O Casamento Do Maou! escrita por teffy-chan


Capítulo 1
Capítulo Único - Just Married


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas que estão lendo!
Bom, essa é minha segunda oneshot de KKM... e tenho que confessar que essa foi bem mais divertida de escrever, não sei porque.
E já vou avisando uma coisa (sim, eu mudei a introdução só pra avisar isso) NÃO tem lemon nessa fic!! Cinco pessoas já reclamaram, choramingaram e me ameaçaram de morte por não escrever lemon, mas não adianta, eu não vou escrever, nem fazer uma continuação com lemon, nem nada disso! Se vocês vieram aqui à procura de lemon, perderam a viagem! Deixem a preguiça de lado e vejam lá nos "Avisos" e nos "Gêneros" da descrição da história que eu NÃO marquei a opção "Lemon" simplesmente porque NÃO TEM LEMON!!!
Bom... se alguém aqui já leu "True Love", saibam que só escrevi essa fic por causa de vcs, viu?! Fiquei chocada com o número de pessoas que me pediram continuação, sério, não pensei que tanta gente assim leria minha fic, nem sabia que Kyou Kara Maou tinha tantos fãs... mas é muito bom saber disso, obrigada a todos que leram True Love! *-*
E claro, obrigada também a todos que estão lendo essa fic, ela não seria nada sem vcs pra lerem, vcs são demais galera! /o/
Sem mais delongas, vamos à fic! õ/
Boa leitura^^



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Um mês se passara desde que o atual Maou Shibuya Yuuri e seu noivo Wolfram Von Bielefeld quase consumaram seu amor, mesmo sem estarem casados ainda. Mais por insistência do jovem loiro do que qualquer outra coisa, os dois anunciaram na manhã seguinte que iriam se casar e foi dada a ordem para que começassem os preparativos o mais depressa possível. Não que Yuuri não quisesse se casar também, é lógico que, uma vez que finalmente havia se dado conta de seus reais sentimentos por Wolfram, queria permanecer ao lado dele pelo resto de sua vida, mas convenhamos que um garoto de apenas 15 anos realmente era muito jovem para se casar, ainda mais com um homem de 82 anos que tinha cara de 15. Se fosse na Terra, isso seria estritamente proibido por no mínimo cinco motivos diferentes. Mas, felizmente, eles não estavam na Terra, estavam em Shin Makoku, onde as regras são mais flexíveis e os costumes são diferentes. Ah, que lugar maravilhoso é Shin Makoku!


Claro que foi uma tremenda confusão quando eles anunciaram o casamento. Cecile, a ex-Maou e mãe de Wolfram, ficou completamente maravilhada com a notícia, parecia uma garotinha fascinada em ler seu primeiro mangá yaoi de tão encantada que ficou, e fez questão de organizar todos os preparativos. Anissina, a cientista do Castelo (cientista louca, diga-se de passagem) também ficou encantada com a novidade, e no começo insistiu para que tudo fosse arrumado com a ajuda dos robôs que ela mesma construiu. Mas depois das cinco primeiras explosões, acabou dando-se por vencida e concordou em ajudar a arrumar tudo manualmente. Até mesmo Gisela, a médica oficial do Castelo, ficou bastante alegre com a notícia, embora um pouco surpresa. Chegou até a perguntar se o casamento era por causa de uma gravidez repentina. Como se fosse possível, eles eram dois garotos afinal! Quem não aceitou a novidade tão facilmente foram os homens do Castelo, é claro. Os irmãos mais velhos de Wolfram ficaram bem chocados com a notícia. Conrad, o irmão do meio, ficou realmente surpreso quando anunciaram o casamento, mas logo que passou o choque, ele sorriu ternamente como sempre fazia, dizendo que estava feliz pelos dois e que ajudaria no que fosse possível. Gwendal, o irmão mais velho, é que demorou mais para aceitar a novidade. No início ele insistiu que era cedo demais, que os dois ainda eram muito imaturos para fazer algo tão sério quando casar, principalmente Wolfram, e que isso acabaria em ruínas num piscar de olhos. Porém, após sua mãe Cecile ter uma longa conversa com ele, dizendo que era melhor que os dois casassem de uma vez do que acabar fazendo alguma besteira fora do casamento que não convêm dizer aqui, ele acabou cedendo, ainda que com aquela cara azeda de quem comeu e não gostou de sempre. Mas quem teve a pior reação foi de longe o Conselheiro do Maou, Gunter Von Christ. Assim que os dois anunciaram o casamento, o pobre homem desmaiou, e ficou de cama por uma semana, tendo delírios, alucinações, e rogando pragas (in)consciententemente contra o noivo do Maou. Depois de longas conversas e muito esforço, sua filha Gisela finalmente conseguira convencê-lo de que não havia nada que ele pudesse fazer e que era melhor ele se conformar de uma vez. Gunter acabou aceitando, embora tenha chorado mais do que nunca nos últimos dias. Fora isso, todos os outros aceitaram a notícia perfeitamente bem. Yozak, o amigo de infância de Conrad, animou-se bastante com a notícia e tem ajudado com os preparativos desde então; Greta, a filha adotiva de Yuuri e Wolfram, estava encantada com a idéia de finalmente ter uma família de verdade e tem ajudado em tudo que podia; O amigo de Yuuri vindo a Terra, e reencarnação do Grande Sábio, Murata Ken, ofereceu-se para realizar o casamento de bom grado; E até mesmo a Sacerdotisa Ulrike avisou que deixaria o Templo por uma noite excepcionalmente para presenciar o casamento dos dois.


E então, na manhã do dia tão esperado...


– Heika!!! - o soldado Dorcas corria pelo castelo aos gritos - Onde você está?? Yuuri-Heikaaaaa!!!!


O homem abriu a porta do quarto do Rei, esquecendo-se de bater antes, e o viu sentado na cama, conversando com Wolfram e a mãe do noivo.


– Dorcas! Isso lá é maneira de entrar no quarto do Rei?! - ralhou Wolfram, mal-humorado demais para alguém que ia se casar hoje
– Ele tem razão, Dorcas! - apoiou a mãe do loiro - A partir de amanhã você não poderá mais fazer isso, ouviu?! Porque eles estarão em lua-de-mel fazendo várias e várias coisas huhuhu...
– M-Mamãe!! Quer parar com isso?! - exclamou Wolfram um tanto corado
– Mil perdões, Majestade, Excelência! - Dorcas se curvou numa reverência - Mas é urgente! O senhor tem visitas, Majestade!
– Eu?! - Yuuri apontou pra si mesmo - Bom, suponho que seja algum convidado que chegou cedo demais pro casamento... quem é, Dorcas?
– Eu mesmo... meu irmãozinho.


