Angel escrita por Adrenaline Earthquake


Capítulo 1
Unic


Notas iniciais do capítulo

EU FALEI NO TWITTER! FALEI QUE IA POSTAR OUTRA ONE! MAS NINGUÉM ACREDITA EM MIM! *complexada*
Parei '-'
Já sei o que estão pensando: lá vai a Adrenaline com mais uma one. Ô vício.
Eu lhes digo: enquanto ainda existirem pessoas que gostam das minhas ones, eu vou continuar postando. Deal with it.
Então... Eu não sei de onde surgiu a inspiração, portanto... É.
Enjoy!



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Dez da noite em uma cafeteria qualquer. Um homem cujo nome era Gerard Way estava sentado, bebericando uma xícara de café, com uma aparência cansada e abatida. Parecia querer se jogar de uma janela próxima ou se afogar no mar mais próximo. Seu rosto estava pálido, seus cabelos negros cobriam seus olhos parcialmente. Brincava com um anel de compromisso entre os dedos, mas parecia decidido em nunca mais usá-la.

De repente, uma figura baixinha entra na cafeteria em questão. Seu nome era Frank Iero. Vestia um casaco preto com detalhes brancos, uma calça jeans já desbotada pelo uso excessivo e um all star vermelho já muito gasto. Todos que o viam torciam o nariz, reviravam os olhos e murmuravam algo sobre “os jovens dos dias de hoje”. Mas Frank não se importava. Simplesmente andou até o balcão, pedindo um refrigerante. Gerard estranhou esse comportamento.

Quem entra numa cafeteria e pede refrigerante?!

Ele observou o baixinho discretamente. Tinha um sorriso nos lábios. Um sorriso infantil, assim como suas feições e gestos. Entretanto, era um garoto particularmente fofo. Porém, havia uma coisa estranha nele.

Gerard podia jurar que podia ver um brilho fraco a sua volta, como se fosse um halo de luz envolvendo o menor. Achando que fosse efeito do sol, Gerard resolveu deixar para lá.

O anão de jardim, como Gerard resolveu chamá-lo, se encaminhou até uma mesa próxima a dele. Tirou da mochila que carregava a tiracolo um pedaço de papel. Não parecia ter um texto tão grande, pois Frank segurou o papel por meio minuto e logo o colocou no bolso, sorrindo, parecendo satisfeito. Seus olhos se levantaram, vagaram pela cafeteria e acabaram parando em Gerard. Ele franziu a testa ao ver a expressão triste de seu “vizinho de mesa”. Levantou-se e caminhou até ele, ficando em pé ao seu lado.

–Ei. – o menor cutucou Gerard levemente – O que aconteceu, amigo?

–Em primeiro lugar, eu não te conheço. Segundo, não é da sua conta.

O anão deu de ombros.

–Só não acho justo que eu esteja tão feliz enquanto você está aí, tão triste. O que aconteceu? – pressionou ele.

Gerard bufou.

–Você acha mesmo que eu vou contar a você o que aconteceu? Eu nem te conheço!

–Prazer, Frank Iero. – ele estendeu a mão. O maior arqueou uma sobrancelha, em um gesto de desconfiança. Frank continuou com a mão estendida, até que Gerard se rendeu e murmurou:

–Gerard Way.

–Pronto, não somos mais desconhecidos. Então, o que aconteceu?

–Deus, Frank Iero! Você é insistente, não?

–Sou. – ele sorriu. Um sorriso infantil que combinava com ele mesmo.

–Bom, saiba que não irei contar.

–Ok. – o Iero deu de ombros, puxou a cadeira na frente de Gerard e se recostou, como se aguardasse algo.

Os dois ficaram assim por vários minutos. Frank observava Gerard, com uma expressão paciente. Enquanto isso, Gerard brincava com um guardanapo, nervosamente, enquanto assistia Frank que, vez ou outra, desviava o olhar para a janela ou para a porta. Uns dez minutos depois, o mais velho disse:

–Ok, eu desisto! Eu terminei com o meu namorado!

–Namorado? Interessante. Por que terminou com ele?

–Ele... – Gerard terminou a frase com o tom de voz tão baixo que Frank não ouviu.

–Como?

–Ele me... – o ato se repetiu.

–Fala direito!

–ELE ME TRAIU, FELIZ?!

Frank ficou em silêncio.

–Oh... Entendo.

O olhar de Gerard era de pura dor e sofrimento.

–Ele é um inútil. – disse ele, com ressentimento na voz.

–Ninguém é inútil.

–A não ser ele e talvez eu.

–Não diga isso. Todos nós temos um papel no mundo.

–E o papel dele é magoar e quebrar corações.

Frank tocou-lhe levemente o ombro, em um gesto de pena.

–Me desculpe.

–Não é culpa sua.

