Frozen escrita por Lucretia Elisa


Capítulo 1
Capítulo 1




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Parado a porta da 8ª casa Zodiacal, Miro de escorpião fitava a casa de Aquário. Há meses tentava algo com aquele cavaleiro. Nutria sentimentos por ele que nunca em sua vida sentira antes. Estava apaixonado por ele... Pela primeira vez experimentava tal coisa. Nem sabia ao certo se aquilo era verdadeiro, mas sabia que era totalmente diferente do que sentia pelas outras pessoas com que se envolvia, não conseguia parar de pensar em Camus.

           Será que se cansara de seus casos vazios e de suas transas casuais, sem o menor sentimentos, além de mera atração física? Será que se cansara de sua vida sem sentido? Talvez tenha resolvido sossegar e entrega-se a um único amor e, infelizmente, seu coração escolhera o mais distante e frio de todos os cavaleiros do zodíaco, Camus de Aquário.

           Mas por quê? Não conseguia explicar. Alguém como ele, bonito, jovem e sedutor, poderia ter quem ele quisesse com a maior facilidade, e havia até quem morreria por ele. Talvez fosse por isso. Cansara das coisas fáceis. Camus era diferente de todos, ele era inatingível... Uma conquista difícil desde o inicio. Era por isso que o queria. Quanto mais difícil ele se tornasse, mas se apaixonaria por ele.

           Subitamente um vulto apareceu na frente da casa de Aquário. Os longos cabelos balançando levemente ao sabor do vento, a postura altiva, o olhar frio e distante... Era Camus. Parado a porta de sua casa, Camus inspirou profundamente o ar da amena Grécia. Milo sorriu e seus olhos azuis se encheram de uma luminosidade sem discrição. Finalmente Camus voltara da Sibéria! Que saudade sentia dele, de sua companhia! E como o desejava...

           Tomado por um impulso, Milo resolveu ir a 11ª casa zodiacal. Precisava ver Camus, está ao seu lado, tocar sua pele, beijar seus lábios... Não agüentava aquela distância, estava enlouquecendo! Milo estava totalmente obcecado por Camus. Todas as noites se masturbava pensando nele. Imaginado que eram as suas mãos que o tocavam, que o acariciam. Sonhava em ouvir seus gemidos de prazer, implorando por mais, em sentir o calor daquela pele branca entre seus dedos... Por Athena, como estava ficando louco com aquela situação! Precisa por um ponto final nisso tudo. Camus tinha que ser seu, só seu!

           Milo subia as escadas pensando em possíveis palavras que podia dizer a Camus, mas tudo parecia tão vazio e sem sentido, como se no fundo soubesse que nada adiantaria, que o cavaleiro de Aquário não mudaria sua postura fria e distante. Também não mudaria a sua postura! Milo iria até o fim, tentaria qualquer coisa para que Camus fosse seu! E ele seria! Milo o queria, o queira de verdade, como nunca quis ninguém em sua vida!

           O cavaleiro de Escorpião subiu as escadas tão afobado, que ao chegar na casa de Aquário, estava sem ar. Parou diante de Camus, sem falar nada, como se as palavras lhe houvessem fugido. Do outro lado o outro cavaleiro o encarava, esperando que Milo lhe dissesse algo. Afinal pelo estado em que ele chegara ali deveria ser algo grave.

           _ Milo... _ chamou-o, ansioso para saber qual o motivo de tal visita. De repente gelou por dentro, reparando na expressão de Milo. Ele o olhava de uma maneira totalmente diferente. E não estava gostando nada daquilo.

           Há meses Milo estava estranho. Estava sempre com Camus, sem se importar em andar atrás de algum amante, jogava piadinhas, que particularmente não gostava. Tipo cantadas baratas, daquelas que ouvira milhares de vezes ele dizer, e que não sabia como ele sempre se dava bem. Na maioria das vezes ignorava aquele comportamento de Milo. Conhecia-o há bastante tempo para saber que aquilo tudo não passava de fogo de palha.

Milo continuava a olhar para Camus paralisado. Não conseguia entender aquele olhar, mas não estava gostando nada. E se ele viesse com algum papo-furado. Porém, podia ser algo importante, urgente, não podia negar ajudar a um cavaleiro, principalmente um amigo de longa data... Então, respirou fundo e preparou seu coração.