Um homem de cabelos negros e um óculos emoldurando sua face séria adentrou o quarto do Rei, passando pelo soldado.


– Shori??! - Yuuri exclamou ao encarar o irmão mais velho - Mas por que... como... o que está fazendo aqui?!
– E ainda pergunta?! Achou mesmo que eu iria perder o casamento do meu único irmão, é? - respondeu o homem sério como sempre - E eu já não te disse? Me chame de "Oniichan", é tão difícil assim você se lembrar??
– Eu vou me casar hoje, Shori... não tenho mais idade pra chamar ninguém de Oniichan - ele respondeu, coçando a cabeça sem graça - Obrigado por trazê-lo Dorcas, pode ir
– Entendido Majestade! - Dorcas fez uma última reverência e se retirou, fechando a porta
– Mas Shori, você não precisava se dar ao trabalho de vir até aqui! Você tem assuntos mais importantes a tratar na Terra, não tem?
– Não seja ridículo, nada é mais importante do que o casamento do meu único irmãozinho!
– Ele tem razão, Yuuri! - Wolfram se intrometeu na conversa - Não seria justo se apenas os meus irmãos pudessem presenciar o casamento, e o seu irmão não
– Ehh você vai ficar do lado dele agora Wolfram?! - resmungou o Maou
– Mas eles estão com a razão dessa vez, Majestade. Em um casamento, a família dos dois noivos deve estar presente, e não apenas a de um - explicou Cecile carinhosamente
– Viu só? Eles concordam, então apenas aceite de uma vez - concluiu Shori - Já basta a mãe e o pai não terem podido vir... a mãe está arrasada em não poder ver o casamento do filho caçula, sabia?!
– Ehh então ela não conseguiu vir pra cá?! - exclamou Cecile - É uma pena, eu realmente queria conhecer a mãe do Maou...
– Ela queria muito vir, mas parece que o portal se fechou antes de ela conseguir atravessá-lo - explicou o Shibuya mais velho - Mas ela mandou uma coisa como presente de casamento e pediu que eu entregasse - Shori mostrou um enorme embrulho branco retangular amarrado com uma fita rosa
– Ela mandou um presente? - repetiu Yuuri sorridente - Me dá, deixa eu ver!
– Não é pra você - Shori tirou o embrulho do alcance do irmão - É pro seu noivo
– Pra mim?! - Wolf repetiu boquiaberto - S-Sério que a Miko-san... mandou isso pra mim?
– Foi o que ela dise. Toma - Shori depositou o embrulho nas mãos trêmulas do loiro - O seu é esse, Yun-chan - ele entregou um embrulho quadrado todo branco, amarrado com uma fita azul para o irmão - E ela disse que faz questão de que vocês usem isso no casamento. Ah, e vou logo avisando que trouxe uma filmadora e que vou gravar o casamento todo, do início ao fim, então ela saberá se vocês usaram ou não, ouviu?!
– Etto... não que eu me importe, mas... não tem problema gravar lugares e pessoas de Shin Makoku e depois levar pra Terra?! - indagou o jovem Rei
– Acho que, desde que não mostrem a ninguém de fora da família, não terá problema - respondeu Cecile sorrindo - Mas já chega de conversa, vocês dois precisam se preparar, e ainda há tanto a fazer! Os noivos precisam se arrumar, então vamos deixá-los à sós! E você vai nos ajudar com os preparativos finais, certo Shori-sama? - a mulher se agarrou ao braço do Shibuya mais velho
– Err... s-se você estiver falando de ajudar com a decoração, acho que posso fazer isso - ele respondeu meio sem graça, tentando se desvencilhar da mulher
– Ah claro, a decoração... ajudar com isso, e com outras coisas tambén, huhuhu...
– Mamãe! Por favor, quer parar de com essas besteiras pelo menos no dia do meu casamento?! - exclamou Wolfram entre irritado e embaraçado
– Ah claro, desculpe, hoje é seu dia, Wolf-chan! - ela largou Shori e envolveu o filho num apertado abraço - Mas amanhã você não me escapa, ouviu, Shori-sama? - ela piscou para o jovem homem e saiu do quarto rindo
– Deve ser difícil pra você - comentou Shori solidário
– Eu te recomendo ir embora logo que o casamento acabar... antes que ela consiga o que quer - respondeu o loiro com uma gota na cabeça
– Infelizmente isso depende da boa vontade do portal se abrir, e não de mim... bom, vou dar uma volta por aí e ver no que posso ajudar. Até mais tarde - Shori saiu do quarto também
– Aff finalmente sozinhos! - Wolfram se jogou na cama - Já vi que vai ser um dia estressante...
– Nee Wolfram... quer provar os presentes da minha mãe agora? - perguntou Yuuri, sentando ao lado dele
– Provar?
– Bem, eu não aguentei a curiosidade e já abri o meu, e vi que era um terno... o seu deve ser a mesma coisa, já que ela pediu pra usarmos isso no casamento. Não aguento de curiosidade, vamos provar logo pra ver como fica
– Nossa, mas você é um fracote mesmo hein, não aguenta nem esperar até a hora marcada... tudo bem, vamos provar então.


Yuuri trancou a porta do quarto e começou a despir sua costumeira roupa preta para provar o terno branco que sua mãe enviara da Terra, enquanto que Wolfram preferiu se trocar no enorme banheiro interligado ao quarto. Depois de vários minutos tentando se vestir corretamente sozinho, o que não foi fácil, visto que o Maou não tinha prática nenhuma em vestir ternos, ele finalmente terminou. Acabou amassando um pouco a roupa devido à dificuldade que tivera para vestí-la, mas até que conseguiu colocá-la corretamente. Se admirou no espelho por alguns minutos, e depois foi chamar Wolfram.


