Maldita Magia escrita por luvfiction


Capítulo 3
Capítulo III




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III

Uma nova Nessie

Até que enfim, a segunda-feira.

Não estranhem, eu também nunca gostei das segundas. Mas essa, ah... Eu pedi tanto pra que chegasse rápido! Não só porque desde sexta a tarde toda a minha família estava em lua-de-mel, mas também porque depois da minha discussão com ELE (e duas horas seguidas "chorando") eu decidi que essa segunda marcaria o início de uma nova fase pra mim. Eu decidi curtir a minha vida, falar o que eu penso, ser sincera com a minha consciência, descobrir quem eu sou. E pra isso eu não precisava DELE.

Então naquela manhã quando o meu despertador tocou, eu fiz questão de sorrir, levantar em um salto, correr pro meu som na estante ao lado da cama e colocar o CD que eu tinha gravado na noite passada, primeira música? "When I Grow Up", The Pussycat Dolls. Já tinha escutado a música, mas nunca tinha reparado na letra... Eu podia colocar o som alto, afinal eu não ia acordar ninguém há-há, piadinha horrível eu sei.

Eu fui pro banheiro e fui direto tomar um banho, estava tão animada com as minhas mudanças que até abri um sabonete novo, desta vez ele cheirava a morango, muito bom. Quando sai do banho fui pra frente do espelho e, depois de passar a mão pra conseguir ver alguma coisa, vi minha imagem refletida e não gostei nadinha. Cara, eu parecia uma criança de dez anos! Sabe aquele cabelo exageradamente grande e sem nenhum corte? Então... Eu tinha um. Por mais que meu cabelo fosse bonito, com cachos bem moldados nas pontas, eu senti que ele me pedia uma hidratação e um corte imediatamente! Meu rosto pedia uma maquiagem que realçasse meus traços, to branca igual leite desnatado, daqui a pouco as pessoas vão ver através de mim!

Ainda bem que eu não engordava.

Eu teria tempo pra cuidar disso e já sabia até quem poderia me ajudar. Mas de imediato, prendi meu cabelo em um rabo alto, ficou bom, mas não muito. E também passei um gloss, não passei maquiagem porque não tinha -.- meu pai falava que eu já era muito bonita e não seria justo com as outras meninas, ninguém merece.

Coloquei uma de minhas melhores roupas, um short cinza claro com meia calça escura por baixo e botas de cano longo também pretas, sem salto claro. Culpa do papai, de novo.

Além de uma blusa preta de mangas compridas de deixava parte de meus ombros de fora. Coloquei alguns colares longos que davam um toque meio estiloso. Ah, ta bom, eu só tava indo pra escola! Ta certo que eu não poderia perder a oportunidade de fazer ELE me ver, e perceber como eu estou bem, mas era só o meu primeiro dia na minha nova personalidade.

Peguei meu casaco cinza e minha bolsa de um ombro só e desci os degraus da casa dos meus avós. Todos olhavam pra mim. Será que eu esqueci de fazer o zíper? Não, não esqueci. Ah é, minha nova personalidade dã!

- E ai galerinha do barulho!- Disse sorridente. – O que vocês acharam?

Ninguém respondeu.

- Nossa, falem um de cada vez pra eu poder entender... - ironia, claro.

Eu fui andando pra cozinha e meu pai veio atrás de mim.

- Filha, o que aconteceu?

- Não sei, acho que eu cresci pai!

- Mas precisava isso tudo?

- Ah, isso não é nada, ESPERA SÓ ATÉ EU FAZER COMPRAS COM A TIA ALICE!- Eu falei alto pra ela poder ouvir.

- Eu escutei direito?- Ela se levantou do sofá e veio dançando até o lado meu pai.

- Não. – Meu pai começou.

- Sim tia! Eu não vejo a hora de sair com você!

- O que...

- Ah que ótimo, você não sabe como estou feliz! - Então excluímos totalmente o meu pai, depois de mais duas ou três tentativas dele de tentar nos atrapalhar, minha tia foi pra mesa do café comigo e lá nós combinamos tudo. Ela me pegaria depois da aula.

Geralmente eu ia pra escola de carro, meu pai fazia questão. Eu pedia pra ele me levar no carro mais discreto, não queria chamar atenção, que besteira!

