To Your Heart escrita por cuzineedya


Capítulo 1
Quasimodo


Notas iniciais do capítulo

Bem, essa é minha primeira fic. O primeiro capitulo não ficou como eu queria, mas a continuação vai ser melhor, prometo! Espero que gostem!



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-Ana OPV-

Foi difícil até respirar.

Sentia o meu peito sendo arranhado a cara vez que inspirava.

O horrível gosto de ferro na boca me dava vontade de vomitar, mas nem me mexer eu conseguia.

Parecia que meu corpo tinha sido atropelado várias vezes.

Ainda me lembrava de seu rosto sendo deformado pela minha visão turva e pelo sangue. Eu era apenas uma boneca de pano, indefesa e moída.

Fechei os olhos e esperei a brisa que tomaria minha vida desgraçada.

Escutei um som distante, algumas vozes e risadas. Tentei desesperadamente produzir algum som, dar sinal de vida, qualquer coisa! Mas foi impossível. Enquanto as vozes se afastavam, minha ultima migalha de esperança fora levada com a brisa congelante.

Mas, espera! O que eu ouvi foi um grito ou era impressão minha. Tentei abrir um pouco meus olhos e consegui ver o vulto de alguém correndo em minha direção.

-OMO! Moça?! Fala comigo! – quando eu não pude responder ele berrou por socorro.

Outras pessoas o ajudaram a me carregar e me levaram – ao que me pareceu – a uma van.

-Moça! O que fizeram com você? OMO! Não se preocupe, vamos te levar para o hospital mais próximo, ok?! – sua voz me era familiar, mas não conseguia captar muitas palavras, pois, sabe, eu tinha outras coisas com a qual me preocupar, como a minha cabeça que martelava.

Ele soava desesperado. Não sei quem eram essas pessoas, mas elas meus anjos da guarda a partir de agora. Eu devia a vida a eles, quem quer que fossem.

A dor no peito foi se transformando de alucinante para delirantemente terrível. Gemi alto e me contorci o que só piorou a situação. Minha cabeça, eu sabia que ela ia explodir a qualquer segundo. Eu até queria que isso acontecesse, pelo menos o sufoco passaria...

Conseguia escutar uma palavra ali, outra aqui, todos com vozes apressadas e assustadas. Eu até fico imaginado meu estado naquele momento... Acho que era assustador mesmo, então não os culpava por se espantarem.

Minha audição ia e voltava, mas pude entender partes da conversa.

-Será que ela sobrevive?

-Cale essa boca Kibum! Não repita isso... o hospital... perto... horror! – gritou um.

-Quem foi o maldito... com ela?! Coitada... acabar com ele!

-Acelera, cara! Ela... não ... aguentar...

Senti a van freando bruscamente, me jogando para o outro lado do carro.

-Rápido! Nos ajudem, ela precisa de atendimento... Imediatamente!

-O que... com ela?

-Não faço ideia!

Colocaram-me numa maca e correram comigo pelos corredores, as luzes passavam rápido e um rosto turvo mascarado disse para eu me acalmar enquanto outros médicos se juntavam a ele e foi ai que eu apaguei...

Depois de não sei quanto tempo, fui acordando e tentei abri meus olhos, mas não consegui. Estava tudo escuro, sentia algo em meu rosto bloqueando minha visão. Uma tira de tecido estava amarrada em minha cabeça. Eu só queria arrancar aquilo do rosto para poder ver uma luz qualquer.

Quando fui puxar a faixa, alguém parou minha mão, segurando meu pulso gentilmente.

-Eu não faria isso se fosse você. Não está boa ainda, mas se for paciente, vai voltar a ver normalmente. – disse a voz masculina e aveludada que eu me lembrei de ter escutado no carro.

Um tremor percorreu o meu corpo quando ele disse a ultima parte.

-Como assim, voltar a ver normalmente?! Eu fiquei cega? – fui levantando rápido, procurando no escuro por algo para me segurar.