– Ei, Wolf! Você já terminou?
– J-Já... já sim...
– Então sai daí e deixa eu ver como ficou
– ... não
– O que?! - exclamou o Maou - Como assim "não"?! Anda, deixa eu ver!
– Já disse que não. Não vou usar isso no casamento. Não uso nem que me paguem, não uso nem por um decreto
– Ora, por que não?! Não pode ter ficado tão ruim assim, vamos, deixa eu ver! Não ficou do tamanho certo, é isso???
– ... não. Pelo contrário, o tamanho está perfeito. Mas eu... não vou vestir isso no casamento
– Ora, deixa de ser manhoso! Não pode ter ficado pior do que eu! Anda, sai daí e deixa eu ver como ficou!
– Já disse que não! Pára de insistir nisso seu fracote!
– Wolfram! - gritou Yuuri mais sério - Saia daí agora mesmo! É uma ordem do Maou!


Wolfram não respondeu. Depois de vários segundos, nos quais Yuuri se perguntava se o garoto não tinha ouvido a última frase dele ou se só estava fazendo birra, a porta do banheiro se abriu lentamente. O queixo de Yuuri caiu comicamente quando o loiro adentrou o quarto. Sério, seu queixo teria despencado e rolado pelo chão se não estivesse bem preso à sua mandíbula. Wolfram trajava um belíssimo vestido rosa claro tomara-que-caia, com uma saia bufante e cheia de rendas, meias brancas que desapareciam por baixo da saia, sapatos rosa com salto alto, luvas brancas que cobriam quase que por completo seus braços finos, e tinha belas flores cor-de-rosa dos dois lados da cabeça, das quais saía um véu quase transparente.


Um homem comum teria ficado chocado se o visse assim. Uma mulher provavelmente teria gritado histericamente. Uma pessoa normal teria rido da cara dele. Mas Yuuri não teve nenhuma dessas reações. Seus olhos se arregalaram assim que miraram o noivo, e ele sentiu sua face esquentar drasticamente. Sentiu suas pernas bambearem e teve que se sentar na cama para não desabar ali mesmo.


Infelizmente a cara escarlate e furiosa de Wolfram arruinavam toda a pureza e magia que aquela roupa transmitia.


– Eu... não vou... usar isso, ouviu bem?! Não vou mesmo!! Nunca que eu vou me casar vestindo um troço desses!! Jamais!!! – ele caminhou com certa pressa na direção de Yuuri, fazendo com que a saia levantasse um pouco enquanto ele andava, revelando uma cinta-liga por baixo da mesma. Yuuri teve que tampar o rosto com as mãos numa tentativa de evitar uma hemorragia nasal iminente
– Wolfram, vista isso no casamento - foi tudo que Yuuri conseguiu dizer
O que?! Está louco??? Eu acabei de dizer que não vou me casar usando essa roupa ridícula!! Não sou uma mulher, por que tenho que usar um vestido?!
– Mas Wolfram, esse é o presente que minha mãe mandou para nós da Terra. Ela já deve estar magoada demais em não poder ver o casamento do filho caçula, o mínimo que podemos fazer é realizar a vontade dela, usando as roupas que ela nos deu
– Se é assim, então por que você não usa esse vestido ridículo, hein?! Por que tem que ser logo eu??? - exclamou Wolfram indignado
– Ela deve ter pensado que você ficaria mais bonito com esse vestido do que eu... e pessoalmente, eu concordo com ela
– O que... Yuuri...?
– Sem falar que, se um de nós estiver usando um vestido, então não terá tanto problema em levar a gravação do casamento pra Terra e ela poderá dizer apenas que eu me casei no estrangeiro ou algo assim - continuou o Maou - Mas, principalmente, Wolfram... você está completamente adorável nesse vestido. Ficou muito, muito lindo em você... e muito atraente também. Essa roupa parece realçar ainda mais a sua beleza natural
– Yuuri... o que... err... o q-que você...


Wolfram recuou alguns passos, envergonhado com o repentido elogio do noivo, e Yuuri aproveitou a chance para encurralá-lo contra uma parede. Ele aproximou seu rosto da face do loiro e sussurrou em seu ouvido:


– Além do mais, esse vestido parece ser muito mais fácil de tirar do que um terno tão trabalhoso e cheio de peças sobressalentes. Eu mal posso esperar... pela nossa noite de núpcias.


Yuuri lambeu o pescoço do noivo, terminando em uma mordida em sua orelha, fazendo o rapaz soltar um gemido e corar até a raíz dos cabelos loiros. Em uma espécie de auto-defesa, Wolfram empurrou Yuuri pra longe, desabando no chão em seguida. Ele forçou suas pernas bambas voltarem a sustentá-lo e, levantando-se o mais rápido que pôde, exclamou:


– S-Seu fracote tarado, você só pensa nisso, é?! Já falei que só depois que nos casarmos, vê se aguenta mais um pouco, que coisa!!
– Tá bem, tá bem, eu sei disso - riu-se Yuuri - Mas essa noite você não me escapa.


Para a incrível surpresa de Yuuri, Wolfram não corou dessa vez. Ele apenas abaixou um pouco a cabeça, parecendo estranhamente chateado.