- Pai, me leva pra escola de carro?- Eu disse depois de escovar os dentes no banheiro de baixo, ah qual é? Eu não ia subir as escadas de novo!

- Eu sempre te levo de carro!- ele disse indiferente.

- Não, eu to falando de um carro mesmo, não aquela lata de sardinha com quatro rodas!

- Ta! Tudo bem, sabe que nunca gostei daquele carro!

- Pode ser aquele preto?

- O Mercedes-Benz SLR McLaren? Filha, mas esse carro é muito...

- Perfeito eu sei! Então vamos?

- Vamos.

Já estávamos em movimento quando meu pai puxou assunto.

- Fico feliz em ver que esta melhor minha filha, ontem você estava...

- Chorando. É eu sei. Mas decidi que não ia perder meu tempo.

- E Jacob?

- Ele é passado. E não quero saber dele.

- E o imprinting?

- Foda-se.

- Filha...

- Desculpa pai, mas é isso! Quem teve foi ele e não eu!

- Ele sempre esteve com você Renesmee.

Chegamos e ele estacionou o carro, a escola parou é claro. Antes de descer eu olhei pra ele e disse:

- Sei que ele sempre esteve comigo, mas parece que pra ele foi só por obrigação, eu era o alvo dele. Agora que eu cresci, não quero ninguém preso a mim.- Eu olhei pra escola e de novo pra ele.- Até mais.

Eu desci do carro e ouvi o barulho do carro indo embora.

Era a primeira vez que todos os olhares da escola se viravam pra mim, e a sensação era bom, de poder talvez.

Eu andei em direção a porta e os olhares caminhavam comigo. Alguns acenavam, outros cumprimentavam. Eu sentia que a minha popularidade crescia uns 100 pontos.

Estava pegando as coisas no armário quando Liza me cumprimentou:

- Hei Ness! Nossa você ta linda amiga!

- Liza! Ah, você gostou?

- Eu e a escola inteira né, você é o novo assunto! Por que isso tudo?

- Precisa de algum motivo?

- Óbvio. E aposto que tem homem no meio.

- Claro que não!

- Ah qual é Ness, pra cima de moi?

- Ta bom, uma pequena parte.

- O Jake né?

- Não só ele, mas todos os homens que já passaram na minha vida. Meus irmãos, amigos, paixonites...

- Declarou guerra ao sexo oposto agora?

- Não, só percebi que nem eu gostava de mim mesma, então como eles poderia reparar em mim?

- Falou bonito amiga. Bora pra sala?

- Vamos.

- Não quer que o Jake te veja?

- Na hora no almoço talvez!

Liz entendia das coisas. Nós fomos pra sala rindo um pouco de alguns olhares e comentários. Quando chegamos a professora nem havia aparecido, então nos sentamos e voltamos a conversar:

- E aí vai à festa no final de semana?- Liz me perguntou.

- Claro!

- Já falou com seus pais?

- Não.

- Então como você sabe se vai?

- Porque eu não perco essa festa por nada.

- Olha só quem resolveu pentear o cabelo... – Uma voz fina chegou aos meus ouvidos, fazendo meu sangue subir e cada fibra do meu corpo ficar tensa de raiva. Leah. Só ela tinha esse poder sobre mim. Geralmente eu não respondia, mas esse era o meu antigo comportamento.

- Nossa Leah você devia fazer o mesmo.

Era óbvio que ela penteava o cabelo! E muito bem penteado. Leah sempre andava muito bem arrumada, com um decote em v até o pé e um salto alto que deixaria um anão de jardim dar um beijo na testa de uma girafa.

A sala inteira olhava aquela cena. Aliás, quando o assunto é barraco sempre aparece gente do nada!

- Quer dizer que agora você aprendeu a responder quando eu falo!

- Não, quer dizer que agora o que você fala ou deixa de falar pouco me importa!

Eu tinha levantado e chegado mais perto dela. Mas a professora chegou a tempo:

- Bom dia classe! Algum problema senhoritas?

- Nenhum professora. - Nós respondemos juntas sem olhar para a professora.

A aula era de Literatura inglesa. Um saco. Mas ficou interessante quando recebi um bilhete:

"Não para por aqui, bebezinha."

Era a letra da Leah. Eu conhecia porque uma vez eu ajudei a professora com as provas... Ah detalhes! Enfim, era a letra dela! Eu respondi:

"E quem disse que iria parar?"