–Diga-me, Gerard, o que ele fez?

–Nada demais. – disse ele, irônico – Só beijou outro enquanto eu estava fora de casa.

–Ele tem feito isso faz tempo?

–Não. Faz dois ou três dias.

–Então veja pelo lado bom! Se você não tivesse descoberto isso logo, teria continuado sendo traído e nunca saberia!

Ele foi obrigado a admitir que isso foi um lado bom. Frank sorriu.

–Então, anime-se! Um dia, você vai achar alguém gentil, bonito, paciente e que gosta de você!

Gerard ficou em silêncio por vários minutos, refletindo. De repente, ele perguntou:

–Você gosta de mim?

Frank foi pego de surpresa.

–Como assim?!

–Você gosta de mim? – repetiu ele, sem expressão nenhuma.

–Eu... Er... Gosto, eu acho.

Gerard se levantou e encostou seus lábios no menor.

–O-o-o... E-eu... – gaguejou Frank. Gerard pôs seu indicador nos lábios rosados de Frank e começou a explicar:

–Você é gentil... Gosta de mim, e... É bonito. – ele sussurrou a última parte. O menor ficou com uma cara surpresa.

–Quando eu disse “gostar”, eu quis dizer... Amar...

–E você me ama? – Gerard arqueou as sobrancelhas. Frank pensou por um segundo, até que falou uma frase um pouco complexa:

–Posso dizer que te amo, mas seria mentira dizer que amo apenas a você. Eu não amo a todos, mas não amo uma pessoa só.

–... Como?

–Amar está acima de mim. – ele sorriu levemente e beijou-lhe os lábios – Não se preocupe, Gerard. Um dia irá entender. Até esse dia... Adeus. – Frank levantou-se e abriu a porta, com um sorriso nos lábios e um ar de “missão cumprida”. Gerard, ainda atordoado pelo beijo repentino, ainda ficou alguns segundos parado ali, até se tocar, tirar uma nota qualquer da carteira e deixar ao lado da xícara de café. Levantou-se e saiu correndo porta afora, gritando o nome de Frank.

Ao abrir a porta de vidro, Gerard olhou de um lado para o outro da rua pouco movimentada, a procura de Frank. Porém, o garoto simplesmente havia sumido de vista. No chão, um bilhete estava jogado. Gerard o pegou e leu:

Gerard,

Não sou quem você acha que eu sou.

Quer a verdade?

Não posso andar entre vocês, humanos. Meu lugar é diferente. Lá em cima para alguns. Dentro da cabeça para outros. A escolha é sua.

Se não entender esse bilhete, guarde-o. Alguns anos mais tarde, voltará a lê-lo e o entenderá.

–Frank.

Gerard franziu a testa, confuso, mas guardou o bilhete no bolso da calça.

Anos mais tarde

–Aham. Claro. Sim, sei. É, pode ser, eu acho. Ok. Uhum. Ok. Até mais.

Gerard Way falava no telefone pela décima vez. Escrever uma história em quadrinhos não era tarefa fácil e exigia vários telefonemas. Enquanto falava no telefone, procurava também uns documentos e papéis que precisaria. Entre isso tudo, acabou achando um pedaço de papel estranho do qual não se lembrava. Pegou-o e leu:

–Gerard, não sou quem você acha que eu sou. Quer a verdade? Não posso andar entre vocês, humanos. Meu lugar é diferente. Lá em cima para alguns. Dentro da cabeça para outros. A escolha é sua. Se não entender este bilhete, guarde-o. Alguns anos mais tarde, voltará a lê-lo e o entenderá. Frank.

O homem ainda refletiu sobre este bilhete por alguns minutos. De repente, começou a sorrir.

Sim, ele havia entendido.

–Obrigado, anjo. – ele olhou para cima e sorriu mais ainda. Ele havia entendido que Frank era um anjo.

De repente, ele olhou para trás e viu outro pedaço de papel idêntico ao anterior. Neste novo, estava escrito:

Ninguém atravessa a sua vida sem motivo.

Mais uma vez, Gerard entendeu-o. Frank passou em sua vida para lhe dar motivos para continuar a viver. Até seu ex-namorado o ensinou a confiar menos nas pessoas. No fundo, seu ex-namorado não era tão inútil, afinal de contas.

Gerard sorriu uma terceira vez, surpreso que havia conseguido entender isso após tantos anos.

Ele pôde jurar que viu uma figura translúcida, baixinha e infantil sorrindo para ele.


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Notas finais do capítulo

Eu sei, eu sei. Historinha com lição de moral. Me julguem.
Só achei que seria bom esclarecer isso. Atualmente, eu tenho percebido que eu aprendi bastante com as pessoas que eu mais odiei.
#depressãomodeOFF
Enfiiiiiim... É.
Beijo '-'