– Nee Yuuri... você não está... se casando comigo só por causa disso né?
– Ehh... Wolfram...? Que história é essa agora?!
– É que... desde aquela noite em que ficamos juntos que você só fala que quer fazer a coisa toda até o final comigo, e... mesmo depois de me pedir em casamento, sempre que estamos sozinhos, você tenta fazer essas coisas... n-não que eu me importe em fazer, afinal, vamos nos casar daqui a algumas horas, mas... o jeito que você fala... dá a impressão de que você só quer casar comigo pra fazer a coisa toda até o fim. Que você só me quer... por causa do meu corpo
– Wolfram... não acredito que está dizendo uma besteira dessas no dia do nosso casamento! Eu já não provei meu amor por você?!
– Sim, mas... você só tem falado disso ultimamente, então... e-então eu pensei que...
– Ahh, Wolfram - resmungou o Rei cansado, pensando no melhor jeito de explicar aquilo - Eu não quero me casar com você só por causa disso. Claro que... b-bom, devo admitir que é um dos motivos, mas... entenda que eu só quero fazer essas coisas com você porque eu te amo. Eu jamais seria capaz de fazer algo assim com alguém de quem não gosto. Eu quero fazer isso com você porque amo você, e quero estar junto da pessoa que eu gosto. E convenhamos, se eu só quisesse o seu corpo, já teria tido isso há muito tempo, nós dormimos juntos desde que cheguei em Shin Makoku, eu poderia muito bem ter te atacado uma noite qualquer e conseguido o que queria. Mas eu não fiz isso, fiz?? Não, esperei até que possamos nos casar, porque essa é a coisa certa a se fazer, e porque quero passar o resto da minha vida com você. Porque eu amo você. Quero estar sempre, sempre ao seu lado, Wolfram... eu demorei tanto tempo pra perceber que te amava que, agora que percebi... parece que um turbilhão de sentimentos acumulados invadiu meu peito, e eu fico querendo demonstrar esses sentimentos todos de uma só vez... por isso eu fico agindo assim. Desculpe... se eu estou indo rápido demais ou se te assustei - ele acariciou o rosto do loiro com uma das mãos, mexendo em seus cabelos com a outra
– N-Não... está tudo bem, Yuuri. Eu também exagerei, acho que estou nervoso por causa do casamento... é só isso - ele abaixou a cabeça e se virou de costas para o Rei, tentando esconder o rubor de seu rosto - Eu também te amo muito... e desde que você não faça essas coisas com mais ninguém além de mim, acho que vai estar tudo bem. Ah, e mais uma coisa: Acho que vou... usar esse vestido no casamento afinal de contas
– V-Você vai?! - repetiu Yuuri incrédulo - Não precisa fazer isso se não quiser...
– Tudo bem. Isso... te deixa feliz, não é?
– Sim, muito! - ele se aproximou do loiro por trás e o abraçou pela cintura - Arigatou, Wolfram. Se tiver alguma coisa que eu possa fazer em agradecimento, é só dizer
– Então... prometa que nunca irá me trair
– De novo isso?! - riu-se Yuuri - Tudo bem, eu prometo. Serei eternamente fiel à você, e apenas à você
– Eu acho bom mesmo - Wolfram resmungou - E também...
– O que?
– E... e-essa noite... err... s-seja gentil comigo
– Ok, prometo - Yuuri tentou conter uma risada. Como podia um soldado tão forte e experiente em batalhas como Wolfram estar não nervoso e amedrontado com algo assim?! - Juro que serei o cavalheiro mais gentil desse mundo - Yuuri beijou a face do noivo, finalmente arrancando um sorriso dele.



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Ao pôr do sol, tudo estava pronto para o tão esperado casamento. A decoração estava perfeita, a comida estava preparada, e os convidados haviam acabado de chegar. Yuuri terminava de se arrumar no quarto, dessa vez com ajuda de Conrad, para que suas roupas estivessem impecáveis.


– Prontinho, Majestade. Está perfeito - disse Conrad ao terminar de dar o nó na gravata do Rei
– Obrigado, Conrad. Se tivesse uma única ruga nas roupas, Wolfram com certeza não iria me perdoar. E olha que ele nem gostou tanto assim das roupas que minha mãe mandou... bom, na verdade, acho que ele só não gostou da dele. Também, pudera, ela mandou um vestido de noiva, e cor de rosa ainda por cima...
– Majestade - chamou o homem - Por acaso o senhor... já viu a roupa de Wolfram antes do casamento?
– Humm? Vi sim - respondeu Yuuri - Logo que o Shori nos entregou o pacote, nós experimentamos as roupas pra ver como ficavam
– Majestade... perdoe-me se estiver enganado, mas... na Terra não tem um costume que diz que os noivos não podem se ver antes do casamento ou terão má sorte?
– Ahh caramba é verdade!! Tinha esquecido completamente disso!! - exclamou Yuuri alarmado - Ah, mas... deve ser só uma supertição né? Não estamos na Terra agora, e não tem nenhuma noiva aqui...
– Mas Wolfram usará um vestido, não é? Acho que é a mesma coisa - falou Conrad sério
– Bem, sim, mas... Wolfram não é uma mulher, e não estamos na Terra agora, portanto essa supertição não irá afetar em nada o casamento! - exclamou Yuuri convicto - Vamos esquecer essa história agourenta. Aliás, Conrad, tem outra coisa que quero falar com você
– O que seria?
– Bom... desde que chegou que o Shori está dizendo que quer ser meu padrinho de casamento. Ele tem insistido muito nisso, então... então eu...
– Compreendo. É perfeitamente natural que ele queira ser padrinho do único irmão - Conrad forçou um sorriso - Posso ceder o lugar pra ele sem problemas
– Não é isso! - Yuuri apressou-se a dizer - Quero que o Shori seja meu padrinho, mas quero que você continue sendo meu padrinho também! Você tem me protegido desde que cheguei em Shin Makoku, então é claro que quero você ao meu lado numa hora tão importante como essa. Então eu pensei... bom, eu não escolhi nenhuma madrinha ainda... pensei na Cheri-sama, mas ela já vai ser madrinha do Wolfram, então... bem... ao invés de escolher um padrinho e uma madrinha, será que eu posso ter dois padrinhos?
– Bem... não é o que costuma se fazer nos casamentos, mas... como se trata do casamento do Maou, creio que não haverá problema. Além do mais, se teremos dois noivos e nenhuma noiva, por que não podemos ter dois padrinhos também? - Conrad riu do próprio comentário, e Yuuri riu junto - Agradeço por me manter ao seu lado em uma hora importante como essa, Majestade. É uma honra poder continuar sendo o seu padrinho
– Ahh que é isso, assim você me deixa sem graça - Yuuri coçou a cabeça rindo um tanto embaraçado - Bom, acho que já está na hora, não é? Vamos?
– Hai, Yuuri-heika.


Os dois deixaram o quarto e se dirigiram até o Salão Principal onde seria realizado o casamento. Todos já estavam lá, inclusive os convidados dos reinos vizinhos que haviam se tornado aliados de Shin Makoku. Os padrinhos de Wolfram, Cecile e Gwendal, já estavam perto do altar, conversando com Shori e Murata (que conseguiu uma roupa de padre como as usadas na Terra sabe-se lá como). Conrad avisou que iria se juntar à eles e avisar que poderiam dar início à cerimônia. Poucos instantes depois, ouviu-se a marcha matrimonial, e todos ficaram em silêncio. Wolfram, que estava junto de Greta até agora, juntou-se à Yuuri enquanto a filha dos dois andava na frente jogando pétalas de flores pelo caminho e carregando uma cestinha com as alianças. Quando chegaram lá na frente, Greta se afastou para o lado, parando lado de Cecile, e Murata começou com seu discurso. Quando chegou na famosa frase "se alguém tem algo contra esse casamento, que fale agora ou cale-se para sempre", ouviu-se um barulho de portas sendo bruscamente abertas. Era Gunter, que por algum motivo chegara só agora. Ele invadiu o salão, correndo até onde os noivos estavam. O problema era que ele também estava usando um vestido de noiva.