Eu esperava a hora do intervalo ansiosamente. Primeiro eu resolveria algumas coisas com minha querida Leah e mostraria outras pra aquele-que-não-deve-ser-nomeado. Ah, adoro Harry Potter!

A aula passou como uma tartaruga com as patas engessadas. Mas na hora em que ouvi o sinal tocar meu coração teve uma aceleração maior do que a do carro do meu pai. Eu arrumei minhas coisas e quando vi Leah já tinha saído da sala, era melhor eu correr senão ela ia dizer que eu tinha amarelado.

Quando eu cheguei na cantina, acompanhada pela minha fiel escudeira Liz, é claro, eu senti que o clima de descontração que um intervalo comum tem havia se perdido. O clima era de tensão, todos os olhares se revezavam entre mim e Leah. Assim que me viu ela saiu de sua mesa e veio em minha direção desfilando como uma modelo, eu não deixei por menos, fiz o mesmo, mas não tive a imprensão de que meu desfile ficou tão sexy quanto o dela... Ficamos eu e ela, no centro exato de uma roda de telespectadores ansiosos por uma briga.

- E então Cullen, acha que agora que descobriu a escova de cabelo, pode ficar me encarando de baixo pra cima...

- Quem sabe se você largar o seu salto e assumir seu 1,57 metros eu não possa te olhar de cima pra baixo!- Ainda bem que eu tenho 1,70!

Nesse momento um riso em conjunto foi dado por todos os que estavam nos assistindo. Eu senti vindo de trás de mim um cheiro que eu conhecia bem, Jake estava atrás de mim, eu apostaria um dedo.

- Esta cheia de graça não é Nessie. Tudo isso porque não foi mulher o suficiente pra prender o namoradinho?

Ela levantou olhar, agora olhava pra Jake. Eu não olhei pra trás, mas senti que ele a olhava também.

- Não tenho namorado Leah. E mesmo se tivesse, tenho certeza de que ele saberia escolher alguém melhor pra me trair do que você. Uma mulherzinha que já dormiu com todos os homens que conhece não é exatamente uma grande escolha, mas eu tenho que admitir que talvez seja a mais fácil.

- Fale o que quiser querida, você queria estar no meu lugar.

Um sorriso delicioso invadiu o meu rosto. Irônico claro.

- No seu lugar? E pra quê? Pra acordar sozinha no outro dia esperando um telefonema dele e depois descobrir que ele já estava passeando com outra? Nossa, eu realmente adoraria estar no seu lugar.

O colégio inteiro gritava menos Jake, Leah e eu. Nunca fui de discutir, mas a sensação de me defender sozinha era maravilhosa. Meu coração batia disparado, mas minhas palavras saiam com força e um tom de desdém. Talvez minha parte vampira estivesse enfim tomando uma maior parte do meu ser, claro que não a parte do sangue, mas a parte da força, da certeza e autoconfiança. Era ótimo me sentir mais vampira do que nunca.

- Sua vadia... - Leah partiu pra cima de mim e meu deu um soco. Doeu, mas nada poderia me machucar. Eu parti pra cima dela, mas senti um par de mãos firmes da minha cintura me impedindo temporariamente, era Jake. Ele sabia que não me seguraria por muito tempo, à medida que a minha raiva aumentava minha força seguia o mesmo ritmo. Ele chegou seu corpo mais perto do meu me abraçando cada vez mais forte e sussurrou em meu ouvido:

- Você pode matá-la Renesmee...

- Essa é a ideia!- Eu respondi entre dentes...

- E revelar a verdade sobre você e sua família, atrapalhar a vida de todos eles!

Depois de pensar dois segundos, aos poucos voltei a minha respiração normal eu respondi:

- Tudo bem, pode me soltar agora? A blusa é nova.

Jake me soltou e se afastou um passo. Leah ainda me olhava vitoriosa.

- É covarde demais para entrar em uma briga não é Nessie.

- Não. Só acho que o seu problema não é do tipo que se resolva com tapas. Vou deixar pro próximo carinha que te deixar sozinha chorando tentar resolver.

Eu dei as costas e sai em direção aos corredores. Não tava mais a fim de assistir aulas. Meu azar era que logo no ínicio do meu caminho encontrei a diretora. Será que ela viu alguma coisa?

