Despedida(?) escrita por Reira chan


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

A fic é baseada na cena do beijo do capítulo 7, que é todo cheio do drama das despedidas e tal -Q é só a descrição dos sentimentos do Nezumi, nada além. Espero que gostem ^^



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Unidos em ritmo, enlaçados pelos lábios. Choque; em ambos os sentidos. Nezumi se sentia chocado pela surpresa, e ao mesmo tempo ondas de choque em si se espalhando da boca ao corpo, e de dentro pra fora, fazendo-o estremecer e sentir seu corpo em necessidade de se mexer, chegar a Shion, sentir seu toque e eliminar, destruir a distância entre eles.

Mas seus braços não se moveram. Nem mesmo sua língua, que tanto queria dançar com a de Shion e descobrir se a língua dele era tão talentosa e ritmada quanto seus pés.

Nezumi ainda se lembrava daquela dança. Se lembrava de seus pés inexplicavelmente rápidos, movimentos suaves e delicados, como o próprio Shion normalmente era.

O exato oposto de Nezumi.

Mas ao mesmo tempo, uma representação do que um dia fora.

A verdade é que ele dedicara a sua vida inteira a se distanciar das pessoas, a se convencer a ser egoísta. A maior atuação de sua vida, em um palco infinito e com uma platéia que não terminava, mas sem ingressos nem aplausos.

E via em Shion tanta inocência e confiança que fazia as paredes que ele levara tanto trabalho pra construir tremerem, com vontade de simplesmente ruir.

Mas quanto tempo aquele garoto de porcelana ia levar para ser quebrado? Aquele pele branca como seus cabelos, como ia resistir às queimaduras e feridas que até o sol do Distrito Oeste era capaz de causar? Aquelas marcas verelhas tão charmosas, até quando iam ser uma marca de sobrevivência e não de apenas tempo adiado?

E se Shion terminasse como ele mesmo, construindo em si aquela parede que o protegia e soterrava ao mesmo tempo?

Há quanto tempo Nezumi não tentava ensiná-lo a usar sua doçura com as pessoas certas, para que ele nunca tivesse que deixá-la por completo?

Ele não devia mudar...

Esses pensamentos, ao mesmo tempo, passaram e não passaram pela cabeça do moreno durante o beijo. Passaram, pois estavam em sua mente; e não passaram, porque eram na verdade memórias de pensamentos anteriores, se exibindo em fragmentos de algumas palavras sem letras ou sons que ele conectava.

Que faziam sentido, dentro dele.

E de repente Shion o soltou, se separando. Nezumi podia ver suas bochechas coradas, o vermelho destas mesclando-se ao de sua cicatriz, em tons parecidos e com significados totalmente diferentes.

Como ele poderia evitar desejar que o garoto nunca mudasse?

Dessa vez, era o garoto alvo que, como um rato, deixava as marcas de onde passava para trás. Os lábios de Nezumi formigavam em ardência, que ia de dentro pra fora, doce e penetrada suavemente ali em marcas de passagem.

Como ele poderia evitar desejar aqueles lábios de volta?

Aquele poderia ser, e realmente era, o momento perfeito para Nezumi fechar as cortinas, descer do palco e receber algumas flores. De se livrar daquela parede que separava seu mundo do de Shion. Não a de No.6. A dele mesmo.

Lembra-se do muro que protegia e soterrava?

Pois bem, Nezumi lembrava.

Mas não podia evitar. Ingenuidade e decepção caminhavam lado a lado, e só uma linha tênue, quase inexistente, as separava da desconfiança.

Ingenuidade e desconfiança eram amantes, conectadas entre si, eternamente unidas.

Por não saber em quem confiar, Nezumi desconfiava de todos. Inclusive dele mesmo. Porque no fundo, era ingênuo, um ingênuo em sépia.

O que ele queria evitar que Shion virasse.

Nezumi tinha medo de ser rejeitado, mas também tinha medo de ser correspondido.

Por isso, nada falou. Na verdade, falou. Mas falou palavras, não sentimentos. Articulações e não emoções. Só sarcasmo.

– Esse não é um beijo de agradecimento, imagino - soltou

– Não - Shion respondeu, com um sorriso alegre - foi um beijo de boa noite.


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Notas finais do capítulo

Ok, o final foi estranho, mas eu não sabia como acabar. Espero que tenham gostado da One-shot, e por favor deixem um review para motivar a pequena autora a escrever.