– EU tenho!! Tenho algo contra esse casamento sim, e tenho algo muito importante a dizer Heikaaa!! O senhor não pode se casar com um fedelho mimado e egoísta com o o Wolfram, não pode!!! O senhor ainda é jovem demais pra se casar, Heika, não conhece nada da vida, ainda tem tantas coisas pra aproveitar... e casar junto com um egoísta ciumento como o Wolfram?! Isso é inaceitável!! Se o senhor realmente precisa se casar mesmo estando na flor da idade, então... então ao menos.... case-se comigo Yuuri-heikaaaa!!!!


Gunter pulou em cima Yuuri e estava prestes a agarrá-lo quando foi inteceptado por um belo de um pontapé dado por Wolfram, fazendo o homem voar até a parede oposta.


– Seu cretino, eu sabia que você iria tentar aprontar alguma coisa no meu casamento!! - berrou Wolfram, vermelho de raiva - Escuta aqui, você pode ser o Conselheiro Real, um grande treinador e soldado, ou seja lá o que for, não me interessa!! Não vou te deixar estragar meu casamento ouviu?!!
– Wolfram, seju garotinho egoísta!! Não é o seu casamento, é o casamento do Yuuri-heika!! - berrou Gunter em resposta, com cara amassada devido ao seu breve encontro com a parede do castelo
– É o meu casamento também!! Precisam de duas pessoas pra se realizar um casamento, caso você não saiba! - gritou Wolfram em resposta - Bem que eu estava estranhando você estar tão quieto... mas ouça bem, Gunter: Esse casamento vai acontecer, você querendo ou não! E se você fizer outra gracinha dessas, eu juro que chuto sua bunda gorda de novo, ouviu?!
– Modere as palavras, seu moleque mal-educado!! Não grite essas besteiras na frente dos convidados!! - ralhou Gunter
– Não vou moderar nada, a boca é minha e eu falo o que eu quiser, oras! - rebateu o loiro - E se você continuar com essa palhaçada, eu não vou chutar só a sua bunda não, vou chutar a sua "frente" também, ouviu?!!


Enquanto os dois continuavam com o bate-boca, um convidado de última hora se aproximou sorrateiramente de Yuuri e sussurrou em seu ouvido:


– Parece que o casamento está bem animado, Yuuri-heika
Waaahh!! Saralegui?! - exclamou Yuuri ao avistar o Reii de Pequeno Shimaron - Sara, você pôde vir! Que bom! Fiquei preocupado que você não chegasse á tempo!
– Eu tive uns contratempos de última hora, mas eu jamais perderia seu casamento, Yuuri - sorriu Sara - Também fiquei preocupado de não conseguir chegar à tempo, mas parece que dei sorte. Que noivo mais agitado você tem, não é? Parece que ele adora uma confusão
– Ahh, o Wolfram tem andado estressado com os preparativos do casamento, só isso... e a provocação do Gunter deve ter sido a gota d'agua - riu-se Yuuri
– Entendo - Sara tornou a se aproximar do ouvido de Yuuri, e sussurrou - Nee Yuuri... você não gostaria de deixar esse noivo ciumento e barraqueiro de lado e se casar com alguém mais elegante e experiente... como eu?


De repente formou-se um pesado silêncio no salão. Wolfram levou alguns segundos para parar de espancar Gunter e perceber o que estava acontecendo. Ali, bem na frente de todo mundo, o Rei de Pequeno Shimaron havia agarrado Yuuri e roubado-lhe um beijo. Foi como um choque coletivo. Todos estavam aparvalhados demais pra ter alguma reação. Conforme a ficha foi caindo, os convidados começaram a comentar a cena aos poucos, e os murmúrios tornavam-se cada vez mais altos. Assim que Gunter viu a cena, desmaiou de vez. E depois de vários segundos, Saralegui finalmente o soltou.


– Sa... ra...? - Yuuri tocou os lábios recém-beijados com a ponta dos dedos, ainda chocado com o que acabara de acontecer. Choque que foi devidamente desfeito quando Wolfram lhe acertou um soco na cara
– Wolfram, o que pensa que está fazendo?! Batendo em Sua Majestade desse jeito!! - Gunter despertou tão rápido quanto desmaiou
– Você... seu traidor maldito, eu sabia que isso ia acontecer, sabia!!!– berrava Wolfram sem se importar com os gritos de repreensão de Gunter e dos irmãos, nem com o fato de estar sendo observado por mais de mil pessoas - Eu queria ter te dado só um tapa, mas não quero correr o risco de acabar te pedindo em casamento de novo. Seu desgraçado... desde que você virou amiguinho desse cara de Pequeno Shimaron que eu achei que tinha alguma coisa suspeita no ar!! Você dizia que eram só amigos e que era bom manter uma boa relação com Reis de outros países, mas era mentira, não era?! Você queria ele o tempo todo! Desde o começo, você só queria ele!! E ainda se atreveu a fazer isso na minha frente, e na frente de todas essas pessoas... você só queria me humilhar, não era?? Queria acabar de vez comigo!! Pois bem então, se você gosta tanto desse "Sara", então fique com ele, eu não ligo mais!! Você passou a maior parte do tempo em que veio pra Shin Makoku me rejeitando... pois agora quem não te quer mais sou seu, seu cachorro imundo!!
– Wolfram... Wolfram, espera!! - Yuuri o segurou pelo braço, mas o garoto logo se desvencilhou
– Não me toque!! Não me toque nunca mais!! E pensar... que deixei que você colocasse essas mãos sujas em mim... que eu vesti essa roupa ridícula por você... se arrependimento matasse, eu ja estaria morto. Nunca mais encoste um dedo em mim, eu não quero mais olhar na sua cara, ouviu?! - Wolfram desviou o olhar de Yuuri e em seguida encarou Sara - Parabéns, você conseguiu o que queria. Pode ficar com esse fracote traidor... "Saralegui-heika".


Wolfram saiu andando decidido em direção aos quartos.


– Wolfram, espera! Aonde você pensa que vai?! - chamou Yuuri
– Vou pro meu quarto - ele respondeu sem encará-lo - O casamento... está cancelado.