_ O que foi, Milo? Algum problema? _ perguntou afinal, quebrando o silencio entre eles.

_ Eu... _ começou Milo, pegando fôlego e coragem _ Eu preciso te dizer algo...

O silêncio voltou, pesando e tenso. Camus engoliu em seco. Zeus, que fosse algo fácil de resolver.

Ambos cavaleiros se encaravam. O cavaleiro de Aquário esperava pelo o que Milo lhe diria. Do outro lado, as palavras pareciam morrer na boca do outro cavaleiro, sua garganta estava seca, não conseguia falar.

Por Athena, Milo nunca imaginou que seria tão difícil revelar seus verdadeiros sentimentos para alguém. Sempre fora mais fácil saciar seus desejos com qualquer um. Apenas uma boa lábia e alguns olhares sedutores e estava no papo. Mas com Camus... Primeiro que ele não era qualquer um e era muito mais difícil do que estava acostumado.

_ Eu te amo!

A frase saiu como que num sopro. Milo quase não se deu conta de que falar aquilo. Mas cada palavra era verdadeira, era exatamente isso que expressava o que sentia por Camus. Era amor de verdade, não um sentimento barato que sentia pelos outros, que apenas levava para a cama. Sim, amor... Amor... Já não podia negar, nem esconder de si e principalmente do cavaleiro parado a sua frente.

           Camus fora pego de surpresa. Jamais esperara aquilo de Milo. Sua respiração ficou suspensa por um instante. Não, aquilo não era verdade, não podia acreditar naquilo! Era uma brincadeira de Milo, só podia ser! E seu rosto tornou-se duro como uma pedra de gelo, com a raiva que sentiu naquele instante. Se Milo pensava que com aquela lábia barata conseguiria levá-lo para cama como os outros, estava redondamente enganado! Então, franziu o cenho para o cavaleiro de Escorpião.

           _ Que tipo de brincadeira é essa?! _ explodiu contra Milo. Ele não seria um fantoche qualquer nas suas mãos. Ah, isso ele não seria!

           _ Eu não estou brincando, Camus. _ Milo continuou calmamente, enquanto se aproximava mais do cavaleiro de Aquário _ Eu te amo de verdade. Há meses estou tentando te dizer isso, só não sabia como...

           _ Pare aí, Milo! Nem mais um passo, nem mais uma palavra! _ ordenou bruscamente.

           Milo parou seu avanço. Seus olhos demonstravam uma tristeza profunda, fruto da rejeição de seu amado. Se pelo menos ele fosse um mais aberto e receptivo, mas seu coração o escolhera assim, frio e distante. Porém não desistiria facilmente, não entregaria os pontos, conquistaria Camus custe o que custar.

           _ Camus, por favor... _ pediu _ Deixa eu te mostrar...

_ Não! _ esbravejou Camus, interrompendo o outro cavaleiro _ Nem mais uma palavra! Pensa que eu sou como os outros que você usou e jogou fora. Você não vai me usar, Milo. Não mesmo!

           Milo continuou a se aproximar. Negava com a cabeça as palavras cruéis de Camus. Era verdade o que dizia. Tinha sido um canalha conquistador há tão pouco tempo atrás, mas agora era outra pessoa. Não queira mais aquela vida vazia, sem amor. Queria ser de uma só pessoa, queria ser de Camus. E queria mostrar isso a ele.

           _ Não, Camus. Você só quer ver o que seus olhos querem ver. Eu mudei, é só olhar para mim... Para dentro de mim.

           _ Pára! _ Pedia Camus aos berros _ É tudo mentira! Você não passa de um mentiroso!

           _ A vida não é como você quer, Camus. As coisas mudam, a vida muda, eu mudei... Por que você não pode mudar e me aceitar? _ Milo continuava sem se importar com os pedidos do cavaleiro de Aquário.

           _ Eu não acredito! Você não pode ter mudado de uma hora para outra, Milo. Simplesmente não pode! _ Camus ainda retrucava, não querendo aceitar os pedidos de Milo. Porém agora não gritava mais, era como se sua voz estivesse se congelando.

           _ Se você tem algum medo ou magoa do passado, esquece, Camus. Simplesmente esquece o que passou.

           Camus nada respondeu. Apenas olhava, frio, para Milo.

           _ O que aconteceu para te ferir tanto assim, para você não aceitar nenhum sentimento, meu querido?