- Senhorita Cullen e Senhorita Clearwater, na minha sala, agora!

Sim. Ela ouviu...

- Mas... – Eu tentei falar...

- Sem "mas" senhorita Cullen, vamos.

Então vagarosamente Leah e eu andamos pelos corredores da escola, até enfim chegarmos a diretoria e ocuparmos as duas cadeiras em frente a mesa da diretora, que se sentou depois de fechar a porta atrás de nós. Ela começou:

- Bem, não esperava aquele tipo de discussão de duas jovens tão educadas. Ainda mais de você Renesmee, uma de nossas melhores alunas com certeza!

Ela continuou:

- Nossa escola não pode aceitar esse tipo de comportamento, então creio que deverão ser aplicadas as devidas correções.

- E que correções serão essas professora?- Eu me atrevi a perguntar.

- Ambas terão de prestar serviços á escola após os horários das aulas. - Ela concluiu.

- Qual é diretora? Depois das aulas eu tenho mais coisas pra fazer!- Leah reclamou.

- Senhorita Clearwater, por favor, não torne tudo mais difícil pra você. Sua situação na escola não é das melhores.

- HÁ!- E olha que ela esta fazendo o ensino médio pela terceira vez!

- Quer falar alguma coisa?- A professora se virou pra mim.

- Sim. É... Em que posso ajudá-la?

- O que? – A diretora não entendeu.

- O que eu posso fazer depois das aulas?

- Ah sim. Bem, durante duas semanas vocês vão ajudar a equipe de treinadores de esportes da escola com o que for preciso.

- VOCÊS?- Eu reclamei

- Sim, as duas, é espero não ter mais problemas com vocês pelo menos até o final deste ano!

- Tudo bem por mim professora, será ótimo ajudar!- Leah disse com um sorrisinho simpaticamente falso.

- E quanto a você Srta. Cullen? - A professora ergueu a sobrancelha pra mim.

- É.

Eu não sabia por que, mas Leah me encarou como se achasse tudo aquilo divertido, e pior, como se fosse se tornar ainda mais engraçado!

Tem caroço nesse angu!

- Podem se retirar meninas. E fechem a porta ao sair.

Nós fizemos o que ela mandou e nós olhamos antes de passar pela porta. Leah passou primeiro e depois que eu fechei a porta nós encaramos por alguns segundos.

- Ah, qual é Leah, perdeu alguma coisa na minha testa?

- Calma, só estou me divertindo um pouco, as coisas vão ficar cada vez melhores!

- Melhor que isso? Nossa que beleza!

- Claro. Eu você esqueceu que o Jake faz treinos de corrida todos os dias depois da aula?

Caralho.

- É? - Disfarçei, ou pelo menos tentei.

- Ah, não se faça de boba Nessie! Eu sei o que acontece entre você e Jake. – Ela me deu as costas e foi andando. Depois de uns cinco passos lentos e rebolantes ela olhou pra trás me encarando e disse:

- Vai ser ótimo provar pra você como uma menininha não é páreo pra uma mulher.

- Ótimo, quando vir a tal mulher me dá um toque! – Eu dei as costas e sai andando pelo lado contrário ao dela. Me ferrei porque tive que dar a maior volta pra chegar na sala!

Bem, não teve mais nada de novo naquela manhã. Cheguei na sala e expliquei tudo a Liz, que chamou o meu castigo, de "a oportunidade perfeita" pra atingir o SER. O que eu respondi pra ela foi: qual parte do "não quero saber dele" você não entendeu?

Eu fui pra casa a pé. Geralmente eu voltava com o Ser, mas ele nem estava no estacionamento. Beleza. Nem queria ver ele mesmo! No começo estranhei o fato que tia Alice não ir me buscar como havíamos combinado, mas depois eu pensei o óbvio: Minha família já deve saber de tudo, da briga, meu castigo... Ah! Minha vida é boa viu?

Pensei em fugir, me suicidar, mas todas me pareceram alternativas um tanto ineficientes. Alô, meu pai lê mentes, minha tia vê o futuro, e o resto da minha família, bem, corre a no mínino 300 km/h, quando não estão realmente a fim de correr!

É. Assim fica difícil.

Então bora pra casa né. O mais lentamente possível, é claro!


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