Wolfram correu mais rápido que um raio em direção aos quartos. Em seguida os murmúrios de pessoas comentando tornaram-se mais altos. Enquanto Yuuri permanecia de pé, chocado com tudo que acontecera, Sara aproximou-se e, colocando uma mão em seu ombro, falou:


– Vamos, vamos, não fique tão triste, Yuuri. Se ele reagiu desse jeito e chegou ao cúmulo de socar Sua Majestade no rosto, então ele não merecia seu amor. Tenho certeza de que você pode arranjar alguém muito melhor do que um rapazinho impulsivo e mimado como aquele
– Quer dizer... alguém como você, Sara...?
– Eu?! - Saralegui fingiu uma risada sem graça - Bem, eu não estava falando de mim especificamente, mas já que você disse, Yuuri, eu...
– E você realmente acredita que um ser dissimulado e falso como você seria bom o bastante para substituir o meu Wolfram... Saralegui-heika?!
– D-Do que foi que você me chamou Yuuri?!


Antes que alguém ali se desse conta, a verdadeira natureza do Maou se apossou do corpo de Yuuri mais uma vez. Seus cabelos negros cresceram, e sua face, geralmente gentil, assumiu um terrível olhar de ódio. Ele agarrou Saralegui pelos cabelos enquanto apontava o punho envolto de água em direção ao rosto assustado do jovem Rei de Pequeno Shimaron.


– Escute bem, Saralegui-heika. Eu acreditei que seria melhor ter uma boa relação com você em prol dos negócios de Shin Makoku com Pequeno Shimaron. Mas não misture as coisas. Jamais tive intenção de me tornar seu noivo, seu amante, nem nada do tipo. Eu lhe ofereci minha amizade, e você deturpou isso. E não satisfeito em ultrapassar os limites e me agarrar daquela forma tão indecente e baixa, você ainda me fez magoar seriamente a pessoa mais importante pra mim. Por sua culpa, a pessoa que eu amo está terrivelemnte ferida e possivelmente nunca mais me aceitará de volta. Eu nunca... nunca vou te perdoar por isso, Saralegui-heika. Vou te deixar partir dessa vez porque não me convêm arranjar uma briga desnecessária agora, tenho coisas mais importantes pra fazer no momento. Mas se você aprontar uma dessas de novo comigo... eu juro que Shin Makoku começará uma guerra tão violenta contra Pequeno Shimaron que não vai sobrar nem um pedacinho daquele pedaço de terra minúsculo que você chama de país pra contar história, ouviu bem?! Agora suma da minha frente, seu Rei deturpado!!!


Yuuri acertou um soco em cheio no belo rosto de Sara, fazendo-o "voar" vários metros até aterrisar no jardim. Provavelmente ele não teria voado tanto, mas o poder de manipulação da água somado à ira do Maou contribuiram para isso. Ao lado de Saralegui, que agora estava estirado no chão, estava escrito o kanji "Justiça". Poucos segundos depois, Yuuri voltou ao normal, mas não parecia nem um pouco arrependido do que tinha feito.


– Ano Heika - chamou Conrad - Você sabe que terá sérios problemas por ter agredido o Rei de Pequeno Shimaron desse jeito, não sabe??
– Sei sim, mas isso não me importa nem um pouco agora - respondeu Yuuri sério
– Como assim não se importa, Shibuya?! - intrometeu-se Murata - Você acabou de comprar uma briga desnecessária com o Rei de outro país, sabia??
– Cale a boca, amigo do meu irmão! - interromepu Shori - Não foi desencessária coisa nenhuma. Não importa se aquele homem é ou não um Rei, ele não tinha o direito de fazer o que fez só por causa disso, isso é abuso de poder! Yun-chan fez o que devia fazer, e ponto final!
– Shori... obrigado - murmurou Yuuri, surpreso pelo irmão estar do lado dele
– Eu já não falei? É "Oniichan" - lembrou seu irmão sorrindo - Mesmo que você trave uma guerra por causa disso depois, não importa, você fez a coisa certa, Yun-chan
– Ahh céus... esse novo Maou nos dá muito trabalho mesmo - resmungou Gwendal - Bem, mas já que você já fez a besteira, não tem jeito. Se vier uma guerra depois, nós iremos enfrentá-la juntos
– Arigatou, minna - Yuuri agradeceu, mas foi incapaz de forçar um sorriso - Agradeço por ficarem ao meu lado, e peço desculpas se arranjei problemas pra vocês. Mas como eu disse, depois enfrentaremos uma guerra contra ele se for preciso, mas esse desgraçado merecia pagar pelo que fez. Eu vou... ver Wolfram.


Yuuri correu até o quarto do (ex?)noivo, bateu na porta, mas como não obteve resposta, ele entrou assim mesmo. Wolfram já havia trocado o vestido enviado por sua mãe pelo seu habitual uniforme azul, e estava sentado na cama de costas para Yuuri.


– Ei, Wofram... humm... você...
– Saia daqui
– O que?! - exclamou o Maou - Nada disso, Wolfram, eu preciso falar com você! - Yuuri aproximou-se e ia colocar uma mão no ombro do loiro, mas ele a afastou rapidamente
– Você é surdo? Eu já falei pra não me tocar. Nunca mais encoste essa mão suja em mim, nunca mais!! Eu... não quero ser tocado por um traidor nojento como você!! - Wolfram finalmente se levantou, encarando o Rei
–Tudo bem, eu já entendi! Não vou encostar em você! - Yuuri afastou-se alguns passos do garoto - Será que pode ao menos me ouvir?? Wolfram, eu... peço desculpas pelo que aconteceu. Sinto muito se fiz você passar vergonha ou se te humilhei. Mas nada daquilo era minha intenção. Saralegui me agarrou de repente e me beijou à força, eu não queria tê-lo beijado, nunca quis!
– Não me venha com essa, desde que conheceu aquele cara que vocês ficaram super amiguinhos! Há quanto tempo estão tendo um caso, hein? Há quanto tempo estão me enganando??
– Eu nunca enganei você, Wolfram!! - gritou o moreno exasperado - Nunca, eu juro... realmente acreditava que seria bom ter uma relação amigável com Reis de outros países, mas um relacionamento assim nunca me passou ela cabeça. Mas você estava certo no fim das contas. Eu não devia ter me aproximado tanto daquele cara, devia ter sido mais cauteloso... devia ter me afastado dele. Eu sinto muito por não ter te escutado antes
– Você está dizendo... que eu estava certo, e você errado...?
– Sim, estou - confirmou Yuuri - Depois que você saiu do salão... eu soquei a cara daquele bastardo e fiz ameaças horríveis pra ele. Provavelmente Shin Makoku entrará em Guerra contra Pequeno Shimaron por causa disso... mas se for o preço pra te ter de volta, eu aceito de bom grado. Se realmente travarmos uma guerra contra Pequeno Shimaron, então que seja... mas eu gostaria de ter você ao meu lado nessa guerra. Não como um soldado ou como meu guarda-costas, mas como meu marido. Eu te amo demais Wolfram... não vou suportar perder você. Se tiver alguma coisa que eu possa fazer pra acalmar sua raiva, então me diga, que eu farei. Ou então quem sabe, se você me bater, talvez faça você se acalmar, então que seja, me bata até se sentir satisfeito, eu suportarei a dor. Não importa o que seja, eu farei pra que você me aceite de volta, e aceitarei as condições, por mais difíceis e dolorosas que sejam... eu só não vou aguentar perder você. Por favor... por favor, Wolfram... não me expulse da sua vida assim.