           O cavaleiro de Aquário era como uma enorme pedra de gelo diante de Milo. O seu olhar era indiferente. Nada o faria amolecer, nada que fizesse, nenhuma palavra que Escorpião dissesse o derreteria.

Milo parou bem próximo de Camus, tão perto que ele podia sentir o fresco do hálito do outro cavaleiro. Olhou-o olho no olho e o que viu deixou-o extremamente triste. A frieza dos gestos de Aquário fazia seu coração querer parar de bater.

_ Se abre para mim! _ implorou Milo _ Por que esse coração tão gelado, Camus? Por que? Por favor, me deixar juntar esses pedaços dentro de seu peito. Por favor!

Camus continuava indiferente, como se não ouvisse nenhuma palavra de Milo. Conhecia a teimosia desse cavaleiro. Saia que ele não sairia dali enquanto não conseguisse o que queria. Porém, usaria a única arma que conhecia para se proteger de Milo: seria frio e distante, talvez assim ele fosse embora.

_ Se você está procurando um culpado, essa pessoa não sou eu, Camus. Não me culpe pelos fatos de seu passado _ Milo continuava. A dor estava se tornando tão intensa em seu peito, que seus olhos azuis começara a ficar marejados de lágrimas.

Contudo por mais que fizesse e implorasse, nada surtia efeito em Camus. Ele mantinha-se totalmente frio, como se o sofrimento de Milo nada importasse.

_ Ó, por Athena, Camus! Você não ver que eu estou sofrendo! Droga! Eu te amo, Camus!

Silêncio. Milo olhou bem fundo nos olhos azuis do cavaleiro de Aquário e não viu nada além de indiferença. Fechou os olhos em desespero, o pranto querendo tomar conta de todo seu ser. Mas não podia se entregar ainda, não diante de Camus. E se ele achasse que era uma mera chantagem emocional.

_ Camus, por favor, me aceita... Ó, Zeus! Se eu te perder acho que vou ficar me pedaços. Ó, Camus, eu te amo! Por que você não deixa toda essa dor morrer dentro de você? EU TE AMO, CAMUS! _ gritou ao final desesperado com a frieza de seu amado.

Camus fechou os olhos, impaciente. Até quando Milo iria insistir naquilo, com aquela loucura? Será que ele não percebia que não cairia fácil em sua lábia? Inspirou fundo e voltou a encarar Milo com a mesma frieza de antes.

Sem aquentar toda aquela crueldade, Milo deixou que as lágrimas rolassem pelo seu rosto. Será que Camus era tão frio a ponto de simplesmente ignorar que ele sentia? Levou uma de suas mãos os peito do cavaleiro de Aquário e a pousou exatamente sobre o coração dele, sem deixar de encará-lo.

_ Ah, se eu pudesse derreter seu coração, Camus... _ as lágrimas rolavam sem parar, inundando o seu rosto _ Eu te prometo que se você me aceitar, nós nunca ficaríamos separados.

O silêncio ainda reinou entre eles. Milo agora caia num pranto descontrolado. Seu corpo todo tremia em soluços violentos, enquanto Camus continuava em sua postura fria, como uma estátua de mármore. A dor tornava-se cada vez mais insuportável dentro do peito do cavaleiro de Escorpião. Nunca imaginou sentir tamanha dor. Então, com uma dor tão intensa que mal podia se manter em pé, caiu de joelhos diante de Camus.

_ Ó, Camus...  Se dê para mim. Por favor, se dê inteiro para mim. Eu prometo que não vou te magoar. Se dê para mim... Eu te quero! Só você tem a chave do meu coração, Camus. Por favor,...

Camus viu quando Milo caiu de joelhos e viu quando as lágrimas dele molharam o chão próximo a seus pés, mas nada fez. Indiferente. Ele continuava tão frio quanto uma pedra de gelo. Nem mesmo quando viu o rosto ensopado do cavaleiro de Escorpião, implorando pelo seu amor, algo se moveu dentro dele. Milo não conseguiria empurrá-lo para seu joguinho sórdido. Cansado daquela cena piegas, virou-se e entrou em sua casa, deixando um Milo, de joelhos, choroso, entregue ao próprio sofrimento.


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Notas finais do capítulo

Essa fic é "irmã gêmea" de Bring me to the life.



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