao menos. Porém minha alegria havia me abandonado para sempre.

– Estou bem Sunny – Forcei um sorriso.

– Eu tenho que ir, Yuri ainda não sabe da minha mudança de planos – Sorriu sem graça.

– Tudo bem – Suspirei e retirei a coberta que me mantinha quente. Sunny deixou o quarto e vagarosamente segui ao banheiro. Analisando minha aparecia ao espelho, levei meus dedos as manchas roxas abaixo meus olhos, que eram pequenos por causa das olheiras. Depois de fazer a higiene matinal e me aprontar para o colégio, com a pouca vontade que eu ainda possuía, deixei a asquerosa, magnífica e enorme mansão. Tudo que havia lá dentro, depois daquela noite, me dava náusea.
Caminhei lentamente até o colégio e segui a minha sala, onde fiquei até o soar do sinal. As aulas eram mais do que nunca idiotas e sem graça, medíocres. Com professores que só lotam o quadro afim de ganhar seu pagamento no fim do mês.

Logo o sinal para o intervalo se fez presente e eu rapidamente juntei meus materiais e deixei a sala. Caminhei lenta e vagarosamente até a mesa do refeitório e a analisei. Suspirei entristecida e dei meia volta em meio aos vários alunos, até que consegui deixar o refeitório e me dirigi até o jardim vazio. Caminhei até a arvore que antes com folhas alaranjadas, agora em galhos secos. Deslizei meus dedos sobre o casco áspero deixando uma lagrima escapar. Eu estava decidida, deixarei meus amigos, pra sempre.
Consegui fugir por todo o intervalo dos demais, e após este, voltei a minha sala. Eu voltaria para a toca do dragão ao fim das aulas, porém, enquanto deixava a estrutura, ouvi alguns estranhos gritos, mas de vozes familiares. Mesmo com receio, cruzei a esquina, e me deparei com uma das cenas mais chocantes da minha vida. Yuri era segurada por dois rapazes mascarados que a prensavam contra parede, e a sua frente um outro homem que se aproximava risonho da morena, a qual carregava horror, medo e lagrimas em seus olhos. Notei que tinha um pano preso a sua boca, o qual abafava seus gritos. Eu não tinha opção, olhei rapidamente para os dois lados procurando algo que pudesse usar a meu favor, ou alguém a quem chamar, mas não havia tempo. Corri em direção a um pequeno tijolo que se encontrava entre o meio fio e a calçada e o tomei em mãos. Voltei rapidamente atrás do homem, fui percebida pelos outros dois, mas antes que pudessem se pronunciar, atirei o tijolo contra o homem que caiu ao chão. Os outros dois largaram Yuri e vieram em minha direção.

– FOGE ANNA – Gritou Yuri entre soluços.
Apenas corri sem rumo, quando trombei com algum carro. Fui atingida certamente na barriga, apoiando minhas mãos ao capo, devido a dor, levantei os olhos com a visão embaçada e analisei os garotos ali dentro. Me aproximei rapidamente, porém com certa dificuldade a janela do motorista.

– SeungHo estou certa ? – Puxei o ar com dificuldade – Por favor ... – Encarei Joon no banco do passageiro e Mir no de trás, que me encaravam assustados quando senti braços me puxando pra longe. Me rebatia e gritava – por mais fraco que fosse – por socorro. Logo me encontrei com o chão frio. Procurei algum foco, mas minha visão era embaçada demais. Aquela dor estranha e insuportável invadiu meu peito mais uma vez. Mas que diabos era aquilo ? Ouvi meu nome sendo gritado por duas ou três vezes até perder a consciência.

??? Pov on
Dois meses se passaram e não tinha mais contato com Anna, na verdade, ninguém tinha. Eu sentia sua falta, assim como todos os outros, e sentia algo de errado. Até suas melhores amigas, Hyoyeon, Yoona e Hyuna não conseguiam mais entrar em contato com ela. Chegaram a procura-la pela mansão da empresaria Kim, e quanto a Yuri e Sunny, se negavam a qualquer custo tocar no assunto. Decidi que tentaria encontra-la, e de alguma forma, Sunny me ajudaria. Minha ultima e única opção.

Depois de muito insistir, Sunny me pediu para que eu a encontrasse frente a praça da biblioteca as três horas.
Três hora, em ponto, a morena atravessava a rua, com uma flor amarela em mãos. Um flor amarela ? Aquilo começou a ser preocupante demais.

– Vamos – Disse passando a minha frente. Depois de caminharmos alguns quarteirões, ela parou frente a um hospital e me disse para não tirar conclusões precipitada. Adentramos o local, e depois de um período de espera, fomos encaminhados a um dos quartos. Sunny adentrou e me deu passagem para que entrasse. Lá encontrei com os olhos, primeiramente Yuri em uma das poltronas com as mãos entrelaçadas na altura do queixo, apoiando os cotovelos nos joelhos, curvada, de olhos fechados. Finalmente pousei os olhos sobre a cama, senti minhas pernas fraquejarem ao ver Anna ali, sem movimento algum, pálida. Me aproximei lentamente e analisei suas feições calmas.

– O que houve ? – Perguntei mantendo a voz firme. Porém vê-la naquele estado, era doloroso. Sunny apenas suspirou.

– Um dia .. – Disse a voz rouca vindo da poltrona – Eu estava indo para a casa de Jéssica, quando fomos paradas – Yuri suspirou – Jéssica conseguiu fugir, mas eu não. Eu seria ... – A morena indagou tentando não deixar a voz falhar – Estuprada, se Anna não aparecesse.

– Ela, ela ..

– Não – Yuri me interrompeu – Dos três homens, ela apagou um – Sorriu fraco – E correu quando os outros dois passaram a persegui-la. Eu disse pra ela correr, e ela correu, mas, tentando alcançar tanto ela como os bandidos, eu vi, quando foi atropelada. Mas ainda sim, ela foi até o motorista e disse algo que eu não pude ouvir, devido a distancia – A morena enterrou a face entre as duas mãos – Eles a pegaram, mas eu não pude alcançar, já estava fraca e, pra nossa sorte e surpresa, o motorista era SeungHo do MBLAQ. Ele desceu do carro, e em seguida Joon e Mir. Os dois primeiros se ocuparam em brigar com os homens e Mir, a tirar Anna dali. Fui até eles e expliquei tudo, só que a Anna não respondia.

– Foi ai que ela me ligou e eu corri com minha mãe pra cá – Sunny terminou a frase.

– Mas, se faz tanto tempo, porque ela ainda está aqui ? – Perguntei segurando o choro.

– Não é tão simples Key. Quando a trouxemos pra cá, descobrimos que mesmo jovem ela desenvolveu uma doença, a qual ela sabia e não se pronunciou. A doença se agravou e tornou-se em parada cardíaca, porém fraca. E com todo o impacto, ela entrou em coma – Disse Sunny tentando espelhar calma.

– E até hoje nada ? – Perguntei com os olhos marejados.

– Não. Mas eu vou esperar o tempo que for preciso, para agradece-lá – Disse Yuri se levantando.

– Vamos tomar um café, hn ? Lá nós te contamos sobre os ocorridos – Disse Sunny seguindo em direção a porta. Apenas concordei e as segui. Tem alguém que precisa saber disso, o mais rápido possível.

Key Pov off