Yuuri tornou a se aproximar do loiro e o abraçou. E para sua imensa surpresa, não levou um empurrão, nem um tapa, ou pontapé, como imaginou que aconteceria. Apenas sentiu aqueles frágeis e delicados braços envonvendo seu corpo e o abraçando de volta.


– Era isso... isso o que eu queria ouvir - Wolfram sussurrou em seu ouvido - Eu precisava ouvir... que você me amava. Precisava que você me provasse isso. Não aguentava a idéia de que... meu amor era unilateral... e que você só estava aceitando se casar comigo por causa da minha aparência ou do meu corpo. Precisava de uma prova dos seus verdadeiros sentimentos, uma prova de que você me amava de verdade... a mim e apenas a mim
– Wolfram... era mesmo... só isso?! - Yuuri perguntou incrédulo - Caramba, por que não me disse logo?! Se soubesse que era isso que você queria, teria socado a cara do Saralegui há muito mais tempo!!
– Eu te disse várias vezes, mas você não entendeu, seu fracote burro!! - Wolfram se soltou do abraço, retomando sua expressão mal-humorada de sempre
– "Fracote" né...? - repetiu o Rei - Esse sim é o Wolfram que eu conheço - antes que Wolfram pudesse revidar, Yuuri selou seus lábios nos dele, roubando-lhe um beijo. Wolfram tentou resistir no começo, já que foi pego de surpresa, mas acabou correspondendo ao beijo, abraçando o noivo. Poucos segundos depois, eles ouviram a porta se abrir.
– Ah... viu só, eu disse que não precisava se preocupar. Os dois já "fizeram as pazes" - Conrad falou à porta, e os dois logo se separaram
– Conrad, o que pensa que está fazendo invadindo o quarto dos outros assim, hein?! - ralhou seu irmão, fingindo irritação para disfarçar o embaraço
– Gomen, gomen... é que Shori-sama tem algo a dizer à vocês - respondeu Conrad, abrindo mais a porta e dando espaço para Shori passar
– O que foi que houve Shori? - perguntou o Rei
– Bom, antes de mais nada... vocês estão de bem de novo né??
– Como assim "de bem", não somos crianças, Shori - Yuuri respondeu com uma gota na cabeça - Mas digamos que já nos entendemos. O que você quer afinal?
– Sabe, sobre aquele pacote que entreguei mais cedo... bem, era o pacote errado. Esses sim são os trajes que a mãe quer que vocês usem no casamento - Ele entregou um outro embrulho aos dois, que espiaram cada um dentro de sua caixa
– Ahh esse sim está mais de acordo! - exclamou Wolfram feliz - Mas se aquelas roupas não eram pro casamento, então pra quê sua mãe enviou aquele vestido afinal?!
– Bom... a-aquilo era... - por algum motivo Shori corou de repente - B-Bem... a mãe mandou um bilhete junto, vejam vocês mesmos!


Shori entregou um bilhete aos dois, que leram juntos:


"Queridos Yun-chan e Wolf-chan! Por favor usem os ternos que a Mama enviou pro casamento, não esqueçam que Shou-chan vai filmar tudinho pra mim, então vou saber se vocês usaram mesmo, hein?! Desculpe não estar aí com você numa ora dessas, Yun-chan, mas a Mama adora você e espera que dê tudo certo! Ah, e esse outro embrulho é o meu presente de casamento para os dois! Diviram-se usando isso na lua-de-mel! Juízo, meninos, e divirtam-se! E seja gentil com o Wolf-chan, ouviu bem Yun-chan?!
Beijinhos!
Hamano Jennifer"


*Alguns segundos de silêncio constrangedor depois*


– Não acredito... que a mãe realmente fez algo assim - Yuuri cobriu o rosto com as mãos, com uma enorme gota na cabeça
– Ahh agora entendi! Aquele vestido não era pra usar no casamento, era só pro Yuuri! Claro, por isso era tão curto e espalhafatoso... agora tudo faz sentido! - Wolfram exclamou, deixando os outros assombrados
– Você não está... constrangido com isso?! - indagou o Shibuya mais velho
– Por incrível que pareça, não é fácil deixar o Wolfram com vergonha - respondeu Conrad - Na verdade acho que apenas Sua Majestade possui esse dom
– Aff que seja... mas o que vão fazer agora? Ainda vai ter casamento ou podemos mandar todo mundo ir embora? - perguntou Shori
– Claro que vai ter casamento!! - Wolfram respondeu prontamente - Só precisamos nos trocar, espera um minuto!
– Ahh espera aí Wolfram! - Yuuri interrompeu - Eu tinha esquecido antes, mas na Terra tem um costume que diz que os noivos não podem se ver antes do casamento porque dá azar. Vai ver foi por isso que não casamos naquela hora
– Você vai querer jogar a culpa da sua traição com o Saralegui em cima de um costume bobo da Terra, é?!
– Não é isso! Só estou dizendo pra nos trocarmos separados dessa vez, e só nos vermos lá no altar quando for a hora de casar! - Yuuri apressou-se a explicar - Vamos fazer isso só pra garantir... está bem?
– Aff... tudo bem, que seja então. Vou me trocar no banheiro, e você desce primeiro. Me avise quando estiver saindo - Wolfram pegou o embrulho com sua roupa e se trancou no banheiro.