-Vai com calma! Vai arrebentar os pontos! Não, você não está cega, mas pelo que o médico disse, você só teve um leve ferimento no olho, não me pergunte onde, mas você já vai ficar boa. – disse ele compreensivo.

-Quem é você? Se posso perguntar...

-Hum, pelo que parece, você estava no meu show. Mas quando eu estava saindo pelos fundos eu te encontrei jogada no chão toda ensanguentada e... eu me apavorei...

-Espera... OMO! Eu sabia que conhecia, mas achava que estava ficando surda depois disso tudo! Taemin... Ah! MERDA! – as lágrimas que escorreram por meus olhos arderam como fogo e me contorci na cama, fazendo meus pontos doerem também.

-Você está bem?! – ele falou preocupado.

-Estou, mas parece que nem chorar eu posso mais... – dei um gritinho de dor.

-Chorar? Por que? – ele disse com voz inocente.

-Nada! Hum, onde estão os outros meninos?

-Eles foram terminar de acertar os negócios para o novo álbum, Sherlock, mas eu estava livre agora, então fiquei esperando você acordar... Hum, qual é o seu nome?

-Me chamo Giovana, mas pode me chamar de Ana, se for mais fácil de você pronunciar.

-G-gio... bana? Ok, prefiro Ana! – ele deu uma risadinha - Ontem eu reparei que você não é asiática... De onde você é? – ele perguntou, com um tom super curioso.

-Sou brasileira.

-Wow! Sempre quis conhecer o Brasil! Você não parece brasileira... – ele falou baixinho. - Hum... outra perguntinha... Você é minha noona? Só pra saber como eu devo te tratar.

-Hum, vejamos, seu aniversário é em Julho... só sou... uns sete meses mais velha que você.

-Noona Gih. – ele disse.

A voz dele era adorável de se escutar, apenas me deixava calma e segura. Mas então lembrei-me de tudo que aconteceu ontem e fiquei séria.

-Noona? Tudo bem se eu fizer uma pergunta? O que aconteceu com você, ontem? Eu achei que você fosse morrer... – sua voz foi sumindo.

Parei para refletir sobre os acontecimentos e todos eles vieram como um soco na cara. Meu sangue congelou de pavor e ódio, mas tentei controlar a voz, para tentar fazer Taemin esquecer aquilo.

-Ah, foi uma confusão... Não quero falar sobre isso agora. – disse firme.

Ele foi compreensivo e não insistiu mais com perguntas e me deixou em paz. Mas uma hora eu chamei por seu nome e ele havia saído.

Como eu queria poder ver aquele rosto angelical eu só via pelo computador... Das milhares vezes que eu sonhara em encontra-lo, a minha favorita era a da vez eu que nós simplesmente nos  beijávamos apaixonadamente no fundo do mar com pés-de-pato.

Escutei ele voltar com outras pessoas. Eles conversavam baixinho.

-Ana, hum... tem uns policiais aqui que vão fazer algumas perguntas para você, pedi para eles pegarem leve. Você está disposta?

-Claro.

-Vou sair. – disse ele fechando a porta.

-É Ana, não é?! Sou o oficial Choi Young Hun e a oficial Kim Eun Hee também está aqui caso você prefira falar com uma oficial. Só queremos fazer algumas perguntas sobre ontem e o que aconteceu com você.  – sua voz era grossa, mas bondosa.

-Prefiro falar com a oficial Eun Hee, se não se incomodar... – eu disse timidamente.

-Sem problemas. – escutei seus passos se arrastarem até a porta e a fechou.

Eu estava as sós com a oficial, e ignorando a dor insuportável, deixei que o nó na garganta saísse e desabei a choro. Desabafei tudo com a oficial, que não ousou me interromper.

-Taemin OPV-

Elas estavam demorando demais. Não aguentei, e por curiosidade, fui espiar na janelinha da porta do quarto, mas o outro oficial me deteve.

