Nicky já estava quase ficando com dor de cabeça. Aquela garota não calava a boca um segundo!

- Acha que o Dean vai vir? – perguntava ela de cinco em cinco minutos.

- Não sei, Christie...

- E se ela vier com a Emily? Não gosto nem um pouco dela, se quer saber. Não sei o que ele vê demais naquela garota. É tão sem graça e chata.

Nicky bufou.

- Já disse que não sei.

- Credo, o que aconteceu com você? Tá tão irritada, Nic. Você nem fala mais comigo direito. Eu pensei que fosse minha melhor amiga.

Christie olhava para ela com intensidade, cravando seus olhos azuis dentro dos seus. Nicky apertou os olhos para ela, sem se sentir intimidada. Humanos, pensou consigo mesma com indiferença.

- Eu só estou com dor de cabeça.

As duas estavam na gigantesca “ala da piscina” – como os Haggen costumavam chamá-la – da casa de Christie, conversando sobre os preparativos de sua festa de dezessete anos. Nicky não estava mais suportando ficar ali, e queria realmente ir embora.

Como se para realizar um pedido seu não dito em voz alta a campainha da mansão soou.

Christie estava com a boca ligeiramente aberta, como se estivesse prestes a falar algo e houvesse desistido.

- Vou atender. – concluiu enfim. – Vem comigo?

- Claro. – Nicky suspirou.

Caminharam pelo imenso corredor lotado de objetos de grande valor em silêncio, enquanto Nicky unia as sobrancelhas diante de seus próprios enigmas, que para ela eram como uma expressão numérica gigantesca e cheia de números ocultos. Apenas voltou à realidade quando viu o rosto do garoto do Central Park na porta da mansão.

Como era o nome dele mesmo? Ryan, lembrou a si mesma. Ryan Scott. Uma mecha de cabelo loiro caía sob um de seus olhos enquanto seus olhos mel – ou verdes, Nicky não conseguia identificar – estamparam um brilho de reconhecimento ao vê-la. Ela nem mesmo precisou olhar para Christie para ver que estava boquiaberta. Ryan era um garoto realmente muito bonito.

- Oi. – cumprimentou ele.

- Ah, olá. Eu sou a Christie, entre, por favor. – falou, jogando os cabelos loiros para frente enquanto sorria.

- Preciso falar com você um minuto. – falou. Não para Christie, mas para Nicky.

Christie inicialmente não entendeu o que aquele garoto queria com Nicky. Mas compreendeu que era algo importante, pela seriedade presente nos olhos do loiro. Com uma ligeira relutância, ela deixou-os a sós.

Nicky, logo que deu um passo para fora da mansão Haggen, pode sentir o impacto do vento frio contra seu corpo, que estava vestido apenas com uma fina blusa acinzentada que a cobria até os cotovelos e jeans escuros, formando um conjunto completamente desproporcional as condições climáticas na cidade.

Mas Christie Haggen era estúpida demais para perceber que Nicky não sentia frio.

- O que você quer? – perguntou ela a Ryan, fechando a boca imediatamente ao perceber como havia soado arrogante.

- Eu estava certo. – disse apenas.

Nicky não precisou perguntar para saber do que se tratava, porque logo que olhou nos olhos dele – e que olhos – soube do que se tratava. A garota, Emily.

Ela não morreria.

Nem mesmo se Dean conseguisse agir.