Conrad e Shori deixaram o quarto, e Yuuri saiu alguns minutos depois, após avisar Wolfram que estava pronto. E poucos instantes depois, todos estavam de volta ao salão. Dessa vez Yuuri trajava um terno todo preto, enquanto que Wolfram vestia um terno todo branco. Mais uma vez, Greta caminhou na frente deles carregando as alianças, e se afastou para um lado quando pararam em frente à Murata.


– Tudo certo dessa vez, certo Shibuya, Excelência? - perguntou a rencarnação do Grande Sábio
– Com certeza - afirmou o amigo
– Vê se começa logo com isso antes que tenhamos outra interrupção - resmungou o loiro - E vê se dessa vez pula aquela maldita frase do "se alguém tem algo contra esse casamento, que fale agora ou cale-se para sempre"
– Hai, hai... como desejar, Excelência - riu Murata - Então, que comece a cerimônia! Estamos aqui reunidos para unir o 27º Maou Shibuya Yuuri e Sua Excelência Wolfram Von Bielefeld em sagrado matrimônio. Sua Excelência Wolfram, você aceita Shibuya Yuuri como seu legítimo marido, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe?
– Aceito - respondeu Wolfram prontamente
– Shibuya, você aceita Wolfram Von Bielefeld como seu legítimo esposo, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe?


Agora era a parte difícil. Embora Yuuri tenha concordado com tudo desde o início, só agora se deu conta de que estava casando com outro homem. Ele olhou para o lado, encarando Wolfram com o canto dos olhos. Ainda que estivesse casando com outro homem... por algum motivo isso não parecia nada errado. Talvez se sentisse estranho por ter sido criado na Terra e isso não ser tão comum lá... mas o rapaz ao seu lado era tão belo e tinha um rosto tão delicado que às vezes Yuuri duvidava que ele realmente fosse um homem. Bem, na verdade não importava o que Wolfram era ou deixava de ser, o importante era que Yuuri o amava do jeitinho que ele era.


– Yuuri, ou você responde agora ou eu acerto um chute na sua "frente" também, que nem fiz com o Gunter - Wolfram resmungou o mais baixo que pôde
– Ah, claro, desculpe... é que estava ocupado admirando sua beleza e me distraí - Yuuri riu sem graça, fazendo o loiro corar - Eu aceito
– Uau, você aceitou mesmo, Shibuya?! Por um momento pensei que você ia falar "não" e fugir correndo daqui hahahaha!! - Murata não resistiu e soltou a piada
– Quer terminar com isso de uma vez Alteza?? - pediu Wolfram com os dentes cerrados
– Ah, claro, desculpe... bem, agora as alianças!


Greta se aproximou e entregou a aliança aos pais. Yuuri segurou a aliança primeiro, enquanto segurava a mão esquerda de Wolfram com a outra.


– Agora repita comigo, Shibuya - pediu Murata - Com essa aliança
– "Com essa aliança"
– Eu o desposo - completou Murata
– "Eu o desposo" - Yuuri colocou a aliança no dedo anelar da mão esquerda de Wolfram
– Certo, sua vez, Excelência. Repita comigo - pediu Murata enquanto Wolfram pegava a outra aliança na cestinha da filha - Com essa aliança
– "Com essa aliança"
– Eu o desposo - completou Murata
– "Eu o desposo" - Wolfram concluiu, colocando a outra aliança no dedo anelar da mão esquerda de Yuuri
– Pelo poder investido em mim pelas outras encarnações do Grande Sábio, pela Sacerdotisa Ulrike, e pelos caras da internet... err, i-isto é... b-bem, de qualquer maneira, eu vos declaro casados! Pode beijar o noivo!
– Até que enfim! - Yuuri deixou escapar, e não perdeu tempo em arrebatar os lábios de seu novo esposo. Ouviu-se uma salva de palmas, assobios, os gritos histéricos de Cecile e Anissina, o choro interminável de Gunter, e as piadinhas maldosas de Murata... cada um comemorando do seu jeito. Após se separarem, Yuuri murmurou de modo que apenas Wolfram ouvisse:


– Finalmente... estamos casados
– Sim... nem consigo acreditar - Wolfram não conseguia tirar um sorriso besta do rosto
– Eu sei, nem eu - Yuuri compartilhava aquele sorriso bobo nos lábios - E não se esqueça da sua promessa: Agora que casamos você não tem mais desculpa pra fugir de mim, ouviu?!
– Eu sei, eu sei... você só pensa nisso, né seu fracote pervertido?! - Wolfram reclamou, ainda que não conseguisse parar de sorrir - É, já que não tem outro jeito, então que seja. Essa noite sou todo seu.


A comemoração do casamento durou até altas horas da madrugada, e todos se divertiram muito festejando, embora a "comemoração" dos recém-casados tenha sido um tantinho diferente e muito mais animada.


~*~THE END ~*~



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Notas finais do capítulo

Sinto olhares furiosos das leitoras querendo me matar por não ter escrito a lua-de-mel, por isso fui esperta e fugi pras montanhas /o/
Bom, o que acharam?? A fic ficou bem maior do que eu pretendia, dei pra escrever capítulos ridiculamente longos agora, aff -.- Mas fazer o que, acabo me empolgando quando escrevo yaoi hauaahaaushauha
E eu avisei lá em cima nas notas iniciais, não foi? Nem adianta vocês me pedirem, podem me ameaçar, me chantagear, me implorar, não adianta que eu já vou avisando que NÃO VOU escrever outra fic com a lua-de-mel deles hein?! Não tem jeito, eu não consigo escrever lemon, então não vou fazer a lua-de-mel de jeito nenhum, não faço nem por um decreto do Maou, não faço nem que me paguem!! Então não adianta ficarem pedindo, eu sou completamente incapaz de escrever lemon, então por favor não peçam, ok?
Leiam minhas outas fics também, onegai!
Fanfic de Hayate no Gotoku:
https://www.fanfiction.com.br/historia/206029/Hayate_No_Pais_Das_Maravilhas
Fanfic yaoi de Shugo Chara que estou escrevendo junto com a Shiroyuki-chan:
https://www.fanfiction.com.br/historia/198965/Yakusoku
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Kissus ^__^