-Dê privacidade as moças. Está sendo um momento difícil pra garota. Ei! Você é aquele menino do... SHINee, não é?? – ele tentou se lembrar.

-Err... sou sim senhor. Achei que tinha notado... – eu disse envergonhado.

-Desculpe, mas é que minha filha te ama, poderia autografar aqui pra ela, por favor?! – ele me estendeu um bloquinho e uma caneta.

Assinei, e o oficial vibrou de felicidade. Ele foi andando e eu fui para a cantina do hospital.

Compre uma caixinha de Banana milk e me sentei no banco.

Sei que ela é uma completa estranha, mas tinha que ser realmente sem coração para passar reto por uma garota jogada no meio da calçada toda arrebentada. Minho tinha me ajudado a carregá-la e eu fiquei desesperado, pois ela não parava de sangrar e gemer de dor.

Queria poder fazer algo por ela, mas só podia leva-la ao hospital...

Achei fofo que ela estava com uma blusa escrita em coreano “Eu amo SHINee” e atrás escrito Lee Taemin, ela também segurava um glowstick azul claro. Deu-me um aperto no coração, achei que ela fosse morrer lá no carro mesmo, enquanto o motorista corria para o hospital mais próximo.

Os outros membros também estavam apavorados, mas o Key era o mais insensível de todos. Me deu vontade de espancar ele quando ele perguntou se ela ia sobreviver. Eu ainda tinha esperanças.

E pelo que o médico disse, não tenho certeza se ela vai voltar a enxergar... Coitada.

Massageei meus ombros e terminei meu Banana milk.

Esses últimos meses tem sido extremamente cansativos para mim. Para os outro também, mas a SM sempre colocava muita coisa nas minhas mãos. Sentia-me meio fraco e sonolento. Bocejei.

Comecei a sentir minha garganta raspar um pouquinho. Nhaw! Ninguém merece.

Era até bom ficar aqui, longe da minha agenda lotada. Apesar de ser meio deprimente por causa das pessoas doentes, mas pelo menos eu tinha sossego. Até que a noona era simpática.

Brasileira, quem diria? Como ela veio de tão longe pro nosso show e acabou daquele jeito, não faço ideia. Isso me deixava muito curioso. Mas ela não queria falar sobre isso, então nem forcei.

Escutei o meu celular tocar, era Sherlock. Peguei-o e atendi.

-Annyeong hyung! Tudo bem contigo? – disse Kai, ele soava agitado.

-Tudo sim Jong, e já te falei que pode me chamar de Tae! O que houve?

-Nada, é que você não apareceu hoje para ensaiar e fiquei imaginando o por que. Aconteceu alguma coisa?

-Bem... é complicado. Você tem tempo?

-Tenho sim. Pode falar.

Contei para ele desde a saída do show. Ele ficou horrorizado.

-Mas, o que você está fazendo ai ainda? Não tem que ficar ai, ela não é responsabilidade sua, hyu... Tae. É melhor você vir ensaiar.

-Não posso, sinto como se eu tivesse que cuidar dela. Eu estava com ela quando ela quase morreu.

-Você nem conhece ela! Deixa disso Tae. Os médicos vão cuidar bem dela, ela vai estar segura no hospital. Tem até policiais tomando conta dela, pelo que você me disse. Viu?! Não tem que se preocupar.

-Você não entende. Vou desligar.

-Tudo bem, mas pensa sobre isso.

Desliguei o celular.

Reparei que a oficial tinha acabado de sair do quarto da Ana. Fui falar com ela, ver se conseguia algumas respostas.

-Então, oficial. Conseguiu tirar alguma coisa dela? – perguntei.

-Não posso falar sobre isso, é confidencial. A não ser que ela queira te contar. – e saiu andando.

Droga!

Coloquei a cabeça pela porta e pude ver ela se retorcendo na cama. Andei até ela, preocupado.

-O que houve? Quer que eu chame uma enfermeira?

-Sim, meus olhos. Estão queimando!

Corri e chamei por ajuda. Uma enfermeira baixinha entrou no quarto apressada e verificou os curativos dela. Ela removeu a faixa, mandando que ela não abrisse os olhos de jeito algum. O tecido estava totalmente úmido e ao redor de seus olhos estava avermelhado.

Ela deixou escapar um gritinho enquanto cerrava os pulsos.

Senti sua dor. Fechei os olhos.

Não conseguia ver alguém sofrer. Saí do quarto.

Talvez Kai estivesse certo. Eu não precisava ficar aqui. Disquei o numero do manager hyung e pedi se alguém poderia vir me buscar.

-Ana OPV-

Depois de derramar mais algumas lágrimas chamei por Taemin. Ninguém atendeu. Chamei outra vez, assustada de ele ter me deixado sozinha.  Silêncio.

Fiquei apreensiva.

Suspirei uma. Duas. Três vezes.

É... ele é famoso, Ana. Deixa de ser retardada. Ele não tem tempo.

Ainda por cima com o Sherlock e tudo mais. Por que está se sentindo assim, hein? Idiota! Não! Não ouse chorar outra vez! Estou te avisando! Humpf!

Prometi a mim mesma que não choraria mais enquanto estivesse naquele maldito hospital.

Apertei os lençóis. Cravei as unhas no colchão. Soquei minha perna.

Pare!

-Kai OPV-

Eu estava completamente exausto.

Gotas de suor pingavam da minha testa. Enxuguei-as com uma toalhinha. Bebi um litro de agua de uma vez só.

-Podemos continuar?

Voltei para a sala de ensaio e a música recomeçou. Dancei com todo meu ser. Toda minh’alma. Os passos apenas vinham na cabeça. Sentia uma onda elétrica percorrer meu corpo quando dançava. Algo especial.

Que estava sendo arruinada.

Quando eu dançava, era por passatempo. Agora, virou uma obrigação diária e exaustiva. Mas nunca deixei de dar o melhor de mim a cada segundo da minha vida.

Pelo menos, essa era a ultima vez por hoje.

Saímos do prédio e entramos na van. Fiquei escutando música. Neste momento, eu precisava escutar algo que me acalmasse. Uma coisa que apenas Brown Eyed Girls podia fazer. Aumentei o volume ao selecionar Cleansing Cream.

Depois de um tempo, olhei para Chan Yeol que dormia no ombro de SeHun. Estava babando e roncava baixinho. Eu ri e SeHun revirou os olhos. Meu celular tocou. Chan sequer deu sinal de vida. Atendi.

-Annyeong?!

-Kai, é o Tae.

-Ah! Onde você está, hyung?

Ele bufou. Era porque eu o havia chamado de hyung mais uma vez.

-Já estou aqui, achei que te encontraria. Mas me falaram que você já tinha ido.

-Certo, é que já tínhamos acabado o ensaio de hoje, e eu estou muito cansado.

-Hum, está indo para o dormitório?

-Sim, quer passar lá mais tarde? A gente pode jogar mais uma partida de vídeo game com o Kris.

-Pode ser. Sabe o que você me falou hoje mais cedo?! Então, eu ouvi teu conselho e sai do hospital. Estou me sentindo mal.

-Por quê? Ela pediu que você ficasse ou algo assim?

-Não. Eu nem falei com ela. Por isso! Não sei o que faço, Kai! – ele desabafou.

-Você pode voltar lá amanha, não pode?!

-Acho que sim...


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram? Bem, a Ana é uma garota bem sensível e sofreu muito (só mais pra frente que eu vou revelar o que aconteceu com ela, muahahaha) e por isso ela se sente tão dependente das pessoas que a protegem. E o Taemin, bem, ele é como ele seria para mim, assim como os outros membros de outras bandas. Esperem pelo próximo capitulo, ele promete! Se gostaram, comentem, por favor! *-*
Até a próxima!